Capítulo 4 - A decisão 

“Não podemos evitar o sofrimento, mas podemos aprender com ele e nos tornar pessoas mais fortes e compassivas.”

Chloe Hughes

Pensei que depois de tudo o que aconteceu ontem, nada mais poderia me desestabilizar, mas não foi bem isso que aconteceu, durante a madrugada, levantei para pegar um copo com água, estava morrendo de dor de cabeça e precisava tomar um remédio. Resolvi passar pela porta do quarto da minha mãe para ver se ela estava bem, fiquei apavorada com a cena que vi, minha mãe estava no chão e todo o seu corpo se debatia. Desesperada, comecei a gritar até que a vizinha veio ao meu encontro e me ajudou a socorrê-la. Passei o restante da noite do lado de fora da UTI no Hospital Universitário da Califórnia, depois de horas aguardando, fui informada que minha mãe teve um derrame cerebral e se encontrava em estado grave. Nunca me senti tão perdida na vida, saí do hospital caminhando até casa, e agradeci a Deus por minhas amigas Sarah e Elizabeth estarem me esperando. Elas me ajudaram a resolver tudo, incluindo a organização do enterro do meu pai, não sei o que seria da minha vida sem elas. 

Passaram-se dois dias, minha mãe permanecia sem melhora e a conta hospitalar apenas aumentava. Precisava pensar em como resolver isso, já não tinha dinheiro para pagar a hipoteca da nossa casa, minha faculdade e agora, a conta do hospital que só fazia crescer. Não adiantava procurar empregos comuns porque precisava de dinheiro imediatamente. Lembrei do anunciante, por um momento pensei que talvez, aceitar esse emprego fosse minha única alternativa. Precisava fazer alguma coisa, o mais rápido possível, pesquisei na internet as boates noturnas na Califórnia que ofereciam o serviço de anfitriãs, logo no topo da lista estava o Coliseu. Senti um embrulho no estômago ao imaginar o que estava prestes a fazer, mas não podia voltar atrás agora, precisava de dinheiro o mais rápido possível! 

Sai de casa rumo ao endereço que tinha em mãos, não tendo certeza se aquela atitude era correta, mas agora eu precisava de dinheiro e precisava focar apenas nisso. Desço do táxi respirando fundo e pedindo a Deus que não largasse minha mão. A fachada luxuosa parecia menor durante o dia, engoli seco e olhei para frente, um jovem se aproximou devagar e eu me recordei que ele era o anunciante do dia anterior. 

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Estados Unidos

São Francisco, Califórnia

Casa noturna Coliseu

— Ora, ora, quem diria, algo me dizia que você acabaria voltando, minha princesa. — disse o homem de cabelos castanhos e olhos verdes me encarando como se eu fosse um pedaço de carne. Levo minhas mãos para o meu busto o cobrindo. — Em que posso ajudar? 

— Eu… pensei melhor e estou interessada na sua proposta. Poderia me passar como seria o trabalho e quanto eu iria receber? 

— Paciência, minha criança. — diz sorrindo para mim, sinto todo o meu corpo arrepiar com aquele gesto. — Primeiro, você vai falar com o chefe que vai avaliar o seu… — seus olhos analisam novamente o meu corpo e me sinto nua diante do seu olhar predatório. — potencial…  aguarde um momento, sim? 

Fico parada no mesmo local e aproveito para analisar melhor o ambiente. O local é bastante chique, a arquitetura era estilo romano, com grandes colunas, arcos e uma cúpula no centro do salão, como se realmente estivéssemos em Roma. Algumas garotas passam por mim e muitas ignoram a minha presença, são mulheres bonitas e jovens, lembrei da Sarah me dizendo que uma colega trabalhava com isso, será que ela trabalha aqui? Meus pensamentos são logo interrompidos quando vejo o anunciante se aproximar dizendo:

— Venha comigo! 

Acompanho o homem sentindo meu coração acelerado dentro do peito. Estou prestes a aceitar um emprego numa casa noturna, onde serei paga para “entreter homens ricos e poderosos”, por Deus, tomara que seja apenas isso mesmo! Estamos diante de uma porta de madeira, vejo o homem bater e escuto uma voz rouca que faz todos os pelos do meu corpo arrepiarem, num sentido negativo, mas não tem jeito, preciso do dinheiro e estou disposta a tudo para isso, até mesmo vender minha alma para o próprio diabo. 

✲ ✲ ✲

— Espero que seja algo importante,  Kellan, estou escrevendo vários relatórios para entregar ao carrasco do Leon, caso contrário o Dom virá pessoalmente até aqui. 

— Senhor, consegui uma garota nova para trabalhar na nossa casa, uma menina que, com toda certeza, o deixará animado. — o grisalho sorriu largo. Quase todas as meninas que entravam no Coliseu, tinham passado na cama do “gerente”, não que fosse uma condição, mas ele cercava as garotas de uma maneira que ficavam à sua mercê e muitas se refugiavam em seus lençóis apenas para desfrutar da proteção do patrão. O homem se acomodou melhor na cadeira e com um sorriso nos lábios disse:

— Mande-a entrar. 

Kellan sai da sala e vai ao encontro de Chloe convidando-a a entrar, a porta é novamente aberta e os olhos de Otto encaram a garota diante de si. Por um momento, sentiu que a conhecesse, realmente era uma mulher única. Cabelos castanhos ondulados, rosto delicado, lábios rosados que pareciam ser macios, olhos azuis vívidos… continuou analisando a garota que mesmo com uma roupa simples, era nítido que tinha um lindo corpo. Otto sorriu ladino e suspirou fundo, sua mente profana divagava em várias situações onde ele a possuía, percebeu a hesitação da menor e resolveu se pronunciar para quebrar o clima que havia se instalado no ambiente:

— Olá minha menina, entre  e fique à vontade! 

Chloe desviou o olhar para Kellan e o mesmo meneou a cabeça em concordância, ela se aproximou e sentou numa cadeira em frente ao homem imponente. Otto sorri e continuou:

— Em que posso ajudá-la, princesa?

— E-eu estou precisando de um emprego, ouvi dizer que vocês pagam bem então… 

Otto encarou a menina atentamente, parecia ser uma garota estudada, de família, se estava ali era porque realmente estava precisando, esse era o tipo apreciado pelo empresário, meninas desesperadas dispostas a tudo por um bom dinheiro, sorriu e disse:

O que sabe sobre o que fazemos aqui? 

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