Parte 3...MatteoEu já estou ao telefone com Sandro e Otávio há quase meia hora. Otávio me ligou para falar melhor sobre o problema de Lucas, que no hospital não deu tempo e nem era o local certo. E eu também estava de cabeça quente, preocupado com meu irmão.Acho que nesse ponto tenho que admitir. Ana tem razão, assim como minha avó. As duas tinham a mesma opinião sobre mim. Eu tenho mesmo algumas explosões de humor, mas não acho que eu chegue a ser bipolar como a Ana me acusou. Acho que é só temperamento forte mesmo. Eu até estou mais calmo nos últimos tempos e com tanta coisa rolando.— E você acha que isso é um plano em conjunto? - esperei Sandro terminar de falar.— Olha, Matteo... Pelo que eu penso, de meu ponto de vista,é sim. Eu só não posso afirmar em que pé isso se deu. Se foi algo desde o começo ou se foi algo que foi rolando aos poucos e eles acabaram se envolvendo além do esperado por cada um.— Pelo que eu captei da conversa com seu irmão - Otávio continuou — Eu penso q
Parte 1...MatteoAcácia, deitada na cama, olhava pela janela, perdida em seus pensamentos. Vejo que ela está preocupada, assim como Ana também está. Eu insisti para que ela fizesse logo a cirurgia. Não gosto de ficar adiando coisas assim, tenho até um trauma dessa coisa de doença, desde minha avó.— Acácia - falei de modo calmo — Pode ficar tranquila. A cirurgia vai ser bom para Ana. E eu vou cuidar dela, prometo.— Eu sei, filho - ela suspira — Mas é que assim, tão depressa?— Eu sei que é muita coisa para lidar, mãe - Ana senta ao lado dela na cama — Mas eu queria mesmo fazer, estava só esperando que chegasse o momento certo.— E já chegou - coloquei a mão em seu ombro — Não tem mais que esperar - eu sorri para Ana — A gente não vai mais se separar.Vi Acácia arregalar os olhos, mas parecia contente.— É mesmo? - ela olhou de mim para Ana — Vocês estão dizendo isso de verdade ou é só para que eu fique tranquila?Ana deu uma risadinha, balançando a cabeça.— Não... É verdade mesmo -
Parte 2...MatteoEu tenho que sair, mas antes preciso ver como está a Ana. O quarto está banhado pela luz suave da manhã. Ainda é cedo.Logo que me aproximei da porta já ouvi a voz dela lá dentro. Empurrei a porta e vi a Ana na cama, visivelmente frustrada enquanto tenta se mover, mas a recuperação da cirurgia no quadril a impede. Ainda é cedo para se movimentar bem como antes.Parei ao lado da cama, olhando para ela e tomando meu café. A cadeira de rodas está ao lado, pronta para uso. Ela me encara.— Bom dia, minha paciente favorita. Como está se sentindo hoje?— Bom dia, Matteo... - ela resmunga — Eu estou... Bem, irritada. Eu odeio ficar aqui, imóvel, parecendo um pássaro com asas quebradas.Achei engraçado. Ana irritada é uma outra faca que ainda não tinha presenciado, mas desde que voltou para casa após a cirurgia, ela estava tendo alguns momentos desses. Eu sorri e deixei a xícara em cima da mesinha ao lado da cama.— Ah, mas até os pássaros com asas quebradas precisam de u
Parte 3...MatteoSentamos perto. Ela com a bandeja ao lado na cadeira e eu no banco mais alto. Patty entrou e sorriu ao nos ver juntos.— Ah, que bom que já está comendo aqui na cozinha - ela lavou as mãos — Como se sente hoje?— Um pouco melhor, Patty - Ana suspira e torce a boca — Mas faz tempo que não passo tanto tempo deitada. É muito ruim.— Mas não se preocupe, em breve vai poder sair - ela me olha e cruza os braços — E por falar nisso, Matteo, você poderia levar a Ana no hospital para ver a mãe dela.— Seria ótimo - Ana disse — Só estou falando com ela por telefone e queria ver como está mesmo.— Mas eu estou cuidando dessa parte também - limpei a boca com o guardanapo — Acácia está bem, eu levo notícias suas para ela sempre.— Sempre? - ela fez uma cara de dúvida — E quantas vezes você foi até lá?Duas?— Apesar de sua cara de desconfiança - ergui o dedo — O que me ofende, diga-se - fiz um pequeno drama e Patty riu — Eu estou indo visitar a Acácia dia sim e dia não, ou seja, m
Parte 4...AnaEu fiquei pasma com tudo o que Otávio e Sandro revelaram sobre o que Jules e Mark estavam fazendo com o irmão de Matteo. Eu sei que existem tipos de pessoas que são capazes de tudo, mas como eu ainda prefiro ter uma visão boa das pessoas, me admira sempre quando algo assim acontece.Patty deixou algumas coisas preparadas e eu também encomendei de um restaurante sofisticado, alguns pratos e doces. Não é o meu paladar, mas sei que eles estão acostumados a esse tipo de comida.Quem chegou primeiro foi o Sandro. Ele trouxe uma pasta e pelo que eu entendi, cheia de provas contra a Jules. Até que acho bom estar em uma cadeira de rodas, vai ser mais fácil sair da sala se a coisa começar a ficar pesada pra mim.Matteo está muito bonito, como sempre. Ele me ajudou a trocar de roupa porque dispensou a enfermeira, para evitar que gente de fora esteja presente durante o jantar. Ele quer manter tudo apenas em família.E eu ainda acho estranho me considerar da família dele. É muito b
Parte 1...— Você ficou maluco? - Jules bateu na mesa — Eu dei minha imagem e meu nome para você... Aceitei ir para a cama com vocês dois para que o casamento se fortalecesse.— Não, Jules... Você pensou no dinheiro e em tudo o que Mark lhe oferecia. Você se deixou manipular, enquanto pensava que era você que manipulava. O tiro saiu pela culatra - Otávio disse.Matteo apertava os lábios. Sei que ele deve estar doido para estourar, mas os amigos já tinham dito a ele que fosse com calma, que tudo ia se resolver. Eles já tinham provas de tudo.— Jules, vamos resolver isso, está bem? - Mark ergueu a mão.— Vocês dois estão destruindo a vida do meu irmão - Matteo olhou com seriedade pa
Parrte 2...Ana— Para com isso, você vai se machucar - Matteo disse, tentando me segurar na cadeira — Eu te ajudo, calma.Eu estou impaciente. Quero ir ver a Acácia, mas sair de casa com cadeira de rodas é muito ruim e Matteo vai ter que sair para levar o irmão para depor. Mark ainda tentou manipular a situação para sair como vítima e jogou tudo nas costas de Jules, mas não deu certo.Fiquei com pena de Lucas, ele realmente acreditava que era amado pelos dois. Isso machuca muito. Pelo menos minhas dores sobre isso foi quando eu era muito pequena e o trauma que ficou apenas me ajudou depois, ainda que me deixe travada às vezes.— Pode me dizer porque você está tão impaciente hoje?— Ah... Não sei.. - suspirei — Quero sair de casa, Matteo. Quero ir ver a Acácia.— Tá bom, eu te levo até lá - ele saiu e voltou carregando um par de muletas — Que tal usar isso aqui?— Onde você escondeu isso? - ri me animando — Me dá... Quero testar.— Calma... Deixa eu te ajudar.Ele me ajudou a levantar
Parte 1...Eu não sei dizer o nível de minha frustração e raiva, agora que tive que ouvir calado tudo o que meus amigos e também advogados tinham a me dizer.Olhei em volta. O restaurante é muito conhecido, então está lotado a essa hora, o que me impede de soltar os cachorros em cima dos dois. Não acredito que estou ouvindo uma merda dessa.Eu não me importo com a opinião dos outros e menos ainda quando nem mesmo os conheço, mas tenho educação suficiente para não fazer uma cena, mesmo que a vontade seja essa. Só não faço isso realmente porque preciso manter meu nome em um bom nível, mas a língua está coçando.— Não é possível que isso seja real - me inclinei pra frente, falando com os dentes cerrados.— Sinto dizer, amigo, mas é bem real - Otávio me respondeu — Infelizmente, você vai ter que aceitar.— Aceitar... - diminuí a voz — Porra nenhuma.— Matteo, não tem muito o que fazer nesse caso. Você está de mãos atadas - Sandro me disse, gesticulando.— Sandro, isso é um erro, tenho cer