Parte 2...AnaQuando pisei na calçada da empresa, já fui abordada pela secretária do setor de marketing. Helloísa parecia curiosa e me perguntou se estava tudo bem. Eu respondi que sim.— Olha, me desculpa te perguntar, mas você está envolvida com um dos amigos do seu chefe?Eu franzi a testa.— Estou perguntando porque tem gente aí falando que viu você de conversa... Meio íntima - ela disse sem jeito — Com um deles e te viram entrar no carro e sair com ele - se aproximou e falou baixo — Me perguntaram se eu sabia que eram amantes.Eu arregalei os olhos. Meu Deus, como a fofoca corre fácil por esses corredores. Neguei com a cabeça.— Credo, não sabia que o pessoal ficava tanto tempo observando a vida alheia - entramos e cumprimentei o rapaz da portaria — E que eu saiba, ter amigos não é algo proibido.— E não é, mesmo - ela sorriu de leve — É que você é sempre... Bem, você quase não fala sobre sua vida particular e aí te viram entrar no carro de um deles e vieram me perguntar - ela m
Parte 3...— Mas alguém começou e eu quero saber quem foi.— Tudo bem, mas não vai saber atravéz de mim, porque eu não participei da fofoca.Ele me olhou apertando os lábios.— Ok, depois eu vejo isso - abanou a mão — O que falta para você se decidir?Eu puxei o ar. Estou um pouco nervosa com essa situação nova, mas ainda estou impactada pela possibilidade forte de mudar as coisas para mim.— Isso é muito estranho pra mim - fui sincera — Você é meu chefe - inclinei meio de lado, trocando o peso da perna — E desde que comecei aqui, sendo honesta, na maior parte das vezes, foi um chefe que me tratou mal.Ele se mexeu meio desconfortável em cima da mesa e torceu a boca.— Não exagere.Eu cruzei os braços e meneei a cabeça, olhando direto em seus olhos e raramente fiz isso durante todo esse tempo que trabalho para ele.— Tudo bem - ele suspirou e esfregou a testa com os dedos — Mas não é só com você. Eu sou assim com todos. Sou exigente, gosto das coisas bem feitas e do meu jeito.Eu puxe
Parte 1...Eu acenei para a garota da cafeteria que me atende quando venho pegar o capuccino para ele e continuei até a pracinha. Hoje o movimento está grande logo cedo, tem muitos carros na rua e demorei mais do que queria para atravessar para o outro lado.A igreja já está aberta e isso é bom. Aqui vou poder relaxar um pouco e pensar no que devo fazer pra não dar um passo em falso.Tem três pessoas sentadas do lado direito e no lado esquerdo só uma senhorinha que acabou de sentar. Escolhi ficar no lado esquerdo, perto dela, mas sem querer atrapalhar seu ritual.Ela fez o sinal da cruz, se ajoelhou e uniu as mãos. É o que eu faço também e deixo minha mente seguir as orações que aprendi quando pequena.Confesso que não sou muito de frequentar igrejas, mas não é nem questão de esquecer que preciso de uma força maior me ajudando, é mais por falta de tempo mesmo. Tem muita coisa acontecendo na minha vida e isso acaba me afastando de coisas que gosto de fazer, como ir à missa nos dias de
Parte 2...— Quando puder, apareça pra gente conversar - ela fez um gesto com a mão para cima — Acho que nossa energia bate uma com a outra - sorriu — E tudo vai se encaixar, não fique preocupada - tocou meu braço e depois se despediu e entrou.Fiquei um tempinho parada com o copo na mão. Acho que não entendi bem o que aconteceu da igreja até aqui, mas não está ruim.Voltei a andar e provei o capuccino. Nossa, achei uma delícia mesmo. Agora entendi porque ele sempre pede para buscar desse tipo de café. É muito bom, cheiroso e encorpado.Vi a cara da moça da recepão quando voltei tomando o café. Geralmente ela me vê carregando um para levar para o chefe.Bom, mas esse é meu. Eu ganhei. Entrei no elevador me sentindo diferente, sei lá, mais leve. Acho que depois de três pessoas diferentes me falarem do nada coisas tão parecidas, acho que seria burrice minha não ver isso como um sinal.Voltei para minha sala e puxei minha cadeira, ainda pensando e levando em conta o que eu poderia fazer,
Parte 1...AnaEu adiantei o que podia para sair mais cedo e não ficar nada pendente para o outro dia. Estou tão agitada com isso que já derrubei a caneta duas vezes e bati o joelho na quina da mesa.Espero estar entendendo direito os sinais que pedi. Se é que foram sinais para mim. Fui na cantina pegar um lanche para comer aqui mesmo e já vieram me questionar sobre eu ter saído no carro do Sandro. Até já imagino o que vão falar se virem que estou saindo com o chefe. A fofoca vai rolar solta.Ai, meu Deus! Minhas mãos estão tremendo, preciso me acalmar. Não é nada demais, só vamos até a casa dele para acertar tudo e tem que ser um lugar seguro, sem ninguém por perto para ouvir e sair espalhando por aí.Depois que me disse para esperar por ele, até que me deixou em paz. Já saiu do escritório três vezes e em nenhuma vez me mandou fazer nada.A cara dele me pareceu um pouco fechada, preocupado. Eu também estou, mas isso não é nenhuma novidade pra mim. Toda semana eu tenho algo com o qu
Parte 2...— Vamos - ele disse e saiu andando na minha frente — Sandro e Otávio vão lá para casa daqui a pouco.Peguei minha bolsa e saí andando apressada atrás dele e senti uma fisgada na perna. Fiz uma careta de dor e mordi o lábio, mas acho que ele nem percebeu.Entrei no elevador atrás dele e fiquei no canto segurando a bolsa. Ele me olhou de cima até embaixo. Não gostei. Me senti avaliada e não gosto disso, ainda mais vindo dele.— O que foi? - franzi a testa.— Você tem mais dessa blusa e calça que usa sempre aqui, não tem? - ele apontou pra minha roupa — É bom que tenha, porque senão é nojento ficar usando a mesma roupa todos os dias - franziu o nariz — E esse sapato? Que coisa mais esquisita.Olhei para meus sapatos marrons que eu usava sempre. Eles podem não ser bonitos mesmo, mas são confortáveis para meus pés.— Eles são ortopédicos - respondi baixinho.— Você tem problema nos pés? - me questionou com uma cara surpresa.— Meu tornozelo - eu disse — Eu tive um acidente quand
Parte 3...— Ela não é minha tia de verdade, mas eu a chamo assim e às vezes chamo de mãe também.— E ela e o que, então?— Uma pessoa que me adotou. Ela me ajudou muito. Se chama Acácia.Ele assentiu com a cabeça e entrou em uma rua mais estreita, mas as casas eram enormes de cada lado.— E onde ela está agora?— Em um hospital público - respondi mordendo o lábio — É por causa disso que aceitei a proposta dos seus amigos. Vai me ajudar a fazer o certo.— E o que seria esse certo?— Dar a ela um tratamento melhor e que ela possa ter uma melhora e vir morar comigo.— Você acha que deve a ela por ter te adotado?— Eu sei que devo, mas não é por isso que estou querendo melhorar a vida dela. É por amor.Ele me encarou um instante e depois voltou a se concentrar na rua. Entramos em uma rua arborizada e logo um portão grande e alto, de ferro trabalhado apareceu.Ele parou e apertou um botão. Logo o portão se abriu e passamos. Era o condomínio que ele morava. E claro, muito bonito e caro.Du
Parte 1...MatteoEu achei engraçado quando ela disse que nunca comeu um hamburguer, mas aí me lembrei de que o Sandro disse que ela tinha problemas financeiros. Vai ver era por isso.Posso até ser meio idiota às vezes, mas eu sei bem que coisas simples e comuns para mim, não são da mesma forma para outras pessoas. Aliás, para a maioria das pessoas.Abri o aplicativo e pedi dois combos completos para nós dois. Ouvi o interfone tocando.— Pode atender pra mim, por favor? - apontei para o interfone.Ela levantou e foi atender. Achei engraçado que ela atendeu como se estivesse na empresa.— Hã... Residência do senhor Firenze - olhou para mim — Os dois estão lá embaixo.— Diga que subam - fiz uma careta irônica e gesticulei, abanando a mão — É meio óbvio, não é?— Ele disse para vocês subirem.Ela desligou e voltou a sentar.— Pronto, daqui a pouco já vamos poder comer seu hamburguer.— Obrigada.Reparei que ela tem uma covinha no queixo. Como não reparei nisso antes? O cabelo dela não é