Flávia Cozinha, é tenho uma cozinha enorme e acoplada a minha sala. O engraçado é que eu tenha um monte de eletrodomésticos cor de rosa com detalhes em prata, e a maioria deles, eu nem sei para quê que serve. Pois é, não sei fazer nada na cozinha. Nadica de nada, nem mesmo um ovo frito, mas estou com uma vontade louca de fazer uma omelete hoje. Ah, sim! Uma vontade insana de arrancar algumas bolas hoje. Ah, estou! E as bolas do Adam Clive Parker. Se eu vir esse cara na minha frente, farei ovos mexidos, ah, baterei com tanta vontade que ficará no ponto! Arc, que nojo! Ovos mexidos do Adam não devem ser bons. Pego-me rindo das minhas próprias loucuras. Abro a geladeira e pego uma garrafinha d’água e depois um copo no armário suspenso na parede, volto a sala e sirvo um pouco da água para Agnes. Coitada, ela está arrasada. Olhar para a minha amiga me faz voltar a pensar nos ovos. Ovos mexidos do Adam, eu podia decepar aquela porcaria e... — Estou pensando em tirar a Kell do país. —
Flávia Gosto de me esconder no meu bom humor, mas o fato de estar mais uma vez na cama do Oliver, sentindo essa boca quente e carnuda, ralando na minha pele por mais uma semana me preocupa um pouco. Sou uma garota do tipo que não se apega. Daquelas que curte a Nigth de boca em boca, de copo em copo, do tipo que gosta de suar, de esbanjar olhares fatais e de deixar os homens aos meus pés. Ai, ai, ai… Espera… Lembrei porque estou na cama do Oliver, com sua boca quente e carnuda ralando em minha pele. Deus do céu! Essa boca nervosa faz coisas comigo. Como agora, quando a sua língua começa a deslizar pelo meu colo e contorna gentilmente, se arrastando ao redor dos meus montes, me arrancando suspiros audíveis, ou seriam gemidos audíveis? Eu não sei. Não dá para pensar com esses chupões consecutivos na minha pele febril, no bico entumecido. Uma boca nervosa, ela simplesmente não para, me devora indo de um seio para o outro. Quero gritar, extravasar, pôr para fora cada sensação. — Eu te amo
Agnes — Você fez o quê?! — Praticamente gritei a pergunta, olhando para uma Flávia esparramada no meu sofá, encarando o meu teto e totalmente desolada. Ela não sabe ainda, mas está completamente desolada.— Eu precisava sair de lá, Agnes. Ele disse que me amava, você sabe o que isso quer dizer?— Sei — digo em um tom firme, ela tira os olhos do teto e me olha. — Eu disse o mesmo para o Adonis, lembra? — falo me jogando no outro sofá.— É, você disse, mas é diferente — diz com desânimo. Flávia volta a encarar o teto.— Diferente como? — questiono e ela dá de ombros.— Você e o Adonis nasceram para isso.— Bobagem, Flávia. A meu ver, o amor é para todos. — Respiro fundo. — E saber que eu estava pensado em apresentá-lo a Kell esse final de semana. Nossa! — Penso alto demais.— A culpa é toda daquele embuste! — Flávia rosna com irritação.— Sim. Ainda não sei o que o Adam falou para Adonis naquela noite, mas o que eu vi nos seus olhos. Me deu medo de perdê-lo.— Fico feliz que tenha se de
Agnes Uau! O restaurante escolhido pela Flávia é um dos maiores e mais caros da cidade como ela havia sugerido. Tem uma vista privilegiada de um dos mais lindos e mais visitados parques nacionais da região, sem falar no enorme salão VIP do último andar que nos dar uma visão plena da cidade. Eu quase nunca venho aqui, a não ser que seja uma ocasião muito, muito especial, como um contrato milionário. Isso sim, sugere uma boa e exagerada comemoração. O que não é o caso no momento. — Você tem certeza de que almoçaremos aqui com aquele traste? — pergunto aos sussurros para que ninguém ao nosso redor me ouça. Ele abre um sorriso largo de dar medo. Ainda não sei o que se passa exatamente na cabeça dessa mulher, mas é como ela mesma disse… Flávia nunca me deixou na mão, ela nunca falhou comigo, então decido aceitar a situação por agora e seguir os seus extintos. As portas de vidro transparente do elevador se abrem e eu puxo o fôlego sutilmente quando vejo o embuste do Adam acomodado a uma
Adonis Sinto o incomodo da fita adesiva repuxando a minha pele. O maldito e minúsculo microfone está colado em mim como se fosse a minha própria pele. Dentro da cela apertada, ando de um lado para o outro com a mão coçando de vontade de pegar o infeliz do Petrus. O filho da puta armou para mim. Ainda não consigo acreditar nisso. O horário de visitas está prestes a começar e de verdade, não me sinto nervoso, nem hesitante ou algo assim. Estou puto mesmo. Puto da vida. Petrus mais do que ninguém sabia dos meus sonhos, sabia do quanto suei para juntar aquele dinheiro e ele era o único que sabia a minha senha no computador. Provavelmente aquela vadia o acessou e entrou na minha conta com a ajuda do filho da puta do Sniph. Inacreditável! Simplesmente inacreditável. Os sons dos sapatos cavalgando pelo piso do corredor da carceragem me avisam que alguém está vindo. Levo as mãos aos bolsos de trás da calça e respiro fundo tentando manter a calma. Apesar de tudo, eu preciso da sua confissã
Adonis Mãe, então era isso que ela escondia de mim o tempo todo? E aquele homem? A maneira como falou com tamanha propriedade dizendo ser marido da Agnes e pai da menina. E ainda tem o fato de ainda ter ido até à delegacia e declarar-se para mim. Estou confuso e não sei exatamente o que pensar. Sua voz naquela noite, o olhar assustado e completamente surpreso. Aquilo me fez sentir enganado, traído. Entretanto, naquela cela, ela parecia ser sincera com suas palavras, receosa até e mais uma vez me vejo perdido no meio dessa confusão chamada Agnes. E aqui estou eu, perdido em lágrimas outra vez. Com raiva de mais uma decepção esmurro a parede do box até sentir minhas mãos protestarem em dor e a respiração ficar pesada e ofegante ao mesmo tempo. Desligo o chuveiro e com uma toalha começo a secar as lágrimas, prometendo a mim mesmo… Nunca mais.O cheiro doce do donuts está espalhado por toda a sala. Oliver está ao telefone na pequena varanda do outro lado do cômodo. Ao ver as caixas de fas
Agnes Um dia depois do almoço no restaurante… — Podemos juntar essas cores aos tecidos e formar uma nova coleção de primavera/outono, o que acha Agnes? — Priscila pergunta abrindo o mostruário. Levo a ponta da caneta prateada a boca, enquanto penso nas possibilidades. A sugestão não é nada ruim, mas os meus pensamentos estão me levando para outra direção. — A primavera pede cores mais calmas e estampas mais chamativas. É a última sensação de Paris — comento. Ela bufa baixinho. — Concordo, mais ainda estou apostando nas cores vibrantes — ela insiste. Olho para os demais membros de criatividade e marketing acomodados a enorme mesa retangular, esperando que digam alguma coisa a respeito. Todos olham de mim para Priscila, em busca de um senso comum. Então largo a caneta de qualquer jeito em cima do tampo da mesa e me ajeito na cadeira levando os meus antebraços sobre o tampo de madeira cinza-claro. — Sugiro uma pesquisa mais abrangente das últimas tendências da moda. Não podemos e n
Agnes — Eu não, mas você sim. Está louca, louquinha de pedra — retruca. Tomo o celular da sua mão e ela me encara possessa. — Eu não acredito que você fez isso Agnes. Todos os meus esforços para manter você longe desse homem. Você leu a porra do dossiê? — brada.— Li — digo me sentindo cansada. — Juro que ele não conseguirá o que quer Flávia. Confie em mim, é só enquanto ele tira o Adonis da cadeia. — Ela meneia a cabeça em um não lento e decepcionado. Flávia volta a se sentar, ela leva as mãos à cabeça, escondendo o rosto nelas, enquanto os cotovelos se apoiam no tampo da mesa. Seu silêncio não é nada normal. Prefiro a Flávia falante e animada.— O que esse filho da puta exigiu? — pergunta depois de um tempo. Solto um suspiro e vou para perto da minha amiga.— Ser um pai para Kell, dois anos convivendo com ela e algumas aparições públicas de nós dois — falo agora mais calma. Ela rir debochada.— É claro que ele pediu, o que mais? — questiona. Dou de ombros.— Isso é tudo.— Há, séri