Agnes — Isso agora está bem mais próximo, querida — falo com tom meigo. Seus dentes miúdos surgem em um sorriso grande e feliz. Ela se vira de frente para mim e me abraça apertado e eu beijo o seu rostinho. *** — Gente, estou no céu, meu Deus! Nunca pensei que aquele homem, aquele gostoso no meio da multidão ia me prender pela minha… — Flávia diz entrando em minha sala, em plena segunda-feira toda festiva. Ela para bruscamente bem no meio da sala quando olha para o meu estado. Definitivamente estou arrasada, igual uma criança estupidamente carente. Saio exasperada da minha cadeira e corro para os seus braços.— Ele viu, me prensou contra parede, e saiu sem entender. Ela ia usar a varinha, eu engoli, engoli tudinho. O que eu farei? — Um choro compulsivo começa e as palavras saem desordenadas.— Não entendi nadica de nada do que acabou de falar, querida — Flávia diz quase que como um lamento, mas continua afagando as minhas costas e espera o meu tempo, e esse demorou… muito. — Ok, sen
Adonis Ela tem uma filha? Isso é importante, certo? Então, por que escondeu isso de mim? A minha cabeça está cheia de perguntas sem respostas. — Isso é tudo. — Ela me disse. Desci as escadas cego de raiva. Entendo que tenha os seus segredos e entendo os seus motivos, mas não entendi por que tinha que esconder uma criança de tudo e de todos.— Quem é você? — Uma voz masculina bradou no meio da sala. Sem lhe responder, terminei de descer os degraus e parei em frente ao homem que tinha uma aparência imponente.— Eu que pergunto, quem é você e o que faz aqui? — Interroguei com aspereza na voz. O observei ir até o bar de canto e se servir de uma bebida. De costas para mim, ele tomou um gole e veio para o ponto inicial.— Meu nome é Adam Clive Parker, sou o marido de Agnes e pai da fadinha que viu lá em cima — disse cheio de si. Marido? Pai? Como assim? Meu mundo começou a girar, caindo da órbita. Marido? Agnes mentiu para mim? Mas, que merda é essa?! — Adam, nós já podemos… — Ouvi
Adonis Como isso aconteceu na minha vida? Reformulando… Como deixei isso acontecer com a minha vida? Estou a quase quarenta e oito horas detido, dentro de uma cela, deitado em um banco de concreto e encarando o teto, enquanto a pergunta gira e gira dentro da minha cabeça. A resposta é bem clara… Eu não sei! Paro para pensar na noite em que conheci a tal Sandy. Uma garota aparentemente alegre e extrovertida, que apareceu no meu caminho do nada, melhor dizendo, Petrus a pôs em meu caminho. Será que foi do nada mesmo? Petrus sabia sobre o dinheiro. e foi ele quem me apresentou a tal Sandy e depois o… Sniph. Porra!— Você tem visitas, senhor Kappas. — O carcereiro avisa, já metendo a chave de ferro escura na fechadura da grade. Para o meu espanto, Agnes está atrás dele. O seu rosto parece preocupado. Pergunto-me o que ela faz aqui? A grade se abre e eu me levanto desajeitado. Agnes corre para perto de mim e sem me dizer nada, ela me abraça pela cintura. Confesso que não sei o que fazer,
Flávia Cozinha, é tenho uma cozinha enorme e acoplada a minha sala. O engraçado é que eu tenha um monte de eletrodomésticos cor de rosa com detalhes em prata, e a maioria deles, eu nem sei para quê que serve. Pois é, não sei fazer nada na cozinha. Nadica de nada, nem mesmo um ovo frito, mas estou com uma vontade louca de fazer uma omelete hoje. Ah, sim! Uma vontade insana de arrancar algumas bolas hoje. Ah, estou! E as bolas do Adam Clive Parker. Se eu vir esse cara na minha frente, farei ovos mexidos, ah, baterei com tanta vontade que ficará no ponto! Arc, que nojo! Ovos mexidos do Adam não devem ser bons. Pego-me rindo das minhas próprias loucuras. Abro a geladeira e pego uma garrafinha d’água e depois um copo no armário suspenso na parede, volto a sala e sirvo um pouco da água para Agnes. Coitada, ela está arrasada. Olhar para a minha amiga me faz voltar a pensar nos ovos. Ovos mexidos do Adam, eu podia decepar aquela porcaria e... — Estou pensando em tirar a Kell do país. —
Flávia Gosto de me esconder no meu bom humor, mas o fato de estar mais uma vez na cama do Oliver, sentindo essa boca quente e carnuda, ralando na minha pele por mais uma semana me preocupa um pouco. Sou uma garota do tipo que não se apega. Daquelas que curte a Nigth de boca em boca, de copo em copo, do tipo que gosta de suar, de esbanjar olhares fatais e de deixar os homens aos meus pés. Ai, ai, ai… Espera… Lembrei porque estou na cama do Oliver, com sua boca quente e carnuda ralando em minha pele. Deus do céu! Essa boca nervosa faz coisas comigo. Como agora, quando a sua língua começa a deslizar pelo meu colo e contorna gentilmente, se arrastando ao redor dos meus montes, me arrancando suspiros audíveis, ou seriam gemidos audíveis? Eu não sei. Não dá para pensar com esses chupões consecutivos na minha pele febril, no bico entumecido. Uma boca nervosa, ela simplesmente não para, me devora indo de um seio para o outro. Quero gritar, extravasar, pôr para fora cada sensação. — Eu te amo
Agnes — Você fez o quê?! — Praticamente gritei a pergunta, olhando para uma Flávia esparramada no meu sofá, encarando o meu teto e totalmente desolada. Ela não sabe ainda, mas está completamente desolada.— Eu precisava sair de lá, Agnes. Ele disse que me amava, você sabe o que isso quer dizer?— Sei — digo em um tom firme, ela tira os olhos do teto e me olha. — Eu disse o mesmo para o Adonis, lembra? — falo me jogando no outro sofá.— É, você disse, mas é diferente — diz com desânimo. Flávia volta a encarar o teto.— Diferente como? — questiono e ela dá de ombros.— Você e o Adonis nasceram para isso.— Bobagem, Flávia. A meu ver, o amor é para todos. — Respiro fundo. — E saber que eu estava pensado em apresentá-lo a Kell esse final de semana. Nossa! — Penso alto demais.— A culpa é toda daquele embuste! — Flávia rosna com irritação.— Sim. Ainda não sei o que o Adam falou para Adonis naquela noite, mas o que eu vi nos seus olhos. Me deu medo de perdê-lo.— Fico feliz que tenha se de
Agnes Uau! O restaurante escolhido pela Flávia é um dos maiores e mais caros da cidade como ela havia sugerido. Tem uma vista privilegiada de um dos mais lindos e mais visitados parques nacionais da região, sem falar no enorme salão VIP do último andar que nos dar uma visão plena da cidade. Eu quase nunca venho aqui, a não ser que seja uma ocasião muito, muito especial, como um contrato milionário. Isso sim, sugere uma boa e exagerada comemoração. O que não é o caso no momento. — Você tem certeza de que almoçaremos aqui com aquele traste? — pergunto aos sussurros para que ninguém ao nosso redor me ouça. Ele abre um sorriso largo de dar medo. Ainda não sei o que se passa exatamente na cabeça dessa mulher, mas é como ela mesma disse… Flávia nunca me deixou na mão, ela nunca falhou comigo, então decido aceitar a situação por agora e seguir os seus extintos. As portas de vidro transparente do elevador se abrem e eu puxo o fôlego sutilmente quando vejo o embuste do Adam acomodado a uma
Adonis Sinto o incomodo da fita adesiva repuxando a minha pele. O maldito e minúsculo microfone está colado em mim como se fosse a minha própria pele. Dentro da cela apertada, ando de um lado para o outro com a mão coçando de vontade de pegar o infeliz do Petrus. O filho da puta armou para mim. Ainda não consigo acreditar nisso. O horário de visitas está prestes a começar e de verdade, não me sinto nervoso, nem hesitante ou algo assim. Estou puto mesmo. Puto da vida. Petrus mais do que ninguém sabia dos meus sonhos, sabia do quanto suei para juntar aquele dinheiro e ele era o único que sabia a minha senha no computador. Provavelmente aquela vadia o acessou e entrou na minha conta com a ajuda do filho da puta do Sniph. Inacreditável! Simplesmente inacreditável. Os sons dos sapatos cavalgando pelo piso do corredor da carceragem me avisam que alguém está vindo. Levo as mãos aos bolsos de trás da calça e respiro fundo tentando manter a calma. Apesar de tudo, eu preciso da sua confissã