Seis anos depois…Kelly Ferraço— Ai pai, acho que não vou conseguir! — resmungo olhando a massa de cor alaranjada esparramada dentro de uma tigela de plástico transparente.— O segredo está na persistência, Kelly. Se desistir agora, nunca saberá se a receita deu certo. — Ele diz com toda a paciência do mundo. Bufo e jogo a massa no lixo. — Boa menina! — Meu pai fala sorridente. Isso era bem mais fácil quando eu era criança. Não que eu não seja uma ainda, tenho onze anos e sou quase uma pré-adolescente.Vamos lá… Um dia desses aí, eu disse para o meu pai que queria ser uma grande chef um dia, assim como ele. Conhecer as variedades das cozinhas pelo mundo, ser um tipo de poliglota da cozinha, se é que isso existe e para lhe fazer uma surpresa, me inscrevi em um programa de televisão chamado Mini-chef. Lembro que ele quase enfartou quando me viu passar na primeira etapa do programa. Havia uma confusão de lágrimas e de risos em seu semblante que me deixou ainda mais empolgada. E aqui est
Adonis Não é surpresa que ela tenha escolhido esse caminho e não é surpresa que ela queira chegar aonde cheguei. O que me surpreende mesmo é essa sua força, sua determinação, a coragem de fazer e acontecer. Tão pequena e tão esperta, essa é a minha Kell. Não consegui ficar quieto no meio da plateia, sentado em um banco e esperando o início do jogo. Então fiquei nos bastidores, porque daqui teria uma visão completa de todo o cenário do Mini-chef. Meu coração está mil. As crianças se preparam atrás de seus balcões. Elas separam alguns recipientes e os ingredientes, os deixando arrumados de forma estratégica antes de ser dado o sinal. Meus olhos não acreditam no que veem. Eu me ajeito de um pé para o outro, analisando aquela cena rápida, acontecendo bem na minha frente.— Quem é aquele moleque? — Eu e o Oliver perguntamos em simultâneo, e só então percebo que meu amigo está bem ao meu lado, e atrás dele estão as nossas esposas.— Aonde, cadê? — Flávia e a Agnes perguntam em uníssono
Nove meses depois… Agnes Sentada debaixo de uma árvore e lendo um bom livro sobre bebês, escuto as risadas da minha filha brincando com o pai no jardim do prédio onde moramos. Depois da prisão do Adam, tudo parece mais tranquilo para nós agora. O bistrô finalmente está se encaminhando e o reconhecimento do lugar se espalhou por todo o estado e fora dele também. Quase não vemos a Simone, ela está realmente empenhada em ajudar o Petrus e esse insiste em ver o Adonis, mas acredito que o meu marido ainda não está pronto para perdoá-lo. É uma pena! Ouvi maravilhas sobre a amizade desses dois. Puxo levemente a respiração, quando sinto uma pontada incômoda na lateral da minha barriga protuberante. Kell está ansiosa por esse momento. Não há um dia que ela não conte uma linda história para a sua irmãzinha Carolina, e ainda faz planos de coisas que um dia farão juntas. Eu acho engraçado essa sua dedicação a esse serzinho que se quer conheceu ainda. Ponho o livro em meu colo e observo a dupla c
Flávia Simões— Assim amor, assim… Ai que delícia! Que gostoso! — gemo, enquanto escuto os seus grunhidos atrás de mim. Oliver se mexe com uma maestria deliciosa segurando firme o meu quadril. Estamos ofegantes, completamente suados e entregues ao ápice do nosso prazer. Em algum momento ele solta os meus quadris e segura firme os meus cabelos, puxando levemente a minha cabeça para trás e o meu bumbum parece ficar ainda mais empinado para ele.— Está gostando, querida? — A pergunta vem acompanhada de duas estocadas fortes e o orgasmo abraça o meu corpo com violência.— Aaah! Aaaah! Aaaah, Deus! — Solto gemidos ensandecidos e Oliver goza logo em seguida. Depois se deixa cair na cama ao meu lado e nós nos beijamos calidamente.— Eu te amo, amor! — Ele diz todo meigo e ofegante ainda em minha boca. Eu queria poder dizer o mesmo, mas ao invés disso, faço uma careta para ele e solto um som desesperado.— Oh, meu Deus! Alguma coisa se quebrou dentro de mim! — falo com desespero e puxando o a
Alguns anos depois...Kelly FerraçoSabe quando você abre os olhos e se encontra dentro do seu quarto e tudo parece estar diferente? Por exemplo, o sol parece mais radiante hoje e também parece ter mais nuvens no céu claro. O meu quarto já não é mais aquele quarto de menina, todo cor de rosa e cheio com bonecas. Ele agora expõe pôsteres dos meus cantores preferidos nas paredes e claro do meu ator preferido também. O que eu mais gosto fica bem de frente para a minha cama. É um pôster do Tom Ellis sentando com classe e elegância em um trono negro e alto, grande e tenebroso. O cara representa o próprio diabo, o pai das trevas, mas exala um poder de sexualidade que estremece as calcinhas das meninas — que o meu pai ou o meu tio Oliver não escutem os meus pensamentos — isso me faz lembrar da última vez que eu tive um namorico. O coitado do Léo não teve sossego na vida desde então. Os dois marmanjos fizeram um tipo de tortura psicológica com o garoto e em menos de uma semana, esse se afast
KellEnquanto caminho pelo imenso pátio do colégio, levando uma mochila pesada nas costas e cheia de materiais escolares e de botons que enfeitam o objeto, observo os alunos que costumam se reunir no pátio antes do início das aulas. Logo sou cercada pelas meninas mais travessas do colégio e diga-se de passagem, da minha turma também. Elas e somente elas, sabem do meu casinho de olhares com o Lipe. Não sabem o que é casinho de olhares, não é? É tipo, quando você não tem a coragem de chegar perto, entendeu? Tipo, nada de beijos e isso inclui selinhos também e nada de pegar na mão, contando aquela história de juramento do dedinho. Eu e o Lipe apenas nos olhamos. O que é ridículo, pois eu já tenho quinze anos e ainda sou praticamente uma bv. O quê? Tive um único namorico de beijos rápidos no cantinho da boca e isso não conta como beijo de verdade. Embora a tia Flávia sempre nos desse cobertura, o Léo não passava disso. Não sei dizer se era medo dos dois homenzarrões ou se por inexperiênci
Petrus Sento-me na cadeira de ferro que tem um tom alaranjado e um policial põe as algemas, me prendendo a pequena mesa à minha frente. Aonde fui me meter? Droga, eu podia estar agora em meu escritório, fazendo o meu trabalho e ganhando o meu dinheiro suado. Como dizia a minha mãe; “de grão em grão a galinha enche o papo.” Sempre achei esse ditado devassado, mas agora ele faz todo sentido para mim. Do outro lado da cela, vindo por um corredor largo, vejo Simone Borbolini, minha prima e confesso que sinto raiva de vê-la aqui mais uma vez. Não entendo porque ela ainda não desistiu de mim. Sério, olha para mim agora. Não sou ninguém, perdi o meu nome, a minha credibilidade, a minha decência e quase prejudiquei o meu melhor amigo e tudo isso por causa do Adam Klive Parker. Aquele desgraçado me enganou direitinho e por mais que os advogados façam e tentem provar que eu também fui mais uma vítima desse desgraçado, eu ainda estou aqui. Perdi treze anos da minha vida e nesses longos anos as
PetrusAs portas metálicas se abrem e Simone sai na minha frente, mexendo em sua bolsa em busca das chaves. Aproveito para olhar o largo corredor que tem as paredes em tons claros e alguns detalhes com madeiras finas e envernizadas. Há também algumas lamparinas em formato de tulipas transparentes nos cantos das paredes e alguns vasos coloniais com algum tipo de planta verde e viçosa dentro deles. O piso de madeira escura e lustrosa completa o requinte do lugar. Escuto o barulho da chave na fechadura e logo a porta está aberta e Simone me dá passagem e meio sem graça eu entro no apartamento. O lugar é bem a cara dela, tem o jeitinho todo dela. Móveis modernos com tons claros, uma única parede pintada de rosa choque, que expõe um quadro imenso de nós quatro rindo sobre as gotículas d’água. A imagem me faz sorri. Me lembro bem desse dia. Eu, Oliver, Adonis e Simone fomos a um parque aquático, foi um dia marcante e bem divertido.— Eu amo esse quadro! — Ela diz me despertando. — Ele me le