A tristeza nas palavras de Cecília era evidente. Ela queria desesperadamente que as coisas fossem diferentes, que Gael a visse como mais do que um objeto, mas sabia que a realidade era cruel. Dona Lourdes segurou a mão de Cecília, apertando-a com força. — Minha filha, você não precisa passar por isso sozinha. Eu e seu avô estamos aqui por você, sempre. Se essa gente lá não te quer bem, você fez a coisa certa voltando pra cá. Nós vamos cuidar de você e desse bebê, e ninguém vai te obrigar a fazer nada que você não queira. Cecília sentiu uma onda de alívio ao ouvir as palavras da avó, mas a sombra da ameaça de Tiago ainda pairava sobre ela. — Tem mais uma coisa, vó... — Cecília começou a dizer, sua voz vacilando. — O Tiago... Ele me encontrou quando voltei, e ele me ameaçou. Disse que depois que meu bebê nascer, ele vai me obrigar a viver com ele. Que vai levar meu filho pra longe, e eu nunca mais vou vê-lo. Dona Lourdes levou a mão à boca, horrorizada. — Ele disse isso? — ela per
A raiva tomou conta de Gael. Ele sabia que Mayra tinha razão em parte. Ele precisava fechar aquele acordo, precisava garantir que tudo corresse bem para expandir o nome de sua empresa . Mas cada vez que tentava se convencer de que o noivado com Mayra era o passo lógico, a imagem de Cecília voltava, mais forte, mais dolorosa. Ele lembrava de como se sentia ao lado dela, dos momentos de ternura que compartilhavam, mesmo que ele nunca tivesse admitido para si mesmo o quanto ela realmente significava. Ele se jogou na cadeira, passando a mão pelos cabelos, frustrado. — Você tem razão é Cecília que está tomando a maior parte dos meus pensamentos ,não porque a amo ,mas porque tínhamos um acordo e ela não honrou com sua palavra ,é só isso .Eu odeio pessoas que não honram sua palavra. Mayra revirou os olhos, visivelmente irritada. — Então é isso ? Aposto que está assim porque ela foi a primeira que te dispensou e por ironia da vida logo ela uma probretona que tinha que se sentir lisonj
Ela já havia sofrido quando soube do noivado dele, mas agora, com o casamento tão próximo, a dor de perder o homem que amava para outra doía ainda mais, mesmo sabendo que ele nunca a amou. Tentando conter as lágrimas, Cecília pousou o celular ao seu lado. Precisava ser forte, não só por ela, mas pela sua filha. Beatriz nasceria em breve, e ela tinha que estar preparada para enfrentar o que viesse, seja Tiago e suas ameaças, seja a dor de ver Gael feliz ao lado de outra pessoa. Enquanto as semanas avançavam, Tiago continuava a cercá-la com presentes e palavras melosas, tentando conquistar algo que Cecília jamais cederia. Ela se fechava em silêncio, ignorando cada gesto, cada insinuação. A única coisa que a mantinha firme era a promessa que fizera a si mesma de proteger sua filha a todo custo. Naquela noite, sozinha no quarto, Cecília acariciava sua barriga enquanto murmurava para a pequena Beatriz: — Prometo que vou te proteger de tudo, meu amor. Ninguém vai nos separar. Eu vou ser
Cecília respirava fundo, o coração acelerado desde o momento em que fechara a porta, limpando os lábios com as costas da mão, enojada pelo toque de Tiago. "Em breve, tudo isso vai acabar", ela murmurava para si mesma, tentando acalmar a tempestade dentro de seu peito. Tiago acreditava estar no controle, mas o que ele não sabia era que Cecília tinha um plano , um plano arriscado, mas a única chance que tinha de escapar dele para sempre. Nos dias seguintes, ela manteve a rotina normal, tentando não levantar suspeitas enquanto preparava a fuga cuidadosamente. Seus avós seriam os primeiros a sair, indo para São Paulo sob o pretexto de resolver questões médicas. Elisa, sua amiga da faculdade, já havia providenciado um lugar seguro para eles, uma pousada distante onde pertencia sua família e lá eles ficariam fora do alcance de Tiago. Cecília espalhou a notícia no Morro, garantindo que todos soubessem que seus avós estariam viajando para tratamento. Era o disfarce perfeito. Na manhã e
Cecília mordeu o lábio, sentindo o gosto salgado das lágrimas que começavam a descer pelo seu rosto. Ela fechou os olhos por um instante, como se tentasse reunir a coragem necessária para a próxima palavra. — Eu não vou mentir ,Sim, Gael. É seu. — As palavras saíram como um sussurro, mas eram suficientemente fortes para fazer o mundo ao redor de ambos parar. Gael ficou em silêncio por um longo momento, absorvendo a verdade. Seus olhos estavam fixos em Cecília, uma mistura de alegria e dor estampada em seu rosto. Ele deu um passo à frente, ainda processando o que aquilo significava. — Por que você não me contou? — ele perguntou, a voz suave, mas cheia de frustração. — Por que fugiu de mim ? Cecília passou as mãos pelo rosto, tentando enxugar as lágrimas que insistiam em cair. Tudo o que ela havia guardado por meses agora parecia transbordar, e manter o controle estava se tornando cada vez mais difícil. — Eu fui embora da sua casa e da sua vida porque ,eu temia que você rejeitass
Gael aproximou-se mais uma vez, agora determinado, seus olhos fixos nos dela.— Eu vou te tirar daquele morro, Cecília. Vou te tirar de lá e te dar a segurança que você e nossa filha precisam. — Ele falou com convicção, como se já estivesse fazendo planos em sua cabeça. — Mesmo que eu me case com Mayra, mesmo que o mundo inteiro diga que isso é errado, eu vou cuidar de você. E da nossa filha. É a primeira coisa que vou fazer.Cecília sentiu o coração apertar. Por um instante, a ideia de ser salva, de ter Gael ao seu lado, quase a fez ceder. Mas ela sabia que, para Gael, ela nunca seria mais do que uma sombra, uma amante escondida nas sombras de um casamento que ele parecia estar aceitando. E ela não queria viver assim.— Eu sei o que quer dizer quando se refere a cuidar de mim ,mas eu não nasci para ser amante de ninguém, Gael. — Cecília falou com uma firmeza que surpreendeu até a si mesma. — Se eu não posso te ter por inteiro, eu prefiro ficar sozinha. Não quero uma vida onde você
Cecília chegou em casa com o coração pesado, sentindo o peso de cada passo que dava dentro do pequeno barraco no alto do Morro, no Rio de Janeiro. O lugar onde sempre havia encontrado algum alívio, agora parecia sufocante, vazio. Sua avó, a única pessoa que sempre lhe oferecia um ombro para chorar, estava em São Paulo, finalmente em segurança, assim como Cecília sempre quisera. Mas, naquele momento, tudo o que queria era sua presença. Ela jogou a bolsa sobre o sofá surrado e se encostou na porta, deixando o corpo escorregar lentamente até sentar-se no chão, exausta. Sua mente rodava, repleta de pensamentos sobre Gael e a maneira como o tinha deixado para trás. Sabia que era o certo a fazer, mas isso não tornava as coisas mais fáceis. Sua melhor amiga também não estava mais no Morro. Elisa e o marido haviam se mudado para outra cidade depois que ele recebeu uma excelente proposta de trabalho. Cecília sentia falta de suas conversas, mas ao menos sabia que sua amiga estava bem longe d
As palavras de Mayra cravaram-se em Gael como farpas, alimentando uma dúvida que ele não queria ter. E se Mayra estivesse certa? E se Cecília realmente estivesse grávida de outro e usasse o bebê para manipulá-lo? Gael balançou a cabeça, tentando afastar o pensamento, mas era impossível ignorar o peso da incerteza que agora se instalava em sua mente. — Você está dizendo isso porque está com ciúmes, ou por despeito, Mayra. -A voz de Gael saiu dura, mas ele evitou olhar diretamente para ela. Seu coração estava em conflito, tentando manter a razão no meio do caos que a conversa havia provocado. Mayra, com os olhos estreitados, deu um passo à frente, seu rosto sério e determinado. — Tudo bem, eu admito que sinto algo por você, Gael. E sim, isso me faz sentir ciúmes de você, mas não é por isso que estou te alertando sobre essa garota .-Mayra falou com frieza, controlando a raiva que a dominava. — Você acha mesmo que, se ela realmente te amasse e fosse fiel como pensa, teria fugido de v