Agnes Um dia depois do almoço no restaurante… — Podemos juntar essas cores aos tecidos e formar uma nova coleção de primavera/outono, o que acha Agnes? — Priscila pergunta abrindo o mostruário. Levo a ponta da caneta prateada a boca, enquanto penso nas possibilidades. A sugestão não é nada ruim, mas os meus pensamentos estão me levando para outra direção. — A primavera pede cores mais calmas e estampas mais chamativas. É a última sensação de Paris — comento. Ela bufa baixinho. — Concordo, mais ainda estou apostando nas cores vibrantes — ela insiste. Olho para os demais membros de criatividade e marketing acomodados a enorme mesa retangular, esperando que digam alguma coisa a respeito. Todos olham de mim para Priscila, em busca de um senso comum. Então largo a caneta de qualquer jeito em cima do tampo da mesa e me ajeito na cadeira levando os meus antebraços sobre o tampo de madeira cinza-claro. — Sugiro uma pesquisa mais abrangente das últimas tendências da moda. Não podemos e n
Agnes — Eu não, mas você sim. Está louca, louquinha de pedra — retruca. Tomo o celular da sua mão e ela me encara possessa. — Eu não acredito que você fez isso Agnes. Todos os meus esforços para manter você longe desse homem. Você leu a porra do dossiê? — brada.— Li — digo me sentindo cansada. — Juro que ele não conseguirá o que quer Flávia. Confie em mim, é só enquanto ele tira o Adonis da cadeia. — Ela meneia a cabeça em um não lento e decepcionado. Flávia volta a se sentar, ela leva as mãos à cabeça, escondendo o rosto nelas, enquanto os cotovelos se apoiam no tampo da mesa. Seu silêncio não é nada normal. Prefiro a Flávia falante e animada.— O que esse filho da puta exigiu? — pergunta depois de um tempo. Solto um suspiro e vou para perto da minha amiga.— Ser um pai para Kell, dois anos convivendo com ela e algumas aparições públicas de nós dois — falo agora mais calma. Ela rir debochada.— É claro que ele pediu, o que mais? — questiona. Dou de ombros.— Isso é tudo.— Há, séri
Kell Glitinhos animados. Eu adolo esses glitinhos. As minhas amiguinhas estão correndo pala se esconder enquanto eu conto até 100. Eu acho que é isso. — 19… 40… 3… 5… 50… 10… 8… 100… Estou indo! — aviso quando me afasto da palede e olho ao meu redor.Não selá fácil encontlá-las. Aqui é muito gande e tem muitas plantas. Ando pelo gande jardim da escola Mafalda Parkes. É uma escola muito enorme, só de meninas e um lugar bem confortável também, mas ainda assim, não é a minha casa. Sonho com a minha casa, com o dia que vou molar com a minha mamãe. Eu vim pala cá muito pequenina. Mamãe me contou que eu era só um bisquizinho, que tinha apenas dois anos e meio e me falou que me tlouxe pla escola pala me ploteger. Escuto os sons de algumas risadinhas e sorrio, olhando a moita de jasmins no canto da palede. Tenho vontade de dar pulinhos, mas elas podem correr e se salvar na palede amalela. Elas são gandes e eu sou muito miúda, não consigo alcançar a palede antes delas. Eu só te
Kell Até que ele é bem divertido. Mamãe nunca me deixou blincar na piscina na parte da tarde, ela semple diz que posso ficar doente, mas o homem mal deixou. Também comi muitos doces e eu amo doces! Blincamos de esconde-esconde, assistimos um dos filmes novos e agora ele está bem na minha flente, todo maquiado, usando xuxinhas nos cabelos e tomando um chá com a minha Barbie plincesa.— Ainda tem uma hora até que a sua mamãe chegue, filha. Que tal um passeio?— Não estlague esse momento, Adam. Não me chame de filha, eu sou a Kell. — Ele bufa largando a xícara na mesinha cor-de-rosa.— Um passeio, Kell? — Sorrio.— Pala onde você vai me levar? — pergunto curiosa. Ele sorri.— Ouvi dizer que no parque florestal tem muitos animais legais para gente ver. Você já foi lá? — Faço não com a cabeça. — E você quer ir? — Faço um sim, com a cabeça. — Ótimo! — O homem mal, que eu penso que é mal se levanta da pequena cadeila rosada e me estende uma mão. Plontamente eu deixo a minha xícala na mesinha
Adonis Kappas Dias após sair da delegacia… O telefonema do Apolo me deixou com um pé atrás. O que vai acontecer agora? Ligo imediatamente para Oliver e aviso que chegarei atrasado no bistrô. Monto em minha moto e sigo direto para o banco. Esses dias, tenho procurado refazer a minha vida da maneira que eu posso. Risquei a Agnes da minha agenda… Melhor dizendo, dos meus pensamentos e tenho focado mais no meu sonho, embora não vejo como realizá-lo definitivamente. Sem dinheiro e sem emprego, a coisa ficou ainda mais complicada para mim. A noite me peguei pensando em meu pai. No quanto ele deve estar decepcionado comigo. Porra, eu cheguei tão perto! Paro a moto no meio fio em frente ao banco e caminho a passos largos para dentro do prédio. Na recepção, a secretária de Apolo me recebe solicita, sorridente e com um cafezinho que eu recuso.— O senhor Apolo já o está aguardando — Ela avisa. Eu apenas aceno um sim para a mulher e sigo direto para a sala do gerente do banco cujo caminho já se
Adonis Satisfação. O coração chega a palpitar ao observar o meu futuro bistrô invadido por profissionais medindo, escrevendo em pedaços de papéis, tirando fotos e analisando cada pedaço do lugar. Escuto orgulhoso eles falarem de cores, luzes, estampas, vidros, e chego a imaginar cada detalhe dos seus planos para o grande salão. Respiro fundo. — Falta pouco, pai! — sussurro. — Senhor Kappas, terminamos por aqui. Iniciaremos as obras na próxima semana, se não tiver problema — Andréa diz se aproximando.— Problema nenhum, Andréa, por mim, está ótimo! — digo explodindo de felicidade por dentro. Ela sorri, um sorriso perfeito e profissional.— Perfeito! Voltarei a ligar para o senhor para combinaremos tudo.— E eu aguardarei ansioso por essa ligação. — Ambos apertamos as mãos um do outro e logo Andréa sai do salão com a sua equipe. Decido ficar mais um pouco e sonhar acordado, afinal eu não pago por sonhar, certo? Passo longos minutos olhando cada detalhe, sonhado com cada realização e p
Agnes Ferraço — Preparada para o evento que acontecerá na França? — Ana pergunta enquanto guarda algumas pastas no arquivo. Forço um sorriso para ela.— Pela primeira vez na minha vida, não queria viajar — confesso com tom de lamentação. A Ana me olha especulativa e eu dou de ombros. — A Kell está na minha casa e eu estou curtindo a presença dela lá, e ainda tem o Adam…— O Adam? Vocês estão juntos de novo? — Ela pergunta completamente surpresa e eu encaro a minha secretária. Penso que estou falando muito da minha vida pessoal.— Não, não estamos juntos.— Ah! Terminei por aqui, Agnes, precisa algo mais? — Ela percebe o meu desconforto e muda de assunto.— Não Ana, pode ir. Eu só vou terminar de ler esse contrato e já saio também.— Está bem! Bom final de semana, Agnes!— Para você também, Ana. — A porta da minha sala se fecha e eu me afasto dos papéis, me encostando na cadeira e a giro em direção da janela. A noite já começa a chegar. Penso em como o Adam está se esforçando para ser
Agnes Não posso acreditar que isso esteja realmente acontecendo comigo. Eu a protegi tanto, eu a mantive longe de tudo isso por tanto tempo. Burra, burra, burra!!! Eu sou muito burra! É claro que o Adam não daria conta. Eu sabia e mesmo assim deixei que isso acontecesse. — Eu vou ligar para a polícia — digo depois de um tempo em silêncio, me lavando do sofá e pegando o telefone. Adam o toma da minha mão inesperadamente.— Não precisa chamar a polícia, Agnes.— Como não? A minha filha está desaparecida, Adam e no meio de uma mata escura e fria. Eu não sei se percebeu, mas já escureceu lá fora! — digo desesperada.— Como isso aconteceu? — A voz audaciosa da minha amiga ecoou invadindo a minha sala. É claro que no meu desespero, liguei imediatamente para Flávia. Ao vê-la, Adam me lança um olhar raivoso.— Chamou a Flávia!? — Ele pergunta exasperado.— Sempre! — Ela diz o empurrando deliberadamente contra o sofá e o homem cai sentado. Flávia ergue uma das pernas com um salto extremamente