Parte 2...AnaAchei meio estranha a cara dos dois quando saíram da sala de Matteo. Pararam pra falar comigo e me fizeram algumas perguntas do nada, depois disseram que precisariam falar comigo um pouco mais.Eu gosto dos dois, mas achei que eles foram bem diretos e curiosos. Mas, tudo bem, eu respondi normal e também fiquei curiosa em saber o que eles podem querer comigo depois.Agora tenho que ir até a sala de registros para pegar algumas pastas que meu chefe estressadinho mandou. E já que ele está sozinho agora, é melhor que eu me vá rápido, antes que ele grite por mim.— Menina, nem te conto - uma outra funcionária apareceu enquanto espero o elevador — Parece que o todo poderoso está subindo pelas paredes de raiva - ela disse.Eu só franzi a testa e apertei o botão de novo.— Tem uma fofoca correndo lá no almoxarifado - ela falou mais perto de mim — Que nosso chefinho gostoso está falando em casamento - falou mais baixo com a mão na boca.— Hum... - foi tudo o que pronunciei e ent
Parte 1...Eu recebi uma mensagem do proprietário do apartamento em que estou morando agora. Vou aproveitar que meu chefe maluco deu uma saidinha e vou ao banheiro. Aproveito e já ligo para saber do que se trata.— Sim, eu recebi sua mensagem, Winderson, mas só pude ligar agora por causa do trabalho - expliquei porque ele parecia aborrecido por eu ter demorado a responder — Eu já lhe falei como é meu chefe e não dá pra ficar resolvendo coisas pessoais no horário de serviço.— Eu sei, mas é que eu preciso saber se você vai continuar com o aluguel - respondeu rápido — Se for ficar, eu tenho que aumentar em vinte por cento o valor.Vinte por cento? Aquele cubículo que eu moro? Jesus. O apartamento é um ovo de tão pequeno, o bairro nem é bom, vira e mexe tem vários problemas e ele quer aumentar tudo isso? Daqui a pouco eu vou morar embaixo da ponte.— Nossa, Winderson... Me desculpe, mas vinte por cento no aluguel é muito.— Olha, eu estou avisando porque é minha obrigação como dono do lu
Parte 2...E lá está minha secretária de novo andando pela empresa. Fiquei curioso. Agora prestando mais atenção, percebi que ela manca de uma perna. Antes pensei que fosse impressão minha ou que talvez fosse um fato isolado.Me pareceu uma cena engraçada. Se estou certo, acho que pela cara dela, está fugindo da colega que a segurou pelo braço. Pensei que fosse mais inserida nas coisas da empresa. Vai ver que é por isso que nunca a vi saindo com um grupo depois do expediente. Ela deve gostar de se isolar.Ou seja, deve ser uma dessas esquisitas de hoje, que tudo é um problema na vida dela. Que ótimo! É com ela que os dois patetas querem que eu me prenda por um tempo.Soltei o ar de vez e saí. Ainda tenho que ir a outro setor e só falta chegar lá e encontrar o serviço mal feito também.AnaAinda bem que ele não está aqui ainda. Posso continuar meu trabalho de boa sem que ele me dê algum susto ou reclame de algo.O telefone da mesa toca. Atendi como sempre. Era atrás dele e pelo modo co
Parte 3...Quando me perguntaram onde estavam meus pais, eu disse que só tinha mãe porque meu pai tinha sumido e me deixado na casa dos vizinhos.A minha mãe voltou pra me buscar porque os vizinhos a chamaram e contaram que meu pai tinha ido embora. Não conseguimos mais entrar em casa. Tudo tinha sido vendido e a casa agora era de outra pessoa.Eu me lembro da minha mãe chorando muito e a gente não tinha parentes. Os vizinhos não quiseram se envolver e nós fomos parar nas ruas. Essa foi a primeira vez.E no dia que as mulheres me acharam, eu estava sozinha. Minha mãe disse que ia arranjar um lugar pra gente dormir naquela noite, mas ela nunca mais voltou e eu fiquei esperando por ela, ali mesmo, onde me deixou.Depois de um tempo eu fui entregue a um casal para cuidar de mim e eles já tinham mais outros cinco filhos, todos assim como eu, vindos da rua.Eu achava que um dia eles iriam me adotar também, mas isso nunca aconteceu porque eu fugi. Na verdade, acho que foi uma das coisas cer
Parte 1...Eu vi quando ele se aproximou, lendo alguma coisa no celular e logo peguei o bloquinho pra ir atrás, caso me chamasse para algo.Quando ele passou por mim eu o avisei de que a Monique havia ligado três vezes e queria muito falar com ele, disse que era muito importante.Ele fez uma cara meio esquisita e respirou fundo, depois abanou a mão e entrou na sala. Esperei um pouco e como ele não me chamou, continuei o trabalho que fazia.— Ana!Eu dei um pulinho na cadeira, peguei o bloquinho de novo e fui logo pra sala. Ele estava mexendo em algo na gaveta e levantou a cabeça quando entrei. Parecia contrariado.— Ana, vou precisar de você.Eu franzi a testa. Ok.— Por acaso você já acertou alguma coisa com os dois?... O Sandro e o Otávio? - fechou a gaveta — Eu vi que vocês combinaram algo.— Hum... Eles só me perguntaram algumas coisas e depois disseram que tinham algo para me propor e que era importante... Mas não combinamos nada - pressionei os lábios.Ele coçou a cabeça e suspi
Parte 2...Eu morei lá mais tempo, eu fiquei mais com nossos avós, eu dei atenção ao que eles e o lugar precisavam e mesmo quando me afastei para cuidar de minha vida adulta, fui eu quem mais entrou em contato e estava sempre ligando para saber deles e quando minha avó morreu, eu dei apoio ao velho Pietro, ainda que ele me enchesse de vez em quando.E fiz por amor, não por obrigação ou por achar que devia algo a eles.E o Lucas? O que ele fez mesmo? Onde esteve quando nossa avó ficou doente? Ele nem mesmo foi visitá-la. Nem em casa e nem no hospital. Apenas ligou para saber dela por três vezes e depois, nem isso.Aí, quando recebeu o aviso de que nossa avó Felicia havia morrido, ele apareceu todo choroso no velório e no enterro fez uma ceninha que pra mim, foi ridícula.Eu sei que ele deve ter sentido a morte dela, afinal, não acho que seja um monstro insensível, mas claramente ele poderia ter participado mais da vida dos dois.Não acho que agora vá querer ficar com a propriedade. At
Parte 3...— Pronto, já assinei. Podem começar a falar antes que eu me coçe de curiosidade.Otávio gargalhou e quando um rapaz se aproximou, ele pediu uma jarra de água de coco para eles.— Quer comer alguma coisa, Ana?Eu até estava com fome, mas preferi dizer que não. Quando chegasse em casa eu faria algo para comer.— Então vamos começar - Sandro disse — Nós temos uma proposta para te fazer.— Na verdade - Otávio se inclinou para mim — A proposta é do Matteo.Eu franzi a testa e olhei de um para outro.— Matteo? - fiz uma cara engraada de dúvida — Matteo... Meu chefe? - gesticulei — Esse Matteo?— Esse mesmo - Otávio balançou o corpo, rindo — O próprio.— Hum... Sei não - cocei atrás da orelha — Mas pode falar.— Eu vou resumir, porque nosso tempo nos pede isso, ok? - Sandro tocou minha mão.— Certo, acho até bom.— Matteo está em uma situação um pouco complicada, por assim dizer... Você sabe que ele perdeu o avô - eu fiz que sim com a cabeça — E com isso, ele pode ter outra perda
Parte 1...Eu acho que não ouvi direito, só pode ter sido isso. Olhei para baixo e vi os cacos do copo no chão. Fiquei chateada por ter dado prejuízo e com vergonha também. Os dois ficaram surpresos com minha reação, mas foi totalmente sem querer.O garçom apareceu e começou a limpar rápido, me senti mal por ele, dando trabalho ao rapaz.— Acho que ouvi mal.O rapaz saiu carregando os cacos e voltou de novo com outro copo. Aproveitei e pedi desculpas. Ele sorriu e disse que tudo bem e saiu.— Não, você ouviu bem - Otávio deu risada e apertou minha mão — É, eu sei que foi um susto. Se fosse comigo eu também me assustaria. Alguém aparecer assim, de repente, com uma conversa dessa.— Ainda bem que você sabe.— Sabemos que pode ser estranho, mas se você ouvir a proposta, acho que pode se interessar por ela.— Mas... Casamento? - fiz uma cara meio assustada — E com ele?De novo os dois riram muito.— Não é caso de polícia - Sandro ergueu a mão — Não precisa fazer essa cara. É só uma propo