Bárbara Narrando Férias forçadas. Foi assim que ele chamou. Ou eu aceitava os quinze dias de afastamento ou assinava minha carta de demissão ali mesmo, na frente da assistente do senhor Carter e da nova "gestora" — aquela tal de Ana Kelly. Claro que eu aceitei as férias. Primeiro, porque eu conheço a empresa melhor do que qualquer um ali. Segundo, porque eles não têm peito pra me demitir. E sabem por quê? Porque treinar alguém pra ocupar o meu lugar levaria meses. Meses que eles não têm, ainda mais agora, com a tal viagem internacional batendo na porta. Mas isso não significa que eu aceitei calada. Me afastaram pra quê? Pra dar espaço pra ela. A queridinha do chefe. A nova namoradinha do Anthony. A moça doce, de cabelo bem escovado e olhinho brilhando como se tivesse saído de um comercial de margarina. Ana Kelly. Sério? Voltei há dois dias. E desde então, venho observando tudo. Eles achavam que eu ia voltar de cabeça baixa, né? Que ia sorrir e aceitar que a princesinha assumiu o
Ana Kelly Narrando O sol mal tinha dado as caras e eu já tava com o coração apertado. A mala dele tava pronta no quarto, e o clima da casa parecia mais gelado do que de costume. Eu tentava me ocupar com qualquer coisa: mexia na fruteira, ajeitava uma almofada que não tava torta, passava pano onde já tava limpo. Mas nada me tirava essa sensação de que alguma coisa ruim tava prestes a acontecer.— Vai rasgar o chão desse jeito, Ana — disse a Luísa, com a voz calma e aquele sorrisinho de quem já viu muita coisa na vida.Ela tava encostada na bancada da cozinha, com uma xícara de café na mão, me olhando como se lesse cada pensamento meu.— Não é nada — tentei disfarçar, mesmo sabendo que não ia adiantar com ela.— É sim — ela insistiu, dando um gole no café. — Tô vendo na sua cara. Tá tensa desde ontem. É por causa da viagem?Suspirei e sentei à mesa, largando os talheres que eu nem precisava arrumar. Olhei pra ela e assenti, sem enrolar.— É. Essa viagem de negócios... fora do Brasil. N
Anthony Narrando O carro estacionou em frente à pista do hangar particular. Desliguei o motor e me virei lentamente para Ana Kelly, observando cada detalhe do rosto dela, tentando guardar tudo na memória.— Você confia em mim, amor? — perguntei, segurando o rosto dela com carinho, antes de embarcar.— Confio, Anthony. — ela respondeu com os olhos marejados, mas firme. — Vai, vai ser rápido. Eu te espero.Soltei um sorriso contido e me aproximei, beijando de leve o canto da boca dela.— Então fica tranquila. Eu vou ser rápido, ágil e logo tô de volta. É por nós.Ela tocou meu rosto com carinho e respondeu baixinho:— Por nós.O beijo que demos em seguida foi calmo, cheio de saudade antes mesmo da partida. Mais do que uma despedida, foi uma promessa.Prometi que voltaria logo. E que não havia outra mulher no mundo além dela. Porque era verdade.Eu sabia que deixar Ana Kelly ali no aeroporto me olhando com aqueles olhos cheios de amor e preocupação ia me perseguir o resto do voo. O beij
Ana Kelly Narrando Por fora, eu mantive a postura. Firme, decidida, serena. Mas por dentro… meu coração tava em guerra. Eu sabia o que precisava fazer. Eu podia fingir que confiava cem por cento, podia tentar ignorar o incômodo, mas aquela viagem... aquela mulher… não dava.Foi a senhora Luísa quem percebeu primeiro. Estávamos na varanda da casa dos pais do Anthony quando ela me olhou daquele jeito de mãe experiente e perguntou:— Por que você tá com esse olhar distante, Ana? Vai me dizer que tá tudo bem?Eu sorri fraco. O senhor Carter se aproximou, trazendo um chá, como se já soubesse que o papo ia ser longo.— A verdade é que eu não vou conseguir ficar em paz enquanto ele estiver lá com ela — desabafei.— A gente sabe — disse ele, firme. — Também não estamos confortáveis com isso. Mas você conhece o Anthony. Ele preferiu te preservar. Sabia que a presença da Bárbara poderia te incomodar. Ele quis evitar uma exposição desnecessária.— Mas é a minha paz que tá em jogo — rebati. — Eu
Ana Kelly Narrando Ele me puxou pela cintura com aquele jeito possessivo que só ele tem, me fazendo colar no peitø quente e úmido dele.— Eu ainda tô tentando acreditar que você tá mesmo aqui… — ele murmurou, encostando a testa na minha.— Pois acredita. Porque eu vim pra te lembrar quem é que dorme do teu lado todas as noites.O sorriso dele foi lento, cheio de admiração. As mãos deslizaram pela minha cintura, me apertando como se quisesse confirmar que eu era real. Nos beijamos devagar no início, como quem mata a saudade aos poucos. Mas logo virou urgência, intensidade, aquele tipo de beijo que parece que o mundo pode acabar ali e nada mais importa.— Você tem noção do quanto eu senti tua falta nesses dois dias? — ele perguntou entre um beijo e outro, me empurrando devagar até a cama.— Então mostra — provoquei, puxando ele pela nuca.Caímos sobre os lençóis como dois adolescentes apaixonados, rindo, se tocando, se descobrindo de novo. As mãos dele percorriam meu corpo com aquele j
Anthony Narrando Eu ainda tava ali, deitado, respirando fundo, tentando entender como essa mulher conseguia me deixar fora de mim desse jeito. A Ana tinha esse poder… esse fogo que me queimava inteiro.Ela se ajeitou ao meu lado, com aquele olhar provocante que me desmontava. Meu corpo ainda tava quente, mas minha vontade por ela só aumentava.— Vem cá, dona Kelly… — falei, passando a mão pela coxa dela. — Sobe aqui… quero ver você me cavalgar.Ela mordeu o lábio e arqueou uma sobrancelha.— É assim que você me quer agora? De comando?— Sempre te quis assim… no controle, mas só até eu tomar de volta — falei, puxando ela mais pra perto.Ela montou devagar, com aquele rebolado lento, encaixando o quadril com precisão. Meus olhos cravados nos dela.— Gostando da vista, Sr. Carter? — ela perguntou, arrastando a unha no meu peito.— A melhor vista do mundo… — gemi, segurando a cintura dela. — Vai, me enlouquece, do jeitinho que você sabe.Ela começou a se mover devagar, gemendo baixinho,
Ana Kelly Narrando Saímos do banheiro enrolados nas toalhas, ele atrás de mim, com os braços firmes ao redor da minha cintura, o corpo quente colado no meu. A pele dele cheirava a sabonete e desejo, e eu me sentia completamente envolvida naquele homem.Abri a porta do quarto com cuidado, já indo em direção à mala que eu deixara perto da entrada, mas Anthony me puxou com força.— Ei… aonde você pensa que vai assim, só de toalha? — ele perguntou, com um sorriso safado.— Pegar minha mala, né? — respondi rindo. — Ou você acha que eu vou sair por aí nua em Florença?Ele me puxou pela cintura e me jogou na cama com carinho.— Deixa que eu pego. Você vai descansar enquanto eu escolho uma roupa linda pra minha mulher.Fiquei observando ele abrir as malas, mexer nas minhas roupas com uma intimidade gostosa. Em seguida, abriu a dele, tirou uma camisa social clara, calça jeans escura, e foi até mim com uma peça de roupa em cada mão.— Veste essa aqui. Vai ficar perfeita em você. — disse, os ol
Anthony NarrandoEu, Anthony Carter, 35 anos, CEO de uma das maiores empresas de tecnologia do país, sou conhecido por ser implacável. Não por prazer, mas porque aprendi, desde cedo, que a vida não tem piedade. Meu pai, Richard Carter, não teve a menor cerimônia em me ensinar isso. E eu aprendi bem a lição. O mundo é uma selva, e quem vacila morre. Simples assim.Minha empresa, minha reputação, meu controle — isso não está à venda. E a traição? Não, eu não tolero traição. Não aquelas dramáticas, que os tolos se apaixonam, mas as reais, as de quem se volta contra você. Lealdade é tudo. Ou você é meu, ou você não é.Foi isso que me fez quase explodir quando Carla entrou na minha sala com aquele semblante fechado. Sabia que algo estava errado antes mesmo dela abrir a boca. Ela entrou com aquela pasta nas mãos, o semblante sério demais, e o ar estava pesado.— Desculpe, Anthony, mas... preciso conversar com você.Eu a olhei com desconfiança. Carla sempre foi a mais eficiente, a mais leal,