Parte 3...
Matteo...
Puta merda, parece que as coisas quando começam a dar errado vem uma sucessão de momentos ruins atrás para ajudar a complicar mais a situação.
Acabei de receber uma mensagem de Lucas dizendo que quer falar comigo. E como a gente não se fala a quase seis meses, tenho certeza de que esse interesse agora é por conta da leitura do testamento.
Ele deve ter recebido algum aviso do escritório de advocacia, mas não deve saber detalhes ainda, ou teria me dito algo. E também como ele é mais velho, eles devem ter enviado o aviso primeiro para ele e depois eu vou receber um.
Sandro tinha me dito que eles estavam separando nossos endereços e contatos para nos chamar para a leitura. Espero que ele consiga adiar mesmo uns dias.
A música do barzinho até que é agradável, sou eu que não estou com muito bom humor hoje para relaxar, mesmo bebendo um bom vinho e esperando por uma bela garota para um encontro. Nada sério, deixei claro para ela. Será apenas para uma diversão noturna e depois é cada um na sua.
Essa é a parte boa de mulheres independentes e que sabem o que querem da vida. Não tenho que me preocupar com joguinhos. Elas são diretas.
E o problema também é o mesmo. Elas sabem o que querem da vida e sabem bem até demais. Alguma até já formam uma ideia fixa de como querem ter um relacionamento e se o cara não for o que ela planejou, é descartado.
Mas, como tudo na vida, existe o lado bom e ruim de cada coisa. Eu gosto desse modo livre, mas no momento já é ruim pra mim, porque se eu por acaso quisesse me envolver a sério com uma mulher, as que eu conheço iriam vir com uma lista de desejos e direitos que eu teria que atender.
Eu posso até estar exagerando, mas nunca conheci uma mulher que tivesse o jeito que minha avó tinha. Ela era calma, ponderada, analisa as coisas e até deixava passar muita coisa só para evitar uma confusão.
Me parece que a maioria das mulheres de hoje querem brigar a cada minuto. Não importa o assunto, sempre parece que vai virar uma luta.
Eu gostaria de apenas sentar em minha varanda uma noite e ficar de boa, sentindo o vento gostoso no rosto, bebendo um bom vinho e olhando a lua. Nada demais. Não é todo dia que eu tenho que fazer um programa diferente, sair e agitar.
Mas se eu sugerir isso para alguma das mulheres com quem eu já saí, elas vão rir de mim e me chamar de velho. Ou no mínimo vão perguntar se estou doente ou se fiquei pobre.
Eu gosto de vir aqui, até já fiquei amigo do pessoal que trabalha no bar. É um ambiente gostoso, muito bonito, decoração moderna e o bairro é de classe alta, mas até que hoje não estou muito animado.
Já percebi uma mesa com três mulheres e elas já me deram algumas olhadas, mas realmente não estou interessado, apesar de querer me aliviar com um pouco de sexo casual. Porém, por incrível que pareça, minha mente não está me ajudando muito porque não consigo parar de pensar no que devo fazer para conseguir ficar com a herança e que ela não vá parar na mãos de meu irmão.
Merda!
Acho melhor ir embora e tentar descansar um pouco em casa. Amanhã tenho uma reunião e é melhor estar relaxado. Além disso, não estou tendo nenhuma ideia que se encaixe com algo para usar nessa situação e o tempo está correndo.
De repente, com uma boa noite de sono ao invés de sexo casual, eu tenha a sorte de ter uma boa ideia surgindo do nada e que vai me ajudar de verdade.
Eu posso aproveitar minha banheira, minha cama e acordar com sorte. Tudo é possível. Por enquanto eu não vou me deixar levar por raiva ou desespero.
Chamei o garçom que já é conhecido meu e ele até ficou surpreso por eu ir embora tão cedo e tinha chegado a pouco tempo, mas prefiro ir embora mesmo.
Ele me disse que a mesa com as três mulheres estava bem a minha cara para uma diversão noturna, mas eu respondi que hoje não. E eu entendo o olhar dele de dúvida.
Paguei a conta e passei pela mesa sem nem olhar para nenhuma delas, para não dar ideia. Peguei o carro e decidi voltar para casa direto.
Amanhã vai ser um novo dia, com novas possibilidades. Tudo vai se encaixar.
O semáforo fechou e eu paro o carro ao lado de um ônibus. E franzo a testa ao ver que era minha secretária boba que estava de pé, segurando no apoio de cima.
Conferi olhando mais uma vez e era mesmo ela. Foi até engraçado de certa forma. Era a última pessoa que eu pensaria encontrar agora, a essa hora da noite. Dei outra olhada no relógio e faltava só dez minutos para as nove da noite.
O semáforo abriu e o ônibus seguiu. Estranho eu encontrar com ela agora. Parecia cansada. Mas eu a liberei mais cedo hoje para ir para casa. Vai ver aproveitou para fazer algo que as mulheres gostavam muito. Compras. Sei lá!
Peguei o retorno para ir para casa e fiquei com aquela imagem na cabeça. A senhorita tonta na rua aquela hora. Será que ela morava por ali?
Bem, também não tenho que me importar com isso. Ana é só uma simples secretária, nada mais.
Autora Ninha Cardoso
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Parte 1...Eu até que acordei me sentindo um pouco melhor hoje. Fiquei até tarde pensando em algumas ideias, mas não senti firmeza em nenhuma e abandonei.Só que essa madrugada acordei mais cedo do que o habitual e fiquei deitado na cama, olhando para o teto e pensando. Se o que meu avô queria era que eu tivesse uma família, eu poderia conseguir isso, só não sabia ainda como e se haveria tempo para ficar dentro do prazo e não levantar desconfianças. Bem, não muitas, porque de qualquer forma iriam falar e meu irmão seria um deles.Peguei o celular e mandei uma mensagem para Otávio e para Sandro, para eles irem até meu escritório para a gente conversar. Quero passar para eles as ideias mais prováveis que eu tive e ver se alguma é interessante. Eles vão me dar conselhos, vendo de fora cada uma e a mente de advogado vai ajudar a não meter os pés pelas mãos.Engraçado que fiquei com a imagem de Ana dentro do ônibus. Ela parecia cansada. Só não sei porque essa imagem ficou comigo, eu a vejo
Parte 2...Eu não estou de mau humor, só estou ansioso. Cada hora que passa, eu fico mais perto de perder o que quero.— Vamos entrar - me virei e entrei no escritório.— A gente fala mais depois, Ana - Otávio apertou a mão dela — Foi bom saber de você.— Obrigada - ouvi a voz dela baixinho — Foi bom pra mim falar um pouco disso.Disso o que? Fiquei curioso agora. O que ela teria para contar aos meus dois amigos? E eles tinham interesses em comum? Desde quando?— Vocês vão entrar ou vão ficar perdendo tempo? Eu tenho coisas a resolver - reclamei.Tudo bem, estou sendo chato, eu sei disso, mas o tempo está correndo. O que ela pode ter de tão interessante para falar que eles querem ficar ouvindo?Os dois sentaram nas cadeiras na frente de minha mesa e eu fiquei esperando, batendo os dedos na perna.— E então, como vai ser? - abri as mãos — Alguma novidade? Meu irmão já me procurou para irmos juntos fazer a leitura do testamento - bati as mãos — Olha o tempo correndo.— Matteo, qual o se
Parte 3...Como se estivesse lendo meus pensamentos, Ana bate na porta e entra, trazendo uma bandeja pequena com xícaras para os dois. Ela evita me olhar, mas serve um café para mim também. Não vou reclamar, eu sempre peço café o dia todo.— Gostariam de algo mais? - ela questiona os dois.— Não, Ana, está ótimo - Sandro sorri educado — Era assim mesmo que eu queria - ergueu a xícara.É muita gentileza desses dois com minha secretária. Achei estranho. Ela olha pra mim e eu não falo nada, então ela se afasta e sai.— Percebeu algo diferente? - Otávio me pergunta.Dei de ombro. Não percebi nada.— Eu disse que ele era tonto - Sandro riu.— Matteo, a solução para o seu problema acabou de entrar e sair de seu escritório e você nem notou que ela tem muito a oferecer.— Essa ideia de eu me casar com minha secretária sem sal, magrela e que parece um bicho acuado, não me mostra que seja a solução - ergui a mão — Pelo contrário. Quem vai acreditar que eu tenha me casado com... - gesticulei apo
Parte 1...Eu finalmente entendi a ideia desses dois malucos e até que pode dar certo, mas ainda estou incerto sobre chamar a Ana para isso. Não vejo como ela pode me ajudar mesmo.— Ela é meio tonta, vocês não perceberam?— Você que está sendo tonto, Matteo. Ela é muito inteligente, educada e prestativa - Sandro reclamou — O problema é que você nunca parou para observar realmente como ela é.Eu achei estranho essa defesa.— Por que estão defendo tanto ela? Não me diga que estão interessados nela? - dei risada.— Ai, como você é besta, meu amigo - Otávio balançou a cabeça fazendo careta — De novo com isso... É birra sua? Ana tem qualidades que você nunca viu porque sua mente é voltada só para coisas fúteis.— Agora você quem está exagerando. Eu não presto atenção porque ela é só uma secretária.— Então aproveite que nós já prestamos atenção e já saímos na frente, para saber mais. E estou certo de que depois você irá nos agradecer por isso - Otávio apertou os olhos.Dei risada olhando
Parte 2...AnaAchei meio estranha a cara dos dois quando saíram da sala de Matteo. Pararam pra falar comigo e me fizeram algumas perguntas do nada, depois disseram que precisariam falar comigo um pouco mais.Eu gosto dos dois, mas achei que eles foram bem diretos e curiosos. Mas, tudo bem, eu respondi normal e também fiquei curiosa em saber o que eles podem querer comigo depois.Agora tenho que ir até a sala de registros para pegar algumas pastas que meu chefe estressadinho mandou. E já que ele está sozinho agora, é melhor que eu me vá rápido, antes que ele grite por mim.— Menina, nem te conto - uma outra funcionária apareceu enquanto espero o elevador — Parece que o todo poderoso está subindo pelas paredes de raiva - ela disse.Eu só franzi a testa e apertei o botão de novo.— Tem uma fofoca correndo lá no almoxarifado - ela falou mais perto de mim — Que nosso chefinho gostoso está falando em casamento - falou mais baixo com a mão na boca.— Hum... - foi tudo o que pronunciei e ent
Parte 1...Eu recebi uma mensagem do proprietário do apartamento em que estou morando agora. Vou aproveitar que meu chefe maluco deu uma saidinha e vou ao banheiro. Aproveito e já ligo para saber do que se trata.— Sim, eu recebi sua mensagem, Winderson, mas só pude ligar agora por causa do trabalho - expliquei porque ele parecia aborrecido por eu ter demorado a responder — Eu já lhe falei como é meu chefe e não dá pra ficar resolvendo coisas pessoais no horário de serviço.— Eu sei, mas é que eu preciso saber se você vai continuar com o aluguel - respondeu rápido — Se for ficar, eu tenho que aumentar em vinte por cento o valor.Vinte por cento? Aquele cubículo que eu moro? Jesus. O apartamento é um ovo de tão pequeno, o bairro nem é bom, vira e mexe tem vários problemas e ele quer aumentar tudo isso? Daqui a pouco eu vou morar embaixo da ponte.— Nossa, Winderson... Me desculpe, mas vinte por cento no aluguel é muito.— Olha, eu estou avisando porque é minha obrigação como dono do lu
Parte 2...E lá está minha secretária de novo andando pela empresa. Fiquei curioso. Agora prestando mais atenção, percebi que ela manca de uma perna. Antes pensei que fosse impressão minha ou que talvez fosse um fato isolado.Me pareceu uma cena engraçada. Se estou certo, acho que pela cara dela, está fugindo da colega que a segurou pelo braço. Pensei que fosse mais inserida nas coisas da empresa. Vai ver que é por isso que nunca a vi saindo com um grupo depois do expediente. Ela deve gostar de se isolar.Ou seja, deve ser uma dessas esquisitas de hoje, que tudo é um problema na vida dela. Que ótimo! É com ela que os dois patetas querem que eu me prenda por um tempo.Soltei o ar de vez e saí. Ainda tenho que ir a outro setor e só falta chegar lá e encontrar o serviço mal feito também.AnaAinda bem que ele não está aqui ainda. Posso continuar meu trabalho de boa sem que ele me dê algum susto ou reclame de algo.O telefone da mesa toca. Atendi como sempre. Era atrás dele e pelo modo co
Parte 3...Quando me perguntaram onde estavam meus pais, eu disse que só tinha mãe porque meu pai tinha sumido e me deixado na casa dos vizinhos.A minha mãe voltou pra me buscar porque os vizinhos a chamaram e contaram que meu pai tinha ido embora. Não conseguimos mais entrar em casa. Tudo tinha sido vendido e a casa agora era de outra pessoa.Eu me lembro da minha mãe chorando muito e a gente não tinha parentes. Os vizinhos não quiseram se envolver e nós fomos parar nas ruas. Essa foi a primeira vez.E no dia que as mulheres me acharam, eu estava sozinha. Minha mãe disse que ia arranjar um lugar pra gente dormir naquela noite, mas ela nunca mais voltou e eu fiquei esperando por ela, ali mesmo, onde me deixou.Depois de um tempo eu fui entregue a um casal para cuidar de mim e eles já tinham mais outros cinco filhos, todos assim como eu, vindos da rua.Eu achava que um dia eles iriam me adotar também, mas isso nunca aconteceu porque eu fugi. Na verdade, acho que foi uma das coisas cer