No mundo, coexistem animais e seres humanos. No entanto, os seres humanos não são apenas criaturas fracas e perdidas em sua crueldade, alienados por sua tecnologia. Existe um grupo seleto de pessoas com poderes extraordinários que vive escondido, disperso por toda parte, sem querer ser visto ou descoberto. Esses seres são conhecidos como Compiliets.
Os Compiliets são humanos completos, repletos de sabedoria e inteligência. Sua força física é surreal e seu poder mental, inimaginável. Pacíficos e justos, eles possuem uma característica intrínseca: um elevado senso de justiça, que os impede de exercer seu poder sobre o mundo. O principal dom dos Compiliets é a persuasão. Um Compiliet pode convencer qualquer um, inclusive os mais fracos de sua espécie, a agir de determinada forma, fazendo com que não se recordem de que foram ordenados, mas sim que a decisão partiu de seu próprio subconsciente.
Dentro desse grupo, existem duas subespécies: os Varivats e os Govorys.
Os Varivats são poderosos e dominam a arte da persuasão. Seu poder psíquico é tão intenso que resistir a ele é humanamente impossível. Contudo, essa habilidade carrega grandes responsabilidades. Uma vez que um Varivat persuade alguém, essa ordem não pode ser desfeita ou reordenada. O ser humano, uma vez convencido, não pode mudar de ideia ou ser manipulado por outro Varivat para voltar atrás. Essa é a verdadeira essência do perigo que acompanha tanto poder. É impossível não sucumbir!
Em contraposição, a natureza criou os Govorys, a segunda subespécie dos Compiliets. Embora sejam pacíficos, são temidos por sua capacidade de bloqueio. Enquanto um Varivat pode persuadir, apenas um Govory é capaz de dissuadir, ou seja, quebrar completamente a ordem imposta por um Varivat. Ambos são fortes e possuem um elevado senso de justiça, mas, como em toda sociedade, existem aqueles que pendem para o lado obscuro, inclinando-se para a crueldade e a nocividade, o que traz um grande perigo para a espécie que já faz o possível para se manter escondida e protegida.
Apesar de sua natureza pacífica, os Compiliets não podem se envolver entre si. Uma lenda permeia essa sociedade: fala-se de uma Varivat e um Govory totalmente completos que se apaixonariam, gerando um ser humano mais forte e poderoso do que qualquer outro, o único imune à persuasão e capaz de bloquear os poderes de todos os Varivats e Govorys existentes. Esse ser é conhecido como o Híbrido. O temor e preocupação de que esse herdeiro ou herdeira venha destruir e não agregar é disseminado pelos Radicais. Um grupo rebelde que surgiu com o objetivo de eliminar toda a espécie Govory, temendo a lenda. Eles conseguiram. Hoje, não existem relatos ou provas de que um Govory sobreviveu ao massacre de sua aldeia no século XVIII. Contudo, os Radicais continuam sua busca incessante, sem descanso, atrás do que pode ser a salvação do mundo e das espécies.
O que eles não sabem é que o Híbrido está aqui, e com ele, não haverá destruição, mas a construção de um mundo finalmente justo para todos os seres humanos.
Ao som alto na balada, eu balançava o corpo, perdida na dança. Adorava aquele momento, e mesmo que a música já estivesse batida, era uma das minhas favoritas. A boate estava cheia, e o clima vibrante contagiava a todos.— Gianna, vou pegar algo para beber! — gritou minha colega Fernanda, tentando se fazer ouvir acima do som.— Beleza! Deixa eu aproveitar essa música e já vou! — respondi, continuando a dançar. A cada instante, surgia um cara para tentar me interromper, mas dispensei todos educadamente. Hoje, eu só queria dançar.— Oi, gata! Você dança muito bem, sabia? — sussurrou um rapaz em meu ouvido. Ele era bonito, mas não estava interessada.— Obrigada! — sorri e voltei a me perder na música. As aulas de dança realmente valeram a pena. Minha mãe sempre me apoiou, e experimentei de tudo: ballet, street dance, dança do ventre, dança de salão... Dançar era a minha paixão.— Não quer descansar um pouco e beber algo comigo? — insistiu.— Desculpe, mas hoje não, só quero me divertir
Seis meses depois“Querida Gia,Se você está lendo esta carta, infelizmente, isso não é um bom sinal. Pedi a Renato que a entregasse apenas em caso da minha morte. Sei que tudo isso pode parecer estranho, especialmente imaginar que eu sabia que isso poderia acontecer. Esta viagem foi muito perigosa, e se você quiser, pode descobrir mais sobre os motivos. Seu pai é contra, e isso me fez guardar nosso segredo por tanto tempo.O motivo pelo qual estou escrevendo é que tenho algo importante a contar. Seu pai e eu brigamos muito por isso; creio que essa foi a única briga verdadeira que tivemos. Ele não acha que você deve saber, mas eu sim. Vou explicar.Você sabe que seus avós maternos são russos e que eu perdi sua avó muito cedo. Seu avô ainda está lá e anseia por te conhecer. Porém, existem muitos capítulos nessa história, capítulos que apenas ele pode contar. Nossa família descende de um clã antigo chamado Compiliet. Não há muitas informações sobre a origem, mas posso te assegurar que v
Acordei toda dolorida; aquele sofá acabava com minha coluna. Passei a noite nele, pesquisando em vão sobre os tais Compiliets. Não encontrei nada relevante, apenas um site que mencionava a Instituição Dmitriev, mas sem muitas informações, apenas o ano de construção e algum blá-blá-blá institucional.Tomei um banho demorado, me vesti e voltei para a sala, encarando nosso apartamento agora vazio. A poltrona favorita do meu pai ainda estava na posição que ele gostava, e ai de quem a mudasse. Ri ao lembrar de como sempre implicava com ele por isso. Inevitavelmente, as lágrimas vieram; não consegui segurar. Diego e Kelly tinham razão: ficar aqui não seria saudável, ao menos por enquanto. Porém, a ideia de ir para uma faculdade estranha, em um lugar desconhecido, sem meus amigos por perto, para descobrir uma loucura sobre os Compiliets, não me animava nem um pouco.Meu amigo entrou pela porta de repente. Ambos tínhamos acesso livre ao apartamento um do outro. Ele estava de calça de moletom
Desembarcamos e pegamos nossas malas. Um homem taciturno, vestido com um terno Armani e óculos escuros, segurava uma placa com meu nome.— Que bom! Vou de carona com vocês, o Dimitri me conhece. — Ela acenou para o homem, que sequer se moveu.— Como você iria? — perguntei, com as sobrancelhas franzidas.— De trem. — Sasha deu de ombros e seguiu em direção ao homem. — Oi, Dimitri, essa é a Gianna. Acredita que nos encontramos no voo para cá? Uma coincidência, não é mesmo? Ela será minha colega de quarto! — ela tagarelou, enquanto ele tirava os óculos. Ele era bonito, tinha cabelos loiros e olhos verdes, mas parecia sério demais.— Senhorita Gianna Diglaviev, é um prazer recebê-la. Bem-vinda à Rússia — Dimitri falou com uma expressão austera, mas parecia sincero.Ele ignorou a Sasha e se encaminhou para fora do aeroporto.— Obrigada! — O segui.Ela pouco se importou e continuou tagarelando durante toda a viagem. Levamos cerca de meia hora por uma estrada escura e sinuosa. Não deu para v
Encontrei Sasha olhando seu celular no corredor.— Já recebi o cronograma, hoje vamos apenas fazer um tour pelo Instituto, amanhã nós começaremos com as informações iniciais. — Ela me ajudou com os livros e seguimos de volta ao quarto.— Podemos começar pela biblioteca? — perguntei e ela sorriu.— Claro, tem um livro importante que você precisa ler antes de começarmos. — Sasha foi falando todo o caminho o quanto era bom ter uma colega de quarto, ela estava sozinha desde que chegou.Entramos na biblioteca e quase caí para trás, imaginem a biblioteca da Bella e a Fera… agora multipliquem por mil, era enorme, linda, tinha aquele aroma de livros que todo leitor ama, era iluminada e silenciosa. Tinha várias mesas com quatro cadeiras em um canto separado e outras com cadeiras solitárias. Um senhor de óculos nos encarou mal-humorado.— O que fazem aqui? O retorno é apenas na semana que vem — disse nos encarando de cima a baixo, ele tinha um nariz pontudo que segurava seus óculos, os cabelos
“Depois da descoberta de Luka, começou um estudo sobre os Compiliets, sua origem é um mistério, porém, sabemos que eles existem. A hipótese é que eles sempre existiram, mas nem todos souberam explorar seu potencial, o que se pode dizer é que apenas um filho, geralmente o primogênito, carrega o gene mais forte Compiliet. Enfim, como Ionav não tinha controle sobre seus poderes, Alexei o impediu de participar da criação do Instituto, que foi idealizado para buscar e proteger os Varivats de seu próprio ego e descontrole, o fato de ter um poder como esse, não significa que pode ser dono do mundo e aqui aprendemos isso. Usamos o poder, no entanto, apenas para nossa sobrevivência, não para nos aproveitarmos dos outros. Luka e Alexander tentaram impedir que Ionas fosse afastado e com isso quase racharam o Conselho, mas Luka, o mais próximo de Alexei, cedeu e votou a favor da retirada de Ionav, que por sua vez ficou revoltado e desapareceu, até hoje não sabemos o que aconteceu.”— Mas por que
Acordei e li um recado da Sasha, ela tinha saído cedo e ficaria fora por algumas horas. Como não tinha ninguém, decidi ir ao ginásio nadar um pouco, mas antes fui até o lado de fora, mesmo grande, esse lugar era sufocante. Peguei meu telefone e tentei ligar para o Diego, não consegui. Comecei a escrever uma mensagem.“Diego, estou tentando te ligar e não completa, vou descobrir o que está acontecendo e ligo novamente. Estou bem. Bjs, te amo!”Enquanto aguardava sua resposta, dei de cara com alguém, levantei os olhos e bufei. Ótimo, o esquentadinho Dmitriev sei lá das quantas! Ele me olhou, dessa vez parecendo intrigado e suspirou.— De novo? Está me perseguindo, garotinha? — Vi o lampejo de um sorriso no canto de seus lábios. Que sotaque fofo, meu Deus!— Claro que não! — Bufei novamente, minha segurança ia e voltava quando estava perto dele.— Algo me diz que você gostou das boas-vindas no nosso primeiro encontro — ele insinuou com olhar irônico.Confesso que me atingiu. Mas o que
Estava socando o saco de areia em paz, pensando na garota da biblioteca, a novata herdeira Diglaviev. Aqueles olhos não saiam da minha cabeça, nem seu perfume doce, suave… e ela é durona!Me peguei sorrindo, o que estava acontecendo comigo? Quase a beijei no corredor… o que definitivamente é um erro. Não posso fazer isso, principalmente sem seu consentimento. Soco o saco com mais força do que o normal. Desde quando fico remoendo algo sobre alguém desse jeito? Solto um sorriso desacreditado e ouço um som de passos.Czar entrou com um sorrisinho besta. Não dei ideia, mas como já o conheço, sabia que queria conversar.— Irmão, estará presente na festa amanhã? — ele perguntou como se não soubesse a resposta.— Sabe que não participo dessas coisas — respondi, ofegante pelo esforço.Ele riu e sentou no sofá em frente.— Que pena, pois iria lhe apresentar uma nova amiga… Conheci uma novata e meu irmão, ela é linda. — Ele deixou no ar e pouco me importei.— Que bom para você. — Continuei soc