Desesperada com aquilo e sabendo que não havia saída alguma, começou a orar para que Deus desse uma oportunidade de sair daquela situação algum dia. Lágrimas ácidas e doloridas começaram a cair de seus olhos castanhos. Era alguém de índole boa e muito temente a Deus, de coração puro. Sempre imaginou que se casaria com um homem honrado e honesto, com quem dividiria o resto de seus dias. Sonhava com sua primeira vez, que seu esposo teria paciência e ensinaria-a o valor do amor verdadeiro. Aquele coração tão puro e ingênuo chegou a sonhar com Perse, primo e esposo de sua falecida irmã Madison, mesmo sabendo ser alguém impossível. Madison havia sido assassinada e Perse veio a ser apontado como culpado, apenas conseguindo se livrar da cadeia por causa de bons álibis. Mas Amabel e sua mãezinha Petra, nunca acreditaram naquilo e permaneceram ao lado de Perse. Muitas pessoas odiavam-no e tinham motivos para quererem vê-lo preso. Petra era a única pessoa com quem Amabel podia contar na vida, só que naquela situação em que se encontrava agora, era provável que nunca mais se vissem de novo. Petra nunca levou desaforo para casa e enfrentava todos para guardar suas duas filhas, enquanto tinha um esposo e um filho totalmente desprezíveis. Agora, tudo estava perdido para Amabel e teria que se conformar em ser acompanhante de luxo. Antes que pudesse pensar em algo mais, ouviu a porta sendo aberta. Engoliu o choro e limpou as lágrimas com as mãos. Sabia que caso reagisse, apanharia e muito daqueles homens cruéis.
— Oi, tudo bem contigo? — uma garota aparentando uns vinte anos, de cabelos castanhos e olhos negros, entrou e estava com algumas peças de roupas na mão esquerda. — Me chamo Dora! Vim avisar que precisa estar vestida e maquiada até às oito horas da noite! Hey, eu sei que é desagradável estar aqui, mas você termina se acostumando!— Me acostumar? — Amabel estava chocada com o conformismo de Dora. —Esses canalhas pretendem leiloar aquilo que tenho de mais precioso e você me comenta isso?Dora esboçou alguns trejeitos sem graça e colocou as roupas em cima de uma cadeira. Não seria muito fácil de lidar com tudo aquilo. Afinal, passou pela mesma situação que Amabel e teve sua virgindade leiloada também. Tentou reagir na noite em que tudo aconteceu e terminou apanhando muito, mas de uma maneira que não deixou hematomas aparentes, porque cada garota da boate valia muito dinheiro e não poderiam desperdiçar nada daquela maneira.— Eu sei que não será muito bom nos primeiros dias. — Dora se aproximou e se sentou do lado de Amabel, segurando suas mãos delicadas. — Eu cheguei na mesma situação que você e demorou algum tempo para que aceitasse meu destino.— Como eu posso tolerar em saber que quem deveria me proteger, acabou me colocando nessa situação hedionda? — Amabel estava tentando não chorar de novo, enquanto Dora continuava segurando suas mãos em consolo. — Eu decidi não reagir pelo meu próprio bem, pois sei que poderá ser muito pior!Dora se compadeceu de Amabel e acarinhou seus longos cabelos castanhos, num gesto de afeto. Após conversarem alguns minutos, Dora convenceu Amabel a tomar um banho e se trocar, porque precisava estar pronta no horário estipulado. Dora contou que as meninas que estavam dentro da boate serviam para o tráfico sexual, não podendo saírem desacompanhadas, enquanto que outras garotas que buscavam clientes ali durante a noite também, vinham de uma agência de acompanhantes de luxo e tinham um pouco mais de liberdade. O próprio Jason tinha sociedade com outra pessoa em duas filiais desse tipo de estabelecimento, cedendo o local para as prostitutas angariarem mais dinheiro e dividirem partes do lucro com os donos. Depois que Amabel soube daquilo, se sentiu nauseada e assim que entrou dentro do banheiro, se lavou e permaneceu chorando por saber que sua virgindade seria roubada naquela noite. Antes de se preparar, comeu alguma coisa para que não desmaiasse de fome durante o evento e escovou os dentes também. Foi escolhido para a ocasião, um vestido escarlate e longo, com uma grande fenda na perna direita e totalmente transparente, além de mostrar as costas por inteiro e um decote imenso. A maquiagem estava bastante carregada e muito sensual, para desespero de Amabel, que detestava aquilo cada vez mais. Um perfume extremamente forte havia sido indicado para usar e deu alergia de tanto que espirrou. Dora voltou a ressaltar que não reagisse e que permanecesse quieta todo tempo, para seu próprio bem pessoal. Amabel concordou e tentaria não chorar para borrar a maquiagem, quando sua vontade era gritar com todos que aparecessem na sua frente e sair correndo para longe, mas sabia que ninguém permitiria isso.Ao se olhar no espelho, estava extremamente sexy e odiou o seu reflexo, sabendo que olhariam-na simplesmente como um objeto sexual e que serviria apenas para satisfação masculina a partir daquele dia. Quando Amabel ficou pronta, antes de sair, Dora pediu que esperasse, porque um dos guardas da boate viria buscá-la para o evento da noite. Com isso, Amabel aguardou por alguns minutos e um homem que se identificou como Jair, apareceu na porta do seu quarto e informou que tinha vindo levá-la. Assim sendo, Amabel suspirou e se levantou da cama, rumo a um destino imprevisível.Perse Gallagher estava olhando pelas janelas de seu escritório na Avenida Paulista e pensava se aceitaria o convite de seu amigo Chase para relaxarem com alguns drinks numa famosa Boate chamada Revolution. Na verdade, Perse só queria beber um pouco de whisky e ir para casa depois, porque já estava com muito sono. E mimar seus adorados filhos no dia seguinte, porque eram bem comportados e amorosos por demais, ansiando por alguma figura materna. Por causa de sua solidão, Chase insistia para que Perse aceitasse a companhia de algumas garotas bonitas e se divertisse bastante em locais como aquele. Perse tinha enviuvado há alguns anos e nunca mais procurou outra mulher para se consolar. Seu coração pertencia a Madison ainda e não pretendia colocar outra pessoa em seu lugar tão cedo, porque amou-a com devoção e com paixão. Madison Alcantara tinha nascido sua prima e tiveram que lutar muito para casarem, com Perse enfrentando um tio e sogro extremamente imoral em todos os sentidos. E quando
— Quem dá mais do que o Senhor Nilton Andrade? Alguém pretende cobrir o lance? – Raul não estava cabendo em si mesmo de tanto contentamento. – Ouvi dois milhões? Alguém mais? Dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três? Estamos quase fechando negócio!— Eu dou quatro milhões de dólares! – Perse se levantou da cadeira, muito tenso. – E cubro qualquer lance!— Pois eu dou cinco milhões de dólares! – Nilton olhou-o com ódio até o espírito e se levantou da cadeira exaltado também. – Acho que o Senhor Perse Gallagher não pode cobrir isso!— Oh, a disputa está acirrada! – Raul parecia mais do que contente. – O Senhor Perse Gallagher está disposto a dar mais ou posso encerrar?— Eu dou dez milhões de dólares! – Perse respondeu, quase cuspindo de raiva. – E volto a repetir, eu cubro qualquer lance dessa noite!Nilton olhou Perse com raiva e se sentou na cadeira, tentando não mostrar que estava bufando de ira. Os outros homens murmuraram de assombro pela quantia astronômica do valor do lance final
No dia seguinte, Amabel acordou com um peso estranho contra seu peito, como se tudo aquilo que tivesse vivido na noite anterior fosse um pesadelo horrível, mas quando percebeu que estava no mesmo quarto de antes, as coisas passaram a ter algum sentido, ainda que muito tortuoso. Se lembrou dos beijos possessivos de Perse e aquilo envolveu sua mente de maneira surreal, porque nunca imaginou que de uma hora para outra, seria colocada em cativeiro num bordel e obrigada a se prostituir, sendo salva no último minuto pelo homem a quem mais amou na vida. Seria tudo realidade mesmo? Apenas o tempo seria capaz de responder e queria muito descobrir o que Perse pretendia com aquilo. Ou seja, o plano de vingança era para ser levado a sério ou tinha simplesmente blefado? O que não acreditava muito.— Bom Dia, dorminhoca! Como você acordou hoje? Passou bem essa madrugada? – era Dora quem estava perguntando e entrou no quarto bem silenciosamente, com Amabel nem notando direito e trazendo uma salva co
Amabel pediu para que alguém emprestasse um traje levemente mais comportado para a apresentação da noite e com pouco de esforço conseguiu uma roupa quase recatada, mas que definia de modo ousado as nuances de seu corpo através do tecido cor de nude e que seria tão colante, que quase nada escondia suas formas sensuais. Perse teria um treco ao vê-la desfilar daquela maneira, só que não tinha nada a perder. As horas se passaram arrastando e Amabel estava completamente ansiosa pela apresentação daquela noite e o que Perse comentaria de sua sandice. Com certeza, ficaria furioso ao ser desobedecido com tanta prepotência vinda de uma fedelha que tinha completado dezoito anos a tão poucos dias, só que sabia como ser alguém tão implicante com quem mexesse no seu calo. Raul veio olhá-la e com o trejeitos mais debochados do universo ainda perguntou se estava disposta a fazer aquilo, porque se Perse não gostasse, não queria ser responsabilizado depois, ao que Amabel garantiu que livraria sua cara
Na manhã seguinte, acordou com uma sensação estranha no corpo e na cabeça, sem entender muito bem aquilo que havia acontecido na noite passada. Seu cérebro parecia que estava um tanto bugado e precisava de algum tempo para assimilar as coisas que estavam acontecendo nos últimos dias. E isso incluía sua estada no prostíbulo e depois ter sido comprada por Perse, a quem sempre amou com tanto carinho e com tanto respeito. Em vez de agradecer a gentileza, terminou xingando Perse da pior maneira possível e sabia que aquilo tinha magoado-o profundamente.Ainda estando um pouco sonolenta, Amabel abriu os olhos vagarosamente e se acostumando com a claridade, notou que estava dentro de um quarto bem grande, bem espaçoso e bem aconchegante, além de estar decorado com um gosto extremamente ótimo e bastante pessoal. Olhou para cima e permaneceu vendo o teto por uns dois minutos e vendo a luminosidade entrando pelo ambiente, resolveu levantar devagar e descobrir onde se encontrava, mas pelo que Per
— Por que você faz tanta questão que a gente case dessa forma tão apressada? Não terá uma solução melhor? – Amabel voltou seus olhos amendoados para Perse e engoliu em seco. – Apesar de tudo, eu apenas posso dizer mil vezes obrigada por me tirar daquela situação e dos braços daquele homem asqueroso!— Não há motivos para você se preocupar mais com isso, porque está segura ao meu lado! – o sorriso luminoso de Perse tomou conta de tudo ao redor. – Vamos descer agora para comermos alguma coisa, já que você deve estar mais que faminta! E pretendo conversar com você para acertar os detalhes de nosso casamento!E antes que pudesse falar mais alguma coisa, Perse estendeu sua mão direita e Amabel aceitou o convite, se sentindo muito segura na companhia daquele homem tão bondoso e tão charmoso. E muito suavemente, Perse puxou e deu dois beijos quentes em seus dedos, deixando Amabel suster a respiração por segundos. Com aquilo, abriu a porta e passaram por um longo corredor até descerem pela gr
Assim que Amabel terminou de comer naquela manhã, Perse informou que pretendia levá— la até a Rua Oscar Freire para comprar algumas roupas que fariam parte de seu enxoval, já que estava quase sem roupas para usar. Os filhos de Perse continuavam dormindo e só mais tarde que Amabel teria oportunidade de rever seus sobrinhos. Quando Amabel soube que seria levada até aquele lugar, na sua primeira impressão achou desnecessária essa intenção de Perse, porque nunca usou roupas e acessórios de marcas, preferindo comprar pessoalmente na Rua 25 de Março. Quando Amabel disse que achava melhor ir para aquele local mais popular, Perse levantou uma de suas sobrancelhas e se espantou com a simplicidade da menina. Nunca imaginou que Amabel viesse a ser alguém tão humilde na vida, visto que a Família Alcântara era extremamente rica e podia possuir qualquer bem material, mas a garota sempre ganhou seu dinheiro honestamente e tinha tudo que precisava na vida, nunca sentindo falta de qualquer coisa.— Am
Quando Perse se deu como satisfeito, ainda visitaram algumas outras lojas bacanas e resolveram comer alguma coisa leve numa cafeteria chamada Bacio Di Latte e que seria um ambiente simpático para todos. Enquanto bebiam um café com alguns biscoitos e tomavam sorvete, conversaram sobre tudo e Perse parecia muito entusiasmado com o que estava acontecendo. Seria no momento que Perse disse algo que deixaria Amabel extremamente envergonhada, pelo modo instintivo de como necessitava saber daquela resposta.— Desculpe pela minha pergunta, mas estou muito curioso para descobrir isso e me sentirei feliz mediante aquilo que imagino! – os olhos azuis-turquesas de Perse brilharam intensamente ao olhar Amabel de frente. – Você nunca namorou ninguém? Alguém já te beijou antes? Escute, isso é muito importante para eu saber, pois tenho que admitir que você é simplesmente adorável!— Eu... Eu... Eu nunca tive ninguém... em minha vida... – os olhos amendoados de Amabel baixaram para a mesa e começou a b