Capítulo 5 - A proposta

“Às vezes, as decisões mais difíceis levam às transformações mais profundas.”

O que sabe sobre o que fazemos aqui? 

Chloe suspirou fundo e passou as mãos pela calça, tentando controlar seu nervosismo e disse:

— Sei que oferecem serviços de anfitriã. 

— E sabe como é o papel de uma anfitriã? 

— Devemos entreter os clientes e fazer com que eles consumam. 

Otto sorri largo e responde satisfeito:

— Muito bem, minha criança, percebo que fez a lição de casa direitinho. Algumas anfitriãs, optam por dormir com os clientes… — Chloe sentiu a bile subindo e se controlou para não vomitar. — uma maneira de ganhar um bônus, mas não se preocupe, isso não é obrigatório, a não ser que sinta vontade… — disse colocando os cotovelos sobre a mesa e encarando Chloe nos olhos com intensidade. Chloe resolveu permanecer em silêncio, como se ignorasse completamente essa informação. — Mas, diga-me, minha criança… de quanto precisa?

Chloe suspirou e abaixou a cabeça. Não tinha mais volta, por mais que estivesse morrendo de vontade de correr dali, precisava de dinheiro para as despesas médicas de sua mãe, a hipoteca da casa e a faculdade. Respirou fundo e levantou o rosto encarando o homem e disse:

— O suficiente para pagar as despesas médicas de minha mãe, quitar a hipoteca da minha casa e atualizar a minha faculdade! 

O empresário sorriu largo e se acomodou melhor na cadeira, satisfeito com uma ideia que lhe surgiu. Ele abre a gaveta, pega uma caixa retirando um charuto e o acende, soprando a fumaça, dizendo em seguida:

— Pois bem, façamos assim — encara novamente a menina nos olhos e continua: — Meu anunciante pegará com você todas as despesas detalhadas do hospital e da casa, em dois dias quitamos todas as suas dívidas, fora isso, regularizarei a sua faculdade e assumirei as demais prestações, darei um dinheiro extra para que possa se manter… — disse sorrindo.

Chloe achou ótimo, mas queria saber quanto tudo isso lhe custaria. Encarou o homem nos olhos e perguntou:

— Como pagarei por tudo isso? 

Otto sorriu gostando de saber que apesar de garota, ela era bastante inteligente, colocou o charuto no cinzeiro e disse: 

— Assinaremos um contrato de três anos.

Três anos? Ficaria presa àquele ambiente por três anos? — penso. 

— Trabalhará para mim durante três anos. Nesse período deverá estar sempre disponível quando solicitada, para eventos e coisas do tipo e nunca deverá faltar. Quando digo nunca, quero dizer nunca mesmo. O que me diz? 

Chloe não tinha saída. Não era o que tinha desejado na vida, mas esse emprego resolveria todos os seus problemas e ela não precisaria abandonar a faculdade. Quando decidiu ir até aquele lugar, sabia que teria um preço muito alto a pagar, mas não tinha outra  saída. Levantou-se, aproximou do homem estendendo-lhe a mão e disse:

Onde assino? 

— Muito bem, gosto de trabalhar com garotas inteligentes. Como se chama?

Chloe Hughes.

✲ ✲ ✲

Estados Unidos

São Francisco, Califórnia

Universidade da Califórnia

Chloe Hughes

Acabei de vender minha alma.

Saio do clube e vou direto para a faculdade, tenho que fazer o levantamento das dívidas para entregar ao meu novo “patrão.” Por Deus, o que eu fiz? Agora não é o momento de chorar pelo leite derramado, preciso ser forte, por mim e por minha mãe. Lembro que nem vivi o luto do meu pai, minha vida está uma verdadeira montanha russa e na verdade, não me recordo qual foi a última vez que eu comi alguma coisa. Desço do ônibus na frente da faculdade e entro. Olho para o meu relógio de pulso e vejo que ainda tenho tempo para tomar um café, pelo menos, suspiro fundo e caminho até a cantina. Não sei porque mas sinto como se todos estão me olhando como se soubessem o que estou prestes a fazer. Deixa de paranoia, Chloe! – penso. Sento na mesa, faço o meu pedido e pego o meu celular para telefonar para o hospital e tentar descobrir como está minha mãe, mas antes de completar a minha ligação, vejo minhas duas amigas se aproximando. Quando acabarem as aulas de hoje, vou até lá visitá-la afinal, se algo ruim tivesse acontecido, eles teriam me telefonado, com toda certeza

— Chloe, ligamos para você durante o dia inteiro, por onde esteve? — perguntou Sarah, sentando ao lado da amiga. 

— Estive resolvendo umas coisas da mamãe. – respondo entristecida. Se minhas amigas sonham com o que estou prestes a fazer, será que deixarão de ser minhas amigas?  

— Não teremos aula hoje a noite, a professora está com catapora. — completou Elizabeth. — Para falar a verdade, eu achei maravilhoso porque não tinha estudado nada para o teste que ela ia aplicar. — completou sussurrando. 

— Hoje teria um teste surpresa? Nossa, que legal! – digo zombeteiro. 

Sarah suspira fundo e se aproxima segurando minhas mãos e  diz encarando meus olhos:

— Amiga, não se cobre tanto. Aconteceram várias coisas na sua vida nos últimos dias, tire um tempo para descansar, se quiser, converso com os professores sobre sua situação e…

— Sarah, não. Se ficar sozinha em casa, enlouqueço! 

— Por que não vem morar com a gente? — perguntou Elizabeth. 

— Nosso apartamento é pequeno, mas sempre cabe mais um. — completou Sarah com um sorriso acolhedor. 

Por um momento penso nessa possibilidade, mas agora, na minha atual condição, o que diria às minhas amigas quando precisar sair todas as noites? Sorrio e respondo:

— É uma boa proposta. — as duas sorriem animadas… — mas preciso organizar tudo antes, prometo que quando tudo estiver nos trilhos, respondo a vocês. Então já que não tem aula, vou até o hospital visitar minha mãe. — digo já levantando da mesa. 

— Vamos com você! — respondem em uníssono. Sorrio sentindo-me acolhida, como é bom ter alguém ao seu lado que se preocupa com você, espero que essa fase negra da minha vida passe rápido, pelo menos sei quanto tempo irá durar… Três anos! 

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo