Quando contei aos meus alunos a novidade, foi uma chuva de questionamentos. Como os bebês eram criados, quem os trazia para os pais e mais outras perguntas extremamente difíceis de explicar para crianças com aquela idade. Já estava com cinco meses de gravidez e a minha barriga já estava aparente.Nesse dia, notei o abatimento do Luan e decidi chamá-lo para conversar. Tentar entender o que estava acontecendo com ele, mesmo já acreditando saber os motivos. No entanto, o carinho e o amor que sentia pelo garoto existiam antes mesmo de descobrir que Hugo era seu tio, e isso não me permitia ficar inerte.— Querido, o que está acontecendo? Estou percebendo você um pouco triste.— Por que o tio Hugo não pode mais morar conosco, titia? Por que os adultos sempre precisam se separar?— Meu amor, lembra que uma vez disse a você que às vezes a relação dos adultos era um pouco complicada? — Ele confirmou com a cabeça. — A situação de seu tio comigo está dentro disso.— Mas você não gosta mais dele?
HUGO CASTROEu estava sentado em minha mesa, os olhos presos na tela do computador, mas minha mente longe dali. A nova empresa que vinha comprando as ações da minha companhia estava me tirando o sono.Quem eram eles? Por que tanto mistério? Solicitei uma reunião com o proprietário, mas a resposta veio fria e direta: no momento essa reunião não é possível. Algo estava muito errado.Decidi ligar para Gael. Se havia alguém em quem eu podia confiar para investigar essa situação, era ele. O telefone tocou três vezes antes de ele atender, a voz dele soando animada, despreocupada.— Hugo! E aí, como você está? — Perguntou, com uma energia que eu não sentia há dias.— Não tão bem quanto você, pelo visto. — Respondi, tentando disfarçar minha inveja. — Preciso da sua ajuda. Tem uma nova empresa comprando ações da minha, e eu não faço a menor ideia de quem está por trás disso. Eles não quiseram marcar uma reunião comigo, o que só torna tudo mais suspeito. Preciso que você descubra quem são essas
Observei mais uma vez Alice passando por trás do Gael, mesmo estando um pouco distante de onde meu amigo estava. Após agradecer a ele, desliguei o telefone. Fiquei ali, parado, olhando para a tela apagada do celular, o ciúme e a raiva fervilhando dentro de mim.Eu não podia acreditar que isso estava acontecendo. Alice estava seguindo em frente, e eu parecia estar preso aqui, impotente, assistindo tudo de longe. Levantei-me da cadeira, comecei a andar de um lado para o outro no escritório, tentando acalmar meus pensamentos. No entanto, a imagem de Alice e Enrico não saía da minha cabeça. Ele estava perto dela, perto demais, provavelmente aquele filho que ela carregava era dele, e a ideia de que ele pudesse estar ganhando seu coração me deixava insano.Eu sabia que não podia deixar as coisas continuarem assim. Tinha que esquecer aquela mulher e precisava focar nessa nova empresa, isso era o que deveria importar para mim, não Alice. Eu precisava resolver isso o mais breve possível, antes
ALICE FONSECAOs últimos meses passaram como um borrão. A gravidez avançava, e com ela, o peso da responsabilidade e das decisões que precisavam ser tomadas. Enrico se tornou um grande amigo, alguém em quem eu podia confiar, e a presença dele na minha vida trouxe um conforto que eu não esperava.Ele era atencioso, carinhoso, e sua amizade profunda me dava forças em muitos momentos. Nós passávamos horas conversando sobre tudo, e ele sempre encontrava uma maneira de me fazer rir, mesmo em alguns momentos que pensava não ser possível.Agora, com sete meses de gestação, a realidade de ser mãe novamente se misturava com a dor de saber que, em breve, teria que me afastar daquilo que mais amava: ensinar. O pensamento de deixar a escola, ainda que temporariamente, me consumia.Eu sentia um amor profundo pela sala de aula, pelas crianças, por aquele ambiente onde eu podia fazer a diferença. Ensinar era a minha vocação, a minha paixão. Saber que precisaria deixar isso, mesmo que apenas por algu
Dafne olhou para ele, surpresa, como se não esperasse que ele tomasse partido. Pior ainda que me defendesse. Nem eu estava esperando por isso, mas fiquei grata.— Lucca, não seja tolo. Você sabe o tipo de mulher que ela é. Eu só estou dizendo a verdade. — Ela insistiu, tentando manter a superioridade.— Não, Dafne. O que você está fazendo é cruel e desnecessário. Alice é a mãe da minha filha, e eu não vou permitir que você a insulte assim. — Ele afirmou, seu tom de voz deixando claro que não estava para brincadeiras.Dafne estreitou os olhos, sua expressão endurecendo, mas antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa, Lucca deu um passo à frente e a pegou pelo braço, com firmeza, mas sem agressividade.— Vamos, eu vou te acompanhar até o carro. Você devia respeitar o fato de ambas estarem grávidas e evitar esse tipo de situação vexatória. — Ele disse, conduzindo-a para longe.Ela tentou resistir, mas Lucca não deu espaço para mais nenhuma cena. Enquanto os dois se afastavam, eu fique
As palavras dela aqueceram meu coração e eu sabia que, apesar da distância, nossa amizade permaneceria forte. Safira se levantou e me envolveu em um abraço apertado. Ali, eu soube que, independentemente do que acontecesse, eu nunca estaria sozinha.O café da manhã terminou com uma renovada certeza de que, apesar dos desafios, eu tinha pessoas maravilhosas ao meu lado, e Safira era uma delas. Enquanto conversávamos sobre sua partida, ainda sentadas à mesa, a porta se abriu e Samantha entrou, visivelmente entusiasmada. Seu sorriso radiante era contagiante, mas havia algo mais por trás daquele brilho em seus olhos.— Consegui! — Ela anunciou, quase sem fôlego. — Fechei um acordo com Dafne para a venda das ações dela.Safira e eu nos entreolhamos, surpresas. Eu sabia que Samantha estava determinada a resolver essa questão, mas não esperava que fosse tão rápido. Mesmo assim, uma sensação de inquietude me invadiu. Dafne nunca fazia nada sem segundas intenções.— Mas… — Samantha continuou,
Daniel ficou em silêncio por um momento, processando a informação. Ele sempre foi protetor comigo, e eu sabia que ele tinha sentimentos conflitantes em relação a Hugo e agora a mim, por ter me envolvido nesse negócio.— Alice, você sabe no que está se metendo? — Ele perguntou, preocupado. Assenti.— Eu sei, Dan. Mas eu não podia simplesmente ficar parada. Tudo o que fiz foi por mim e pelo… pelo bebê. Preciso garantir que o nosso futuro esteja seguro, longe das manipulações dessa mulher.Daniel olhou para Samantha, que o observava com cautela.— E você, Sam, acha que eu deveria me envolver nisso?— Você saberia se proteger, Daniel. Pode proteger a Alice e garantir que nada saia do controle. Com você do nosso lado, as chances de sucesso são muito maiores.— Primeiro quero o nome dessa mulher. Quero fazer minha própria investigação a respeito disso tudo.Sabia que meu irmão faria exatamente isso. Ele não se envolveria ou me deixaria envolver em uma situação que não tivesse conhecimento.
Samantha, sempre preparada para qualquer situação, puxou sua impressora portátil da bolsa, conectando-a ao laptop com uma rapidez impressionante. Ela sabia que esse momento seria crucial, e a eficiência dela era algo que eu admirava profundamente.Enquanto a máquina imprimia o contrato com a data estipulada por Dafne, observei Daniel. Ele estava completamente focado, sem deixar transparecer qualquer preocupação. A confiança dele era um alívio para mim.Assim que o contrato foi impresso, Samantha entregou-o a Daniel, que revisou rapidamente as cláusulas antes de assinar. Claro, ele não assinou como AF Global, e o mais interessante é que nem Dafne, nem seu advogado, perceberam esse detalhe. Era uma jogada arriscada, mas essencial para a nossa estratégia.Afinal, para colocá-lo como representante legal da AF Global, levaria tempo. Um tempo que não tínhamos disponível. Mas também já havíamos arquitetado toda uma desculpa caso ela notasse essa informação.Dafne pegou a caneta com um sorris