Quase quinze minutos se passaram desde que Donna chegara ao barracão e confrontara Ruby, que ainda agonizava no chão.
Donna suspirou aliviada ao ouvir as sirenes da polícia e da ambulância que se aproximavam, finalmente Olivia seria socorrida e ela poderia encontrar a sua filha, além de procurar por Giovani, que se afastara delas há mais de cinco minutos, o que a deixava bastante preocupada, pois sabia que o amigo era bem capaz de ter feito algo idiota, assim como Vincent não hesitaria em revidar.
Logo o barracão foi invadido por dezenas de policiais, onde Christopher e Ramona vinham à frente.
— Olivia! — gritou ao perceber o olhar desesperado de Donna para ele com a amiga deitada em seu colo. O detetive percebeu rápido que todo aquele sangue em torno da sua esposa era o dela, a cena mais desesperadora que já vira na sua vida.
Christopher correu na direç&a
Vincent aguardou enquanto Donna vestiu o casaco preto que ele lhe dera por cima da camisola, cobrindo-a por inteira. Em seguida orientou a ex-esposa a prender os cabelos, ajeitando posteriormente sobre a sua cabeça um gorro do qual pendiam cabelos longos, lisos e pretos. Por fim, calçou os saltos mais baixos e confortáveis que encontrou, pensando na possibilidade de precisar correr.— Pegue a sua bolsa, vai precisar de documentos — orientou e ela obedeceu. — Seu celular está aí dentro? — perguntou.— Está, mas eu posso tirar — respondeu ela.— Não, pode deixar, você vai fazer uma ligação com ele.— Para onde vamos?— Nova Iorque — respondeu ele gentil. — Vamos recomeçar nossa vida fora da Califórnia.— Não vão nos deixar passar do aeroporto — observou Donna. — A p
Quatro meses se passaram desde que Vincent Hughes fora condenado, de forma que ele envelheceria na prisão. Donna há muito tempo não se sentira tão em paz como agora, até voltara a lecionar e nas horas vagas, iniciara um curso de fotografia, relembrando assim bons momentos que teve com Olivia.Apesar das tristes perdas que teve ao longo dos últimos anos, ela estava disposta a recomeçar a sua vida ao lado da sua filha, da qual finalmente assumira a maternidade pedindo sua guarda definitiva, o que Christopher não negou, embora amasse a menina como se fosse sua, era capaz de compreender as razões de Donna em abandoná-la, assim como a dor que ela sentia resultante da distância entre elas.De qualquer forma, Christopher fez questão de se manter próximo, disposto a ser a figura paterna que sua filha do coração precisava, o que Donna permitiu, pois sabia que a filha nã
— POW! — Donna viu por trás dos óculos de proteção o terceiro disparo atingir o ombro do alvo humanoide. — POW! — O quarto tiro se alojou ao lado do anterior.Donna já não sentia o recuo após os disparos, os mesmos que a jogaram para trás nas primeiras vezes em que atirou logo que começou as suas aulas de tiros. O estrondo produzido toda vez que ela aperta o gatilho não é ouvido, graças ao abafador em seus ouvidos, deixando-a alheia aos ruídos de fora de seu estande.Após seis meses na clínica de recuperação, ela finalmente conseguiu sua liberdade, pois o juiz analisara as provas apresentadas pelo advogado, as quais não deixavam dúvidas sobre a doença que a havia acometido, visto que a filha fora desejada pela professora e pelo marido. O juiz entendera que o assassinato da menina fora uma consequência
— Querido, acho que aqui já está bom — falou Olivia ao parar com a cesta nas mãos vendo o marido se afastar com a pequena Khristin carregada nos ombros, a garotinha usava um conjuntinho branco e rosa, além de um divertido chapéu branco com longas orelhas de coelho.— Não, amor, tem muitas crianças jogando bola nesse ponto do parque, vamos seguir por aqui, paramos num lugar mais tranquilo — disse ao se virar para a esposa, fazendo a garotinha sorrir com o movimento.— Chris, as crianças estão a muitos metros de distância, não tem como acertar a bola... — falou enquanto ajeitava o cinto de seu vestido azul-céu.— Vamos, Olivia, mais um pouco e já vamos nos sentar — incentivou, seguindo em frente.— Está bem, amor, mas você está sendo exagerado em seus cuidados! — declarou dando passos largo
— Meu Deus, Chris! — falou Olivia ao assistir ao vivo na TV uma perseguição policial, onde Christopher e Ramona corriam atrás de um suspeito de estupro e assassinato enquanto a polícia organizava um cerco.Levou alguns minutos para findar a reportagem, ela aguardou ansiosa, esperando um momento oportuno para ligar para o marido e comprovar que tudo acabara realmente bem, conforme fora dito na matéria, onde vira apenas o carro da polícia sair levando para a delegacia o suspeito.Sabia que ao chegar à Unidade de Homicídios demoraria algum tempo até ir interrogar o rapaz, considerando que os vinte minutos que se passara fosse suficiente para que tivessem chegado e consequentemente o marido pudesse lhe atender, ligou.— Olivia, tá tudo bem? — perguntou ao atender.— Eu que te pergunto, querido, eu vi a perseguição na TV e...— Est&aac
Christopher teve um dia longo e exaustivo, pela primeira vez estava tendo que trabalhar sozinho, pois Ramona recebera férias, que há muito estavam atrasadas, de forma que ela já não podia adiá-las, mesmo não querendo deixar o parceiro na mão. O corte de gastos não permitiu a contratação, mesmo que temporária, de um novo detetive, assim, seus colegas de trabalho quando não estavam ocupados com outros casos o acompanhavam nos seus, mas especialmente hoje, ninguém conseguiu uma pausa na Unidade de Homicídios, todos atarefados em demasia com as monstruosidades típicas de cidades grandes.Não bastasse o dia atribulado, sua filha adoecera, de forma que a madrugada anterior, ele e Olivia passaram parte da noite no hospital, já que a menina demonstrava ter fome, mas não comia, e chorava angustiada pela dor. Não demorou para que fosse atendida e diagnost
Dois meses havia se passado desde que Donna chegara à Chade, já visitara quase todas as cidades vizinhas da capital, e passara por dezenas de aldeias. Por vezes, Donna sentiu o coração doer ao percorrer aquelas ruas, mais ainda ao adentrar algumas casas para as quais ela e Neila eram gentilmente convidadas. O que mais a impactava eram aquelas crianças, que mesmo marcadas por uma vida regada a misérias, muitas exibiam sempre um sorriso no rosto, mesmo que fossem sorrisos banguelas acompanhados de olhares apagados e tristes.Neila se saiu melhor do que Donna esperava, era sempre solícita e se fazia querida facilmente a cada aldeia visitada, o que em muito ajudava na sua investigação, mas diferente da amiga americana, ela se mostrava indiferente a todo sofrimento que assistia, não era porque não se importava, mas porque estava acostumada. Aquele cenário triste e miserável não era ne
— Doutor Hassan? — chamou Neila, ao mesmo tempo em que ele tocava a maçaneta da porta para sair. — Preciso que cuide dela! — insistiu com firmeza.— Já disse que... — Não concluiu ao se deparar com a guia apontando uma pistola para ele. — Que brincadeira é essa? — perguntou assustado.— Não é uma brincadeira, doutor! Você só sai daqui depois que essa mulher estiver a salvo! — avisou séria.— Você está louca? Não temos medicamentos aqui, as condições desse lugar são péssimas, ela vai morrer de qualquer jeito...— Pelo seu bem, ela não pode morrer! — ameaçou.— Está tentando me intimidar, senhorita? — falou dando um passo na direção de Neila.— Na verdade estou te dando um aviso muito claro, se essa mulher