Capítulo 2-  A tragédia

“ É incrível como a minha vida muda tão rápido de uma dia para o outro , às vezes a vida acaba me surpreendendo”

Henry theodore Hughes

O que eu mais temia aconteceu. 

Toda a verdade veio à tona, não queria que meu casamento chegasse ao fim dessa maneira e muito menos que minha filha tivesse essa imagem de mim, mas, a quem eu quero enganar? Eu sou sim, esse monstro que ela retratou. Fui covarde ao aceitar esse casamento, na verdade, o dinheiro da família dela acabou me enchendo os olhos. Nem tudo foi ruim na nossa vida, durantes os primeiros anos, fomos felizes, mas depois, eu conheci uma parte de mim que até então era desconhecida. Queria viver com intensidade, me aventurar, correr riscos, sentir a adrenalina percorrendo as minhas veias… Abigail era uma boa esposa, mas eu ansiava por mais. 

Foi quando eu conheci Stephany na casa noturna Coliseu… a química foi intensa e voraz. Eu me senti jovem e vivo, como jamais havia sentido antes. O sexo era intenso e selvagem, mas no fundo, sabia que Stefany queria de mim, uma vida de luxo, status… então, eu apaixonado estava disposto a tudo para dar a ela o que ela desejava. 

Começou com o nosso pequeno negócio, depois foram minhas economias. Aí comecei a jogar, e no começo ganhei muito dinheiro, e essa foi uma excelente alternativa  para manter a minha vida dupla sem dor de cabeça. Quando nossa filha estava em casa, éramos o casal perfeito, mas bastava ela sair pela porta, que nos atacávamos. Abigail acabou aceitando, não podia fazer nada, no fundo, acho que ela não queria ter que voltar para casa dos pais. Mas as coisas pioraram, nos últimos meses, eu jogava todos os dias. Eu apostava o que tinha e o que não tinha, jogar era como uma droga para mim, e eu me tornava cada vez mais viciado. Stephany passou a exigir mais de mim, e eu não tinha para dar, então me lembrei da poupança de nossa filha, e sem hesitar, passei a usa-la para manter os meus dois vicios: Sexo e jogos! 

Mas toda fonte seca, e passei a pegar emprestado para manter os meus vícios. Penhorei nossa casa, vendi nosso carro, fiz tudo o que estava ao meu alcance. Até que tudo começou a desmoronar, primeiro o oficial de justiça e a carta com ordem de despejo da nossa casa, depois um visita do agiota e um prazo, “ você tem até sexta-feira para pagar o que deve.” – disse o homem com cara de bandido que me abordou ao sair de casa. E hoje, era sexta-feira… eu não tinha o dinheiro, e para completar a minha filha tinha descoberto que o pai dela não bastava de um vilão… não podia mais negar, chegou o momento de acertar as minhas contas, só espero que ele não a machuque. 

✲ ✲ ✲

Estados Unidos

São Francisco, Califórnia

Casa noturna Coliseu

Toc 

Toc

Toc

Pode entrar. 

Escuto a voz rouca ser pronunciada do outro lado e já sei que ele não está nada satisfeito. Abro a porta devagar e busco com os olhos o dono da voz que tanto me amedronta. O sorriso surge nos lábios do homem bem vestido e grisalho. Entro e me aproximo ficando diante dele, nossos olhos se encontram e antes que ele diga alguma coisa eu me pronuncio:

— Pode tirar a minha vida, mas por favor, deixe a minha filha fora disso!

O homem me encara nos olhos e sorri e diz em seguida: 

— Vamos ver o que posso fazer de especial por sua garotinha… 

— Você não ouse! 

— Se preocupasse com isso antes de vender a sua família Henry.  — disse olhando para mim, senti todo o meu corpo estremecer já imaginando o que estava prestes a acontecer comigo. — agora a conversa é entre nós dois! 

Fechei meus olhos e suspirei fundo, chegou a hora de pagar pelos meus pecados, só espero que um dia minha filha me perdoe.

✲ ✲ ✲

Chloe Hughes

Depois de tudo o que minha mãe tinha me contado, resolvi sair, talvez uma caminhada fizesse minha cabeça esfriar um pouco.  Estava andando por uma rua cheia e fedorenta quando ouvi alguém me chamando.

Ei princesa, vem aqui…

Virando minha cabeça, descobri que era apenas um anunciante, um daqueles homens responsáveis em escolher mulheres em multidões e convidá-las para trabalhar num clube de anfitriãs, ignorei o seu chamado e continuei caminhando, pensando em tudo o que iria acontecer na minha vida daqui para frente, meu pai, segundo minha mãe, provavelmente seria morto, é doloroso chegar a essa conclusão, mas não consigo sentir pena dele nesse momento, posso estar sendo cruel, mas infelizmente é assim que me sinto no momento. Mas, quem sabe se eu fosse até o tal agiota e tentasse negociar com ele? Pediria que ele poupasse a vida do meu pai e em troca pagaria a sua dívida. Trabalhar para um clube de anfitriãs, não era o que queria da minha vida, embora eu pudesse ver por que tantas garotas como eu acabavam escolhendo esse tipo de trabalho. 

O homem se aproximou novamente, parando bem diante de mim ofegante, era perceptível que parecia um pouco desesperado, será que assim como eu, ele estava desesperado e precisava pagar uma dívida muito grande e por isso a insistência?  Em sua linha de negócios, ele era provavelmente pago pelo número de mulheres que convencia a trabalhar para o clube. A rua ainda estava muito lotada, e eu mal podia ouvir suas palavras enquanto ele falava comigo: 

— Senhorita, espere, não tenho certeza se você já ouviu, mas nosso clube de anfitriãs está convidando mais garotas para trabalhar para nós. O salário é muito bom, e todas as nossas funcionárias, são muito felizes por estarem aqui, tenho certeza de que você se sentiria da mesma maneira, se nos der uma chance.  — ele completa com um sorriso nos lábios. Por um momento recordo de tudo o que está acontecendo em minha vida e se talvez, essa não seria a solução. A Sarah uma vez me disse que tinha uma colega que trabalhava nessas casas e ela não se prostituia, lembro que quando ela me contou, duvidei que isso fosse verdade, mas enfim, não posso tomar nenhuma atitude, não de cabeça quente. Sorri de volta para o homem e respondi:

Sinto muito, mas não estou precisando de dinheiro, obrigada pelo convite.

Que mentira, o que mais precisava era de dinheiro agora para pagar a dívida do meu pai, a hipoteca da casa e minha faculdade, mas não era o momento para tomar decisão alguma, precisava pensar melhor. Dou as costas para ele e sinto sua mão agarrar o  meu braço, me detendo, desvio meus olhos para ele confusa e antes de dizer alguma coisa ele fala: 

— Tem certeza? Porque esta pode ser a oportunidade de uma vida para você, e não vou oferecê-la a muitas outras pessoas.

— Sim, estou decidida sobre isso, e sei que deve haver muito mais pessoas por aí dispostas a trabalhar para vocês, mas, infelizmente, eu não sou uma delas. Sua mão soltou meu braço e eu saí de lá com um sorriso no rosto. 

Quando pensei que tudo tivesse ficado claro, ouvi novamente passos e o homem novamente me olhou e disse: 

— Você tem certeza disso, senhorita? Podemos dar-lhe uma espécie de test-drive. Você trabalharia para nós por uma noite, e se você gostasse, poderíamos contratá-la. Claro, não é nada garantido, e… 

Esse homem já está começando a me irritar. Olho para ele furiosa e respondo com convicção:

— Sim, tenho certeza, agora, se você me der licença...

Girei os calcanhares, mas ele continuou insistindo.

— Não sei porque, mas sinto que você precisa de minha ajuda. E você é…. — seus olhos castanhos percorrem o meu corpo e sinto náuseas. Encaro o homem e digo já sem paciência:

já disse senhor que não me interessa! 

Saio do local batendo os pés e me dirigindo para casa. Acabei voltando com a mente mas tumultuada de quando sai. Antes de entrar, já sinto o meu corpo estremecer ao ver duas viaturas policiais. — Por Deus, o que será que aconteceu? —  Corro e abro a porta e vejo minha mãe sentada no sofá chorando exaustivamente. Naquele instante, eu sabia o que tinha acontecido: O meu pai havia sido morto! 

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