Simone— E Adonis, como ele está? — Seu tom de voz agora é baixo, quase um fio.— Refazendo a sua vida.— Ele deve estar puto comigo.— É, ele está. No entanto, você não precisa se preocupar com isso agora — peço. Ele assente cabisbaixo. Seguro firme a pasta e levanto da cadeira, me inclinando sobre a mesa e me aproximando um pouco mais dele. Olho em seus olhos e meu coração acelera com violência apenas com essa aproximação, por mínima que seja. Não, não agirei como se fosse uma menininha dessa vez. Nada de beijos roubados. Meus olhos baixam um pouco e encontram os lábios finos e vermelhos. A minha respiração começa a pesar, então fecho os olhos e encosto minha boca na sua. Sim, um beijo… um beijo lento e calmo, comportado e silencioso que acaba tão rápido quanto começou. — Eu voltarei — sussurro quando me afasto. Então aperto firme a alça grossa de couro da pasta em minha mão e saio daquele lugar sem olhar para trás.***Horas depois…— Então, as meninas vão preparar o jantar e os me
Dias depois da prisão do Adam…Adonis Bom, aqui estamos nós. Eu, Agnes e Kell dentro de um carro e pegando a estrada rumo ao meu cantinho preferido no mundo. Sim, estamos indo para o sítio dos meus avós. Foi lá que o nosso amor criou asas e ficou forte o bastante para lutarmos e ficarmos juntos. E eu realmente espero que esse lugar se torne ainda mais especial para nós. Sorrio. Não pensem que foi fácil convencê-la a se afastar da Model por alguns dias. Tive que contar com o poder de persuasão de uma certa fadinha e aqui estamos nós com uma cesta cheia de comida, uma caixa térmica com algumas garrafinhas d’água e de sucos, o som ligado com um volume alto e os três cantando a música Meu Pintinho Amarelinho... afinal temos uma criança a bordo. É claro que convidei os nossos amigos, mas estes estarão bem ocupados por hoje e só chegarão ao sítio amanhã bem cedo.— Falta muito? — Kelly pergunta impaciente, ela parece cansada, pois é a primeira viagem de carro mais longa que está fazend
Adonis— Adonis, que bom que veio! Duas vezes no mesmo ano, isso é maravilhoso! — Pedro diz me dando um forte abraço.— Seja bem-vindo, querido! — Amália fala me dando um abraço carinhoso.— Olha só, você está maravilhoso e se não é impressão minha, está ainda mais bonito também — Tina comenta vindo para um abraço, que retribuo meio sem jeito. Olho para as minhas meninas atrás de mim assim que a garota se afasta.— Se lembram da Agnes, não é? — falo para todos, levando a minha mão, a sua cintura e a puxando para mais perto de mim.— Claro, é a sua amiga da cidade.— Na verdade, a Agnes acabou de se tornar a minha noiva, Amália — A corrijo cheio de mim e claro que todos me lançam olhares completamente surpresos. Amália abre um sorriso iluminado do tipo mãe orgulhosa.— Oh, meu Deus! Adonis, que notícia maravilhosa! — diz puxando a Agnes para um abraço, e o Pedro me estende uma mão, todo orgulhoso.— Parabéns, filho! — Sorrio satisfeito.— E quem é essa fadinha linda? — Amália pergunta
Agnes Espreguiço-me em cima do colchão macio, abrindo os meus olhos em seguida. O sol já está alto lá fora e eu juro que não vi o dia se aproximar. Olho as horas no antigo relógio digital na parede de frente para a cama e sorrio. São oito e meia da manhã. Lá fora ainda é possível ouvir os pássaros cantando, os gritinhos da minha filha e de Adonis, que não está mais na cama. Forço-me a levantar e pego um roupão largado em um pequeno sofá, o visto e vou direto para uma janela. Daqui consigo ver a minha pequenina correndo atrás de alguns animais pequenos. Sorrio ainda mais. Ela realmente gostou disso aqui. Penso. Afasto-me da janela e vou para o banheiro tomar uma ducha rápida. Depois faço a minha higiene pessoal e quando volto para o quarto, solto um grito agudo, levando a mão ao peito imediatamente.— Você quer me matar, mulher de Deus? — resmungo exasperada. Flávia me abre um sorriso largo.— Já está falando igual uma camponesa. Isso aqui está ficando a sua cara — diz rodopiando
Agnes— Agnes… — Ele tenta falar, mas levo a mão aos seus lábios.— Não estou reclamando. — O interrompo. — Só estou te dizendo para esclarecer as coisas com ela, ou eu mesma farei isso — explico. Ele me lança um olhar sério demais e puxa a respiração.— Está bem! — Concorda por fim. — Irei resolver isso, melhorou? — Faço um sim, com a cabeça e forço um sorriso.— Muito.— Que bom! Porque agora você tem um casamento para organizar — avisa de repente.— Eu tenho o quê? — Praticamente me engasgo com o seu comentário. Juro que havia me esquecido o que a louca da Flávia acabou de aprontar.***Loucura, loucura, isso tudo é uma grande loucura! Não faz nem três horas que eu disse sim ao pedido de noivado de Adonis e já me vejo preparando um casamento? Meu Deus! Eu não quero ser chata e nem estragar a alegria de ninguém, mas eu já sou casada! No entanto, acredito que enlouqueci também, porque estou no centro da pequena cidade, com Flávia, Amália e Simone a procura de um… vestido perfeito.—
Agnes Deveras, eu não entendo nada de casamentos em sítios, ainda mais nesse lugar onde a simplicidade existe desde sempre. Eu imaginava um casamento com tules, com flores, capela, cadeiras brancas enfileiradas e um enorme banquete requintado, mas na minha frente há grandes mesas de madeira, revestidas com toalhas xadrez. As flores-do-campo, essas sim, estão por todos os lugares, dando um delicioso ar rústico a ornamentação. Elas estão acompanhadas de lindos laços de fitas decorativas em tons de vermelho claro. O altar improvisado feito com madeira rústica, está forrado com um tecido branco, que vai de alto a baixo e lá no fundo, há uma pequena mesa de madeira forrada com um tecido da mesma cor, com um vaso cheio de flores em cima dela. Não há um tapete vermelho aqui. Ele é todinho verde e natural, ladeado por vasos de barro antigos que também estão cheios de flores campestres. Já é final de tarde aqui e o sol parece uma enorme bola de fogo alaranjada, enfeitando o céu que parece est
FláviaPorque os padres de interior são sempre baixinhos e carecas? O que, eu queria saber, uai! Alguém bate à porta e o meu sorriso se alarga quando penso que já chegou a hora. Ando um tantinho apressada até a porta e giro a maçaneta, fechando-a bruscamente antes mesmo de abri-la completamente.— Oliver Borbolini o que você está fazendo aqui?! — inquiro exasperada.— Preciso te ver, docinho — Ele pede todo manhoso.— Não me chame de docinho! Você nunca ouviu falar que dar azar ver a noiva antes do casamento?— Eu juro que fecho os olhos. Só preciso beijar você, te abraçar um pouquinho. Flavinha, por favor, estou morrendo de saudades suas! — implora perto da madeira pintada de azul. Ain! Como ele consegue ser tão fofo no meio dessa loucura toda? Penso em abrir a porta, mas respiro fundo e digo para mim mesma: seja durona Flávia.— Oliver, volte para aquele altar agora mesmo, ou desistirei desse casamento! — Ele bufa audível.— Ok, pois eu digo que se você não puser pelo menos um biqu
Seis anos depois…Kelly Ferraço— Ai pai, acho que não vou conseguir! — resmungo olhando a massa de cor alaranjada esparramada dentro de uma tigela de plástico transparente.— O segredo está na persistência, Kelly. Se desistir agora, nunca saberá se a receita deu certo. — Ele diz com toda a paciência do mundo. Bufo e jogo a massa no lixo. — Boa menina! — Meu pai fala sorridente. Isso era bem mais fácil quando eu era criança. Não que eu não seja uma ainda, tenho onze anos e sou quase uma pré-adolescente.Vamos lá… Um dia desses aí, eu disse para o meu pai que queria ser uma grande chef um dia, assim como ele. Conhecer as variedades das cozinhas pelo mundo, ser um tipo de poliglota da cozinha, se é que isso existe e para lhe fazer uma surpresa, me inscrevi em um programa de televisão chamado Mini-chef. Lembro que ele quase enfartou quando me viu passar na primeira etapa do programa. Havia uma confusão de lágrimas e de risos em seu semblante que me deixou ainda mais empolgada. E aqui est