Adonis Uma fornada de pão fresco, uma salada de frutas, queijo caseiro, bolo de cenoura e um delicioso, e fumegante café preto. Está tudo pronto. Estou ansioso demais. Hoje é o nosso último dia aqui no sítio, logo mais no final da tarde, voltaremos a nossa realidade. Eu investi muito nesses dias e espero realmente que a Agnes tenha percebido isso. Ontem ela estava especialmente calada, se entregou em todos os nossos momentos e no final de tudo, o silêncio se apossou do quarto e se instalou entre nós. Senti-me incomodado, mas também permaneci calado, porque precisava apenas senti-la junto a mim. O cheiro do pão se espalha pela cozinha, me despertando dos meus devaneios. Eu pego a pá de madeira e o enfio no forno a lenha, puxando a bandeja com cinco pães dentro dela. Verifico a massa e sorrio, os levando para o balcão.— Você não dorme nunca? — Ela diz atrás de mim. O som da sua voz faz uma bagunça enorme dentro de mim. Eu me viro para olhá-la e mais uma vez sou assaltado. Agnes es
Adonis — Nada — digo e volto a beijá-la. Minhas mãos ávidas passeiam por debaixo do vestido, sentindo a pele macia, apalpando. Estou fervendo por dentro, louco para tê-la em mim mais uma vez. Então volto a me afastar e começo a tirar as minhas roupas e ela tira as dela. Levo a minha mão ao seu tronco, fazendo-a deitar-se no piso de madeira outra vez e pego o pacotinho no bolso traseiro da calça, elevando as suas pernas aos meus ombros em seguida, ponho a camisinha e olhando em seus olhos, a penetro bem devagar. Agnes fecha os olhos, apreciando a minha entrada lenta e vigorosa, e começo a me mexer dentro dela, mas não há nenhum cuidado aqui, nenhuma delicadeza. Estou metendo forte e rápido, como se a punisse por não me querer outra vez. Uma vontade louca de chorar, de derramar todos os meus sentimentos em cima ela, de cuspir tudo o que está trancafiado dentro de mim, mas engulo cada palavra, cada sentimento. Escuto os seus gemidos altos e sôfregos. Ela está em seu melhor momento e não
Agnes Alguns dias… Observo atentamente o rebuliço a minha volta, um vai e vem de modelos, costureiras, assistentes de palco e tudo mais. O Fashion Week é o mega evento que todos os anos, exige cada dia mais de mim, mas é gratificante e rende milhões de dólares para a minha empresa. Com um suspiro baixo olho o meu relógio de pulso. Pela primeira vez a Flávia está atrasada e isso não é bom. Isso não é nada bom. Hoje é sexta e ela foi resolver algo muito importante para mim, algo que eu mesma deveria ter ido resolver, mas fiquei presa no trabalho. Meu celular volta a vibrar insistentemente, me fazendo revirar os olhos com impaciência. Adam está impossível desde ontem e a sua insistência chega a me incomodar. Resolvo desligar o aparelho e o deixo guardado na bolsa. — Está tudo pronto, senhora Agnes. Quando quiser, já podemos começar — Luana, uma das assistentes de palco me avisa. Aceno um sim para ela e olho na direção da porta de entrada, sorrindo ao ver Adonis passar por ela. El
Agnes — Sério? — Noto a empolgação na sua interrogação e sorrio. — Prometo pensar com carinho, tudo bem? Te ligo para dizer alguma coisa — falo e entro no banheiro.— Quer uma ajudinha com o banho? — sugere antes que eu consiga fechar porta.— Não senhor, Kappas — grito de volta, fechando a porta em seguida. De verdade, se o deixo entrar aqui, jamais conseguirei sair a tempo. *** Ôh, relógio ingrato! Bufo internamente saindo do carro e ando com passos largos para dentro do prédio da Flávia. Ela já deve estar subindo pelas paredes. Entro no elevador e impaciente bato com a ponta do meu pé no chão emborrachado, cruzando os braços e fitando os números piscar na tela do painel. As portas duplas de aço finalmente se abrem e eu sigo apressada para o último apartamento no fim do corredor. Toco a campainha e logo escuto os gritinhos animados de Kell atrás da porta. Ok, vocês não fazem ideia de quem seja a Kell, certo? Kelly Ferraço é a minha filha. Eu queria poder dizer que ela é só min
Agnes Ele conseguiu mais uma vez. Outra vez estou desarmada e de mãos atadas sem saber o que fazer. Faz mais de meia hora que o Adam saiu da minha casa, me deixando arrasada e sem alternativas. Tudo depende dele agora e somente dele. Respiro fundo segurando o choro. O meu corpo parece que levou a pior surra da vida. Ainda estou atônita no meio da minha sala, pensando em uma saída que parece não existir. — Mamãe? — uma voz infantil e receosa me chama no topo da escadaria. As lágrimas chegam a pinicar os meus olhos, mas eu as empurro para trás, para bem longe, porque não quero que ela me veja assim. Então construo o meu melhor sorriso. Aquele escancaradamente feliz e me viro para a minha pequenina, ainda vestida de fadinha. Ela desce os três últimos degraus se segurando firme no corrimão e corre para mim, assim que alcança o chão de mármore da sala e eu a pego nos meus braços, sentindo o coração bater mais forte. As emoções afloraram em seguida e as lágrimas escapam em meio aos braç
Agnes — Isso agora está bem mais próximo, querida — falo com tom meigo. Seus dentes miúdos surgem em um sorriso grande e feliz. Ela se vira de frente para mim e me abraça apertado e eu beijo o seu rostinho. *** — Gente, estou no céu, meu Deus! Nunca pensei que aquele homem, aquele gostoso no meio da multidão ia me prender pela minha… — Flávia diz entrando em minha sala, em plena segunda-feira toda festiva. Ela para bruscamente bem no meio da sala quando olha para o meu estado. Definitivamente estou arrasada, igual uma criança estupidamente carente. Saio exasperada da minha cadeira e corro para os seus braços.— Ele viu, me prensou contra parede, e saiu sem entender. Ela ia usar a varinha, eu engoli, engoli tudinho. O que eu farei? — Um choro compulsivo começa e as palavras saem desordenadas.— Não entendi nadica de nada do que acabou de falar, querida — Flávia diz quase que como um lamento, mas continua afagando as minhas costas e espera o meu tempo, e esse demorou… muito. — Ok, sen
Adonis Ela tem uma filha? Isso é importante, certo? Então, por que escondeu isso de mim? A minha cabeça está cheia de perguntas sem respostas. — Isso é tudo. — Ela me disse. Desci as escadas cego de raiva. Entendo que tenha os seus segredos e entendo os seus motivos, mas não entendi por que tinha que esconder uma criança de tudo e de todos.— Quem é você? — Uma voz masculina bradou no meio da sala. Sem lhe responder, terminei de descer os degraus e parei em frente ao homem que tinha uma aparência imponente.— Eu que pergunto, quem é você e o que faz aqui? — Interroguei com aspereza na voz. O observei ir até o bar de canto e se servir de uma bebida. De costas para mim, ele tomou um gole e veio para o ponto inicial.— Meu nome é Adam Clive Parker, sou o marido de Agnes e pai da fadinha que viu lá em cima — disse cheio de si. Marido? Pai? Como assim? Meu mundo começou a girar, caindo da órbita. Marido? Agnes mentiu para mim? Mas, que merda é essa?! — Adam, nós já podemos… — Ouvi
Adonis Como isso aconteceu na minha vida? Reformulando… Como deixei isso acontecer com a minha vida? Estou a quase quarenta e oito horas detido, dentro de uma cela, deitado em um banco de concreto e encarando o teto, enquanto a pergunta gira e gira dentro da minha cabeça. A resposta é bem clara… Eu não sei! Paro para pensar na noite em que conheci a tal Sandy. Uma garota aparentemente alegre e extrovertida, que apareceu no meu caminho do nada, melhor dizendo, Petrus a pôs em meu caminho. Será que foi do nada mesmo? Petrus sabia sobre o dinheiro. e foi ele quem me apresentou a tal Sandy e depois o… Sniph. Porra!— Você tem visitas, senhor Kappas. — O carcereiro avisa, já metendo a chave de ferro escura na fechadura da grade. Para o meu espanto, Agnes está atrás dele. O seu rosto parece preocupado. Pergunto-me o que ela faz aqui? A grade se abre e eu me levanto desajeitado. Agnes corre para perto de mim e sem me dizer nada, ela me abraça pela cintura. Confesso que não sei o que fazer,