Parte 1...Eu vi quando ele se aproximou, lendo alguma coisa no celular e logo peguei o bloquinho pra ir atrás, caso me chamasse para algo.Quando ele passou por mim eu o avisei de que a Monique havia ligado três vezes e queria muito falar com ele, disse que era muito importante.Ele fez uma cara meio esquisita e respirou fundo, depois abanou a mão e entrou na sala. Esperei um pouco e como ele não me chamou, continuei o trabalho que fazia.— Ana!Eu dei um pulinho na cadeira, peguei o bloquinho de novo e fui logo pra sala. Ele estava mexendo em algo na gaveta e levantou a cabeça quando entrei. Parecia contrariado.— Ana, vou precisar de você.Eu franzi a testa. Ok.— Por acaso você já acertou alguma coisa com os dois?... O Sandro e o Otávio? - fechou a gaveta — Eu vi que vocês combinaram algo.— Hum... Eles só me perguntaram algumas coisas e depois disseram que tinham algo para me propor e que era importante... Mas não combinamos nada - pressionei os lábios.Ele coçou a cabeça e suspi
Parte 2...Eu morei lá mais tempo, eu fiquei mais com nossos avós, eu dei atenção ao que eles e o lugar precisavam e mesmo quando me afastei para cuidar de minha vida adulta, fui eu quem mais entrou em contato e estava sempre ligando para saber deles e quando minha avó morreu, eu dei apoio ao velho Pietro, ainda que ele me enchesse de vez em quando.E fiz por amor, não por obrigação ou por achar que devia algo a eles.E o Lucas? O que ele fez mesmo? Onde esteve quando nossa avó ficou doente? Ele nem mesmo foi visitá-la. Nem em casa e nem no hospital. Apenas ligou para saber dela por três vezes e depois, nem isso.Aí, quando recebeu o aviso de que nossa avó Felicia havia morrido, ele apareceu todo choroso no velório e no enterro fez uma ceninha que pra mim, foi ridícula.Eu sei que ele deve ter sentido a morte dela, afinal, não acho que seja um monstro insensível, mas claramente ele poderia ter participado mais da vida dos dois.Não acho que agora vá querer ficar com a propriedade. At
Parte 3...— Pronto, já assinei. Podem começar a falar antes que eu me coçe de curiosidade.Otávio gargalhou e quando um rapaz se aproximou, ele pediu uma jarra de água de coco para eles.— Quer comer alguma coisa, Ana?Eu até estava com fome, mas preferi dizer que não. Quando chegasse em casa eu faria algo para comer.— Então vamos começar - Sandro disse — Nós temos uma proposta para te fazer.— Na verdade - Otávio se inclinou para mim — A proposta é do Matteo.Eu franzi a testa e olhei de um para outro.— Matteo? - fiz uma cara engraada de dúvida — Matteo... Meu chefe? - gesticulei — Esse Matteo?— Esse mesmo - Otávio balançou o corpo, rindo — O próprio.— Hum... Sei não - cocei atrás da orelha — Mas pode falar.— Eu vou resumir, porque nosso tempo nos pede isso, ok? - Sandro tocou minha mão.— Certo, acho até bom.— Matteo está em uma situação um pouco complicada, por assim dizer... Você sabe que ele perdeu o avô - eu fiz que sim com a cabeça — E com isso, ele pode ter outra perda
Parte 1...Eu acho que não ouvi direito, só pode ter sido isso. Olhei para baixo e vi os cacos do copo no chão. Fiquei chateada por ter dado prejuízo e com vergonha também. Os dois ficaram surpresos com minha reação, mas foi totalmente sem querer.O garçom apareceu e começou a limpar rápido, me senti mal por ele, dando trabalho ao rapaz.— Acho que ouvi mal.O rapaz saiu carregando os cacos e voltou de novo com outro copo. Aproveitei e pedi desculpas. Ele sorriu e disse que tudo bem e saiu.— Não, você ouviu bem - Otávio deu risada e apertou minha mão — É, eu sei que foi um susto. Se fosse comigo eu também me assustaria. Alguém aparecer assim, de repente, com uma conversa dessa.— Ainda bem que você sabe.— Sabemos que pode ser estranho, mas se você ouvir a proposta, acho que pode se interessar por ela.— Mas... Casamento? - fiz uma cara meio assustada — E com ele?De novo os dois riram muito.— Não é caso de polícia - Sandro ergueu a mão — Não precisa fazer essa cara. É só uma propo
Parte 2...— Eu realmente não sei... Preciso pensar e muito. Não é assim tão fácil como vocês querem fazer parecer.— Tudo bem - Otávio cruzou as mãos — Mas é que não temos tempo para muitos acertos. Se você aceitar, Matteo tem outras coisas para fazer também e vocês dois vão ter que criar uma história para convencer todo mundo. Se alguém desconfiar de que tudo é só um palno para que ele não perca a herança, vai ser ruim para todos.— Inclusive pra nós dois - Sandro afirmou — De modo algum Matteo poderia estar sabendo disso e nós contamos porque somos amigos dele. Podemos até mesmo levar um processo nas costas e ferrar tudo.Mordi o lábio, pensando no que tinham dito. Era bom e era ruim. tinha prós e contras. Não posso apenas me fixar no lado bom e depois a parte ruim entra e estraga tudo.— Eu entendo... Mas preciso mesmo pensar, nem que seja até amanhã... Não posso apenas dizer que aceito. E ele? O que acha disso tudo? Sobre mim, quero dizer.— Não vamos tentar enrolar você, Ana. Ma
Parte 1...Eu até estou com fome, mas tem dez minutos que olho para minha geladeira sem saber o que fazer para comer e isso tudo é culpa da ansiedade para saber o que os dois falaram com a Ana.O relógio na parede me diz que são nove e meia e até agora nenhum dos dois me ligou ou me enviou uma mensagem. Tudo o que sei é que iriam conversar com ela hoje à noite.Eles bem que poderiam ter me dado um toque ao menos, para que eu pudesse ficar por dentro de como ela recebeu a conversa, se eles conseguiram convencê-la ou não.Caramba, é bem chato esperar e quando não está em minhas mãos, é ainda pior. Meu celular tocou em cima da mesa e até bati a porta da geladeira na ansiedade de atender.— Ah... Fala Monique.Acho que minha decepção ficou clara em meu tom de voz.— Nossa, que jeito de me atender, Matteo - ela reclamou de imediato — Poxa vida, tem dois dias que estou tentando falar com você. Até parece que sumiu do mapa.O tom de voz dela era chatinho e eu não estou com a menor vontade de
Parte 2...— Claro... E por que não?Ele deu uma risada alta.— Oh, Matteo... Deixa de ser abusado, cara. Você acha que toda mulher quer ficar ao seu lado?— Não é por isso - um pouco talvez — Mas você não ofereceu uma proposta financeira para ela?— Claro que sim, mas nem todo mundo enche os olhos com dinheiro... E cá pra nós - ele riu de novo — Eu acho que o que ainda está impedindo a Ana de dizer um sim, é você.— Eu? - franzi a testa.— É, você mesmo. Cara, você vive reclamando de tudo que ela faz e isso não é bem uma coisa agradável, não é? De repente ela quer avaliar se o sacrifício vai ser válido.— Sacrifíco? Mas que porra é essa, Otávio? Tá de sacanagem comigo?— Antes fosse - tive que esperar ele se acabar de ri antes de me responder — São palavras dela. A ideia da grana até que foi atraente, mas ficar casada com você deu uma esfriada.É cada uma. Eu sou um cara desejado por muitas mulheres. E não é só por causa da minha grana. Sou um cara bem bonito, sou educado e sei trata
Parte 1...AnaEu nem sei o que vou falar quando chegar na empresa. Não dormi direito. Fiquei em um misto de euforia e medo a noite toda.Dormi bem pouco e acordei logo cedinho, ainda de madrugada. Com a mente cheia de pensamentos não dá pra relaxar.Nossa, eu posso ter uma vida completamente diferente agora e isso me deixa nervosa, mas não é ruim. Toda mudança tem os dois lados, o bom e o ruim. Depende de cada momento e de como a pessoa consegue se adaptar a essa mudança.Se eu aceitar tenho uma vantagem absurda em cima de tudo o que eu sempre quis, que é ajeitar minha vida e poder cuidar de Acácia de uma forma melhor, como ela merece.Por outro lado, eu vou ter que passar mais tempo ao lado do meu chefe que nunca me pareceu ser uma pessoa consciente do que ele causa em muitas outras.Tem gente ali na empresa que tem medo dele de verdade. E tem outros que são fãns dele, sem nunca terem tido nem mesmo uma palavra com ele pra saber como é mesmo.Eu que trabalho todos os dias não sei e