Parte 3...Os dois me olharam.— É que eu pedi comida para nós dois e não me critiquem - apontei para Ana — Foi ela quem escolheu.— Se acostume a gastar o dinheiro dele - Otávio riu — É ele quem está em uma posição de necessidade.— Mas eu também tenho necessidades - ela disse meio sem jeito.— Eu sei, mas a dele é urgente - Otávio riu e piscou o olho — Se precisar de um advogado, fale comigo. Não deixe que ele cresça pra cima de você.— Que conversa é essa? - reclamei — Pensei que fossem meus amigos - fiz uma cara séria.— E nós somos - Sandro me respondeu — Mas agora somo amigos da Ana também e sabemos que você é bem capaz de enloquecer a coitada, com suas exigências.Ela deu risada e foi interessante, porque eu achei a bonitinha. — Ok, já entendi - o interfone tocou e eu atendi — Nosso pedido já chegou. O ajudante da portaria vai subir.— Bem que você podia ter pedido pra gente também, não é? - Sandro fez um bico — Vamos ficar olhando enquanto vocês comem?— Eu posso dividir o me
Parte 4...— Isso incomoda muito você? - ela abriu mais os olhos, me encarando — Se quiser, podemos cancelar o acordo. Você liga para eles agora e avisa, está tudo bem... Eu pos...— Não! - falei alto — Quer dizer, sim, me incomoda, mas não por causa do contrato e sim porque... Sua história é triste.— É... Mas é o que eu tenho. Não posso mudar meu passado, mas posso aproveitar para fazer algo diferente para meu futuro... - ela mordeu o lábio, envergonhada — Por isso que eu aceitei o acordo quando eles me fizeram a proposta.— E não está errada - puxei o ar me sentindo mal — Eu posso te ajudar - estiquei a mão e agarrei a dela — Do mesmo modo que você está fazendo.Eu ia falar mais, quando o interfone tocou de novo e fiz um som de tédio, levantando pra atender.— Pode falar... O que? Ela está aí embaixo?... Como assim ela subiu e vocÊ não pôde fazer nada?Antes do porteiro me responder, ouvi a campainha tocando sem parar e já sabia quem era. Desliguei e fui abrir a porta.— Grace, o q
Parte 1...AnaEu até que gostei quando ele me ofereceu comprar o lanche para que pudesse provar. Não esperava que tivesse esse tipo de delicadeza.Ele seria mesmo assim ou era por necessidade, agora que precisava que eu participasse do plano? De qualquer forma, eu meio que fiquei sem jeito de revelar meu passado, mas acho importante que ele saiba, para não ter uma ideia errada do porquê estou entrando nessa e que não é apenas pelo dinheiro.Na verdade, o dinheiro é apenas um meio de que eu consiga o que tanto quero. Ter uma independência e ainda poder colocar Acácia de volta em uma clínica particular. Quem sabe até, uma melhor do que a que ela estava antes?Só não gostei dessa maluca que apareceu. Tudo bem que eu não sou bonita como ela, mas não precisava me olhar como se eu fosse um pedaço estragado da carne.Credo, que coisa feia. E ela ainda insinuou que eu poderia estar dando um golpe da barriga nele. Justo eu.— Me fale um pouco de você.Ele olhou pra cima e deitou a cabeça de
Parte 2...— Credo, você tem uma boca enorme - balancei a cabeça.— Bom, é que eu sou honesto.— Eu chamaria de cruel - torci a boca — Tem certas coisas que você fala que parece que não escuta o que diz.— Mas eu sou seu chefe - ele deu de ombro — Eu reparo no modo como você trabalha e às vezes você parece mesmo um pouco lenta.— Quer dizer burra?— Não exatamente... Voadora seria um termo melhor.— É que às vezes eu tomo remédios que me deixam um pouco lenta, mas eu cumpro com meu serviço.— Sim, eu sei disso, mas antes eu nem sabia que você tomava medicamentos. Poderia ter me dito.Eu ergui a sobrancelha de modo irônico e ri baixinho.— Isso mudaria o que?Ele olhou meio de lado e depois riu, balançando a cabeça.— É... Acho que nada.Esse diálogo me pegou meio de surpresa. Senti um misto de tristeza e raiva. Agora não sei se deveria ter sido tão honesta logo de cara sobre minha condição física.Eu sempre me esforço muito para cumprir todas as minhas tarefas de modo certo, apesar de
Parte 1...AnaEu fiquei surpresa. Tudo bem que eu já sabia que teria que mudar para a casa dele, mas ouvir esse pedido, direto assim, fiquei meio desorientada.Onde estava o chefe rude e impaciente que eu conheço?Ele até parecia estar preocupado comigo. Isso não entra bem na minha cabeça, porque não é essa a imagem que eu tenho dele.O que houve com ele para ter essa transformação de sapo para príncipe? Ou será que eu tinha uma visão errada sobre ele?Minha mente está começando a dar uma pane.— Hã... Tudo bem, eu posso me mudar em uns dois dias.— Não - ele disse firme — Você vai voltar comigo agora. Pegue o que precisar e vamos.Eu fiquei travada. Assim? Pegar uma bolsa com algumas coisas e voltar para a casa dele?Arregalei os olhos. Dormir na casa dele sem nem me preparar emocionalmente para isso?Não sei se eu posso. É uma mudança muito brusca.— É que... - apertei os lábios sem jeito — Eu tenho que me oganizar e... Sendo bem honesta, eu não sei se consigo dormir na sua casa.—
Parte 2...— Você não tem o direito de falar assim comigo, Edu! Eu trabalho o dia todo, cuido da casa e ainda tenho que aturar suas grosserias! - exclamou Maria, a voz carregada de frustração.— Eu sei que você trabalha, Maria, mas isso não te dá o direito de ficar no meu pé o tempo todo! Não aguento mais essa pressão! - retrucou Edu, a voz repleta de irritação.Os gritos dos vizinhos se misturavam com sons de objetos sendo jogados no chão, criando um cenário de caos e instabilidade. Pude imaginar como essas brigas, se forem constantes afetavam o ambiente do condomínio, deixando todos tensos e preocupados.Com um suspiro, pensei em algumas vezes que ela chegava na empresa com a cara abatida e olheiras. Com certeza por não conseguir ter uma boa noite de sono.Ana olhou para mim com um misto de vergonha e gratidão em seu olhar. Acredito que ela esperava uma reação diferente da minha, talvez sendo até grosseiro, mas eu estava disposto a ser compreensivo e receptivo às suas preocupações.
Parte 3...Eu ri, ainda não convencida, e disse: — Espero que sim, porque eu tenho um sono tão leve que até o ronco de um mosquito me acorda! Então se você for desse tipo de homem, faça o favor de enfiar um travesseiro em cima da cabeça.— Então, vamos fazer um acordo. Se eu roncar, você me acorda e eu paro e se você roncar, eu faço o mesmo por você!Eu assenti com a cabeça e disse: — Negócio fechado! Vamos ser os guardiões dos roncos noturnos um do outro!Enquanto continuávamos a conversar, eu sentia que essa nova convivência com Matteo seria repleta de momentos diferentes do que eu já tinha visto na empresa. Saber que ele tinha senso de humor e estava disposto a rir de si mesmo era um sinal promissor para nossa nova jornada juntos. Melhor assim do que rabugento e reclamão.Chegamos à cobertura e mais uma vez ele carregou minha bolsa até lá dentro. Isso me surpreendeu também. Vi que Matteo tinha modos gentis.Ele me guiou pelo apartamento até um quarto.— Já que temos mais um acord
Parte 1...AnaEu fiquei surpresa. Muito mesmo. Como pode uma pessoa ter várias facetas ao longo do dia? Será que Matteo, meu chefe rude e chato, no fundo tem uma alma boa ou ele tem várias personalidades? Se for a segunda opção não é nada bom pra mim. Conviver com alguém emocionalmente instável não é nada legal. Sei bem disso.Eu não conseguia deixar de pensar em minha própria história, em como a convivência com uma família emocionalmente perturbada havia me afetado profundamente.Minha mente vagou para os tempos de infância, quando eu era pequena e vivia com uma das famílias adotiva que, infelizmente, era emocionalmente instável. Eles lutavam com seus próprios demônios internos, o que resultava em um ambiente tóxico e cheio de tensão. Lembro-me de como os dias eram repletos de discussões acaloradas, gritos e lágrimas. Eu era apenas uma criança, inocente e vulnerável e estava presa em meio a esse caos.Uma lembrança em particular veio à tona: uma noite em que a raiva do meu pai a