O sol filtrava-se pelas frestas da cortina, lançando raios suaves sobre o quarto silencioso. A cidade lá fora já acordava com sua rotina apressada, mas ali dentro, o tempo parecia suspenso. Isabella abriu os olhos lentamente, sentindo o calor de um corpo ao seu lado. Por um breve instante, imaginou que tudo havia sido um sonho. Mas ao virar-se e encontrar Ethan ainda adormecido ao seu lado, com os cabelos bagunçados e o braço em volta de sua cintura, teve certeza de que a noite anterior fora real. Tão real quanto o coração acelerado em seu peito. Ela o observou por alguns segundos, sem se mover. Era raro vê-lo tão vulnerável. Sem as camadas de CEO impenetrável, sem o sarcasmo afiado ou o olhar controlado. Ali, Ethan parecia apenas um homem. Um homem que, mesmo ferido por dentro, havia permitido que ela se aproximasse. Que a deixara vê-lo. Isabella levou a mão ao rosto dele e acariciou sua barba rala com suavidade. Ethan murmuro
Marie Olivie observava de longe. Suas unhas perfeitamente esmaltadas cravadas na lateral da taça de café, os olhos azuis congelados fixos no vidro que separava a sala de Ethan do restante do escritório. Do lado de dentro, Isabella sorria enquanto conversava com Claire e Ethan, que acabara de colocar a mão carinhosamente na cintura da jovem.Era demais.Ela apertou a mandíbula, o orgulho ferido queimando como ácido por dentro. Aquela não era a cena que ela esperava ver ao voltar para a cidade. Achava que, com um pouco de insistência, Ethan voltaria a enxergar o que havia entre eles. Eles tinham história. Tanta intimidade. Tantas memórias.E agora tudo isso parecia ter sido engolido pelo sorriso estúpido de Isabella. Marie não era o tipo de mulher que aceitava perder. Muito menos para alguém como Isabella — uma simples funcionária, alguém que não fazia parte do círculo social ao qual ela e Ethan pertenciam desde a infância. Era impensável.
O relógio marcava pouco mais de oito da noite quando Ethan finalmente desligou o notebook. O escritório estava silencioso, com as luzes mais fracas criando um ambiente de penumbra e cansaço. Após uma semana intensa de reuniões, negociações e... sentimentos conflitantes, ele só queria ir para casa.Bateu uma leve dor na testa — o reflexo de horas concentrado. Pegou o blazer no encosto da cadeira quando ouviu duas batidas leves na porta.— Está aberto — disse sem levantar os olhos.Marie entrou. Diferente dos dias anteriores, trajava um vestido preto justo, sofisticado, mas provocante. Os cabelos loiros estavam soltos, caindo suavemente sobre os ombros. O batom vermelho intenso contrastava com a pele clara e os olhos reluziam sob a luz do teto.Ethan suspirou ao vê-la.— Marie... o que você quer?— Só conversar — ela respondeu, fechando a porta atrás de si.Ele voltou a vestir o blazer com um gesto impaciente.— J
O sol mal havia rompido o horizonte quando a secretária de Ethan adentrou sua sala com um semblante tenso, segurando um envelope preto e elegante, marcado com o selo prateado da Olivie International.— Senhor Cárter... essa carta chegou há pouco. É da empresa da senhorita Olivie. Disseram que era urgente.Ethan, ainda com a xícara de café pela metade entre os dedos, arqueou a sobrancelha ao ver o envelope. Havia algo solene — e ao mesmo tempo ameaçador — naquela correspondência. Ele assentiu com a cabeça e, após a saída da secretária, rompeu o lacre.O papel timbrado carregava poucas palavras, porém cada uma delas foi como um golpe calculado:“À Falcon Enterpraisers,Pela presente, informamos a dissolução do contrato de parceria estabelecido entre a Olivie International e sua empresa. Os motivos para tal decisão são de foro interno e não requerem explicações adicionais, conforme cláusula 14.1 do contrato vigente.Solicitamos o encerramento
O som dos saltos de Marie Olivie ecoava pelos corredores da Falcon como uma marcha ensaiada de guerra. Ela caminhava com o queixo erguido e os olhos fixos à frente, ignorando olhares curiosos e cochichos ao redor. Estava impecável, como sempre — vestido vermelho ajustado, cabelo preso com perfeição e um perfume forte que anunciava sua chegada antes mesmo de ser vista.Claire a interceptou na entrada do elevador executivo.— A senhorita Marie não está autorizada a subir sem agendamento — disse com polidez, mas firmeza.Marie sequer hesitou.— Claire, querida… quando você trabalha com uma pessoa por anos, aprende a ignorar agendamentos. Ethan me verá. Agora.Claire ergueu uma sobrancelha, mas não conseguiu impedir a passagem. Marie entrou no elevador como uma tempestade de fogo.Ethan estava de pé, ao lado de sua mesa, revisando contratos com um dos assessores jurídicos quando a porta se abriu com força suficiente para fazer o vidr
Na manhã seguinte, o céu parecia nublado não só do lado de fora, mas também dentro da sede da Falcon Enterprises. O telefone da recepção não parava de tocar, e as notificações nos celulares da equipe de comunicação piscavam sem parar como alarmes silenciosos de uma tempestade que já havia se formado.A repercussão do rompimento com a Olivie Group caiu como uma bomba no setor financeiro. Os jornais estampavam manchetes em letras garrafais:“Aliança milionária entre Falcon e Olivie chega ao fim. O que isso significa para o império de Ethan Blackstone?”“Atritos pessoais estariam por trás da ruptura entre as empresas?”“CEO da Falcon é visto com funcionária em clima íntimo — escândalo ou romance?”Isabella desceu do carro com os olhos cansados e um nó no estômago. Sabia que a tempestade havia começado. E que ela era parte do centro dela.Ao entrar no prédio, sentiu os olhares sobre si. Alguns curiosos, outros julgadores. Mas havia também comp
O relógio marcava exatamente 11h quando Ethan Carter entrou na sala de reuniões principal da Falcon Enterprises. O silêncio que caiu foi instantâneo. Os conselheiros, todos engravatados e acostumados com o comportamento calculado do CEO, notaram de imediato que algo estava diferente naquele dia. Ele não vestia o habitual terno escuro e impassível — usava uma camisa branca com as mangas dobradas, o olhar intenso e determinado como uma tempestade prestes a explodir.— Vamos direto ao ponto — ele disse, sem rodeios, ao se sentar à cabeceira da mesa. — Ouvi que houve uma reunião extraoficial sobre o afastamento da senhorita Isabella Castillo. Houve uma troca de olhares entre os conselheiros, até que o mais antigo deles, Gerald McCain, limpou a garganta.— Ethan, você sabe que não se trata de um ataque pessoal. A união entre a Falcon e a Olivie era estratégica. A sua relação com uma funcionária resultou na quebra desse acordo. Estamos lidando com perdas milion
No escritório da Falcon, o clima era de tensão. Embora muitos funcionários tivessem ficado tocados com a atitude de Ethan, os acionistas estavam divididos. A secretária de relações públicas entrou na sala do CEO às pressas.— Senhor Cárter, recebemos uma notificação oficial. A Redstone Capital está investindo em empresas concorrentes e iniciou um processo de aquisição hostil de nossos principais fornecedores. Eles estão tentando nos desestabilizar.Ethan levantou os olhos do computador. Frio. Racional. Calculando.— Marie está por trás disso?— Não podemos provar... ainda. Mas os movimentos começaram horas depois da coletiva.Isabella se aproximou da porta da sala, sem ser percebida, ouvindo a conversa. O coração apertou.— Ethan... isso é culpa minha?Ele a olhou e, num instante, atravessou a sala para alcançá-la.— Nada disso é sua culpa. Não por amar alguém. Se existe culpa, ela é minha... por ter permitido q