Mesmo tentando de todas as formas, meus olhos não conseguiam se afastar dos dele. Era como se eu estivesse presa num feitiço, incapaz de romper o contato visual. A música "Never Tear Us Apart" de Bishop Briggs começou a tocar, sua melodia intensa e melancólica ressoando pelo salão. A combinação da canção e o olhar fixo de Cadu em mim fazia meu ventre se contorcer de um jeito que eu não conseguia explicar. Era completamente insano, um misto de desejo e tensão que me consumia.Eu sabia o quanto aquilo era errado e perigoso, mas não conseguia evitar. Um sorriso escapou dos meus lábios, involuntário, e pude ver Cadu sorrir em resposta. Ele gostava do que via, e seu sorriso satisfeito deixou claro que estava adorando o jogo. Nossos olhares continuavam conectados, e era como se o tempo tivesse parado ao nosso redor.— Amiga, pelo amor de Deus, disfarça ao menos — Karen sussurrou ao meu lado, a preocupação evidente em sua voz.Eu a encarei, furiosa. — A culpa é toda sua, Karen! O que deu na
Emily...Bernardo caminhava rapidamente, praticamente me arrastando pelo corredor do hotel. Tentei acompanhar seu passo acelerado, mas era difícil não tropeçar em meus próprios pés enquanto ele me puxava. Saímos para o lado de fora, onde o ar frio da noite me atingiu como um tapa. Ele me levou até um canto próximo à escadaria, onde o movimento era menor. Olhou ao redor, cumprimentando algumas pessoas que passavam com aquele sorriso cativante que ele sabia usar tão bem quando conveniente. Mas, assim que seu olhar se voltou para mim, toda a simpatia desapareceu, dando lugar a uma expressão sombria e irritada.— Com quem pensa que está falando? — rosnou, sua voz baixa e ameaçadora, os olhos queimando de impaciência. — Acha que pode falar comigo de qualquer jeito?Senti um calafrio percorrer minha espinha. — Eu só disse que você poderia...— Não faça eu perder a paciência com você na frente de todos, Emily — ele me interrompeu, agarrando meu braço com força. Seus dedos cravaram em minha p
Emily...Retornamos ao salão, o ambiente ainda vibrando com a energia do Ano Novo. As luzes suaves refletiam no chão polido e as conversas e risos das pessoas ao redor se misturavam ao som da música de fundo. Cadu, com seu jeito confiante, nos convidou para uma área mais reservada, um canto discreto com sofás confortáveis e iluminação mais baixa, onde o clima era mais íntimo. Ele nos acomodou em um dos sofás, e logo notei Bernardo continuando sua troca de olhares com a loira do outro lado do salão. Ela, sem nenhum pudor, sorria para ele de volta, sua expressão carregada de uma intenção que qualquer um podia perceber.— Meu amor, vou lá fora fumar. Não demoro — Bernardo disse, levantando-se com um sorriso que eu sabia ser falso.— Tudo bem — respondi, forçando uma expressão neutra. Ele se afastou, caminhando em direção à saída. A loira, mal esperou ele se mover e o seguiu com passos rápidos. Neguei com a cabeça, sentindo o cansaço emocional começar a pesar. Peguei meu celular, abrindo
Emily...Momentos depois, o ambiente ao nosso redor estava cheio de murmúrios e risadas, enquanto continuávamos a conversar. As luzes suaves do salão criavam um jogo de sombras nas paredes, e a música de fundo adicionava uma melodia envolvente ao cenário. Estávamos distraídos, conversando sobre uma série de assuntos. Durante o bate-papo, descobri algo que me deixou surpresa: Cadu não era apenas um hóspede no hotel, mas sim o dono. Isso me pegou de surpresa e, imediatamente, percebi o peso da informação. A situação era ainda mais complicada do que eu pensava; ele poderia aparecer na cidade com muito mais frequência do que eu havia imaginado.Enquanto ele falava, seus olhos continuavam a buscar os meus, e cada vez que nossos olhares se encontravam, um arrepio percorria minha pele. Era uma reação involuntária, um reflexo que eu não conseguia controlar. O olhar de Cadu era intenso, magnético, e eu sabia que esse era o meu ponto fraco. Sorríamos discretamente sempre que nos pegávamos olhan
Emily...Bernardo e eu continuamos caminhando até o carro em silêncio, a tensão entre nós era quase palpável. O ar da noite estava frio, mas o que realmente me fazia arrepiar não era a temperatura. Ele abriu a porta do passageiro para mim, e eu entrei, sentindo meu coração bater forte no peito. O silêncio entre nós continuou, denso e pesado. Depois de alguns minutos de estrada, Bernardo finalmente quebrou o silêncio. — Você vai dormir na minha casa hoje — afirmou, o tom de voz autoritário, como se fosse uma ordem e não um convite.Respirei fundo, mantendo a calma. — Estou cansada, Bernardo. Além disso, não avisei minha mãe que dormiria fora. Preciso ir para casa.Ele bufou, irritado. — Desde quando você precisa pedir permissão à sua mãe para dormir comigo? — Ele me lançou um olhar de canto, cheio de desdém.Tentei manter um tom conciliador. — A noite foi agradável, Bernardo. Vamos não estragar isso agora. Podemos evitar brigar.Ele riu, mas não era um riso divertido. — Quem gosta de
Carlos...Depois que Emily e o namorado saíram, o salão continuou a pulsar com a música e o burburinho das conversas. Pessoas dançavam, riam e brindavam ao novo ano. Mas, para mim, o brilho da festa parecia ter diminuído. Meu foco estava em outro lugar, ou melhor, em outra pessoa. Bia, ao meu lado, não perdia tempo tentando chamar minha atenção. Estava impaciente e insistente como sempre. — Cadu, vamos para outro lugar? — ela sugeriu novamente, sua voz melodiosa tentando soar sedutora. — Já estou cansada desse lugar. A festa está meio chata.Olhei para ela, um sorriso de canto nos lábios, mas sem o entusiasmo que ela esperava. — Vai se divertir, Bia. Tem muita festa aqui para você aproveitar ainda — respondi, já meio cansado da sua insistência. Meu interesse estava em outro lugar, e Bia podia sentir isso.Ela fez um beicinho, claramente irritada por não estar conseguindo o que queria. — Você está sendo um chato, Cadu — retrucou, cruzando os braços e se afastando. Eu suspirei e tomei
Carlos...Enquanto eu empurrava Bia suavemente para dentro do quarto, a tensão entre nós crescia de forma palpável. A porta se fechou atrás de nós, e Bia não perdeu tempo. Ela me puxou para um beijo mais intenso, cheio de urgência, suas mãos deslizando pelo meu blazer, desabotoando-o rapidamente. Por um momento, deixei-me levar. Havia algo familiar na maneira como ela se movia contra mim, como se estivéssemos dançando um passo que conhecíamos muito bem.Minhas mãos desceram pela curva das suas costas, puxando-a para mais perto, sentindo seu corpo se moldar ao meu. Ela gemeu baixo contra meus lábios, suas mãos explorando meu peito, enquanto retirava minha camisa. — Finalmente, Carlos... — ela murmurou, sua voz rouca e cheia de desejo. Senti seu corpo se arquear em direção ao meu, buscando mais contato, e eu a pressionei contra a parede, intensificando o beijo.Por alguns minutos, deixei o desejo nos guiar. Minhas mãos exploravam seu corpo com familiaridade, deslizando por suas curvas,
Dias depois da noite de réveillon, eu ainda não conseguia tirar Emily da cabeça. Era como se ela tivesse se infiltrado nos meus pensamentos, se tornando uma presença constante que não me deixava em paz. Cada detalhe da nossa noite juntos a dois anos atrás, cada sorriso, cada toque, voltava com força total e eu me pegava ansiando por um reencontro decente. A semana se arrastou e a expectativa de vê-la novamente só aumentava. O restaurante onde ela trabalhava estava fechado para férias coletivas, o que só tornava tudo ainda mais insuportável. Uma semana pareceu um ano.Quando finalmente o dia chegou. Estacionei meu carro no estacionamento do restaurante onde ela trabalhava. Tinha combinado de almoçar com meu irmão, César, mas claro que isso era apenas uma desculpa. Poderíamos facilmente ter ficado no hotel, onde a comida era maravilhosa, mas eu não esperei todos esses dias à toa. Eu precisava vê-la.Cheguei alguns minutos mais cedo de propósito, na esperança de falar com ela antes de me