Agnes Alguns dias… Observo atentamente o rebuliço a minha volta, um vai e vem de modelos, costureiras, assistentes de palco e tudo mais. O Fashion Week é o mega evento que todos os anos, exige cada dia mais de mim, mas é gratificante e rende milhões de dólares para a minha empresa. Com um suspiro baixo olho o meu relógio de pulso. Pela primeira vez a Flávia está atrasada e isso não é bom. Isso não é nada bom. Hoje é sexta e ela foi resolver algo muito importante para mim, algo que eu mesma deveria ter ido resolver, mas fiquei presa no trabalho. Meu celular volta a vibrar insistentemente, me fazendo revirar os olhos com impaciência. Adam está impossível desde ontem e a sua insistência chega a me incomodar. Resolvo desligar o aparelho e o deixo guardado na bolsa. — Está tudo pronto, senhora Agnes. Quando quiser, já podemos começar — Luana, uma das assistentes de palco me avisa. Aceno um sim para ela e olho na direção da porta de entrada, sorrindo ao ver Adonis passar por ela. El
Agnes — Sério? — Noto a empolgação na sua interrogação e sorrio. — Prometo pensar com carinho, tudo bem? Te ligo para dizer alguma coisa — falo e entro no banheiro.— Quer uma ajudinha com o banho? — sugere antes que eu consiga fechar porta.— Não senhor, Kappas — grito de volta, fechando a porta em seguida. De verdade, se o deixo entrar aqui, jamais conseguirei sair a tempo. *** Ôh, relógio ingrato! Bufo internamente saindo do carro e ando com passos largos para dentro do prédio da Flávia. Ela já deve estar subindo pelas paredes. Entro no elevador e impaciente bato com a ponta do meu pé no chão emborrachado, cruzando os braços e fitando os números piscar na tela do painel. As portas duplas de aço finalmente se abrem e eu sigo apressada para o último apartamento no fim do corredor. Toco a campainha e logo escuto os gritinhos animados de Kell atrás da porta. Ok, vocês não fazem ideia de quem seja a Kell, certo? Kelly Ferraço é a minha filha. Eu queria poder dizer que ela é só min
Agnes Ele conseguiu mais uma vez. Outra vez estou desarmada e de mãos atadas sem saber o que fazer. Faz mais de meia hora que o Adam saiu da minha casa, me deixando arrasada e sem alternativas. Tudo depende dele agora e somente dele. Respiro fundo segurando o choro. O meu corpo parece que levou a pior surra da vida. Ainda estou atônita no meio da minha sala, pensando em uma saída que parece não existir. — Mamãe? — uma voz infantil e receosa me chama no topo da escadaria. As lágrimas chegam a pinicar os meus olhos, mas eu as empurro para trás, para bem longe, porque não quero que ela me veja assim. Então construo o meu melhor sorriso. Aquele escancaradamente feliz e me viro para a minha pequenina, ainda vestida de fadinha. Ela desce os três últimos degraus se segurando firme no corrimão e corre para mim, assim que alcança o chão de mármore da sala e eu a pego nos meus braços, sentindo o coração bater mais forte. As emoções afloraram em seguida e as lágrimas escapam em meio aos braç
Agnes — Isso agora está bem mais próximo, querida — falo com tom meigo. Seus dentes miúdos surgem em um sorriso grande e feliz. Ela se vira de frente para mim e me abraça apertado e eu beijo o seu rostinho. *** — Gente, estou no céu, meu Deus! Nunca pensei que aquele homem, aquele gostoso no meio da multidão ia me prender pela minha… — Flávia diz entrando em minha sala, em plena segunda-feira toda festiva. Ela para bruscamente bem no meio da sala quando olha para o meu estado. Definitivamente estou arrasada, igual uma criança estupidamente carente. Saio exasperada da minha cadeira e corro para os seus braços.— Ele viu, me prensou contra parede, e saiu sem entender. Ela ia usar a varinha, eu engoli, engoli tudinho. O que eu farei? — Um choro compulsivo começa e as palavras saem desordenadas.— Não entendi nadica de nada do que acabou de falar, querida — Flávia diz quase que como um lamento, mas continua afagando as minhas costas e espera o meu tempo, e esse demorou… muito. — Ok, sen
Adonis Ela tem uma filha? Isso é importante, certo? Então, por que escondeu isso de mim? A minha cabeça está cheia de perguntas sem respostas. — Isso é tudo. — Ela me disse. Desci as escadas cego de raiva. Entendo que tenha os seus segredos e entendo os seus motivos, mas não entendi por que tinha que esconder uma criança de tudo e de todos.— Quem é você? — Uma voz masculina bradou no meio da sala. Sem lhe responder, terminei de descer os degraus e parei em frente ao homem que tinha uma aparência imponente.— Eu que pergunto, quem é você e o que faz aqui? — Interroguei com aspereza na voz. O observei ir até o bar de canto e se servir de uma bebida. De costas para mim, ele tomou um gole e veio para o ponto inicial.— Meu nome é Adam Clive Parker, sou o marido de Agnes e pai da fadinha que viu lá em cima — disse cheio de si. Marido? Pai? Como assim? Meu mundo começou a girar, caindo da órbita. Marido? Agnes mentiu para mim? Mas, que merda é essa?! — Adam, nós já podemos… — Ouvi
Adonis Como isso aconteceu na minha vida? Reformulando… Como deixei isso acontecer com a minha vida? Estou a quase quarenta e oito horas detido, dentro de uma cela, deitado em um banco de concreto e encarando o teto, enquanto a pergunta gira e gira dentro da minha cabeça. A resposta é bem clara… Eu não sei! Paro para pensar na noite em que conheci a tal Sandy. Uma garota aparentemente alegre e extrovertida, que apareceu no meu caminho do nada, melhor dizendo, Petrus a pôs em meu caminho. Será que foi do nada mesmo? Petrus sabia sobre o dinheiro. e foi ele quem me apresentou a tal Sandy e depois o… Sniph. Porra!— Você tem visitas, senhor Kappas. — O carcereiro avisa, já metendo a chave de ferro escura na fechadura da grade. Para o meu espanto, Agnes está atrás dele. O seu rosto parece preocupado. Pergunto-me o que ela faz aqui? A grade se abre e eu me levanto desajeitado. Agnes corre para perto de mim e sem me dizer nada, ela me abraça pela cintura. Confesso que não sei o que fazer,
Flávia Cozinha, é tenho uma cozinha enorme e acoplada a minha sala. O engraçado é que eu tenha um monte de eletrodomésticos cor de rosa com detalhes em prata, e a maioria deles, eu nem sei para quê que serve. Pois é, não sei fazer nada na cozinha. Nadica de nada, nem mesmo um ovo frito, mas estou com uma vontade louca de fazer uma omelete hoje. Ah, sim! Uma vontade insana de arrancar algumas bolas hoje. Ah, estou! E as bolas do Adam Clive Parker. Se eu vir esse cara na minha frente, farei ovos mexidos, ah, baterei com tanta vontade que ficará no ponto! Arc, que nojo! Ovos mexidos do Adam não devem ser bons. Pego-me rindo das minhas próprias loucuras. Abro a geladeira e pego uma garrafinha d’água e depois um copo no armário suspenso na parede, volto a sala e sirvo um pouco da água para Agnes. Coitada, ela está arrasada. Olhar para a minha amiga me faz voltar a pensar nos ovos. Ovos mexidos do Adam, eu podia decepar aquela porcaria e... — Estou pensando em tirar a Kell do país. —
Flávia Gosto de me esconder no meu bom humor, mas o fato de estar mais uma vez na cama do Oliver, sentindo essa boca quente e carnuda, ralando na minha pele por mais uma semana me preocupa um pouco. Sou uma garota do tipo que não se apega. Daquelas que curte a Nigth de boca em boca, de copo em copo, do tipo que gosta de suar, de esbanjar olhares fatais e de deixar os homens aos meus pés. Ai, ai, ai… Espera… Lembrei porque estou na cama do Oliver, com sua boca quente e carnuda ralando em minha pele. Deus do céu! Essa boca nervosa faz coisas comigo. Como agora, quando a sua língua começa a deslizar pelo meu colo e contorna gentilmente, se arrastando ao redor dos meus montes, me arrancando suspiros audíveis, ou seriam gemidos audíveis? Eu não sei. Não dá para pensar com esses chupões consecutivos na minha pele febril, no bico entumecido. Uma boca nervosa, ela simplesmente não para, me devora indo de um seio para o outro. Quero gritar, extravasar, pôr para fora cada sensação. — Eu te amo