Anthony Narrando O carro estacionou em frente à pista do hangar particular. Desliguei o motor e me virei lentamente para Ana Kelly, observando cada detalhe do rosto dela, tentando guardar tudo na memória.— Você confia em mim, amor? — perguntei, segurando o rosto dela com carinho, antes de embarcar.— Confio, Anthony. — ela respondeu com os olhos marejados, mas firme. — Vai, vai ser rápido. Eu te espero.Soltei um sorriso contido e me aproximei, beijando de leve o canto da boca dela.— Então fica tranquila. Eu vou ser rápido, ágil e logo tô de volta. É por nós.Ela tocou meu rosto com carinho e respondeu baixinho:— Por nós.O beijo que demos em seguida foi calmo, cheio de saudade antes mesmo da partida. Mais do que uma despedida, foi uma promessa.Prometi que voltaria logo. E que não havia outra mulher no mundo além dela. Porque era verdade.Eu sabia que deixar Ana Kelly ali no aeroporto me olhando com aqueles olhos cheios de amor e preocupação ia me perseguir o resto do voo. O beij
Ana Kelly Narrando Por fora, eu mantive a postura. Firme, decidida, serena. Mas por dentro… meu coração tava em guerra. Eu sabia o que precisava fazer. Eu podia fingir que confiava cem por cento, podia tentar ignorar o incômodo, mas aquela viagem... aquela mulher… não dava.Foi a senhora Luísa quem percebeu primeiro. Estávamos na varanda da casa dos pais do Anthony quando ela me olhou daquele jeito de mãe experiente e perguntou:— Por que você tá com esse olhar distante, Ana? Vai me dizer que tá tudo bem?Eu sorri fraco. O senhor Carter se aproximou, trazendo um chá, como se já soubesse que o papo ia ser longo.— A verdade é que eu não vou conseguir ficar em paz enquanto ele estiver lá com ela — desabafei.— A gente sabe — disse ele, firme. — Também não estamos confortáveis com isso. Mas você conhece o Anthony. Ele preferiu te preservar. Sabia que a presença da Bárbara poderia te incomodar. Ele quis evitar uma exposição desnecessária.— Mas é a minha paz que tá em jogo — rebati. — Eu
Ana Kelly Narrando Ele me puxou pela cintura com aquele jeito possessivo que só ele tem, me fazendo colar no peitø quente e úmido dele.— Eu ainda tô tentando acreditar que você tá mesmo aqui… — ele murmurou, encostando a testa na minha.— Pois acredita. Porque eu vim pra te lembrar quem é que dorme do teu lado todas as noites.O sorriso dele foi lento, cheio de admiração. As mãos deslizaram pela minha cintura, me apertando como se quisesse confirmar que eu era real. Nos beijamos devagar no início, como quem mata a saudade aos poucos. Mas logo virou urgência, intensidade, aquele tipo de beijo que parece que o mundo pode acabar ali e nada mais importa.— Você tem noção do quanto eu senti tua falta nesses dois dias? — ele perguntou entre um beijo e outro, me empurrando devagar até a cama.— Então mostra — provoquei, puxando ele pela nuca.Caímos sobre os lençóis como dois adolescentes apaixonados, rindo, se tocando, se descobrindo de novo. As mãos dele percorriam meu corpo com aquele j
Anthony Narrando Eu ainda tava ali, deitado, respirando fundo, tentando entender como essa mulher conseguia me deixar fora de mim desse jeito. A Ana tinha esse poder… esse fogo que me queimava inteiro.Ela se ajeitou ao meu lado, com aquele olhar provocante que me desmontava. Meu corpo ainda tava quente, mas minha vontade por ela só aumentava.— Vem cá, dona Kelly… — falei, passando a mão pela coxa dela. — Sobe aqui… quero ver você me cavalgar.Ela mordeu o lábio e arqueou uma sobrancelha.— É assim que você me quer agora? De comando?— Sempre te quis assim… no controle, mas só até eu tomar de volta — falei, puxando ela mais pra perto.Ela montou devagar, com aquele rebolado lento, encaixando o quadril com precisão. Meus olhos cravados nos dela.— Gostando da vista, Sr. Carter? — ela perguntou, arrastando a unha no meu peito.— A melhor vista do mundo… — gemi, segurando a cintura dela. — Vai, me enlouquece, do jeitinho que você sabe.Ela começou a se mover devagar, gemendo baixinho,
Ana Kelly Narrando Saímos do banheiro enrolados nas toalhas, ele atrás de mim, com os braços firmes ao redor da minha cintura, o corpo quente colado no meu. A pele dele cheirava a sabonete e desejo, e eu me sentia completamente envolvida naquele homem.Abri a porta do quarto com cuidado, já indo em direção à mala que eu deixara perto da entrada, mas Anthony me puxou com força.— Ei… aonde você pensa que vai assim, só de toalha? — ele perguntou, com um sorriso safado.— Pegar minha mala, né? — respondi rindo. — Ou você acha que eu vou sair por aí nua em Florença?Ele me puxou pela cintura e me jogou na cama com carinho.— Deixa que eu pego. Você vai descansar enquanto eu escolho uma roupa linda pra minha mulher.Fiquei observando ele abrir as malas, mexer nas minhas roupas com uma intimidade gostosa. Em seguida, abriu a dele, tirou uma camisa social clara, calça jeans escura, e foi até mim com uma peça de roupa em cada mão.— Veste essa aqui. Vai ficar perfeita em você. — disse, os ol
Anthony NarrandoEu, Anthony Carter, 35 anos, CEO de uma das maiores empresas de tecnologia do país, sou conhecido por ser implacável. Não por prazer, mas porque aprendi, desde cedo, que a vida não tem piedade. Meu pai, Richard Carter, não teve a menor cerimônia em me ensinar isso. E eu aprendi bem a lição. O mundo é uma selva, e quem vacila morre. Simples assim.Minha empresa, minha reputação, meu controle — isso não está à venda. E a traição? Não, eu não tolero traição. Não aquelas dramáticas, que os tolos se apaixonam, mas as reais, as de quem se volta contra você. Lealdade é tudo. Ou você é meu, ou você não é.Foi isso que me fez quase explodir quando Carla entrou na minha sala com aquele semblante fechado. Sabia que algo estava errado antes mesmo dela abrir a boca. Ela entrou com aquela pasta nas mãos, o semblante sério demais, e o ar estava pesado.— Desculpe, Anthony, mas... preciso conversar com você.Eu a olhei com desconfiança. Carla sempre foi a mais eficiente, a mais leal,
Anthony NarrandoO silêncio entre mim e Bárbara era quase tão grande quanto a merda que ela acabara de presenciar.— Você precisa superar isso. Ela não é a primeira a te deixar, e não será a última. — Bárbara soltou, quebrando o silêncio.— Se veio aqui pra dar lição de moral, a porta é a mesma por onde Carla saiu. — Firmei a voz, e ela revirou os olhos.Bárbara sorriu de lado, aquele maldito sorrisinho de quem acha que entende tudo.— Um dia você vai perceber que não pode controlar tudo. Mas talvez seja tarde demais quando isso acontecer. — Ela se virou para a porta.— Some logo da minha frente. — Cuspi as palavras.Ela saiu, e a única coisa que ficou foi o barulho do meu próprio sangue fervendo.Meu maxilar travava. Minhas mãos fechavam com tanta força que as unhas quase rasgavam a pele. O gosto amargo da traição de Carla ainda queimava minha língua.Odiava perder. E odeio ainda mais perder pra alguém que não merece.Levantei bruscamente, empurrando a cadeira para trás. Fui até a ja
Ana Kelly NarrandoO vento frio da cidade me atingiu assim que desci do ônibus. A sensação era de que o mundo ao meu redor era maior do que eu conseguiria lidar. Meu nome é Ana Kelly, tenho 25 anos. Até ontem eu tinha um emprego, hoje eu sou uma turista, morena, de cabelos negros e longos, um corpo que, dentro dos seus padrões, pode até chamar atenção.Mas, vim de um relacionamento abusivo. Na verdade, o motivo de eu estar aqui, nesta cidade, é porque precisava deixar o passado para trás e dar a volta por cima.Prédios altos se erguiam, suas sombras cobrindo as calçadas apressadas, e o som incessante de carros e buzinas me deixava levemente tonta. “Bem-vinda à metrópole”, pensei, tentando reunir coragem para dar meu primeiro passo naquele novo cenário.Uníca coisa feliz nesta cidade nova, é Karen, minha melhor amiga, ela conseguiu um quarto para mim em seu apartamento minúsculo. O plano é simples: eu ficarei aqui até encontrar um emprego e estabilizar minha vida.Saí dos meus pensame