Amabel ouviu seu irmão Jason pedir para que acompanhasse-o até o Shopping Plaza Sul e propôs algo de seu interesse, porque além de pretender fazer algumas compras para si mesmo, mencionou que como seria dançarina e precisava de dinheiro, levaria-a para dois locais. Primeiro, para uma discoteca que aceitava dançarinas de pole dance e que tinha pessoas de boa índole que frequentavam lá. Segundo, para uma escola que estava recrutando homens e mulheres para se apresentarem por todo Brasil. Amabel gostou da ideia e aceitou seu convite, sem imaginar o que estava por detrás daquilo. Jason disse que ao estarem no Shopping Plaza Sul, ambos poderiam dar algumas voltas depois que voltassem para casa. Além disso, aproveitariam para almoçarem ou lancharem no meio de tudo. O que Amabel não sabia, seria que seus parentes tinham combinado de ganhar dinheiro com sua pessoa e de um modo terrível, sem desconfiar daquilo que pretendiam contra si mesma.
— Vamos passar na discoteca primeiro, ok? Eu preciso me encontrar com um amigo mesmo e conversarmos durante alguns instantes! — Jason explicou. — Você vai adorar trabalhar na discoteca Revolution!— Mas é claro! — Amabel concordou de prontidão. — Tomara que eu consiga algum trabalho, pois estou precisando muito! Não há problema algum!No meio do caminho, Amabel permaneceu ouvindo música com o fone de ouvido no celular e até chegou a cochilar um pouco. Não demorou muito, bateram de frente a discoteca e orou para que conseguisse serviço. Amabel era dançarina de vários gêneros musicais e pole dance seria uma de suas especializações. Mesmo com o preconceito, Amabel se impunha e deixava claro que seria uma moça de família, que gostava apenas de dançar. Antes de adentrarem no recinto, Amabel colocou sua máscara. Logo vieram a ser conduzidos para um escritório bem arejado e bastante espaçoso, com móveis e quadros no estilo clássico. Jason cumprimentou um homem com algumas tatuagens nos braços e que se identificou como Raul Oliveira, dono daquele local.— Essa é a moça da qual comentou? — Raul olhou Amabel com interesse e deboche. — Tem certeza de que é mesmo totalmente virgem?— Mas do que vocês estão falando? —Amabel arqueou uma das sobrancelhas com surpresa. — Poderia me explicar o que é tudo isso, Jason?— Você agora é minha propriedade e ganharemos muito dinheiro contigo, moça bonita! — Raul respondeu, sem esconder nada. — Soube que é virgem e isso é um diferencial para meu negócio!— Seu negócio? Que tipo de brincadeira mais torpe é essa? — os olhos castanhos de Amabel cresceram ainda mais, ao notar o que estavam querendo. — Jason, esse local é um bordel, por acaso?— Você é muito esperta, menina! — Raul queria rir de sarcasmo. — Essa boate se chama Revolution e temos diversos negócios aqui, incluindo prostituição! Eu já dei um adiantamento para sua família por você e com todo dinheiro que ganharmos da venda de sua virgindade, vamos dividir os lucros!— Sinto muito por isso, mas você está causando problemas! Se não tivesse tentado colocar dificuldades nos empreendimentos da empresa com essa sua ética e moral fajutas, tudo estaria bem! Mas você só provoca nosso pai Cameron e cansamos disso! Desculpe, só que você precisa aprender a não se meter no que nunca seria de sua conta! — Jason deixou claro, sem o mínimo de empatia, quase gritando e cuspindo seu ódio. — Você será uma fonte de renda a partir de agora, ainda que não precisemos! Está tudo arrumado! Melhor não reagir ou será pior! Vamos ver se fica no seu lugar agora, sua imbecil!— Isso não acontecerá nunca! — Amabel correu e tentou sair pela porta, mas assim que abriu, veio a ser contida por dois homens que estavam do lado de fora. — Me tirem daqui! Socorro! Alguém me salva!Antes que pudesse dizer mais alguma coisa, um pano embebido com clorofórmio foi colocado em suas narinas e poucos segundos depois, desmaiou e não conseguiu ver mais nada. Mais tarde, Amabel abriu os olhos pesados de sono e percebeu estar num quarto totalmente trancado. Com alguma dificuldade, se levantou e olhou ao redor. Tinha um pouco de iluminação no lugar e sentiu umas pontadas na cabeça. Ainda cambaleando, saiu se apoiando nas paredes e notou que a janela estava aberta. Ao se aproximar, tudo ali seria gradeado, para sua frustração. Voltou e tateou a porta, vendo que estava fechada também.Sabia que estava sem escapatória e que sua própria família havia vendido-a para o tráfico sexual. Seu pai Cameron não tinha escrúpulos, muito menos seu irmão Jason. A Família Alcantara estava bem financeiramente e tudo que queriam, seria encontrar alguma solução para calá-la, porque estava atrapalhando os negócios com suas investidas na empresa. Só que nunca imaginou que seria vítima de seus parentes dessa maneira e para conseguirem alguns trocados também, ainda que nunca precisassem.Desesperada com aquilo e sabendo que não havia saída alguma, começou a orar para que Deus desse uma oportunidade de sair daquela situação algum dia. Lágrimas ácidas e doloridas começaram a cair de seus olhos castanhos. Era alguém de índole boa e muito temente a Deus, de coração puro. Sempre imaginou que se casaria com um homem honrado e honesto, com quem dividiria o resto de seus dias. Sonhava com sua primeira vez, que seu esposo teria paciência e ensinaria-a o valor do amor verdadeiro. Aquele coração tão puro e ingênuo chegou a sonhar com Perse, primo e esposo de sua falecida irmã Madison, mesmo sabendo ser alguém impossível. Madison havia sido assassinada e Perse veio a ser apontado como culpado, apenas conseguindo se livrar da cadeia por causa de bons álibis. Mas Amabel e sua mãezinha Petra, nunca acreditaram naquilo e permaneceram ao lado de Perse. Muitas pessoas odiavam-no e tinham motivos para quererem vê-lo preso. Petra era a única pessoa com quem Amabel podia contar na vida, só
Perse Gallagher estava olhando pelas janelas de seu escritório na Avenida Paulista e pensava se aceitaria o convite de seu amigo Chase para relaxarem com alguns drinks numa famosa Boate chamada Revolution. Na verdade, Perse só queria beber um pouco de whisky e ir para casa depois, porque já estava com muito sono. E mimar seus adorados filhos no dia seguinte, porque eram bem comportados e amorosos por demais, ansiando por alguma figura materna. Por causa de sua solidão, Chase insistia para que Perse aceitasse a companhia de algumas garotas bonitas e se divertisse bastante em locais como aquele. Perse tinha enviuvado há alguns anos e nunca mais procurou outra mulher para se consolar. Seu coração pertencia a Madison ainda e não pretendia colocar outra pessoa em seu lugar tão cedo, porque amou-a com devoção e com paixão. Madison Alcantara tinha nascido sua prima e tiveram que lutar muito para casarem, com Perse enfrentando um tio e sogro extremamente imoral em todos os sentidos. E quando
— Quem dá mais do que o Senhor Nilton Andrade? Alguém pretende cobrir o lance? – Raul não estava cabendo em si mesmo de tanto contentamento. – Ouvi dois milhões? Alguém mais? Dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três? Estamos quase fechando negócio!— Eu dou quatro milhões de dólares! – Perse se levantou da cadeira, muito tenso. – E cubro qualquer lance!— Pois eu dou cinco milhões de dólares! – Nilton olhou-o com ódio até o espírito e se levantou da cadeira exaltado também. – Acho que o Senhor Perse Gallagher não pode cobrir isso!— Oh, a disputa está acirrada! – Raul parecia mais do que contente. – O Senhor Perse Gallagher está disposto a dar mais ou posso encerrar?— Eu dou dez milhões de dólares! – Perse respondeu, quase cuspindo de raiva. – E volto a repetir, eu cubro qualquer lance dessa noite!Nilton olhou Perse com raiva e se sentou na cadeira, tentando não mostrar que estava bufando de ira. Os outros homens murmuraram de assombro pela quantia astronômica do valor do lance final
No dia seguinte, Amabel acordou com um peso estranho contra seu peito, como se tudo aquilo que tivesse vivido na noite anterior fosse um pesadelo horrível, mas quando percebeu que estava no mesmo quarto de antes, as coisas passaram a ter algum sentido, ainda que muito tortuoso. Se lembrou dos beijos possessivos de Perse e aquilo envolveu sua mente de maneira surreal, porque nunca imaginou que de uma hora para outra, seria colocada em cativeiro num bordel e obrigada a se prostituir, sendo salva no último minuto pelo homem a quem mais amou na vida. Seria tudo realidade mesmo? Apenas o tempo seria capaz de responder e queria muito descobrir o que Perse pretendia com aquilo. Ou seja, o plano de vingança era para ser levado a sério ou tinha simplesmente blefado? O que não acreditava muito.— Bom Dia, dorminhoca! Como você acordou hoje? Passou bem essa madrugada? – era Dora quem estava perguntando e entrou no quarto bem silenciosamente, com Amabel nem notando direito e trazendo uma salva co
Amabel pediu para que alguém emprestasse um traje levemente mais comportado para a apresentação da noite e com pouco de esforço conseguiu uma roupa quase recatada, mas que definia de modo ousado as nuances de seu corpo através do tecido cor de nude e que seria tão colante, que quase nada escondia suas formas sensuais. Perse teria um treco ao vê-la desfilar daquela maneira, só que não tinha nada a perder. As horas se passaram arrastando e Amabel estava completamente ansiosa pela apresentação daquela noite e o que Perse comentaria de sua sandice. Com certeza, ficaria furioso ao ser desobedecido com tanta prepotência vinda de uma fedelha que tinha completado dezoito anos a tão poucos dias, só que sabia como ser alguém tão implicante com quem mexesse no seu calo. Raul veio olhá-la e com o trejeitos mais debochados do universo ainda perguntou se estava disposta a fazer aquilo, porque se Perse não gostasse, não queria ser responsabilizado depois, ao que Amabel garantiu que livraria sua cara
Na manhã seguinte, acordou com uma sensação estranha no corpo e na cabeça, sem entender muito bem aquilo que havia acontecido na noite passada. Seu cérebro parecia que estava um tanto bugado e precisava de algum tempo para assimilar as coisas que estavam acontecendo nos últimos dias. E isso incluía sua estada no prostíbulo e depois ter sido comprada por Perse, a quem sempre amou com tanto carinho e com tanto respeito. Em vez de agradecer a gentileza, terminou xingando Perse da pior maneira possível e sabia que aquilo tinha magoado-o profundamente.Ainda estando um pouco sonolenta, Amabel abriu os olhos vagarosamente e se acostumando com a claridade, notou que estava dentro de um quarto bem grande, bem espaçoso e bem aconchegante, além de estar decorado com um gosto extremamente ótimo e bastante pessoal. Olhou para cima e permaneceu vendo o teto por uns dois minutos e vendo a luminosidade entrando pelo ambiente, resolveu levantar devagar e descobrir onde se encontrava, mas pelo que Per
— Por que você faz tanta questão que a gente case dessa forma tão apressada? Não terá uma solução melhor? – Amabel voltou seus olhos amendoados para Perse e engoliu em seco. – Apesar de tudo, eu apenas posso dizer mil vezes obrigada por me tirar daquela situação e dos braços daquele homem asqueroso!— Não há motivos para você se preocupar mais com isso, porque está segura ao meu lado! – o sorriso luminoso de Perse tomou conta de tudo ao redor. – Vamos descer agora para comermos alguma coisa, já que você deve estar mais que faminta! E pretendo conversar com você para acertar os detalhes de nosso casamento!E antes que pudesse falar mais alguma coisa, Perse estendeu sua mão direita e Amabel aceitou o convite, se sentindo muito segura na companhia daquele homem tão bondoso e tão charmoso. E muito suavemente, Perse puxou e deu dois beijos quentes em seus dedos, deixando Amabel suster a respiração por segundos. Com aquilo, abriu a porta e passaram por um longo corredor até descerem pela gr
Assim que Amabel terminou de comer naquela manhã, Perse informou que pretendia levá— la até a Rua Oscar Freire para comprar algumas roupas que fariam parte de seu enxoval, já que estava quase sem roupas para usar. Os filhos de Perse continuavam dormindo e só mais tarde que Amabel teria oportunidade de rever seus sobrinhos. Quando Amabel soube que seria levada até aquele lugar, na sua primeira impressão achou desnecessária essa intenção de Perse, porque nunca usou roupas e acessórios de marcas, preferindo comprar pessoalmente na Rua 25 de Março. Quando Amabel disse que achava melhor ir para aquele local mais popular, Perse levantou uma de suas sobrancelhas e se espantou com a simplicidade da menina. Nunca imaginou que Amabel viesse a ser alguém tão humilde na vida, visto que a Família Alcântara era extremamente rica e podia possuir qualquer bem material, mas a garota sempre ganhou seu dinheiro honestamente e tinha tudo que precisava na vida, nunca sentindo falta de qualquer coisa.— Am