POV CALEBAvancei um pouco, mantendo meus movimentos lentos, cuidadosos. Eu queria que ela entendesse que eu não era uma ameaça. Que nunca seria. Meus olhos se fixaram nos dela, minha respiração quente escapando em baforadas suaves na pouca distância que nos separava.Ela estendeu a mão, hesitante, seus lábios se entreabrindo como se quisesse dizer algo, mas se conteve. Suas pupilas dilataram, o coração acelerado bombeando sua essência pelo ar. Meu lobo rugiu em satisfação silenciosa. Ela sentia a conexão, mesmo sem entender o que era.E então, seus dedos tocaram algo inesperado. Meu pingente.Passou o polegar devagar sobre os símbolos cravados na joia. Meus músculos tensionaram no mesmo instante. O olhar dela se fixou na peça de metal, e sua expressão mudou. Curiosidade, surpresa… suspeita.— O que é isso? — murmurou, passando o polegar lentamente sobre o brasão de Vartheos gravado na joia. — Você pertence ao castelo?O simples som daquela pergunta fez algo em mim se incendiar. Meu pe
POV ENRICA— Ah! — soltei um riso surpreso, olhando para ele. — Então era isso? Você só queria brincar? O grande lobo negro ficou sobre mim, as patas firmes ao lado do meu corpo, o olhar fixo no meu. O peito dele subia e descia devagar, e por um momento, achei que ele ficaria assim, apenas me analisando. E então uma língua quente deslizou pela minha bochecha, longa e molhada, me fazendo soltar outro riso. — Ei! — protestei entre gargalhadas, tentando me afastar, mas ele não parou. O lobo continuou, lambendo meu pescoço, depois meu ombro, roçando o focinho contra minha pele exposta. Seu calor era intenso, e cada toque da língua dele enviava cócegas por todo o meu corpo. — Você realmente gosta de fazer isso, hein? — brinquei, entre risos, tentando revidar ao passar a mão pelo pelo espesso dele. Meus dedos se afundaram na pelagem negra, e o senti se contrair levemente antes de relaxar contra mim. Mas então, como se um estalo passasse por ele, o lobo parou. Seus músculos fica
POV ENRICAEu ri sem humor, desviando o olhar.— Estou bem, Marco — respondi com leveza, pegando uma maçã da barraca ao lado. — Só… tem sido um inverno difícil. Ele suspirou, cruzando os braços. — Você devia sair daquela cabana, sabia? Viver sozinha no meio da floresta não é seguro. Apertei os lábios, sentindo o mesmo aperto de sempre quando esse assunto surgia.— Eu já te disse. Não posso. É o último lugar que ainda me liga aos meus pais. Marco me observou por um instante, sua expressão suavizando. — Eu entendo, Rica. Mas isso não significa que você precisa se isolar. Desviei o olhar, focando na maçã em minhas mãos. Antes que ele pudesse continuar com seu sermão, algo chamou minha atenção.O jornal dobrado embaixo do braço dele.— O que é isso?Marco seguiu meu olhar e bufou. — Ah, só mais um artigo sobre a realeza. Ele desdobrou o jornal e mostrou a página principal. Meu olhar foi direto para a imagem de um homem de aparência imponente. Príncipe Caleb de Vartheos. Ha
POV ENRICAEntrei na cabana e soltei um suspiro longo. O lobo negro continuava ali, parado na entrada como uma sombra imponente, os olhos vermelhos me acompanhando em silêncio. — Você realmente ficou aqui o tempo todo, não é? — sorri, fechando a porta atrás de mim. — Bom menino. Ele não reagiu, mas algo na forma como me observava fez meu estômago se apertar. Ignorando a estranha sensação, pendurei o casaco e caminhei até a pequena cozinha. Meus dedos estavam gelados pelo frio, e eu mal sentia minhas pernas depois da caminhada. Tudo o que eu queria era uma refeição quente. Peguei a sacola com as compras e comecei a tirar os itens, separando o que precisava para preparar meu jantar. Peguei um pedaço de carne crua e ergui na direção do lobo. — Trouxe algo pra você também. — balancei o pedaço diante dele. — Espero que goste. Ele sequer piscou. Minha sobrancelha arqueou. — Ah, então você é exigente, é isso? — provoquei, girando a carne na minha mão. — Prefere que eu asse prime
POV CALEBO cheiro dela me atingiu como um raio. Quente. Suave. Perfeito.Toda a tensão que dominava meu corpo se desfez no mesmo instante. Meu lobo, que antes rugia de frustração e desejo reprimido, agora estava… em paz. Era ela. Ela era a resposta.Passei tanto tempo lutando contra impulsos incontroláveis, contra o instinto primitivo que exigia destruição, que essa nova sensação me pegou desprevenido. Por que apenas ela me acalmava? Por que nenhuma outra fêmea jamais teve esse efeito?Meus olhos estavam cravados nela, cada pequeno gesto me puxando para mais perto. — Hm… parece que você gostou mais de mim agora, não é, grandão? — Enrica brincou, rindo baixinho enquanto mexia nos cabelos. Minha atenção se intensificou. Ela não fazia ideia do que havia acabado de fazer comigo. Do que significava para mim. Ela suspirou e voltou para suas tarefas, sem perceber que eu estava absorvendo cada pequeno detalhe dela. Enquanto costurava, suas sobrancelhas se franziram, e um pequeno biquin
POV CALEBNo instante em que senti o cheiro, soube que algo estava errado. Não era o vento frio da floresta, nem a umidade da madrugada. Era um vestígio. Fraco. Quase imperceptível. Mas presente.Meu lobo reagiu antes de mim, os pelos se eriçando em um alerta silencioso. Meu faro se expandiu, procurando qualquer sinal de movimento, qualquer ameaça que se escondesse na escuridão. Algo esteve aqui. Algo que não deveria estar.Mas não havia nada. Somente o silêncio absoluto da floresta. Meus músculos se retesaram, e meu lobo rugiu em silêncio. Eu não gostava disso. A sensação de que algo espreitava na sombra. Meus olhos percorreram a área, minhas garras se cravaram no chão. Não importava quem ou o quê estivesse ali. Eu não deixaria nada chegar até ela.Fortaleci minha marca na cabana, roçando meu cheiro contra a madeira de forma mais agressiva, deixando um aviso ainda mais claro. Se alguém ousasse entrar naquele território, eu arrancaria sua garganta com os dentes.Mas isso não era o
POV CALEB— A única coisa que importa é que ela será minha escolha. — Você realmente acredita que essa decisão pertence a você? — Sua voz se tornou mais cortante. — Quer uma fêmea sem título, sem linhagem, sem poder?Meu lobo rugiu violentamente dentro de mim, rejeitando cada uma dessas palavras.— Você pode lutar contra isso o quanto quiser, Caleb. Pode bater os pés como uma criança teimosa. Mas, no fim, o reino vencerá.— Eu não sigo as tradições desse reino. — Você é esse reino — Amelia rebateu, séria. — Não aceitarão uma plebeia ao seu lado, Caleb. Você precisa de uma rainha com sangue real. Uma mulher digna de gerar um herdeiro forte. O nó de fúria na minha garganta apertou ainda mais. Minhas garras emergiram antes que eu pudesse conter. O rosnado que escapou de mim reverberou no corredor silencioso. Amelia parou. Seus olhos analisaram meu corpo tenso, a forma como minha respiração se tornara instável. Ela percebeu. Pela primeira vez, ela percebeu que eu estava à beira de pe
POV CALEBSamuel soltou um suspiro carregado de frustração. — Para com isso. Você não é um monstro. — Não sou? — minha mandíbula se contraiu. — Então me diga, Samuel. Quantos alfas nesse reino têm as mãos tão sujas de sangue quanto as minhas? Ele abriu a boca, mas nada disse. Oliver chutou uma pedra no chão, impaciente. — Isso não é sobre o que você foi ensinado a fazer, Caleb. Isso é sobre quem você quer ser agora. E se essa fêmea significa tanto para você, você precisa parar de se esconder atrás dessa desculpa idiota. Meus olhos brilharam em advertência, mas Oliver apenas me encarou de volta, desafiador. Eu queria rebater, dizer que não era tão simples. Mas antes que pudesse encontrar as palavras, Samuel resmungou: — E o baile? Minha respiração ficou pesada. — Não me fale desse maldito baile. — Sua mãe quer que você escolha uma fêmea da realeza, não é? — Oliver perguntou, mais sério agora. Eu ri, sem humor. — Ela quer que eu escolha uma fêmea conveniente. Uma mu