Surpreendida

Quando finalmente terminaram de organizar as vacinas, já era tarde.

Cecília foi até o vestiário, tomou um banho rápido e trocou o jeans e jaleco por um vestido negro, justo e curto, que ressaltava suas curvas.

Sabia que era uma escolha ousada, mas não se importava.

Precisava se sentir forte e confiante ,mesmo que fosse só na aparência.

Caminhou até o ponto de ônibus, como fazia todos os dias, mas dessa vez algo a incomodava.

O silêncio da rua estava pesado, e ela percebeu que um carro vinha lentamente logo atrás dela.

Seu coração disparou. Seria Tiago?

Ela apertou o passo, mas o carro continuava a segui-la, sem pressa.

O medo a consumia, seus pensamentos corriam soltos.

Será que. ele havia descoberto onde ela trabalhava?

Quando finalmente parou no ponto de ônibus, o carro estacionou ao lado.

Cecília congelou, o medo de ser Tiago a paralisava.

Ela estava petrificada, o pavor apertando seu peito como uma corrente invisível.

Mas, para sua surpresa, quem ela menos esperava estava ali, na sua frente.

Quando Gael desceu do carro, a tensão que percorria seu corpo se transformou em algo completamente diferente.

Ele a olhava com aquela intensidade que fazia suas pernas tremerem. O coração dela ainda martelava no peito, mas agora por razões que ela não conseguia explicar, ou talvez não quisesse admitir.

___ O que você está fazendo aqui? — Cecília perguntou, a voz trêmula, tentando disfarçar o choque de vê-lo.

Gael se aproximou lentamente, o olhar penetrante e os lábios curvados em um sorriso enigmático. Ele parou diante dela, tão perto que ela podia sentir o calor que emanava do corpo dele.

____ Sinceramente? É isso que eu me perguntava enquanto dirigia até aqui. Tudo o que eu sei é que, desde ontem, quando você cuidou do meu ferimento naquele hospital e depois de me enfrentar novamente eu a beijei,eu reconheço que fui muito rude com você e estou aqui para corrigir esse erro.Acho que é por isso que você não sai da minha cabeça.

As palavras dele fizeram um arrepio percorrer a espinha de Cecília, um misto de medo e desejo.

Ela sentiu suas bochechas corarem, mas manteve a postura firme.

— Já eu nem lembrava que você esteve lá. Agora, quer por favor entrar no seu carro importado e voltar de onde veio? Esse bairro e nem eu temos algo a ver com um bilhionario como o senhor .

Gael riu suavemente, mas não havia humor em seus olhos.

Ele deu um passo à frente, diminuindo ainda mais a distância entre eles.

___ Acha mesmo que eu me desloquei do Leblon até aqui para nada? Com certeza você não faz ideia com quem está lidando, menina.

____ Entra no carro. Eu te levo para casa,veja isso como um pedido de desculpa para alguém que cuidou tão bem de mim ,alias o meu medico partícular disse que você fez um excelente trabalho e realmente não havia necessidade de dar pontos no ferimento

Ele disse, e no começo a sua voz autoritária, soava como se suas palavras fossem uma ordem, não uma sugestão.

Cecília cruzou os braços, erguendo o queixo em desafio.

____ Primeiramente, eu deixei de ser menina há muito tempo. E acho que já deixei bem claro que não vou a lugar nenhum com você.

Gael franziu a testa, sua paciência claramente se esgotando.

Ele não estava acostumado a ser contrariado.

Sempre teve as coisas à sua maneira, e as pessoas ao seu redor sabiam que desafiá-lo era uma péssima ideia.

___Você realmente gosta de me desafiar — a voz dele estava mais baixa, perigosa.

Cecília manteve-se firme, mas seu coração batia com força no peito.

Algo lhe dizia que Gael não era um homem com quem se devia brincar, mas também não era alguém que ela permitiria controlar sua vida.

___ E você realmente acha que pode mandar em mim, e olha que faz apenas 24 horas que nos conhecemos

.Gael soltou um suspiro frustrado e, antes que Cecília pudesse reagir, ele a agarrou pelo braço com firmeza e, em um movimento rápido, jogou-a sobre o ombro.

Ela gritou, espantada e revoltada, batendo com os punhos nas costas dele, enquanto ele caminhava em direção ao carro.

____ Me solta! Você é louco?! Me coloca no chão agora! — Cecília gritava, mas ele parecia indiferente aos protestos dela.Alguns pedestres que passavam pela rua olharam a cena, mas ninguém interveio, achando que era apenas uma briga de casal.

A adrenalina de Cecília subia a cada segundo, mas ela estava impotente.

Gael abriu a porta do carro e a colocou dentro, fechando a porta com força antes de entrar no lado do motorista e travar as portas.

____ Você está louco? Isso que está fazendo é sequestro! Eu vou ligar agora mesmo para a polícia — ameaçou Cecília com raiva, pegando seu celular na bolsa, mas, para seu azar, ele estava sem bateria. Ela havia esquecido de carregá-lo.

____ O que foi? Desistiu de cumprir sua ameaça? Ou chegou à conclusão de que, se fizesse isso, só iria perder seu tempo? — Gael disse, sua voz cheia de ironia, enquanto mantinha os olhos na estrada. O tom arrogante dele fez o sangue de Cecília ferver, mas ela lutou para não deixar a raiva transparecer demais.

___Nem uma coisa, nem outra. Meu celular está sem bateria. Mas por que diz que seria tempo perdido? — retrucou Cecília, tentando manter a calma, mesmo com o medo e a frustração borbulhando em seu peito.

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