Capítulo 7

Escutei gritos vindo do lado das clareiras, e a voz de Rafael por nossa ligação.

Enviados!

Ótimo! Erá só disso que eu precisava. Larguei as folhas espalhadas sobrr a nova mesa em meu escritório e corri para lá, ao menos os lobos da área já haviam conseguido conter a situação.

Ao chegar lá fiquei parado esperando alguém começar a explicação, mas ninguém começou o interrogatório. Repreendi Rafael.

— Já falei que quero que comece antes que eu chegue, não estarei sempre aqui Rafael!- Ele assentiu e baixou o rosto em seguida.

Ao lado deles estavam dois corpos de crianças... Meu corpo estremeceu de raiva, ódio fervilhava ao meu redor. Ergui o olhar para meus betas e fiz um movimento de cabeça para que eles fossem soltos, e assim fizeram.

Os três começaram a correr rindo da minha cara como se eu fosse um idiota, mas mal sabiam o que eu iria fazer.

Meus ossos começaram a se revirar, minhas roupas rasgaram, eu alcancei pouco mais de dois metros de altura. Um crino. Uma besta em duas patas. Com rapidez consegui alcança -los, e seu final, não foi um dos melhores. O primeiro eu consegui rasgar os seus calcanhares com eficácia o deixando caído no chão gritando, minha boca salivava com ancia de rasgar sua carne, ele tremia de medo e aquilo apenas alimentava minha sede de sangue. Finalmente me rendo àquelea sede e rasgo seu pescoço arrancando sua cabeça devagar e de maneira muito dolorosa.

O segundo já estava mais distante, porém em questão de minutos o alcancei, minhas garras rasgaram sua carne com tranquilidade enquanto ele gritava, órgão por órgão eu arranquei o escutando gritar até finalmente morrer.

O terceiro estava muito longe, porém o segui devagar, ele estava convicto de seus passos o que acendeu minha curiosidade. Encobri meu cheiro entre as plantas altas do lugar para que ele não percebesse.

Após um tempo considerável de espera vejo ele chegar em uma velha construção, parecia uma garagem. Agucei minha audição e fiquei a espreita, escutando o que se passava ali.

— Tem certeza que ninguém lhe seguiu? — Ouço uma voz um pouco conhecida falar.

—  Tenho sim! – Fala o terceiro enviado.

— Ótimo! Ele nunca irá querer encontra-la depois de tantos ataques. Ela já está na cidade. O quanto antes a afastarmos melhor será – Tento me recordar de quem é a voz, o que está muito difícil, escuto algumas bobagens e finalmente ligo os pontos, a voz é de Otávio.

{...}

Ao voltar para a alcatéia meu semblante não está tão bom quanto antes, o que quer que estejam planejando está me afetando mesmo eu sem conhece-la, sem toca-la. Minha raiva aumentava a cada segundo e nem eu sabia exatamente o porquê, talvez pelo fato de Jhefry está certo,  ou Rafael ter me aconselhado e eu não ter ouvido, pode ser também meu lobo indignado por quererem matar sua companheira, mas uma parte dessa raiva é pelo fato dela me fazer sentir. Odeio sentir.

Ela é nossa Ian, não podemos deixar que a machuquem de novo.

Rosna meu lobo em um apelo que mais parecia uma ordem. A curiosidade em saber quem ela é, se sobressalta a minha vontade de matar. Como ela pode mexer tanto assim comigo? Não consigo entender.

— Relaxa Ian, isso não vai acontecer de novo. – Rafael fala mais pra ele do que para mim.

— Queria acreditar nisso Rafael, eu queria mesmo. Mas tenho uma leve impressão que isso é só a ponta do iceberg. – Ele treme, porque sente o mesmo que eu. É bom ter uma ligação com Rafael, em muitos momentos ele me salva mais do que minha própria consciência.

{...}

Passei o dia inteiro rondando o condomínio examinando as câmeras de segurança. Eu estava parecendo um zumbi, e assim se foi mais uma semana longe do escritório, longe da minha cama, longe de mim mesmo. Às vezes eu nem sabia mais quem era de tão perdido que eu estava em meus próprios pensamentos, a imagem daqueles lindos olhos azuis que por hora ficavam tão escuros quanto o céu em uma de suas noites mais estreladas. Sua voz ecoava em minha cabeça me fazendo perder o ar, nunca pensei que ficaria assim por alguém que nem conhecia ou sabia que existia, mas essas coisas estranhas provavelmente estão acontecendo por causa do que Otávio falou, ela está na cidade. Será que ela sente o mesmo que eu? Me pergunto toda hora. Minha aparência já não estava tão satisfatória quanto costumava ser, e os lobos me olhavam com medo. Como posso me acabar tanto assim por um amor que nunca vivi, e talvez se quer o viva? Não obtive resposta.

—  Ian, cara, você precisa descansar, vai dormir um pouco, eu cuido de tudo por aqui, não se preocupa, afinal essa semana que vem você vai ter muito trabalho na construtora. – Meu Tau preocupado, mas ele está certo acumulei muito trabalho e provavelmente não descansarei tão cedo.

Aceitei seu conselho, e fui para casa, tomei um banho quente e demorado queria sentir cada gota percorrer meu corpo cansado, minha mente conturbada. Ainda estava úmido quando me deitei, meu cabelo estava molhado, ensopando o travesseiro sob a cabeça mas foi apenas fechar os olhos para cair em um sono profundo, e livre de qualquer preocupação ou pensamentos. Livre dela.

Acordei com novas forças e uma aparência mais aceitável, parece que dormi meses. Peguei meu celular para verificar se realmente foi isso que ocorreu, quando destravo a tela que a dias eu não mexia havia mais de cem emails, a maioria de construções civis semi agendadas as outras eram alguns problemas de alcatéias, principalmente de lycans. Pense em uma raça para dar trabalho, então multiplique por dez e você entenderá o tamanho do estresse que tenho com eles. Verifique as horas e o dia, eu tinha dormido quase um dia e meio.

Não demorei muito a sair de casa, minha aparência estava bem melhor dando lugar a olhares menos temerosos. Após um dia longo cuidando de assuntos lupinos me dirigi a academia e malhei um pouco, mas como sempre gosto de finalizar com uma boa luta, eu chamei Rafael para brincar um pouco.

— Você não é de nada, Ian.– Murmura Rafael sem pestanejar.

— Veremos, Rafael – lhe dou um sorriso travesso.

Na maioria das vezes todos se reuniam para ver nossas lutas, eram muito brutais por termos forças parecidas. Rafael tenta me golpear com um gancho de esquerda, eu me esquivo e lhe chuto a barriga, com o chute Rafael se desequilibra e acaba caindo, mas não demora a ficar em pé com um sorriso arrogante. Ele chuta na altura do meu queixo tão rápido que quase tombo.

— O que foi isso Rafael? – Falo em um tom de deboche.

— Ando treinando – revida ele com rapidez.

Logo que ele termina de falar aproveito seu momento de distração, lhe passo uma rasteira, quando ele cai o imobilizo no chão. Nossos rostos são iguais ao de duas crianças brincando.

Estendo minha mão para ajuda-lo a se levantar e ele a segura, o puxo para junto e em um abraço terminamos a luta.

— Está muito cansado? –  pergunta Rafael passando o braço em volta do meu pescoço.

— Hum... porque a pergunta? – desconfio, ele não costuma me perguntar isso.

— To com ingressos para uma batalha hoje! – reponde ele risonho.

— Batalha de que? De dedos? – gargalhei retirando seu braço de perto de mim e o empurrando para longe.

Há há há ... muito engraçado Ian, batalha de dança! É em uma boate –o encaro quase sem acreditar.

— E desde quando você gosta disso? Aliás sempre achei você meio sabe... Rafael, se você quer companhia para suas boates gays não precisa usar códigos, eu vou contigo – Aquele momento em que uma bomba está prestes a explodir.

— Não é esse tipo de dança, seu otário. Só estou tentando te ajudar, mas que merda! E outra minha sexualidade é problema meu... e eu não sou GAY! – ele está vermelho igual um pimentão. – Se não quer ir é só dizer! – percebi que ficou ofendido.

— Vou com você Rafael... mas juro que se for uma boate gay... – falo apontando em sua direção. – ... eu arrumo um namorado para você.

— Ta, Imbecil Te pego às oito! – grita ele se afastando.

— É um encontro? –grito de volta – Porque se for preciso usar algo mais justo amor!

— Vai a merda Ian! – ele rebati.

{...}

Finalmente depois de um bom banho estou pronto para ir a boate, coloquei uma blusa branca, um casaco com capuz verde escuro, uma calça jeans preta, e um tênis Nike branco, bagunço um pouco o cabelo e já estou pronto.

Não demorou muito para ouvir a Buzina do Camaro de Rafael.

Desci apressado e entrei lhr cumprimentando. Jigamos um pouco de conversa fota até que, finalmente entramos na boate.

— Hoje nos temos uma batalha épica, Os Supremos e Os Caveiras se enfrentam hoje! - a voz do DJ animava todos que estavam ali, eles soltavam gritos e assobios. O cheiro daquele pessoal não enganava nada, tinha muitos vampiros e lobos ali, e algumas bruxas  em meio a humanos totalmente alheios.

Logo entraram dois grupos de pessoas, um pelo lado direito e o outro pelo lado esquerdo, o que entrou pelo lado direito estava usando roupas pretas com vários desenhos de Caveiras nelas, mas nenhum modelo padronizado. Começaram a dançar uma música de Black Eyed Peas Boom Bom Pow, seus movimentos eram fortes e precisos, estavam em sincronia, eles são bons mas são monótonos. A equipe da esquerda usa roupas em verde musgo, estilo soldado, e como a outra nada padronizado, passos fortes e detalhados cada um tem sua área de atuação, embora que algumas vezes tenha uma sincronia os passos aleatórios também fazem muita diferença.

Eu costumava dançar antes dos dezesseis anos então entendo algumas coisas, mas, algo me chamou atenção nessa equipe, uma garota, ela dançava muito bem movimentos arriscados tanto no chão quanto em passos ousados ela começou a dançar com um rapaz o que me gerou um certo tipo de... ciumes? Nem ao menos a conheço! Minha respiração acelera como se fosse eu quem estivesse dançando.

As luzes estão fortes e bem coloridas a garota usa um boné, o que dificulta ainda mais minha visão, não consigo ver detalhes sobre ela apenas sei que sua presença e sua dança mexeram comigo. Enquanto eu estava paralisado a olhando mal tinha percebido que a competição havia acabado, o grupo dela tinha ganhado e ela comemorava abraçando o garoto que estava com ela. Já que não podia vê-la com clareza tentei sentir seu cheiro, mas apenas o cheiro dele chegava até mim cheguei a pensar que talvez fossem companheiros, mas não havia nenhuma marca neles...

— Ian vamos embora. É tarde. –  Murmura Rafael ao meu ouvido, ele realmente consegue ser um pé no saco. Mas tenho que concordar já eram mais de uma da manhã, e eu tenho que ir trabalhar infelizmente.

Enquanto eu saía meus olhos não se desgrudavam dela, tentando absorver algum detalhe algo que faça entender. Então ela abre um sorriso angelical em lábios carnudos, eu vi meu chão sumir eu queria ir beija-la, eu queria que ela fosse minha, meu corpo enrijeceu, minha boca ficou seca e mesmo com toda a força do mundo ainda fui arrastado por Rafael até o carro, enquanto minha mente estava naquele sorriso. E que sorriso. Cheguei em meu quarto e não quis ter o trabalho de tirar minhas roupas, me joguei na cama, e aqueles movimentos atraentes em seu corpo, aquela boca carnuda, aquele sorriso mais que perfeito, me fizeram dormir sonhando com ela...

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