Parte 1...AnaEu adiantei o que podia para sair mais cedo e não ficar nada pendente para o outro dia. Estou tão agitada com isso que já derrubei a caneta duas vezes e bati o joelho na quina da mesa.Espero estar entendendo direito os sinais que pedi. Se é que foram sinais para mim. Fui na cantina pegar um lanche para comer aqui mesmo e já vieram me questionar sobre eu ter saído no carro do Sandro. Até já imagino o que vão falar se virem que estou saindo com o chefe. A fofoca vai rolar solta.Ai, meu Deus! Minhas mãos estão tremendo, preciso me acalmar. Não é nada demais, só vamos até a casa dele para acertar tudo e tem que ser um lugar seguro, sem ninguém por perto para ouvir e sair espalhando por aí.Depois que me disse para esperar por ele, até que me deixou em paz. Já saiu do escritório três vezes e em nenhuma vez me mandou fazer nada.A cara dele me pareceu um pouco fechada, preocupado. Eu também estou, mas isso não é nenhuma novidade pra mim. Toda semana eu tenho algo com o qu
Parte 2...— Vamos - ele disse e saiu andando na minha frente — Sandro e Otávio vão lá para casa daqui a pouco.Peguei minha bolsa e saí andando apressada atrás dele e senti uma fisgada na perna. Fiz uma careta de dor e mordi o lábio, mas acho que ele nem percebeu.Entrei no elevador atrás dele e fiquei no canto segurando a bolsa. Ele me olhou de cima até embaixo. Não gostei. Me senti avaliada e não gosto disso, ainda mais vindo dele.— O que foi? - franzi a testa.— Você tem mais dessa blusa e calça que usa sempre aqui, não tem? - ele apontou pra minha roupa — É bom que tenha, porque senão é nojento ficar usando a mesma roupa todos os dias - franziu o nariz — E esse sapato? Que coisa mais esquisita.Olhei para meus sapatos marrons que eu usava sempre. Eles podem não ser bonitos mesmo, mas são confortáveis para meus pés.— Eles são ortopédicos - respondi baixinho.— Você tem problema nos pés? - me questionou com uma cara surpresa.— Meu tornozelo - eu disse — Eu tive um acidente quand
Parte 3...— Ela não é minha tia de verdade, mas eu a chamo assim e às vezes chamo de mãe também.— E ela e o que, então?— Uma pessoa que me adotou. Ela me ajudou muito. Se chama Acácia.Ele assentiu com a cabeça e entrou em uma rua mais estreita, mas as casas eram enormes de cada lado.— E onde ela está agora?— Em um hospital público - respondi mordendo o lábio — É por causa disso que aceitei a proposta dos seus amigos. Vai me ajudar a fazer o certo.— E o que seria esse certo?— Dar a ela um tratamento melhor e que ela possa ter uma melhora e vir morar comigo.— Você acha que deve a ela por ter te adotado?— Eu sei que devo, mas não é por isso que estou querendo melhorar a vida dela. É por amor.Ele me encarou um instante e depois voltou a se concentrar na rua. Entramos em uma rua arborizada e logo um portão grande e alto, de ferro trabalhado apareceu.Ele parou e apertou um botão. Logo o portão se abriu e passamos. Era o condomínio que ele morava. E claro, muito bonito e caro.Du
Parte 1...MatteoEu achei engraçado quando ela disse que nunca comeu um hamburguer, mas aí me lembrei de que o Sandro disse que ela tinha problemas financeiros. Vai ver era por isso.Posso até ser meio idiota às vezes, mas eu sei bem que coisas simples e comuns para mim, não são da mesma forma para outras pessoas. Aliás, para a maioria das pessoas.Abri o aplicativo e pedi dois combos completos para nós dois. Ouvi o interfone tocando.— Pode atender pra mim, por favor? - apontei para o interfone.Ela levantou e foi atender. Achei engraçado que ela atendeu como se estivesse na empresa.— Hã... Residência do senhor Firenze - olhou para mim — Os dois estão lá embaixo.— Diga que subam - fiz uma careta irônica e gesticulei, abanando a mão — É meio óbvio, não é?— Ele disse para vocês subirem.Ela desligou e voltou a sentar.— Pronto, daqui a pouco já vamos poder comer seu hamburguer.— Obrigada.Reparei que ela tem uma covinha no queixo. Como não reparei nisso antes? O cabelo dela não é
Parte 2...— Não me teste - ela largou o documento em cima do balcão — Eu já passei por muita coisa.— Parece que você é como toda mulher - eu ri — Já está mostrando as garras, só porque acha que está em uma situação de vantagem.— E você parece que é como todo homem - ela me rebateu — Se acha o dono da verdade e que pode fazer o que quer, pelo simples fato de ter poder e dinheiro.Nós dois ficamos nos encarando por um momento e depois viramos para os dois que estavam rindo, olhando para mim.— Pelo amor de Deus, Ana... Assine logo esse documento - Sandro disse, rindo e batendo no balcão — Eu vou adorar ver vocês dois morando juntos.Ela me olhou torcendo a boca e depois pegou o documento de novo. Vi que analisava as cláusulas, depois ficou corada. Fiquei curioso e estiquei a cabeça para ler também.— Você tem sua cópia - ela disse — Leia na sua.Eu suspirei.— Na empresa você é mais calma e obediente.— Na empresa você é meu chefe e tenho que suportar seu comportamento porque me paga
Parte 3...Os dois me olharam.— É que eu pedi comida para nós dois e não me critiquem - apontei para Ana — Foi ela quem escolheu.— Se acostume a gastar o dinheiro dele - Otávio riu — É ele quem está em uma posição de necessidade.— Mas eu também tenho necessidades - ela disse meio sem jeito.— Eu sei, mas a dele é urgente - Otávio riu e piscou o olho — Se precisar de um advogado, fale comigo. Não deixe que ele cresça pra cima de você.— Que conversa é essa? - reclamei — Pensei que fossem meus amigos - fiz uma cara séria.— E nós somos - Sandro me respondeu — Mas agora somo amigos da Ana também e sabemos que você é bem capaz de enloquecer a coitada, com suas exigências.Ela deu risada e foi interessante, porque eu achei a bonitinha. — Ok, já entendi - o interfone tocou e eu atendi — Nosso pedido já chegou. O ajudante da portaria vai subir.— Bem que você podia ter pedido pra gente também, não é? - Sandro fez um bico — Vamos ficar olhando enquanto vocês comem?— Eu posso dividir o me
Parte 4...— Isso incomoda muito você? - ela abriu mais os olhos, me encarando — Se quiser, podemos cancelar o acordo. Você liga para eles agora e avisa, está tudo bem... Eu pos...— Não! - falei alto — Quer dizer, sim, me incomoda, mas não por causa do contrato e sim porque... Sua história é triste.— É... Mas é o que eu tenho. Não posso mudar meu passado, mas posso aproveitar para fazer algo diferente para meu futuro... - ela mordeu o lábio, envergonhada — Por isso que eu aceitei o acordo quando eles me fizeram a proposta.— E não está errada - puxei o ar me sentindo mal — Eu posso te ajudar - estiquei a mão e agarrei a dela — Do mesmo modo que você está fazendo.Eu ia falar mais, quando o interfone tocou de novo e fiz um som de tédio, levantando pra atender.— Pode falar... O que? Ela está aí embaixo?... Como assim ela subiu e vocÊ não pôde fazer nada?Antes do porteiro me responder, ouvi a campainha tocando sem parar e já sabia quem era. Desliguei e fui abrir a porta.— Grace, o q
Parte 1...AnaEu até que gostei quando ele me ofereceu comprar o lanche para que pudesse provar. Não esperava que tivesse esse tipo de delicadeza.Ele seria mesmo assim ou era por necessidade, agora que precisava que eu participasse do plano? De qualquer forma, eu meio que fiquei sem jeito de revelar meu passado, mas acho importante que ele saiba, para não ter uma ideia errada do porquê estou entrando nessa e que não é apenas pelo dinheiro.Na verdade, o dinheiro é apenas um meio de que eu consiga o que tanto quero. Ter uma independência e ainda poder colocar Acácia de volta em uma clínica particular. Quem sabe até, uma melhor do que a que ela estava antes?Só não gostei dessa maluca que apareceu. Tudo bem que eu não sou bonita como ela, mas não precisava me olhar como se eu fosse um pedaço estragado da carne.Credo, que coisa feia. E ela ainda insinuou que eu poderia estar dando um golpe da barriga nele. Justo eu.— Me fale um pouco de você.Ele olhou pra cima e deitou a cabeça de