Christopher teve um dia longo e exaustivo, pela primeira vez estava tendo que trabalhar sozinho, pois Ramona recebera férias, que há muito estavam atrasadas, de forma que ela já não podia adiá-las, mesmo não querendo deixar o parceiro na mão. O corte de gastos não permitiu a contratação, mesmo que temporária, de um novo detetive, assim, seus colegas de trabalho quando não estavam ocupados com outros casos o acompanhavam nos seus, mas especialmente hoje, ninguém conseguiu uma pausa na Unidade de Homicídios, todos atarefados em demasia com as monstruosidades típicas de cidades grandes.
Não bastasse o dia atribulado, sua filha adoecera, de forma que a madrugada anterior, ele e Olivia passaram parte da noite no hospital, já que a menina demonstrava ter fome, mas não comia, e chorava angustiada pela dor. Não demorou para que fosse atendida e diagnost
Dois meses havia se passado desde que Donna chegara à Chade, já visitara quase todas as cidades vizinhas da capital, e passara por dezenas de aldeias. Por vezes, Donna sentiu o coração doer ao percorrer aquelas ruas, mais ainda ao adentrar algumas casas para as quais ela e Neila eram gentilmente convidadas. O que mais a impactava eram aquelas crianças, que mesmo marcadas por uma vida regada a misérias, muitas exibiam sempre um sorriso no rosto, mesmo que fossem sorrisos banguelas acompanhados de olhares apagados e tristes.Neila se saiu melhor do que Donna esperava, era sempre solícita e se fazia querida facilmente a cada aldeia visitada, o que em muito ajudava na sua investigação, mas diferente da amiga americana, ela se mostrava indiferente a todo sofrimento que assistia, não era porque não se importava, mas porque estava acostumada. Aquele cenário triste e miserável não era ne
— Doutor Hassan? — chamou Neila, ao mesmo tempo em que ele tocava a maçaneta da porta para sair. — Preciso que cuide dela! — insistiu com firmeza.— Já disse que... — Não concluiu ao se deparar com a guia apontando uma pistola para ele. — Que brincadeira é essa? — perguntou assustado.— Não é uma brincadeira, doutor! Você só sai daqui depois que essa mulher estiver a salvo! — avisou séria.— Você está louca? Não temos medicamentos aqui, as condições desse lugar são péssimas, ela vai morrer de qualquer jeito...— Pelo seu bem, ela não pode morrer! — ameaçou.— Está tentando me intimidar, senhorita? — falou dando um passo na direção de Neila.— Na verdade estou te dando um aviso muito claro, se essa mulher
Nas últimas horas Khristin se revezava entre a piscina de bolinhas e a cama elástica, mas agora corria estabanada entre os convidados, o vestidinho rosa de princesa não era nenhum impedimento para a pequena brincar, apenas a pequena tiara em forma de coroa há muito ela retirara de sua cabeça, negando-se a usá-la.Olivia se encarregara de registrar cada momento, relembrando os tempos de fotógrafa. Christopher não tirava os olhos delas, mas também não deixava de dar atenção aos seus convidados, aquele era o primeiro aniversário da menina, então organizaram uma bela festa, com direito a convidar toda a família do casal, os amigos mais chegados, os vizinhos e os colegas de trabalho do detetive com suas respectivas famílias, o que garantiu à garotinha dezenas de presentes.A casa estava lotada, para a alegria de Olivia, havia ali umas vinte crianças,
— Muito bonito seu apartamento, comprou ele recentemente? — perguntou Giovani apoiado no balcão que separava a pequena cozinha da sala enquanto Donna revirava o armário.— Na verdade não! Eu o comprei antes de me casar com... ele. Nos últimos anos o aluguei — contou colocando sobre a pia a cafeteira, o pote de açúcar e um pacote de pó de café fechado.— Entendi.— É bem pequeno como você pode ver, diferente da casa dele ou da Ade — comentou ela.— Sim, a casa da Ade também era bem grande.— E você? Onde está morando?— Troquei meu apartamento antigo por um novo, você sabe... Mesmo tendo saído da prisão, parece que estão sempre me condenando com o olhar.— Sinto muito, Giovani!— Um dia isso vai ficar realmente pra trás! — disse el
— Que merda! — disse Ruby segurando o pequeno teste de gravidez nas mãos. — Qual o problema comigo? — falou em voz alta, jogando o resultado do teste na lixeira. Ruby lavou as mãos e saiu do banheiro, em seguida deitou em sua cama, pensativa.Aquela era a quarta vez que fazia um teste de gravidez desde que começou a ter relações sexuais com Vincent.Ele nunca se prevenira, já que a japonesa garantiu que tomava pílulas e que não tinha qualquer intenção de engravidar, convencendo-o assim. Ruby sabia que o biomédico não tinha qualquer problema de saúde que impossibilitasse sua gravidez, então talvez houvesse algum problema com ela.Quando era mais nova, sem qualquer interesse em ser mãe, sempre se protegera, até mesmo com Kioshi, com quem nunca cogitou ter um filho.Pensou em fazer exames e confirmar se estava tudo certo com
Fazia muito tempo que Donna não se vestia na intenção de se sentir bonita, de se sentir bem com ela mesma, mas apesar de todo inferno que enfrentara, agora tinha esperanças de um futuro melhor, acreditava que o material que em breve enviaria para a polícia, ajudaria na captura do Ceifador, de forma que a segurança da filha estava garantida. Podia viver bem próxima de Olivia, que sempre fora uma amiga querida, onde poderia acompanhar o crescimento pleno de sua pequena, mesmo que nunca pudesse dizer que era ela sua mãe biológica. Donna colocou um vestido longo preto, embora fosse justo e delineasse suas curvas, não era apertado, já que não colava em seu corpo. Pôs saltos pretos e fez uma trança na lateral da cabeça, deixando-a caída sobre o ombro. A maquiagem sempre leve realçava seus belos olhos azuis. Giovani chegara exatamente no horário marcado, estava elega
Vincent saiu do hospital já era quase horário de almoço, passou a manhã toda justificando seu comportamento da noite anterior para a sua equipe.Após a discussão com Giovani, Jhoe se prontificou a acompanhar o biomédico até sua casa, deixando os demais colegas estupefatos por tudo que tinham acabado de testemunhar. Todos da equipe dispensaram explicações, entendiam que Vincent agiu por ciúmes, já que acreditavam que ele ainda amava a ex-mulher, mas o biomédico insistiu, não queria que ficassem com uma má impressão sobre ele.Ainda pela manhã, o detetiveBernards Fills,que contratara para encontrar sua filha lhe enviara uma mensagem avisando que tinha novidades e que precisava vê-lo o mais rápido possível. Assim, era para o escritório dele que o biomédico ia agora, curioso para saber o que o detetive descobri
Nas últimas horas o mundo de Olivia pareceu desabar. Mesmo com todo aquele material nas mãos, mesmo depois de tudo que Donna havia lhe contado, só pensava que aquilo fosse loucura, não dava para assimilar tanta informação.Como acreditar que aquele homem gentil e simpático com as pessoas à sua volta e tão amoroso com sua família, poderia ser o terrível psicopata que fizera dezenas de vítimas em Los Angeles? Como acreditar que ele matara uma amiga sua e que pelo que via na pasta que Donna lhe entregara, também matara muitas garotas na África?Como podia acreditar que aquele monstro que seu marido caçava há anos era o pai da sua filha adotiva?— O Christopher não vai acreditar nisso! — Foi tudo que disse depois de muito tempo de silêncio.— Você não pode contar a ele, Olivia — avisou a amiga.<