— Muito bonito seu apartamento, comprou ele recentemente? — perguntou Giovani apoiado no balcão que separava a pequena cozinha da sala enquanto Donna revirava o armário.
— Na verdade não! Eu o comprei antes de me casar com... ele. Nos últimos anos o aluguei — contou colocando sobre a pia a cafeteira, o pote de açúcar e um pacote de pó de café fechado.
— Entendi.
— É bem pequeno como você pode ver, diferente da casa dele ou da Ade — comentou ela.
— Sim, a casa da Ade também era bem grande.
— E você? Onde está morando?
— Troquei meu apartamento antigo por um novo, você sabe... Mesmo tendo saído da prisão, parece que estão sempre me condenando com o olhar.
— Sinto muito, Giovani!
— Um dia isso vai ficar realmente pra trás! — disse el
— Que merda! — disse Ruby segurando o pequeno teste de gravidez nas mãos. — Qual o problema comigo? — falou em voz alta, jogando o resultado do teste na lixeira. Ruby lavou as mãos e saiu do banheiro, em seguida deitou em sua cama, pensativa.Aquela era a quarta vez que fazia um teste de gravidez desde que começou a ter relações sexuais com Vincent.Ele nunca se prevenira, já que a japonesa garantiu que tomava pílulas e que não tinha qualquer intenção de engravidar, convencendo-o assim. Ruby sabia que o biomédico não tinha qualquer problema de saúde que impossibilitasse sua gravidez, então talvez houvesse algum problema com ela.Quando era mais nova, sem qualquer interesse em ser mãe, sempre se protegera, até mesmo com Kioshi, com quem nunca cogitou ter um filho.Pensou em fazer exames e confirmar se estava tudo certo com
Fazia muito tempo que Donna não se vestia na intenção de se sentir bonita, de se sentir bem com ela mesma, mas apesar de todo inferno que enfrentara, agora tinha esperanças de um futuro melhor, acreditava que o material que em breve enviaria para a polícia, ajudaria na captura do Ceifador, de forma que a segurança da filha estava garantida. Podia viver bem próxima de Olivia, que sempre fora uma amiga querida, onde poderia acompanhar o crescimento pleno de sua pequena, mesmo que nunca pudesse dizer que era ela sua mãe biológica. Donna colocou um vestido longo preto, embora fosse justo e delineasse suas curvas, não era apertado, já que não colava em seu corpo. Pôs saltos pretos e fez uma trança na lateral da cabeça, deixando-a caída sobre o ombro. A maquiagem sempre leve realçava seus belos olhos azuis. Giovani chegara exatamente no horário marcado, estava elega
Vincent saiu do hospital já era quase horário de almoço, passou a manhã toda justificando seu comportamento da noite anterior para a sua equipe.Após a discussão com Giovani, Jhoe se prontificou a acompanhar o biomédico até sua casa, deixando os demais colegas estupefatos por tudo que tinham acabado de testemunhar. Todos da equipe dispensaram explicações, entendiam que Vincent agiu por ciúmes, já que acreditavam que ele ainda amava a ex-mulher, mas o biomédico insistiu, não queria que ficassem com uma má impressão sobre ele.Ainda pela manhã, o detetiveBernards Fills,que contratara para encontrar sua filha lhe enviara uma mensagem avisando que tinha novidades e que precisava vê-lo o mais rápido possível. Assim, era para o escritório dele que o biomédico ia agora, curioso para saber o que o detetive descobri
Nas últimas horas o mundo de Olivia pareceu desabar. Mesmo com todo aquele material nas mãos, mesmo depois de tudo que Donna havia lhe contado, só pensava que aquilo fosse loucura, não dava para assimilar tanta informação.Como acreditar que aquele homem gentil e simpático com as pessoas à sua volta e tão amoroso com sua família, poderia ser o terrível psicopata que fizera dezenas de vítimas em Los Angeles? Como acreditar que ele matara uma amiga sua e que pelo que via na pasta que Donna lhe entregara, também matara muitas garotas na África?Como podia acreditar que aquele monstro que seu marido caçava há anos era o pai da sua filha adotiva?— O Christopher não vai acreditar nisso! — Foi tudo que disse depois de muito tempo de silêncio.— Você não pode contar a ele, Olivia — avisou a amiga.<
Christopher e Ramona seguiam numa investigação cautelosa e discreta, assim como ordenara o capitão. Tinham muito a perder caso errassem dessa vez.Dominique Hunter, Vincent Hughes, Bernard Foster, Nathan Huber, Ruby Matsui Tamura e Katherine Palmer, cujos nomes estavam registrados naquela pasta, e flagrados naquelas imagens em Chade, estavam sendo investigados. Todos tiveram suas vidas pessoais e profissionais vasculhadas com a maior discrição possível.— Todos parecem não dever nada — falou séria com os vários arquivos nas mãos.— Sabemos que alguém aí não é o que parece ser — respondeu Christopher.— Eu sei, só fico me perguntando quem! — declarou ela se apoiando mais ao fundo da cadeira, atenta ao monte de papéis sobre a mesa que agora dividia com o parceiro.— Vamos repassar tudo — decid
— Discrição! — falou Jeremy exaltado. — Foi tudo que pedi para vocês, mais nada! — concluiu sem disfarçar a sua irritação.Christopher e Ramona sabiam que o pedido seria negado, ainda assim quiseram arriscar.— Capitão, nós estamos sendo bastante discretos — informou Christopher calmo.— Chama de discrição querer chamar um dos suspeitos de Chade para testemunhar? — esbravejou. — Vocês dois querem afundar de vez nosso departamento? — indagou fuzilando os detetives com os olhos.— Capitão, nós precisamos trazer Ruby Matsui Tamura para o departamento, suspeitamos que ela teve algum contato com uma das vítimas do Ceifador, a turista inglesa... — avisou Ramona.— Baseados em quê? — perguntou o capitão.Ramona olhou para Christopher, receosa, sabia que a res
— Sinceramente? Não acredito mesmo que ela tenha sido estuprada, essa mulher nunca sofreu realmente uma agressão sexual! — informou a psicóloga após assistir algumas cenas da gravação do interrogatório de Ruby.— Tem certeza, doutora Amália? — indagou Christopher ao seu lado segurando o controle do aparelho do DVD e mantendo o aparelho pausado numa cena em que Ruby sorria.— Quando vocês perguntaram para ela sobre a agressão que sofreu, sobre esse Kioshi, não vi na sua expressão, no seu tom de voz ou em seus gestos qualquer nervosismo, o que é comum em vítimas de estupro ao serem obrigadas a relembrar o ato.— Ela disse que faz muitos anos, que superou! — repetiu Ramona o que Ruby dissera.— Impossível! Vítimas de estupro aprendem a conviver com isso, mas superar de forma a falar sobre o assunto com
— Não quero, Ruby! Já falamos sobre isso há duas semanas — disse Vincent levemente contrariado.— Já falamos, Vince, mas não aceitei a sua decisão, é ridícula! — constatou Ruby o abraçando por trás. — Tínhamos concordado em matar todas as mulheres grávidas que tivesse ligação com autoridades da cidade, se lembra disso? — disse acariciando o peito dele sob a camisa.— Claro, uma das suas brilhantes ideias! — falou irônico.— É brilhante mesmo! — disse fazendo careta. — Só sugeri para tornar as coisas mais emocionantes, e você bem que gostou! — Sorriu, soltando-o e voltando para a cama.— Sim, não nego. Há anos a polícia está à minha procura, à caça do perigoso Ceifador de Anjos, nada mais justo que eles tenham