Ao sair, o cheiro forte do antisséptico começou a afetá-la. Seu estômago revirou e, antes que pudesse se controlar, uma onda de náusea a dominou. Sentiu-se tonta e mal conseguiu caminhar até o banheiro mais próximo. Lá, ajoelhou-se rapidamente, levando a mão à boca e vomitando novamente mesmo sem ainda ter ingerido alimento algum Enquanto lavava o rosto e tentava se acalmar, ouviu passos leves atrás de si. Cecília mal havia conseguido se recompor do mal-estar quando, ao sair do banheiro, deu de cara com Mayra, que a observava com uma expressão amarga, carregada de rancor. A mulher parecia estar esperando por aquele momento, e o olhar de ódio que lançou em direção a Cecília deixava claro que ela já tinha suas próprias conclusões formadas. Cecília sentiu um arrepio percorrer sua espinha. — Então eu estava certa— Mayra começou, cruzando os braços. — Eu estava suspeitando, mas agora tenho certeza. Você está grávida. Acha que não notei as mudanças no seu corpo desde que veio pa
Assim que Mayra saiu, Cecília sentiu suas forças se esvaírem. As mãos tremiam, e seu coração estava disparado. Ela sabia que precisava proteger seu bebê a qualquer custo, mas agora, mais do que nunca, tinha que encontrar uma saída segura, tanto para ela quanto para a criança que carregava. Enquanto andava pela mansão, seu pensamento voltava, incansavelmente, à mesma questão: deveria contar para Gael sobre a gravidez? Cecília sabia que, mais cedo ou mais tarde, ele descobriria. Mas a dúvida que corroía seu peito era o que ele faria com essa informação. E se ele rejeitasse a criança? E se exigisse que ela abortasse? Ela sentiu um arrepio na espinha só de imaginar essa possibilidade, mas logo firmou o pensamento. Não. Não importava o que Gael dissesse, ela não abortaria. E se ele não aceitasse o filho, se tentasse forçá-la a algo que não queria, Cecília sabia que era melhor que ele ficasse longe. Ela enfrentaria tudo, inclusive o perigo de voltar para a comunidade e encarar Tiago, pa
Cecília chegou à mansão ainda com o rosto marcado pelas lágrimas que havia chorado durante o caminho de volta. Seu coração estava despedaçado, e a sensação de humilhação era insuportável. Mal entrou em seu quarto, foi direto ao armário, suas mãos trêmulas arrancando as roupas de dentro sem pensar. Precisava sair dali. Agora. Voltaria para o Morro, mesmo que fosse perigoso. Não podia mais suportar estar sob o mesmo teto que Gael, não depois de tudo o que ouvira. Enquanto jogava suas roupas na mala, a mente fervilhava com as palavras de Gael. "É só sexo. Ela me paga indo para cama comigo " Aquilo martelava em sua cabeça como um eco doloroso e insuportável. Para Gael ela não passava de uma prostituta e era o que o avô dele deve está pensando dela agora . Ela não ia para cama com ele por causa do acordo embora isso foi o combinado entre eles ,ela ia para cama com ele porque o ama e o deseja pena que ele não se deu conta disso,ou preferia ignorar . Sentia uma mistura de raiva, tristez
Cecília chegou ao Morro com o coração acelerado, mas a determinação em seus olhos era clara. Assim que começou a subir as vielas estreitas, foi inevitável o encontro com Tiago. Ele estava encostado em um muro, cercado por seus comparsas, enquanto conversava com um grupo do “movimento”. Assim que a viu, um sorriso carregado de arrogância se formou em seus lábios. — Tá de volta pro seu lugar, hein, Cecília? — Ele disse com desdém. — Tu me poupou o trabalho de ir te buscar lá no asfalto. E te falo mais, Tu voltando para cá com suas próprias pernas tu acaba de salvar o playboy que tu tá metida .! Tu achou que ia fugir de mim? Cecília parou à sua frente, sem abaixar a cabeça. A voz dele estava carregada de ameaças, mas ela não iria ceder tão facilmente. — Eu não vou ser sua, Tiago — ela disse com firmeza, mesmo que seu coração estivesse acelerado. — Eu prefiro morrer do que ser forçada a ser a mulher de alguém que eu não amo. O olhar de Tiago ficou mais sombrio, mas Cecília contin
A tristeza nas palavras de Cecília era evidente. Ela queria desesperadamente que as coisas fossem diferentes, que Gael a visse como mais do que um objeto, mas sabia que a realidade era cruel. Dona Lourdes segurou a mão de Cecília, apertando-a com força. — Minha filha, você não precisa passar por isso sozinha. Eu e seu avô estamos aqui por você, sempre. Se essa gente lá não te quer bem, você fez a coisa certa voltando pra cá. Nós vamos cuidar de você e desse bebê, e ninguém vai te obrigar a fazer nada que você não queira. Cecília sentiu uma onda de alívio ao ouvir as palavras da avó, mas a sombra da ameaça de Tiago ainda pairava sobre ela. — Tem mais uma coisa, vó... — Cecília começou a dizer, sua voz vacilando. — O Tiago... Ele me encontrou quando voltei, e ele me ameaçou. Disse que depois que meu bebê nascer, ele vai me obrigar a viver com ele. Que vai levar meu filho pra longe, e eu nunca mais vou vê-lo. Dona Lourdes levou a mão à boca, horrorizada. — Ele disse isso? — ela per
A raiva tomou conta de Gael. Ele sabia que Mayra tinha razão em parte. Ele precisava fechar aquele acordo, precisava garantir que tudo corresse bem para expandir o nome de sua empresa . Mas cada vez que tentava se convencer de que o noivado com Mayra era o passo lógico, a imagem de Cecília voltava, mais forte, mais dolorosa. Ele lembrava de como se sentia ao lado dela, dos momentos de ternura que compartilhavam, mesmo que ele nunca tivesse admitido para si mesmo o quanto ela realmente significava. Ele se jogou na cadeira, passando a mão pelos cabelos, frustrado. — Você tem razão é Cecília que está tomando a maior parte dos meus pensamentos ,não porque a amo ,mas porque tínhamos um acordo e ela não honrou com sua palavra ,é só isso .Eu odeio pessoas que não honram sua palavra. Mayra revirou os olhos, visivelmente irritada. — Então é isso ? Aposto que está assim porque ela foi a primeira que te dispensou e por ironia da vida logo ela uma probretona que tinha que se sentir lisonj
Ela já havia sofrido quando soube do noivado dele, mas agora, com o casamento tão próximo, a dor de perder o homem que amava para outra doía ainda mais, mesmo sabendo que ele nunca a amou. Tentando conter as lágrimas, Cecília pousou o celular ao seu lado. Precisava ser forte, não só por ela, mas pela sua filha. Beatriz nasceria em breve, e ela tinha que estar preparada para enfrentar o que viesse, seja Tiago e suas ameaças, seja a dor de ver Gael feliz ao lado de outra pessoa. Enquanto as semanas avançavam, Tiago continuava a cercá-la com presentes e palavras melosas, tentando conquistar algo que Cecília jamais cederia. Ela se fechava em silêncio, ignorando cada gesto, cada insinuação. A única coisa que a mantinha firme era a promessa que fizera a si mesma de proteger sua filha a todo custo. Naquela noite, sozinha no quarto, Cecília acariciava sua barriga enquanto murmurava para a pequena Beatriz: — Prometo que vou te proteger de tudo, meu amor. Ninguém vai nos separar. Eu vou ser
Cecília respirava fundo, o coração acelerado desde o momento em que fechara a porta, limpando os lábios com as costas da mão, enojada pelo toque de Tiago. "Em breve, tudo isso vai acabar", ela murmurava para si mesma, tentando acalmar a tempestade dentro de seu peito. Tiago acreditava estar no controle, mas o que ele não sabia era que Cecília tinha um plano , um plano arriscado, mas a única chance que tinha de escapar dele para sempre. Nos dias seguintes, ela manteve a rotina normal, tentando não levantar suspeitas enquanto preparava a fuga cuidadosamente. Seus avós seriam os primeiros a sair, indo para São Paulo sob o pretexto de resolver questões médicas. Elisa, sua amiga da faculdade, já havia providenciado um lugar seguro para eles, uma pousada distante onde pertencia sua família e lá eles ficariam fora do alcance de Tiago. Cecília espalhou a notícia no Morro, garantindo que todos soubessem que seus avós estariam viajando para tratamento. Era o disfarce perfeito. Na manhã e