— Por que não me avisou que era ele? — perguntei para Karen assim que retornei à recepção, ainda sentindo o coração acelerado depois de minha interação com Cadu. Precisava de um momento para recompor meus pensamentos, que estavam uma verdadeira bagunça. Respirei fundo e o encarei mais uma vez, tentando entender como aquele homem conseguia me deixar tão fora de mim. Peguei minha garrafa de água e dei um grande gole, na esperança de acalmar meu coração inquieto.— Ele te deixa nervosa de um jeito que eu adoro — Karen brincou, seu tom divertido. Eu a encarei, em advertência.— É a mais pura verdade, não adianta me olhar assim, amiga — continuou, rindo de leve. — Seu nervosismo está praticamente estampado no seu rosto, mas é de um jeito bom.Suspirei profundamente, sentindo a tensão nos meus ombros. — Preciso que chegue logo o horário do meu almoço.Karen deu uma risadinha, inclinando-se contra o balcão. — Não consegue parar de olhar para ele, né? Estou sentindo daqui o tesão entre vocês.
Antes que eu pudesse responder, ele olhou ao redor e, num movimento rápido, me empurrou suavemente até o banheiro feminino. Meu coração disparou, e um sorriso ansioso escapou dos meus lábios. Cadu trancou a porta e me encostou contra a parede fria, seus olhos famintos encontrando os meus. Minha respiração estava descontrolada; eu não sabia como agir.— O que está fazendo? — sussurrei, tentando soar segura, mas a ansiedade era evidente.— Algo que você deseja tanto quanto eu — respondeu ele, sem dar espaço para discussão. Em seguida, ele segurou meu rosto e pressionou seus lábios nos meus com urgência.Era errado. Completamente imprudente. Mas eu não conseguia controlar o que sentia. Não recuei; pelo contrário, correspondi ao beijo com um desejo intenso, quase desesperado. A química entre nós era avassaladora, e eu me perdi naquele momento. Nossas línguas se entrelaçavam de maneira selvagem, e o som de nossos beijos ecoava pelo banheiro.As mãos de Cadu exploravam meu corpo com ousadia
— Confessa — ouvi meu irmão César dizer de repente, enquanto eu estava observando Emily. Sua voz me tirou do meu transe, e eu me virei para encará-lo. — Você está muito afim da moça? — Ele falou com um sorriso divertido, como se soubesse mais do que eu estava disposto a admitir.Suspirei, sabendo que ele não largaria do meu pé tão fácil. — Eu estou mesmo afim dela, muito — admiti, sem rodeios. César soltou uma risadinha e balançou a cabeça.— O que foi? — perguntei, sem entender o motivo de tanto divertimento.— Você está mais que afim, está obcecado — ele provocou, ainda rindo.Revirei os olhos, tentando não demonstrar o quanto aquelas palavras me incomodavam. — Não sei se é para tanto, César. Ela é bonita e eu sinto um desejo surreal por ela, mas isso não significa que estou obcecado.César riu de novo, balançando a cabeça como se eu fosse um tolo. — Não se engane, irmão. Você está bem envolvido. Não vai demorar muito até você estar passeando de mãos dadas com ela e a apresentando p
Caminhamos em direção à recepção, e minha curiosidade aumentou ao ver o rapaz se aproximando de Emily, a conversa fluindo naturalmente entre eles. Cheguei a ouvir partes da conversa.— Você é realmente maravilhosa, Emi — o rapaz dizia com um sorriso fácil.— Ele é demais, não é? — Emily respondeu, amável, e Karen sorriu ao lado dela.— Boa tarde, foram bem atendidos? — Karen perguntou a mim, um brilho de travessura em seus olhos. Emily, ao ouvir sua voz, virou-se e encontrou meu olhar, ficando um pouco mais séria.Ela se afastou um pouco para me dar espaço para me aproximar do balcão da recepção. — Boa tarde, sim, estava tudo perfeito, muito obrigado — meu irmão respondeu, simpático, enquanto eu permanecia em silêncio, observando.— Karen, eu já volto — Emily disse calmamente, olhando de relance para o rapaz. Ele deu um passo em direção à saída, e ela o seguiu.— Emily — chamei, minha voz firme o suficiente para fazê-la parar e se virar para mim. — Posso falar um minuto com você?Ela
Eu estava decidida a terminar com Bernardo. Não queria continuar presa a alguém apenas por medo. Minha filha merecia crescer longe de um homem como ele, com suas atitudes manipuladoras e ameaçadoras. E, acima de tudo, eu não queria que ele tivesse qualquer influência na vida dela. Precisava encontrar coragem para enfrentá-lo e acabar de vez com essa situação.Não estava agindo por impulso. Há tempos tentava sair desse relacionamento sufocante e o retorno de Cadu apenas confirmou que eu precisava tomar uma atitude, eu não o amava e vivia com medo, não é o que eu quero. Chega de me submeter a esse tipo de relacionamento, onde não existia respeito, carinho ou felicidade. Bernardo não me respeitava. Trata-me com desdém e faz com que eu sinta medo constantemente. Permanecer nesse relacionamento por covardia era injusto comigo mesma e, principalmente, com minha filha.— Você quer que eu entre com você? — Karen perguntou, interrompendo meus pensamentos enquanto eu olhava pela janela do carro
Bernardo respirou fundo, esfregando a cabeça, tentando se acalmar. — Porque você precisa ser tão teimosa, Emily? — Ele mudou de tática, suavizando a voz. — Eu já pedi desculpas, o que você queria? Eu sou homem, e tem dias que você arruma desculpas para não transar comigo. Eu sinto desejos, meu amor.— Você sabe que esse não é o único problema. Mas não vou mais discutir. Eu só quero que você entenda que acabou — falei com firmeza, cansada daquela conversa.— Eu posso te dar um tempo. Você só está chateada, e eu tenho certeza de que logo essa raiva vai passar.— Eu não quero tempo.— Estou tentando ser gentil com você, Emily. Não me faça perder a paciência — ele ameaçou, sua voz se tornando mais áspera.— Não quero sua gentileza. Só quero que me deixe em paz.— Pense na sua filha — ele sorriu ironicamente. — Como ela se sentiria longe de você? — Seus olhos brilharam com crueldade. — Eu e a Sophia sozinhos, sem você por perto. Isso seria interessante, você não acha? — Seu maldito! Não
O dia no trabalho tinha sido longo, mas também trouxe uma sensação de alívio. A tensão de enfrentar Bernardo ainda estava presente, mas havia um peso que parecia ter sido tirado dos meus ombros. Eu estava finalmente tomando as rédeas da minha vida novamente e isso me dava uma sensação de poder que eu não sentia há muito tempo.Após o expediente, decidi que merecia um tempo junto a minha família em casa, um momento de paz e tranquilidade. Eu, minha mãe, minha irmã Evilyn, minha amiga Karen, e claro, minha pequena Sophia. A noite prometia ser acolhedora e, quem sabe, até divertida. Precisávamos disso.Assim que cheguei em casa, fui recebida pelo cheiro reconfortante de bolo de chocolate saindo do forno. Minha mãe adorava fazer um agrado para mim e para minha irmã quando sentia que as coisas estavam pesadas. Ela era o alicerce da nossa família. Quando tudo parecia desmoronar, era ela quem conseguia nos segurar firmes.— Mãe, esse cheiro está maravilhoso — comentei, entrando na cozinha e
Os últimos dias haviam sido de altos e baixos, mas hoje o café da manhã estava particularmente animado. A mesa estava cheia, o aroma de café recém-passado preenchia o ar, misturado ao cheiro doce do bolo de milho que minha mãe tinha preparado. Sophia, sempre sorridente, estava sentada na cadeirinha ao meu lado, brincando com alguns pedaços de fruta. Evilyn, como sempre, trazia uma energia vibrante à mesa, sua voz alta e entusiasmada preenchendo o ambiente.— Amanhã iremos à festinha no apartamento do Cadu, não é, maninha? — Evilyn perguntou de repente, com um brilho de animação nos olhos. Sua pergunta pegou minha mãe de surpresa, que logo me encarou, curiosa, enquanto eu dava mais uma colherada de fruta para Sophia.Eu me virei para minha irmã e fui direta. — Eu não vou — afirmei, tentando encerrar o assunto antes que ele começasse.— Nem começa, amiga. Vamos sim! — Karen interveio, sorrindo como se já tivesse planejado tudo.— Por que não, maninha? — Evilyn insistiu, um sorrisinho ma