Adonis— Adonis, que bom que veio! Duas vezes no mesmo ano, isso é maravilhoso! — Pedro diz me dando um forte abraço.— Seja bem-vindo, querido! — Amália fala me dando um abraço carinhoso.— Olha só, você está maravilhoso e se não é impressão minha, está ainda mais bonito também — Tina comenta vindo para um abraço, que retribuo meio sem jeito. Olho para as minhas meninas atrás de mim assim que a garota se afasta.— Se lembram da Agnes, não é? — falo para todos, levando a minha mão, a sua cintura e a puxando para mais perto de mim.— Claro, é a sua amiga da cidade.— Na verdade, a Agnes acabou de se tornar a minha noiva, Amália — A corrijo cheio de mim e claro que todos me lançam olhares completamente surpresos. Amália abre um sorriso iluminado do tipo mãe orgulhosa.— Oh, meu Deus! Adonis, que notícia maravilhosa! — diz puxando a Agnes para um abraço, e o Pedro me estende uma mão, todo orgulhoso.— Parabéns, filho! — Sorrio satisfeito.— E quem é essa fadinha linda? — Amália pergunta
Agnes Espreguiço-me em cima do colchão macio, abrindo os meus olhos em seguida. O sol já está alto lá fora e eu juro que não vi o dia se aproximar. Olho as horas no antigo relógio digital na parede de frente para a cama e sorrio. São oito e meia da manhã. Lá fora ainda é possível ouvir os pássaros cantando, os gritinhos da minha filha e de Adonis, que não está mais na cama. Forço-me a levantar e pego um roupão largado em um pequeno sofá, o visto e vou direto para uma janela. Daqui consigo ver a minha pequenina correndo atrás de alguns animais pequenos. Sorrio ainda mais. Ela realmente gostou disso aqui. Penso. Afasto-me da janela e vou para o banheiro tomar uma ducha rápida. Depois faço a minha higiene pessoal e quando volto para o quarto, solto um grito agudo, levando a mão ao peito imediatamente.— Você quer me matar, mulher de Deus? — resmungo exasperada. Flávia me abre um sorriso largo.— Já está falando igual uma camponesa. Isso aqui está ficando a sua cara — diz rodopiando
Agnes— Agnes… — Ele tenta falar, mas levo a mão aos seus lábios.— Não estou reclamando. — O interrompo. — Só estou te dizendo para esclarecer as coisas com ela, ou eu mesma farei isso — explico. Ele me lança um olhar sério demais e puxa a respiração.— Está bem! — Concorda por fim. — Irei resolver isso, melhorou? — Faço um sim, com a cabeça e forço um sorriso.— Muito.— Que bom! Porque agora você tem um casamento para organizar — avisa de repente.— Eu tenho o quê? — Praticamente me engasgo com o seu comentário. Juro que havia me esquecido o que a louca da Flávia acabou de aprontar.***Loucura, loucura, isso tudo é uma grande loucura! Não faz nem três horas que eu disse sim ao pedido de noivado de Adonis e já me vejo preparando um casamento? Meu Deus! Eu não quero ser chata e nem estragar a alegria de ninguém, mas eu já sou casada! No entanto, acredito que enlouqueci também, porque estou no centro da pequena cidade, com Flávia, Amália e Simone a procura de um… vestido perfeito.—
Agnes Deveras, eu não entendo nada de casamentos em sítios, ainda mais nesse lugar onde a simplicidade existe desde sempre. Eu imaginava um casamento com tules, com flores, capela, cadeiras brancas enfileiradas e um enorme banquete requintado, mas na minha frente há grandes mesas de madeira, revestidas com toalhas xadrez. As flores-do-campo, essas sim, estão por todos os lugares, dando um delicioso ar rústico a ornamentação. Elas estão acompanhadas de lindos laços de fitas decorativas em tons de vermelho claro. O altar improvisado feito com madeira rústica, está forrado com um tecido branco, que vai de alto a baixo e lá no fundo, há uma pequena mesa de madeira forrada com um tecido da mesma cor, com um vaso cheio de flores em cima dela. Não há um tapete vermelho aqui. Ele é todinho verde e natural, ladeado por vasos de barro antigos que também estão cheios de flores campestres. Já é final de tarde aqui e o sol parece uma enorme bola de fogo alaranjada, enfeitando o céu que parece est
FláviaPorque os padres de interior são sempre baixinhos e carecas? O que, eu queria saber, uai! Alguém bate à porta e o meu sorriso se alarga quando penso que já chegou a hora. Ando um tantinho apressada até a porta e giro a maçaneta, fechando-a bruscamente antes mesmo de abri-la completamente.— Oliver Borbolini o que você está fazendo aqui?! — inquiro exasperada.— Preciso te ver, docinho — Ele pede todo manhoso.— Não me chame de docinho! Você nunca ouviu falar que dar azar ver a noiva antes do casamento?— Eu juro que fecho os olhos. Só preciso beijar você, te abraçar um pouquinho. Flavinha, por favor, estou morrendo de saudades suas! — implora perto da madeira pintada de azul. Ain! Como ele consegue ser tão fofo no meio dessa loucura toda? Penso em abrir a porta, mas respiro fundo e digo para mim mesma: seja durona Flávia.— Oliver, volte para aquele altar agora mesmo, ou desistirei desse casamento! — Ele bufa audível.— Ok, pois eu digo que se você não puser pelo menos um biqu
Seis anos depois…Kelly Ferraço— Ai pai, acho que não vou conseguir! — resmungo olhando a massa de cor alaranjada esparramada dentro de uma tigela de plástico transparente.— O segredo está na persistência, Kelly. Se desistir agora, nunca saberá se a receita deu certo. — Ele diz com toda a paciência do mundo. Bufo e jogo a massa no lixo. — Boa menina! — Meu pai fala sorridente. Isso era bem mais fácil quando eu era criança. Não que eu não seja uma ainda, tenho onze anos e sou quase uma pré-adolescente.Vamos lá… Um dia desses aí, eu disse para o meu pai que queria ser uma grande chef um dia, assim como ele. Conhecer as variedades das cozinhas pelo mundo, ser um tipo de poliglota da cozinha, se é que isso existe e para lhe fazer uma surpresa, me inscrevi em um programa de televisão chamado Mini-chef. Lembro que ele quase enfartou quando me viu passar na primeira etapa do programa. Havia uma confusão de lágrimas e de risos em seu semblante que me deixou ainda mais empolgada. E aqui est
Adonis Não é surpresa que ela tenha escolhido esse caminho e não é surpresa que ela queira chegar aonde cheguei. O que me surpreende mesmo é essa sua força, sua determinação, a coragem de fazer e acontecer. Tão pequena e tão esperta, essa é a minha Kell. Não consegui ficar quieto no meio da plateia, sentado em um banco e esperando o início do jogo. Então fiquei nos bastidores, porque daqui teria uma visão completa de todo o cenário do Mini-chef. Meu coração está mil. As crianças se preparam atrás de seus balcões. Elas separam alguns recipientes e os ingredientes, os deixando arrumados de forma estratégica antes de ser dado o sinal. Meus olhos não acreditam no que veem. Eu me ajeito de um pé para o outro, analisando aquela cena rápida, acontecendo bem na minha frente.— Quem é aquele moleque? — Eu e o Oliver perguntamos em simultâneo, e só então percebo que meu amigo está bem ao meu lado, e atrás dele estão as nossas esposas.— Aonde, cadê? — Flávia e a Agnes perguntam em uníssono
Nove meses depois… Agnes Sentada debaixo de uma árvore e lendo um bom livro sobre bebês, escuto as risadas da minha filha brincando com o pai no jardim do prédio onde moramos. Depois da prisão do Adam, tudo parece mais tranquilo para nós agora. O bistrô finalmente está se encaminhando e o reconhecimento do lugar se espalhou por todo o estado e fora dele também. Quase não vemos a Simone, ela está realmente empenhada em ajudar o Petrus e esse insiste em ver o Adonis, mas acredito que o meu marido ainda não está pronto para perdoá-lo. É uma pena! Ouvi maravilhas sobre a amizade desses dois. Puxo levemente a respiração, quando sinto uma pontada incômoda na lateral da minha barriga protuberante. Kell está ansiosa por esse momento. Não há um dia que ela não conte uma linda história para a sua irmãzinha Carolina, e ainda faz planos de coisas que um dia farão juntas. Eu acho engraçado essa sua dedicação a esse serzinho que se quer conheceu ainda. Ponho o livro em meu colo e observo a dupla c