— Quem dá mais do que o Senhor Nilton Andrade? Alguém pretende cobrir o lance? – Raul não estava cabendo em si mesmo de tanto contentamento. – Ouvi dois milhões? Alguém mais? Dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três? Estamos quase fechando negócio!
— Eu dou quatro milhões de dólares! – Perse se levantou da cadeira, muito tenso. – E cubro qualquer lance!— Pois eu dou cinco milhões de dólares! – Nilton olhou-o com ódio até o espírito e se levantou da cadeira exaltado também. – Acho que o Senhor Perse Gallagher não pode cobrir isso!— Oh, a disputa está acirrada! – Raul parecia mais do que contente. – O Senhor Perse Gallagher está disposto a dar mais ou posso encerrar?— Eu dou dez milhões de dólares! – Perse respondeu, quase cuspindo de raiva. – E volto a repetir, eu cubro qualquer lance dessa noite!Nilton olhou Perse com raiva e se sentou na cadeira, tentando não mostrar que estava bufando de ira. Os outros homens murmuraram de assombro pela quantia astronômica do valor do lance final. Perse conhecia Nilton muito bem e quanto aquele homem era detestável. Não queria saber em qual situação sua prima Amabel terminou sendo colocada na sua frente, mas nunca permitiria que alguém violasse qualquer mulher, ainda mais na sua primeira vez, muito menos cogitar que viesse a ser abusada por aquele sapo obeso. Sua ideia era retirá-la daquele local e colocá-la em segurança na sua própria casa, mas tinha algumas coisas em mente, além disso tudo também.Quando Amabel notou que seu primo Perse Gallagher estava ali diante de sua pessoa e que terminou dando um lance de valor inacreditável, seu mundo caiu de vez. Conheceu-o através de seus encontros às escondidas com Madison quando era criança, além de acompanhá-lo por jornais e algumas entrevistas com o passar dos anos, porque a Família Alcantara odiava a Família Gallagher. Agora, queria morrer de verdade e tentaria na primeira oportunidade. Amava aquele homem, mas vê-lo comprando sua virgindade para retirar seu bem mais precioso naquela noite fatídica, seria como uma punhalada no coração.— Alguém é capaz de cobrir o lance do Senhor Perse Gallagher? Ou podemos encerrar? – Raul não escondia sua felicidade, pausando um pouco a voz para dar continuidade e como ninguém disse nada, terminou com as ofertas. – Dou-lhe uma, duas, três, quatro, cinco? Amabel é toda sua! Meus parabéns pelo negócio!Quando todo aquele pesadelo terminou, Amabel se levantou e veio a ser conduzida de volta para o quarto por Jair, na espera por Perse. Não conteve mais as lágrimas e assim que entrou no cômodo, Dora estava esperando-a para prepará-la para o término daquela situação, sugerindo algumas camisolas bonitas enquanto aguardava a conclusão de sua infelicidade. Sua vontade era gritar o mais alto possível e ao dizer sua intenção para Dora, recebeu como conselho que se contivesse ou poderia ser pior. Depois de vesti-la e analisando o medo de Amabel, deu-lhe um abraço e desejou-lhe sorte para que aguentasse firme, pois tudo aquilo acabaria algum dia.Perse se levantou e veio a ser conduzido até o escritório de Raul para o pagamento antes da finalização daquilo tudo. Lá dentro, já deixou claro que pretendia tirar Amabel dali e que pagaria um ótimo dinheiro por tudo também. Como Raul já estava acostumado com o método de Perse, apenas afirmou positivamente com a cabeça e concordou com o aviso que Amabel seria retirada na noite seguinte. Portanto, que ninguém tocasse num fio de cabelo da menina ou seria pior para o estabelecimento. Raul, como sempre, seguiria as instruções de Perse e garantiu que a garota estava ao seu inteiro dispor. Pouco se importava com o destino de Amabel, porque seu interesse era simplesmente dinheiro. Perse avisou que Chase poderia esperá-lo ou procurar ir para casa, ao que respondeu que aguardaria-o até que acabasse com aquilo tudo.Assim que disse tudo que pretendia, Perse se veria encaminhado até o quarto onde Amabel estaria esperando. Amabel estava sentada na cama e com uma camisola vermelha bem sensual, cheia de rendas e curta, porque não tinha saída para nada, a não ser obedecer. Na medida que esperava, seus olhos permaneciam fechados e orava para Deus ter piedade de seu espírito, pois pretendia se suicidar depois que Perse tirasse o último resquício de sua decência. Quando Perse entrou e trancou a porta, Amabel ouviu e se arrastou até o canto da cama, chorando desesperadamente. Em qualquer outro momento, poderia continuar achando-o um homem interessante como sempre, com seus trinta e cinco anos, cabelos loiros e olhos azuis-tuquesas, quase parecendo verdes, de porte atlético e muito inteligente, com uma beleza fora da realidade, mas estando com sua virgindade comprada, seu ódio era imenso.— Não pense que será fácil me domar, Perse! – deixou bem claro. – Eu conheço sua família e sei muito bem do verdadeiro motivo de ter dado o maior lance! Pode me violar, que terá apenas meu corpo e pretendo me matar na primeira oportunidade!— Tais doida, garota? – Perse teve vontade de gargalhar um pouco, mas entendia as palavras de Amabel, sentindo muita pena da menina estar tão aterrorizada. – Eu não quero te tocar num único fio de cabelo! Só vim avisar que tirarei você daqui amanhã e que todos estão avisados para não te encostarem um dedo! Você vai para minha casa agora!— O que? Sua casa? – Amabel estava sem entender nada do que Perse estava falando e movida pelo rancor, se levantou da cama e se aproximou, ignorando estar quase nua. – O que pretende com isso? Eu duvido que você não fará nada comigo! Você é um monstro! Deve ter assassinado Madison mesmo!— Pense o que quiser! Mas nunca mais repita isso de novo ou você se arrependerá muito! Eu acabei de fazer uma gentileza, só para te poupar da violência que estava pronta para receber! Você não sabe das coisas asquerosas que Nilton teria capacidade de obrigá-la a passar essa noite e muitas outras vezes! É isso que mereço pela caridade? Se conforme, porque vai para minha casa e pretendo me casar contigo! Satisfeita? Eu nunca fui um assassino ou um estuprador! Fale isso uma segunda vez e não respondo pelas minhas atitudes! – Perse pouco se importava com o que Amabel dissesse ou imaginasse, mas aquelas palavras proferidas, magoaram-no ao ponto de torná-la sua inimiga mortal a partir daquele momento. – Mas sim, te adianto que você é minha propriedade agora! E você me deve obediência, além de gratidão! Cada vez que reagir a algo que eu não gostar, vou calá-la com beijos e carícias forçadas! Não usarei de violência, porque odeio esse tipo de método! Fui claro?Amabel piscou os olhos várias vezes e se arrependeu amargamente pelo que sua língua terminou cuspindo. As palavras de Perse doeram contra seu peito como uma bala de revólver. Não deveria ter dito nada no calor da raiva. Perse era vingativo e temeu como nunca. E assim, antes que pudesse pedir desculpas pela agressividade, seria tomada pela surpresa. Perse chegou um pouco mais perto, pegou-a entre seus braços e deu-lhe um beijo extremamente sensual, tirando seu fôlego. Não conseguia reagir, pois tinha pouca estatura e nenhuma força comparada àquele homem extremamente atlético. Estava sendo descoberta em sua intimidade e se deixou levar pelas carícias tão carinhosas de Perse. Um calafrio passou pelo seu corpo inteiro, mas seria de satisfação. Arranhou as costas de Perse quando deram uma pausa daquele momento tão insano. Quando Perse olhou seus lindos olhos profundamente, murmurou coisas incoerentes e voltou a consumi-la com sofreguidão. Nenhum dos dois soube quantos minutos se passaram exatamente, mas assim que percebeu, Perse suspirou e segurou seu queixo, finalizando com um selinho e dizendo que seria adorável, deixando-a surpresa e sem reação, para soltá-la em seguida. O movimento havia sido tão rápido, que Amabel não entendeu nada do que ocorreu ali.— Você é a cara de Madison mesmo! Tão parecidas como se fossem gêmeas! – Perse brilhou seus olhos, encarando seu rosto e seu corpo com interesse, ao que Amabel fechou os braços ao redor como proteção, tentando ignorar o que passou antes. – Olha, pense o que quiser de mim, mas eu nunca fui canalha com mulher alguma e muito menos com Madison, como Cameron continua afirmando para me difamar! Ninguém daqui vai te violar, pode ficar despreocupada!Assim, saindo de perto de Amabel e avistando o guarda-roupa, abriu e olhou que tinha algumas peças de roupas. Procurou alguma coisa comportada e depois de encontrar, jogou na cama um pijama decente. Viu os olhos cor de avelãs da garota crescerem e seus cabelos castanhos-arruivados eriçarem de terror, porque não estava entendendo nada.— Vista isso para essa noite e descanse! – Perse estendeu tudo para Amabel, que nada compreendeu, mas gargalhou cínico. – Amanhã de noite, eu venho te buscar! E se comporte! Tenha uma Boa Noite e sonhe comigo!Com aquilo, Perse deixou o quarto de Amabel e um dos homens de Raul veio dizer que estaria trancando o quarto para que permanecesse quieta. Estava muito confusa com aquilo tudo e fechou os olhos com desprezo. Cedo ou tarde, Perse cobraria o valor daquilo que estava devendo e morria de medo desse dia chegar, justamente por causa daqueles beijos sensuais e afagos tão suaves. Pegou o pijama, vestiu e se encaminhou até o banheiro. Escovou os dentes e lavou o rosto. Assim que retornou, voltou a orar para que Deus tivesse piedade de sua pessoa. Deitou e ainda imaginando que não dormiria, tombou nos travesseiros como uma pedra, naquela noite alucinante, sonhando com cada toque possessivo que tinha recebido daquele homem pela primeira vez na vida. Tinha ansiando tanto por aquele momento e terminou estragando tudo, mas no fundo não se arrependia de nada.No dia seguinte, Amabel acordou com um peso estranho contra seu peito, como se tudo aquilo que tivesse vivido na noite anterior fosse um pesadelo horrível, mas quando percebeu que estava no mesmo quarto de antes, as coisas passaram a ter algum sentido, ainda que muito tortuoso. Se lembrou dos beijos possessivos de Perse e aquilo envolveu sua mente de maneira surreal, porque nunca imaginou que de uma hora para outra, seria colocada em cativeiro num bordel e obrigada a se prostituir, sendo salva no último minuto pelo homem a quem mais amou na vida. Seria tudo realidade mesmo? Apenas o tempo seria capaz de responder e queria muito descobrir o que Perse pretendia com aquilo. Ou seja, o plano de vingança era para ser levado a sério ou tinha simplesmente blefado? O que não acreditava muito.— Bom Dia, dorminhoca! Como você acordou hoje? Passou bem essa madrugada? – era Dora quem estava perguntando e entrou no quarto bem silenciosamente, com Amabel nem notando direito e trazendo uma salva co
Amabel pediu para que alguém emprestasse um traje levemente mais comportado para a apresentação da noite e com pouco de esforço conseguiu uma roupa quase recatada, mas que definia de modo ousado as nuances de seu corpo através do tecido cor de nude e que seria tão colante, que quase nada escondia suas formas sensuais. Perse teria um treco ao vê-la desfilar daquela maneira, só que não tinha nada a perder. As horas se passaram arrastando e Amabel estava completamente ansiosa pela apresentação daquela noite e o que Perse comentaria de sua sandice. Com certeza, ficaria furioso ao ser desobedecido com tanta prepotência vinda de uma fedelha que tinha completado dezoito anos a tão poucos dias, só que sabia como ser alguém tão implicante com quem mexesse no seu calo. Raul veio olhá-la e com o trejeitos mais debochados do universo ainda perguntou se estava disposta a fazer aquilo, porque se Perse não gostasse, não queria ser responsabilizado depois, ao que Amabel garantiu que livraria sua cara
Na manhã seguinte, acordou com uma sensação estranha no corpo e na cabeça, sem entender muito bem aquilo que havia acontecido na noite passada. Seu cérebro parecia que estava um tanto bugado e precisava de algum tempo para assimilar as coisas que estavam acontecendo nos últimos dias. E isso incluía sua estada no prostíbulo e depois ter sido comprada por Perse, a quem sempre amou com tanto carinho e com tanto respeito. Em vez de agradecer a gentileza, terminou xingando Perse da pior maneira possível e sabia que aquilo tinha magoado-o profundamente.Ainda estando um pouco sonolenta, Amabel abriu os olhos vagarosamente e se acostumando com a claridade, notou que estava dentro de um quarto bem grande, bem espaçoso e bem aconchegante, além de estar decorado com um gosto extremamente ótimo e bastante pessoal. Olhou para cima e permaneceu vendo o teto por uns dois minutos e vendo a luminosidade entrando pelo ambiente, resolveu levantar devagar e descobrir onde se encontrava, mas pelo que Per
— Por que você faz tanta questão que a gente case dessa forma tão apressada? Não terá uma solução melhor? – Amabel voltou seus olhos amendoados para Perse e engoliu em seco. – Apesar de tudo, eu apenas posso dizer mil vezes obrigada por me tirar daquela situação e dos braços daquele homem asqueroso!— Não há motivos para você se preocupar mais com isso, porque está segura ao meu lado! – o sorriso luminoso de Perse tomou conta de tudo ao redor. – Vamos descer agora para comermos alguma coisa, já que você deve estar mais que faminta! E pretendo conversar com você para acertar os detalhes de nosso casamento!E antes que pudesse falar mais alguma coisa, Perse estendeu sua mão direita e Amabel aceitou o convite, se sentindo muito segura na companhia daquele homem tão bondoso e tão charmoso. E muito suavemente, Perse puxou e deu dois beijos quentes em seus dedos, deixando Amabel suster a respiração por segundos. Com aquilo, abriu a porta e passaram por um longo corredor até descerem pela gr
Assim que Amabel terminou de comer naquela manhã, Perse informou que pretendia levá— la até a Rua Oscar Freire para comprar algumas roupas que fariam parte de seu enxoval, já que estava quase sem roupas para usar. Os filhos de Perse continuavam dormindo e só mais tarde que Amabel teria oportunidade de rever seus sobrinhos. Quando Amabel soube que seria levada até aquele lugar, na sua primeira impressão achou desnecessária essa intenção de Perse, porque nunca usou roupas e acessórios de marcas, preferindo comprar pessoalmente na Rua 25 de Março. Quando Amabel disse que achava melhor ir para aquele local mais popular, Perse levantou uma de suas sobrancelhas e se espantou com a simplicidade da menina. Nunca imaginou que Amabel viesse a ser alguém tão humilde na vida, visto que a Família Alcântara era extremamente rica e podia possuir qualquer bem material, mas a garota sempre ganhou seu dinheiro honestamente e tinha tudo que precisava na vida, nunca sentindo falta de qualquer coisa.— Am
Quando Perse se deu como satisfeito, ainda visitaram algumas outras lojas bacanas e resolveram comer alguma coisa leve numa cafeteria chamada Bacio Di Latte e que seria um ambiente simpático para todos. Enquanto bebiam um café com alguns biscoitos e tomavam sorvete, conversaram sobre tudo e Perse parecia muito entusiasmado com o que estava acontecendo. Seria no momento que Perse disse algo que deixaria Amabel extremamente envergonhada, pelo modo instintivo de como necessitava saber daquela resposta.— Desculpe pela minha pergunta, mas estou muito curioso para descobrir isso e me sentirei feliz mediante aquilo que imagino! – os olhos azuis-turquesas de Perse brilharam intensamente ao olhar Amabel de frente. – Você nunca namorou ninguém? Alguém já te beijou antes? Escute, isso é muito importante para eu saber, pois tenho que admitir que você é simplesmente adorável!— Eu... Eu... Eu nunca tive ninguém... em minha vida... – os olhos amendoados de Amabel baixaram para a mesa e começou a b
Amabel acordou no dia seguinte com um pouco de preguiça e virando para o outro lado, percebeu que os primeiros raios do Sol estavam incidindo pelas frestas da veneziana. Mesmo não estando com muita vontade de levantar, resolveu que deveria descer para rever seus sobrinhos, pois estava com muitas saudades. Com uma certa dificuldade, saiu da cama quase se arrastando e puxou as cortinas para que as luzes iluminassem todo o ambiente. As sacolas com as compras estavam em cima de um sofá e duas poltronas, porque ainda não haviam sido guardadas. Amabel não quis que nenhuma empregada fizesse aquele serviço e pretendia colocar tudo em seu devido lugar. Ainda com sono, Amabel procurou uma calça, uma camiseta e lingerie para usar, já que tomaria um banho relaxante. Assim, pegando tudo, se dirigiu até o banheiro e trancando a porta, estendeu os trajes num cabideiro próximo e escovou os dentes, usando o fio dental depois. Quando terminou, tirou as roupas e se aproximou do box, ligando o chuveiro
— Eu nunca poderia dizer não a esse pedido tão bonito de vocês e me sinto honrada em haver sido escolhida para isso. – o sorriso contagiante de Amabel expressava uma sinceridade genuína e que atraiu a atenção de Perse ao vê-la tão satisfeita com aquilo. – Podem me chamar de mãe sempre e prometo darem a vocês tudo aquilo que merecem. As crianças sorriram e vieram abraçar Amabel novamente, que recebeu-os com carinho e muito amor. E para sua surpresa, Perse se aproximou e deu-lhe um beijo apaixonado, agradecendo como nunca pela sua atenção. Depois, Perse indicou que Amabel se sentasse e servisse do que tinha na mesa. Resolveu beber um café com leite e comer alguns pães de queijo bem gostosos, além de torradas com manteiga. Assim que terminou, Perse se predispôs a mostrar o resto da casa e todo o jardim bem cuidado, falando para que as crianças acompanhasse-os durante o passeio. Foi assim que Amabel passou o dia andando e sendo paparicada pela família de Perse, que estava encantado com