Daniel ficou em silêncio por um momento, processando a informação. Ele sempre foi protetor comigo, e eu sabia que ele tinha sentimentos conflitantes em relação a Hugo e agora a mim, por ter me envolvido nesse negócio.— Alice, você sabe no que está se metendo? — Ele perguntou, preocupado. Assenti.— Eu sei, Dan. Mas eu não podia simplesmente ficar parada. Tudo o que fiz foi por mim e pelo… pelo bebê. Preciso garantir que o nosso futuro esteja seguro, longe das manipulações dessa mulher.Daniel olhou para Samantha, que o observava com cautela.— E você, Sam, acha que eu deveria me envolver nisso?— Você saberia se proteger, Daniel. Pode proteger a Alice e garantir que nada saia do controle. Com você do nosso lado, as chances de sucesso são muito maiores.— Primeiro quero o nome dessa mulher. Quero fazer minha própria investigação a respeito disso tudo.Sabia que meu irmão faria exatamente isso. Ele não se envolveria ou me deixaria envolver em uma situação que não tivesse conhecimento.
Samantha, sempre preparada para qualquer situação, puxou sua impressora portátil da bolsa, conectando-a ao laptop com uma rapidez impressionante. Ela sabia que esse momento seria crucial, e a eficiência dela era algo que eu admirava profundamente.Enquanto a máquina imprimia o contrato com a data estipulada por Dafne, observei Daniel. Ele estava completamente focado, sem deixar transparecer qualquer preocupação. A confiança dele era um alívio para mim.Assim que o contrato foi impresso, Samantha entregou-o a Daniel, que revisou rapidamente as cláusulas antes de assinar. Claro, ele não assinou como AF Global, e o mais interessante é que nem Dafne, nem seu advogado, perceberam esse detalhe. Era uma jogada arriscada, mas essencial para a nossa estratégia.Afinal, para colocá-lo como representante legal da AF Global, levaria tempo. Um tempo que não tínhamos disponível. Mas também já havíamos arquitetado toda uma desculpa caso ela notasse essa informação.Dafne pegou a caneta com um sorris
Respirei fundo, tentando absorver o que ele dizia. Era estranho ouvir aquilo, especialmente considerando estar grávida de outro homem, mas, ao mesmo tempo, havia algo reconfortante na ideia de alguém estar ali, disposto a me dar o tempo e o espaço de que eu precisava.— Enrico, eu… eu agradeço muito por suas palavras. — Comecei escolhendo cuidadosamente cada palavra. — Não vou negar que sua presença tem sido um alívio em muitos momentos, mas preciso ser honesta. Continuo lidando com muitas coisas, e não sei se estou pronta para começar algo novo.Ele assentiu, um sorriso suave se formando em seus lábios.— Não estou te pressionando, Alice. Só quero que saiba que estou aqui, quando e se você estiver pronta. Até lá, vamos apenas aproveitar estes momentos, sem nenhuma expectativa. — A tranquilidade em sua voz trouxe uma leveza à conversa.Eu sorri de volta, sentindo um pouco do peso que carregava se dissipar. O tempo passava rápido enquanto conversávamos, e por um momento, me permiti esq
Enquanto Enrico me conduzia para fora do shopping, percebi a tranquilidade que ele transmitia. Embora seus passos fossem rápidos, não havia pânico em seus movimentos, apenas uma determinação calma. Ele não soltou minha mão por um segundo sequer, e sua voz suave se misturava com as batidas rápidas do meu coração.— Alice, respire fundo. — Ele dizia enquanto me ajudava a entrar no carro. — Chegaremos rapidamente ao hospital. Tudo vai ficar bem, você não precisa ficar nervosa.Ariane já estava no banco de trás, ainda ao telefone, falando com o hospital. Enrico entrou no carro com Gael e, enquanto dirigia, continuava me olhando pelo retrovisor, lançando-me olhares de apoio e segurança.Sua convicção de que tudo daria certo e acabaria bem me ajudou a controlar o medo crescente. Cada palavra dele era um lembrete de que, apesar de todo o caos e da imprevisibilidade daquele momento, havia alguém ao meu lado, alguém que, mesmo não sendo o pai do bebê, estava disposto a estar presente.Ao chega
HUGO CASTROEu sabia que algo estava errado. Desde que Dafne começou a agir de maneira estranha, evasiva, a desconfiança se instalou em mim como uma sombra constante. Sempre fui cuidadoso com tudo, especialmente com as ações da empresa que era meu legado.Mas, nos últimos meses, havia notado uma movimentação suspeita. O mercado estava mais instável do que o normal, uma nova empresa cujo proprietário se recusava a se apresentar parecia estar comprando fatias consideráveis da minha companhia, mas sem revelar sua identidade.Quando percebi as atitudes suspeitas daquela que seria a mãe do meu provável filho, contratei um detetive para descobrir no que ela estava envolvida. Aquela mulher sempre foi ambiciosa, mas jamais imaginei que ela pudesse vender suas ações sem me consultar.Dafne havia mencionado uma viagem ao Brasil. Na época, achei que era apenas um capricho, uma das suas tentativas de chamar atenção. Agora, porém, tudo fazia sentido. O detetive enviou algumas fotos daquele encontr
Ao ler aquelas palavras, senti uma onda de emoções me atingindo com uma força devastadora. Não sei explicar que sentimento era aquele que eu estava sentido, lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto e não fiz nada para contê-las. A realidade de tudo o que eu havia perdido naquele momento se abateu sobre mim com um peso insuportável.Eu deveria estar lá. Deveria ter estado ao lado dela. E se esse filho for meu? Era para eu estar presente e ter visto essa criança dar seu primeiro suspiro. No entanto, eu não estava. E agora, o arrependimento me rasgava por dentro, deixando um vazio que eu sabia que nunca poderia preencher.No entanto, acreditava que, se esse filho fosse meu, alguém teria me dito. Alguns dias passaram e se tornaram semanas, depois dois meses. Resolvi me dedicar exclusivamente ao trabalho e não busquei mais informações sobre Alice.Certa noite, o meu telefone tocou e, ao olhar para a tela, vi o nome de Dafne piscando. Algo dentro de mim imediatamente ficou tenso. Atendi
Dafne parecia alheia sobre tudo. O que ela imaginava que aconteceria? Que eu bancaria o idiota, como banquei durante toda sua gravidez? Com aquele resultado em minhas mãos, tudo mudava.— Claro, Hugo. Sobre o quê? — Ela parecia despreocupada. Então joguei o envelope na mesa de centro diante dela.— Sobre isso.Dafne olhou para o envelope, então de volta para mim, um sorriso surgindo em seu rosto, como se ela já esperasse por aquilo. — O resultado do exame de DNA. Eu não sou o pai do seu filho, Dafne. Você tentou de todas as formas me ligar a essa criança, mas desde o início, algo não estava certo.O silêncio no quarto era quase opressor. O envelope com o resultado do exame de DNA estava em cima da mesa de centro, entre nós dois, como uma bomba prestes a explodir. A tensão no local era palpável, e eu sentia o peso de cada segundo que passava, como se o tempo tivesse desacelerado para prolongar o inevitável.— Então, é isso. — Disse Dafne, rompendo o silêncio com uma voz fria e sem emo
ALICE FONSECATudo desandou de uma forma absurda. Meu bebê chegou antes do tempo. Não tive condições de repassar minha turma para Rejane, que assumiria minha sala temporariamente. E fui informada por Samantha um mês antes do previsto que o bebê de Dafne havia nascido. Mas, como ainda estava me acostumando com minha rotina, Samantha conseguiu tempo, usando o contrato para isso. Quando a data chegou, ainda estava fazendo o desmame de Ravi e novamente minha amiga agiu, conseguindo mais um mês, dizendo que Daniel estava em uma viagem de negócio que surgiu de última hora.Samantha disse que aquela vara de bambu não ficou muito feliz com isso, mas que nada podia fazer, porque já havia recebido o dinheiro pela venda das ações. Só restava a ela esperar.Ravi cada dia mais se parecia com o pai. Assim como Melissa carregava a marca registrada de Lucca na cor de seus olhos, Ravi carregava a do Hugo. Seus olhos eram de um verde impressionante, e seu sorriso idêntico ao do pai. Esther inclusive