4- Everton

Everton Narrando

Eu sempre soube o que queria. Desde pequeno, vi o que o mundo tinha a oferecer e, ao invés de aceitar a vida como ela era, decidi moldá-la do meu jeito. O caminho não foi fácil, mas nada realmente valioso é. E aqui estou, com 31 anos, meu próprio império, e as pessoas que nunca acreditaram em mim agora se curvam. Mas, no fundo, não é disso que eu preciso.

O que eu realmente preciso… é dela.

Priscila.

Sempre foi ela. Mesmo quando eu tentei me convencer de que a vida profissional, o sucesso e o reconhecimento eram o suficiente, havia um buraco. Um vazio. Algo que eu não conseguia preencher. E, honestamente, nunca pensei que fosse encontrá-la de novo, depois de tudo que aconteceu. Mas o destino tem seus próprios planos, e, por algum motivo, ele me trouxe de volta pra ela.

O cheiro do perfume dela ainda paira no ar quando fecho os olhos. O som da risada dela, aquele jeito despreocupado, como se nada no mundo pudesse quebrar sua essência. Mas eu sabia que ela estava quebrada, mesmo quando fingia que estava tudo bem. Ela nunca conseguiu me esquecer. E agora, mais do que nunca, eu vejo isso nos olhos dela.

É claro que ela tenta esconder. Ela sempre foi orgulhosa, essa era a beleza dela. Mas eu conheço aquele olhar. É a mesma Priscila de antes. A mesma que me fez esquecer por um momento tudo o que eu acreditava ser importante. E, ao mesmo tempo, a mesma que me fez sair da vida dela, porque eu achava que a melhor coisa que eu poderia fazer era deixá-la em paz. Agora, sei que fui um idiota.

Mas eu não sou mais aquele garoto indeciso. Sou Everton. O homem que construiu tudo o que tem, e nada nem ninguém vai me impedir de conquistá-la de novo.

E quando ela me olha com aqueles olhos verdes, tentando se fazer de forte, ignorando o que ainda existe entre nós, eu sinto a tensão no ar. Ela ainda me quer. Eu ainda a quero. Só que ela não vai admitir isso. Não fácil assim.

Eu sou o homem que sabe o que quer. E o que eu quero agora é Priscila. E ela vai ceder. Pode demorar, mas vai ceder. Eu sou paciente, mas também sou obstinado. E, se tem algo que eu aprendi a fazer ao longo dos anos, é que ninguém, nem mesmo ela, consegue fugir do que está destinado a acontecer.

E, no final das contas, vai ser bom pra nós dois.

Aquele maldito lenço funcionou. Priscila não soube o que fazer com aquilo. A reação dela foi exatamente o que eu esperava — confusa, contrariada, e, no fundo, sem saber o que fazer com a saudade que eu havia acordado nela. Mas, pra ser sincero, eu não estava lá pra ver o quanto ela ainda me desejava. Eu estava focado no que vinha a seguir. E o que vinha a seguir era o momento em que ela não poderia mais negar o que estava acontecendo entre nós.

Depois de deixar Priscila com aquele bilhete e o lenço, eu voltei para o meu escritório. Resolvi algumas pendências de negócios, aquele tipo de coisa que não poderia esperar. Mas a mente... a mente estava longe. Estava nela. Nos olhos dela, no cheiro dela, nos toques que ainda sentia na pele.

Era difícil não se perder nos pensamentos sobre ela, então decidi seguir com o trabalho. Mantenho a cabeça ocupada, porque, quando o trabalho está bem, eu também estou bem. Mas a paz? A paz é uma ilusão quando se tem alguém como Priscila na cabeça.

E então, no meio da concentração em um dos relatórios financeiros, a porta do meu escritório se abriu com um estrondo que imediatamente me tirou da rotina. Era ela. Minha ex-namorada.

Sophie. A ex que acha que o mundo gira ao redor dela. Não que eu a odiasse — ela ainda era uma mulher bonita, mas… Ela nunca foi nada além de um passatempo. Só que ela não gostava de ser descartada, e, como sempre, entrava cheia de arrogância.

— Everton, querido... — Ela disse, arrastando as palavras, quase como se fosse uma provocação. Ela se aproximou com aquele andar todo sensual, a expressão de quem ainda acreditava que tinha poder sobre mim.

Revirei os olhos. Sério. Não era a hora. Ela entrou como se estivesse se exibindo, como sempre fez. A mulher que se acha o centro do universo. E, por mais que eu já tivesse saído de tudo isso, Sophie ainda tinha a capacidade de me tirar do sério com a sua presença irritante. Ela se sentou à minha frente, esticando as pernas com aquele sorriso de quem achava que estava arrasando.

— O que é, Sophie? — Minha voz saiu mais seca do que eu pretendia, mas eu estava cansado de farsa. Estava mais focado em Priscila do que em qualquer coisa que ela pudesse dizer ou fazer.

Ela me olhou, arqueando uma sobrancelha, e deu uma risadinha. — Não me diga que está tão ocupado com esses papéis que não pode nem dar atenção à sua ex-namorada.

Eu senti o estômago revirar. Já conhecia esse jogo dela. Ela ainda achava que podia mexer comigo. Mas o problema é que agora ela estava no lugar errado. Eu tinha a mente ocupada com alguém que não era ela.

— Sophie, se você está aqui por causa de alguma pendência, pode falar. Caso contrário, vou pedir pra você sair. Não tenho paciência para joguinhos.

Ela suspirou, claramente ofendida, mas, ao invés de sair, decidiu insistir. Ela se inclinou um pouco na cadeira, e, de um jeito meio cínico, falou:

— Sempre tão direto, né, Everton? Eu só queria saber se você ainda sente alguma coisa por mim.

Meu sangue ferveu, mas eu mantive o controle. Não queria dar a ela a satisfação de me ver perder a calma. Ela poderia estar tentando me provocar, mas o jogo dela já não me envolvia mais.

Olhei para ela, e com um sorriso de escárnio, disse:

— Sophie, você nunca foi minha prioridade. E você nunca vai ser. Então, para de perder tempo. A única coisa que eu quero agora… é resolver o que está pendente com outra pessoa.

Ela, sem dúvida, não gostou da resposta. Mas, ao menos, percebeu que o jogo dela não ia mais funcionar.

Eu já tinha outra pessoa na cabeça. E, no momento, Sophie não era mais nada.

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