5- Sophie

Sophie Narrando

Meu nome é Sophie. Tenho 30 anos muito bem vividos e aproveitados. Cabelos ruivos, intensos como minha personalidade. Lisos, brilhantes, caem até o meio das costas e nunca passam despercebidos. Meus olhos são castanho-claros, com aquele tom dourado que costuma prender olhares por tempo demais. E eu sei disso. Sempre soube.

Sou o tipo de mulher que entra em um ambiente e todos param para olhar. Não porque eu peço atenção, mas porque ela me pertence. Sempre fui assim. Sabe aquela mistura de classe, beleza e um toque de perigo? Então. Eu sou isso.

Everton me conheceu no auge. Eu era tudo o que ele achava que queria. Inteligente, independente, envolvente. E eu gostava do jogo. De ver como ele tentava me controlar… e fracassava. Mas com o tempo ele foi ficando mais frio, mais distante. Até que, um dia, simplesmente decidiu que não fazia mais sentido.

Como se alguém como eu pudesse ser descartada assim, como um acessório velho.

Mas tudo bem. Eu dei o tempo dele. Fiquei na minha. Observei.

Só que agora, do nada, ele volta a mostrar reações. E tudo por causa daquela mulherzinha loira de olhos verdes. Priscila.

Acha mesmo que vai ser assim tão fácil?

Ah, meu bem… Everton pode até fingir que me esqueceu. Pode me olhar torto, revirar os olhos, tentar manter o controle. Mas eu o conheço. E sei exatamente onde tocar pra fazer ele perder o rumo.

Essa história ainda está longe de acabar.

Eu descobri onde ela trabalha. Claro que descobri. Nada que um pouco de pesquisa e os contatos certos não resolvam. Priscila agora é gerente de uma loja. Achei… curioso. Achei fofo, até. A mulher que, aparentemente, virou o mundo do Everton de cabeça pra baixo agora passa o dia dobrando roupas e organizando vitrines.

Era o cenário perfeito.

Me vesti com classe, como sempre. Um vestido justo, preto, salto fino, cabelo impecável e aquele perfume marcante que Everton adorava. O tipo de presença que ninguém ignora. E fui. Entrei naquela loja como se estivesse prestes a comprar o lugar inteiro. Olhares me seguiram, claro. Mas o único olhar que me interessava era o dela.

Assim que bati os olhos em Priscila, soube que era ela. Cabelos loiros presos num coque simples, olhos verdes que tentavam parecer fortes, mas estavam cheios de dúvidas. Ela tinha aquela aparência de mulher que tenta dar conta de tudo, sabe? Filhos, trabalho, emoções… Só que eu nasci pra destruir esse tipo de segurança frágil.

Fingi não saber quem ela era. Fingi ser apenas uma cliente qualquer. E com o melhor dos meus sorrisos, fui direto ao ponto:

— Com licença… Eu gostaria de ser atendida pela gerente. Só por ela. Pode chamar, por favor?

Ela hesitou. Eu vi. Mas logo se recompôs, como se colocasse uma máscara profissional.

— Sou eu mesma, posso te ajudar.

Ah, querida… Pode apostar que pode.

Sorri de lado, me aproximei e olhei nos olhos dela. Ela sustentou o olhar. Fofa. Mas havia algo ali… um brilho de desconforto. Ela sentiu. Sentiu que aquela conversa não ia ser só sobre roupas.

— Estou procurando algo marcante. Sexy. Um pouco provocante, mas ainda assim elegante. Sabe… algo que diga sou a mulher que pode ter o que quiser.

O rosto dela endureceu sutilmente. Bingo.

— Claro. Acho que tenho algumas peças que podem te interessar — ela respondeu, já tentando manter a postura.

Ela me levou até uma arara e começou a mostrar algumas opções. Mas eu não queria roupa. Queria ver como ela reagia. Como lidava com a presença de alguém que fazia parte do passado do homem que agora ela tentava — desesperadamente — manter no presente.

— Você tem filhos? — perguntei, como quem não quer nada, com a maior das caras de pau.

Ela me olhou, surpresa, talvez tentando entender de onde vinha aquela pergunta. Mas antes que respondesse, completei, com um sorrisinho:

— É que você parece tão… madura. Forte. Aquelas mulheres que carregam o mundo nas costas. Sempre admirei esse tipo. Só que, às vezes, esse tipo de mulher acaba perdendo o que mais quer, né? Por estar ocupada demais cuidando de tudo. E de todos.

Deixei a frase no ar. Um veneno doce. Sutil. Mas certeiro.

Agora é esperar. Porque eu nunca jogo pra perder.

Ela fingiu que não se abalou. Priscila. A gerente perfeita, educada, profissional. Mas eu vi. Eu senti.

A tensão no maxilar. O jeito que ela apertou os dedos na arara de roupas. A forma como os olhos verdes, que tentavam ser firmes, brilharam por um segundo com algo que parecia... raiva. Ou medo. Talvez os dois.

Continuei sorrindo. Eu sou boa nisso. Em ser doce com a ponta do punhal escondida nas palavras.

Ela tentou se livrar de mim o mais rápido possível, me mostrando um vestido vermelho, como se aquele tecido fosse me distrair. Mas eu não vim ali pra comprar. Eu vim pra marcar território.

Peguei o vestido, encostei no corpo e disse:

— Você acha que o Everton iria gostar? Ele sempre disse que eu ficava maravilhosa de vermelho.

Ah, a menção ao nome dele fez efeito imediato. Foi como atirar gasolina no fogo. Ela tentou não reagir, mas o olhar dela tremeu. Por um instante, a máscara quase caiu.

E então, com a cara mais lavada desse mundo, ela respondeu:

— Eu acho que ele já tem coisas mais importantes pra admirar do que roupas antigas.

Touché, Priscilinha. Você tem garra. Mas eu sou tempestade.

Ri. Um riso baixo, quase divertido. Ela estava tentando me enfrentar — e isso só deixava tudo mais interessante.

— Pode ser. Mas você sabe como os homens são, né? Sempre têm recaídas por coisas… antigas.

Deixei o vestido nos braços dela e passei devagar, roçando meu ombro no dela de propósito. Fiz questão de deixar o perfume no ar.

— Obrigada pelo atendimento, gerente. Foi… inesquecível.

E fui embora. Sem pressa. De salto firme e olhar altivo. Porque eu sabia. Agora ela estava com a cabeça cheia. E quando uma mulher como Priscila perde o controle… ela comete erros.

E eu vou estar lá. Observando. Esperando.

Porque ninguém tira Everton de mim sem lutar.

E eu não costumo perder.

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