FláviaOk, deve ter algo errado comigo, porque eu devia estar atenta a esse interrogatório, mas eu não estou. Ou talvez tendo alguns pensamentos assassinos em relação ao Adam, mas também não estou. Ao invés disso, estou arrancando os esmaltes das unhas e olhando o Oliver que está do lado de fora da sala, por trás das persianas da janela de vidro. Ele está sorrindo e conversando animado com sabe deus quem. Parece que nem sentiu a minha falta. Eu devia ir falar com ele, mas falar o quê? Deixa de ser burra Flávia! Abre logo o verbo mulher. É isso. Penso determinada a sair da sala do delegado.— Fica com a Kelly, Flávia? — Agnes pediu assim que me levantei do banco acolchoado.— Onde você vai? — inqueri quase exasperada.— Esquartejar um verme — disse entre dentes. Arregalo os olhos, perplexa.— Ei, sou eu quem diz esse tipo de coisa aqui! — protestei seguindo com a Kelly para fora da sala. Então perdi todo o meu foco, porque o Oliver estava bem na minha frente, com suas as mãos nos bol
SimoneA medida que adentro o lugar tenebroso, sinto um arrepio se alastrar em minha coluna. É triste ter que vê-lo assim. Para quem conheceu ou conhece o Petrus Borbolini, sabe que ele pisou feio na bola. Um cara digno, reto, correto e de bom senso. Não sei como ele pôde cair em uma dessas. Pensar em Pertus, me faz lembrar de uma brincadeira boa dos tempos da adolescência. Eu correndo por um amplo gramado de uma casa de campo, perto de um lago e Pertus correndo atrás de mim, tentando me molhar por conta de uma travessura minha. Em algum momento escorreguei e caí na grama molhada e o meu primo caiu em cima de mim. Aquele momento foi memorável… pelo menos para mim. Horas mais tarde, em uma festa de final de ano, eu aproveitei o instante em que ele se virou para dizer algo ao pé do meu ouvido e roubei-lhe um beijo e depois disso, descobri que estava loucamente, completamente apaixonada pelo meu primo mais velho. Eu não tinha a menor chance! O cara além de ser mais velho do que eu cinco
Simone— E Adonis, como ele está? — Seu tom de voz agora é baixo, quase um fio.— Refazendo a sua vida.— Ele deve estar puto comigo.— É, ele está. No entanto, você não precisa se preocupar com isso agora — peço. Ele assente cabisbaixo. Seguro firme a pasta e levanto da cadeira, me inclinando sobre a mesa e me aproximando um pouco mais dele. Olho em seus olhos e meu coração acelera com violência apenas com essa aproximação, por mínima que seja. Não, não agirei como se fosse uma menininha dessa vez. Nada de beijos roubados. Meus olhos baixam um pouco e encontram os lábios finos e vermelhos. A minha respiração começa a pesar, então fecho os olhos e encosto minha boca na sua. Sim, um beijo… um beijo lento e calmo, comportado e silencioso que acaba tão rápido quanto começou. — Eu voltarei — sussurro quando me afasto. Então aperto firme a alça grossa de couro da pasta em minha mão e saio daquele lugar sem olhar para trás.***Horas depois…— Então, as meninas vão preparar o jantar e os me
Dias depois da prisão do Adam…Adonis Bom, aqui estamos nós. Eu, Agnes e Kell dentro de um carro e pegando a estrada rumo ao meu cantinho preferido no mundo. Sim, estamos indo para o sítio dos meus avós. Foi lá que o nosso amor criou asas e ficou forte o bastante para lutarmos e ficarmos juntos. E eu realmente espero que esse lugar se torne ainda mais especial para nós. Sorrio. Não pensem que foi fácil convencê-la a se afastar da Model por alguns dias. Tive que contar com o poder de persuasão de uma certa fadinha e aqui estamos nós com uma cesta cheia de comida, uma caixa térmica com algumas garrafinhas d’água e de sucos, o som ligado com um volume alto e os três cantando a música Meu Pintinho Amarelinho... afinal temos uma criança a bordo. É claro que convidei os nossos amigos, mas estes estarão bem ocupados por hoje e só chegarão ao sítio amanhã bem cedo.— Falta muito? — Kelly pergunta impaciente, ela parece cansada, pois é a primeira viagem de carro mais longa que está fazend
Adonis— Adonis, que bom que veio! Duas vezes no mesmo ano, isso é maravilhoso! — Pedro diz me dando um forte abraço.— Seja bem-vindo, querido! — Amália fala me dando um abraço carinhoso.— Olha só, você está maravilhoso e se não é impressão minha, está ainda mais bonito também — Tina comenta vindo para um abraço, que retribuo meio sem jeito. Olho para as minhas meninas atrás de mim assim que a garota se afasta.— Se lembram da Agnes, não é? — falo para todos, levando a minha mão, a sua cintura e a puxando para mais perto de mim.— Claro, é a sua amiga da cidade.— Na verdade, a Agnes acabou de se tornar a minha noiva, Amália — A corrijo cheio de mim e claro que todos me lançam olhares completamente surpresos. Amália abre um sorriso iluminado do tipo mãe orgulhosa.— Oh, meu Deus! Adonis, que notícia maravilhosa! — diz puxando a Agnes para um abraço, e o Pedro me estende uma mão, todo orgulhoso.— Parabéns, filho! — Sorrio satisfeito.— E quem é essa fadinha linda? — Amália pergunta
Agnes Espreguiço-me em cima do colchão macio, abrindo os meus olhos em seguida. O sol já está alto lá fora e eu juro que não vi o dia se aproximar. Olho as horas no antigo relógio digital na parede de frente para a cama e sorrio. São oito e meia da manhã. Lá fora ainda é possível ouvir os pássaros cantando, os gritinhos da minha filha e de Adonis, que não está mais na cama. Forço-me a levantar e pego um roupão largado em um pequeno sofá, o visto e vou direto para uma janela. Daqui consigo ver a minha pequenina correndo atrás de alguns animais pequenos. Sorrio ainda mais. Ela realmente gostou disso aqui. Penso. Afasto-me da janela e vou para o banheiro tomar uma ducha rápida. Depois faço a minha higiene pessoal e quando volto para o quarto, solto um grito agudo, levando a mão ao peito imediatamente.— Você quer me matar, mulher de Deus? — resmungo exasperada. Flávia me abre um sorriso largo.— Já está falando igual uma camponesa. Isso aqui está ficando a sua cara — diz rodopiando
Agnes— Agnes… — Ele tenta falar, mas levo a mão aos seus lábios.— Não estou reclamando. — O interrompo. — Só estou te dizendo para esclarecer as coisas com ela, ou eu mesma farei isso — explico. Ele me lança um olhar sério demais e puxa a respiração.— Está bem! — Concorda por fim. — Irei resolver isso, melhorou? — Faço um sim, com a cabeça e forço um sorriso.— Muito.— Que bom! Porque agora você tem um casamento para organizar — avisa de repente.— Eu tenho o quê? — Praticamente me engasgo com o seu comentário. Juro que havia me esquecido o que a louca da Flávia acabou de aprontar.***Loucura, loucura, isso tudo é uma grande loucura! Não faz nem três horas que eu disse sim ao pedido de noivado de Adonis e já me vejo preparando um casamento? Meu Deus! Eu não quero ser chata e nem estragar a alegria de ninguém, mas eu já sou casada! No entanto, acredito que enlouqueci também, porque estou no centro da pequena cidade, com Flávia, Amália e Simone a procura de um… vestido perfeito.—
Agnes Deveras, eu não entendo nada de casamentos em sítios, ainda mais nesse lugar onde a simplicidade existe desde sempre. Eu imaginava um casamento com tules, com flores, capela, cadeiras brancas enfileiradas e um enorme banquete requintado, mas na minha frente há grandes mesas de madeira, revestidas com toalhas xadrez. As flores-do-campo, essas sim, estão por todos os lugares, dando um delicioso ar rústico a ornamentação. Elas estão acompanhadas de lindos laços de fitas decorativas em tons de vermelho claro. O altar improvisado feito com madeira rústica, está forrado com um tecido branco, que vai de alto a baixo e lá no fundo, há uma pequena mesa de madeira forrada com um tecido da mesma cor, com um vaso cheio de flores em cima dela. Não há um tapete vermelho aqui. Ele é todinho verde e natural, ladeado por vasos de barro antigos que também estão cheios de flores campestres. Já é final de tarde aqui e o sol parece uma enorme bola de fogo alaranjada, enfeitando o céu que parece est