Perse Gallagher estava olhando pelas janelas de seu escritório na Avenida Paulista e pensava se aceitaria o convite de seu amigo Chase para relaxarem com alguns drinks numa famosa Boate chamada Revolution. Na verdade, Perse só queria beber um pouco de whisky e ir para casa depois, porque já estava com muito sono. E mimar seus adorados filhos no dia seguinte, porque eram bem comportados e amorosos por demais, ansiando por alguma figura materna. Por causa de sua solidão, Chase insistia para que Perse aceitasse a companhia de algumas garotas bonitas e se divertisse bastante em locais como aquele. Perse tinha enviuvado há alguns anos e nunca mais procurou outra mulher para se consolar. Seu coração pertencia a Madison ainda e não pretendia colocar outra pessoa em seu lugar tão cedo, porque amou-a com devoção e com paixão. Madison Alcantara tinha nascido sua prima e tiveram que lutar muito para casarem, com Perse enfrentando um tio e sogro extremamente imoral em todos os sentidos. E quando Madison veio a ser assassinada, mesmo que tenha provado sua inocência, Cameron e Jason gritavam aos quatro cantos que não passava de um criminoso qualquer. O ódio de ambos não provinha da falta de Madison ou consideração pela pessoa maravilhosa que havia sido em vida, mas pelo motivo de nunca terem se conformado com aquele casamento, porque enfrentaram todos para vivenciarem aquele amor. Os dois desprezavam gente honesta e que desafiavam seus princípios podres.
— Perse, eu sei muito bem que você amou Madison bastante e que seus filhos sentem muita saudade também, mas você precisa voltar a viver, visto que parece que parou no tempo... – Chase entendia como Madison ainda brilhava em seu coração. – Seria muito bom se você aceitasse que alguma garota entrasse fizesse parte de sua vida outra vez...— Chase, eu agradeço seus conselhos e tenho certeza que está dizendo para o meu próprio bem... – Perse sentia o quanto as pessoas queriam que melhorasse daquela situação. – Eu aceito o seu convite, só que será simplesmente para beber um pouco e voltar para casa, como continuo fazendo nos últimos anos...Chase suspirou e resolveu comentar do assunto outra hora, pois Perse era extremamente teimoso com relação a sua própria vida privada. Admirava como Perse era ótimo pai para as crianças e como cuidava de toda a família com carinho, além de muito amor.— Bem, está na hora de sairmos e chegarmos na Boate Revolution cedo... – Chase comentou enquanto se levantava para pegar algumas coisas. – Me contaram que hoje teremos uma garota nova na área e que tem tudo para ser uma nova sensação no local...— Chase, você sabe muito bem que não me agrada isso naquele local, porque de vez em quando aparecem garotas novas e que estão sendo obrigadas a se tornarem acompanhantes de luxo... – Perse arqueou uma de suas sobrancelhas bem feitas. – Você tem ideia de que minha vontade era dedurar esse tráfico sexual, mas caso eu dissesse alguma coisa, teria meu nome envolvido e de outros amigos que frequentam o lugar apenas para beber um pouco, porque nem todos estão interessados nas mulheres que estão lá...— Eu tenho conhecimento disso, Perse! – comprimiu seus lábios de raiva. – Você chegou a salvar algumas moças daquela situação e continua indo até lá para tentar dar alguma solução honrosa para aquelas pobres coitadas!— Me arrisco a continuar naquele local apenas para isso... – Perse respondeu em seguida. – Peço a Deus para que o nome de minha família não se envolva em nada com aquela gente calhorda...Perse e Chase terminaram a conversa, aproveitando para guardar as últimas papeladas que utilizariam para um novo dia de trabalho. Perse ligou para casa e avisou que chegaria um pouco mais tarde, ansiando pelo descanso em sua cama. Assim que a empresa começou a ser trancada, Perse e Chase desceram pelo elevador. Após alguns momentos, chegaram no estacionamento e se encaminharam até seus carros nas vagas privativas, desligando os alarmes. Os dois entraram dentro dos automóveis e partiram para a Boate Revolution.Enquanto isso, Amabel estava sendo acompanhada por Jair até seu destino. Andaram num longo corredor e que terminava para duas escadas. Subiram sem pressa, quando a vontade de Amabel era de sair correndo, mas sabia que isso pioraria sua situação. Sentir que estava sendo levada a força para o palco onde seria apresentada e comprada pelo maior lance, corroía seu espírito fragmentado em vários pedaços.Amabel teve que esperar por alguns minutos antes de entrar no lugar. Raul anunciou aquilo que interessava ao público, que a próxima atração estava ali para leiloar algo de mais precioso que tinha, ou seja, sua virgindade. As palavras agressivas acabaram com a mente de Amabel, que estava tentando de tudo para não chorar e gritar como uma insana, tendo certeza que seria pior. Mas antes que pudesse pensar em mais alguma coisa, terminou sendo empurrada para diante da plateia sedenta de sexo. Indicaram para que desfilasse um pouco para os clientes e se sentasse na cadeira depois. Foi dito que não revelasse seu sobrenome verdadeiro e que usasse apenas seu primeiro nome, para que se mantivesse em segurança, entendendo a brutalidade implícita no recado. A menção do aviso destruiu ainda mais com o resto de sua sanidade.Quando se apresentou aos homens, Amabel sentou na cadeira e tentou esconder um pouco a vergonha por causa da roupa sensual, que quase nada escondia. Olhou o local e viu algumas meninas bonitas andando atrás de clientes. Seu estômago se contorceu de nojo, porque sabia que muitas estavam ali obrigadas a se prostituírem. Tentou não vomitar quando uma náusea passou pela sua garganta. Tudo que pedia a Deus, seria que morresse logo para finalizar com todo aquele sofrimento. Esperou continuarem com o anúncio do leilão de sua virgindade e ansiou que aquilo parasse um pouco naquela noite.Perse e Chase estavam sentados numa mesa privilegiada e ao descobrirem que outra menina seria vendida para o prazer de terceiros, se sentiram indignados e resolveram acompanhar como tudo se resolveria. Perse decidiu brincar com alguns canapés para não quebrar o pescoço de alguém do tamanho ódio que estava sentindo. Uma moça de cabelos loiros e olhos azuis passou por ambos, perguntando se queriam companhia, ao que Perse respondeu que não e deu-lhe alguns trocados, sabendo que quase nada seria direcionado para sua pessoa. Depois daquilo, contorceu os lábios de raiva e no momento que olhou para o palco de novo, vislumbrou a garota que estava sendo leiloada diante de si mesmo. Quase se engasgou com o whisky que estava bebendo.— Boa Noite, Senhores! – Raul estava com sua altivez e empáfia muito aceleradas pelo evento. – É com grande prazer que anuncio nossa Bela Dama da Noite, de nome Amabel e que está aqui para servi-los! Como estão acostumados, quem der o maior lance pela moçoila, terá uma noite inteira para se deliciar com o bem precioso que estamos dispostos a oferecer para algum cavalheiro daqui e que poderá a comprar pelo maior preço! Mas já afirmo, que nossa Bela Dama da Noite não é qualquer mulher, porque ninguém nunca beijou-a ou tocou-a na vida! Por isso, peço a gentileza de começarem a partir de quinhentos mil dólares! Podem iniciar!Assim que Perse percebeu que se tratava de sua própria prima Amabel, porque reconheceu-a pela incrível semelhança com Madison, seu sangue esquentou profundamente. Não que tivesse muito contato com o outro lado de sua família e isso pouco importava, mas o que não entrava em sua cabeça seria o motivo daquela menina haver parado naquela situação. Ou a Família Alcantara tinha vendido a própria filha Amabel para prostituição ou aquela garota tinha entrado naquele mundo de livre e espontânea vontade. O que não acreditava muito, porque tudo vindo de Cameron, esse homem seria capaz de vender a própria mãe para o Capeta se aquilo desse lucro. Esperou alguns poucos minutos para que os lances viessem a ser dados e quando notou que um empresário beirando os sessenta anos estava quase ganhando a disputa, resolveu intervir, quase que automaticamente. Conhecia bem aquele velho podre e nunca permitiria que Amabel fosse estuprada por aquele imundo. Ninguém tocaria em um único fio de cabelo daquela mulher ou quebraria aquele lugar por inteiro. E ficou ainda mais furioso ao perceber como o bode gordo estava babando em cima de Amabel, visto que conhecia-o de outros carnavais e já tinha tentando disputar Madison também. Nilton invejava tudo que Perse possuía na vida. Seu ódio cresceu ao notar que Nilton estava tendo pensamentos da pior espécie com Amabel naquele instante. Salvar aquela menina de dezoito anos tinha se tornado prioridade da vida inteira.— Quem dá mais do que o Senhor Nilton Andrade? Alguém pretende cobrir o lance? – Raul não estava cabendo em si mesmo de tanto contentamento. – Ouvi dois milhões? Alguém mais? Dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três? Estamos quase fechando negócio!— Eu dou quatro milhões de dólares! – Perse se levantou da cadeira, muito tenso. – E cubro qualquer lance!— Pois eu dou cinco milhões de dólares! – Nilton olhou-o com ódio até o espírito e se levantou da cadeira exaltado também. – Acho que o Senhor Perse Gallagher não pode cobrir isso!— Oh, a disputa está acirrada! – Raul parecia mais do que contente. – O Senhor Perse Gallagher está disposto a dar mais ou posso encerrar?— Eu dou dez milhões de dólares! – Perse respondeu, quase cuspindo de raiva. – E volto a repetir, eu cubro qualquer lance dessa noite!Nilton olhou Perse com raiva e se sentou na cadeira, tentando não mostrar que estava bufando de ira. Os outros homens murmuraram de assombro pela quantia astronômica do valor do lance final
No dia seguinte, Amabel acordou com um peso estranho contra seu peito, como se tudo aquilo que tivesse vivido na noite anterior fosse um pesadelo horrível, mas quando percebeu que estava no mesmo quarto de antes, as coisas passaram a ter algum sentido, ainda que muito tortuoso. Se lembrou dos beijos possessivos de Perse e aquilo envolveu sua mente de maneira surreal, porque nunca imaginou que de uma hora para outra, seria colocada em cativeiro num bordel e obrigada a se prostituir, sendo salva no último minuto pelo homem a quem mais amou na vida. Seria tudo realidade mesmo? Apenas o tempo seria capaz de responder e queria muito descobrir o que Perse pretendia com aquilo. Ou seja, o plano de vingança era para ser levado a sério ou tinha simplesmente blefado? O que não acreditava muito.— Bom Dia, dorminhoca! Como você acordou hoje? Passou bem essa madrugada? – era Dora quem estava perguntando e entrou no quarto bem silenciosamente, com Amabel nem notando direito e trazendo uma salva co
Amabel pediu para que alguém emprestasse um traje levemente mais comportado para a apresentação da noite e com pouco de esforço conseguiu uma roupa quase recatada, mas que definia de modo ousado as nuances de seu corpo através do tecido cor de nude e que seria tão colante, que quase nada escondia suas formas sensuais. Perse teria um treco ao vê-la desfilar daquela maneira, só que não tinha nada a perder. As horas se passaram arrastando e Amabel estava completamente ansiosa pela apresentação daquela noite e o que Perse comentaria de sua sandice. Com certeza, ficaria furioso ao ser desobedecido com tanta prepotência vinda de uma fedelha que tinha completado dezoito anos a tão poucos dias, só que sabia como ser alguém tão implicante com quem mexesse no seu calo. Raul veio olhá-la e com o trejeitos mais debochados do universo ainda perguntou se estava disposta a fazer aquilo, porque se Perse não gostasse, não queria ser responsabilizado depois, ao que Amabel garantiu que livraria sua cara
Na manhã seguinte, acordou com uma sensação estranha no corpo e na cabeça, sem entender muito bem aquilo que havia acontecido na noite passada. Seu cérebro parecia que estava um tanto bugado e precisava de algum tempo para assimilar as coisas que estavam acontecendo nos últimos dias. E isso incluía sua estada no prostíbulo e depois ter sido comprada por Perse, a quem sempre amou com tanto carinho e com tanto respeito. Em vez de agradecer a gentileza, terminou xingando Perse da pior maneira possível e sabia que aquilo tinha magoado-o profundamente.Ainda estando um pouco sonolenta, Amabel abriu os olhos vagarosamente e se acostumando com a claridade, notou que estava dentro de um quarto bem grande, bem espaçoso e bem aconchegante, além de estar decorado com um gosto extremamente ótimo e bastante pessoal. Olhou para cima e permaneceu vendo o teto por uns dois minutos e vendo a luminosidade entrando pelo ambiente, resolveu levantar devagar e descobrir onde se encontrava, mas pelo que Per
— Por que você faz tanta questão que a gente case dessa forma tão apressada? Não terá uma solução melhor? – Amabel voltou seus olhos amendoados para Perse e engoliu em seco. – Apesar de tudo, eu apenas posso dizer mil vezes obrigada por me tirar daquela situação e dos braços daquele homem asqueroso!— Não há motivos para você se preocupar mais com isso, porque está segura ao meu lado! – o sorriso luminoso de Perse tomou conta de tudo ao redor. – Vamos descer agora para comermos alguma coisa, já que você deve estar mais que faminta! E pretendo conversar com você para acertar os detalhes de nosso casamento!E antes que pudesse falar mais alguma coisa, Perse estendeu sua mão direita e Amabel aceitou o convite, se sentindo muito segura na companhia daquele homem tão bondoso e tão charmoso. E muito suavemente, Perse puxou e deu dois beijos quentes em seus dedos, deixando Amabel suster a respiração por segundos. Com aquilo, abriu a porta e passaram por um longo corredor até descerem pela gr
Assim que Amabel terminou de comer naquela manhã, Perse informou que pretendia levá— la até a Rua Oscar Freire para comprar algumas roupas que fariam parte de seu enxoval, já que estava quase sem roupas para usar. Os filhos de Perse continuavam dormindo e só mais tarde que Amabel teria oportunidade de rever seus sobrinhos. Quando Amabel soube que seria levada até aquele lugar, na sua primeira impressão achou desnecessária essa intenção de Perse, porque nunca usou roupas e acessórios de marcas, preferindo comprar pessoalmente na Rua 25 de Março. Quando Amabel disse que achava melhor ir para aquele local mais popular, Perse levantou uma de suas sobrancelhas e se espantou com a simplicidade da menina. Nunca imaginou que Amabel viesse a ser alguém tão humilde na vida, visto que a Família Alcântara era extremamente rica e podia possuir qualquer bem material, mas a garota sempre ganhou seu dinheiro honestamente e tinha tudo que precisava na vida, nunca sentindo falta de qualquer coisa.— Am
Quando Perse se deu como satisfeito, ainda visitaram algumas outras lojas bacanas e resolveram comer alguma coisa leve numa cafeteria chamada Bacio Di Latte e que seria um ambiente simpático para todos. Enquanto bebiam um café com alguns biscoitos e tomavam sorvete, conversaram sobre tudo e Perse parecia muito entusiasmado com o que estava acontecendo. Seria no momento que Perse disse algo que deixaria Amabel extremamente envergonhada, pelo modo instintivo de como necessitava saber daquela resposta.— Desculpe pela minha pergunta, mas estou muito curioso para descobrir isso e me sentirei feliz mediante aquilo que imagino! – os olhos azuis-turquesas de Perse brilharam intensamente ao olhar Amabel de frente. – Você nunca namorou ninguém? Alguém já te beijou antes? Escute, isso é muito importante para eu saber, pois tenho que admitir que você é simplesmente adorável!— Eu... Eu... Eu nunca tive ninguém... em minha vida... – os olhos amendoados de Amabel baixaram para a mesa e começou a b
Amabel acordou no dia seguinte com um pouco de preguiça e virando para o outro lado, percebeu que os primeiros raios do Sol estavam incidindo pelas frestas da veneziana. Mesmo não estando com muita vontade de levantar, resolveu que deveria descer para rever seus sobrinhos, pois estava com muitas saudades. Com uma certa dificuldade, saiu da cama quase se arrastando e puxou as cortinas para que as luzes iluminassem todo o ambiente. As sacolas com as compras estavam em cima de um sofá e duas poltronas, porque ainda não haviam sido guardadas. Amabel não quis que nenhuma empregada fizesse aquele serviço e pretendia colocar tudo em seu devido lugar. Ainda com sono, Amabel procurou uma calça, uma camiseta e lingerie para usar, já que tomaria um banho relaxante. Assim, pegando tudo, se dirigiu até o banheiro e trancando a porta, estendeu os trajes num cabideiro próximo e escovou os dentes, usando o fio dental depois. Quando terminou, tirou as roupas e se aproximou do box, ligando o chuveiro