Capítulo 1- Queda

“ Quando você pensa que chegou ao fundo do poço você percebe que nem todo poço tem fundo…. “ 

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Estados Unidos

San Diego, Califórnia

Trinta e duas semanas antes

Chloe Hughes

Minha vida estava um caos.

Jamais imaginei que toda a minha vida fosse desmoronar de um dia para o outro. Sempre fui uma garota que correu atrás de seus sonhos. Quando completei dezoito anos, entrei na universidade para cursar medicina. Sempre sonhei em salvar vidas, minhas notas sempre foram muito boas, acabei ingressando na Universidade da Califórnia. 

Meu pai tinha um pequeno comércio local e minha mãe era professora aposentada, vivíamos bem, mas Henry Theodore Hughes sempre foi um homem orgulhoso demais e nunca dava o braço a torcer. Estávamos vivendo dias difíceis, mas na minha família tudo parecia normal. Infelizmente descobri da pior maneira que nem tudo eram flores. 

Faz oito meses que tinha começado a universidade e como o campus era distante da casa dos meus pais, resolvi ficar no alojamento. Lá conheci

Sarah Marie Jones e Elizabeth Smith, as duas eram irmãs e vieram do Arkansas estudar na universidade, o mesmo curso que o meu, a amizade foi imediata, nos tornamos melhores amigas e parceiras. Como passava muito tempo distante de casa, não sabia com detalhes tudo o que acontecia por lá. Naquele momento, o que me importava era estudar, no fundo sabia que meus pais estariam bem… era isso que eu imaginava. 

Namorava há mais de um ano Stefan Sawyer, o garoto mais popular da cidade, o sonho de qualquer garota. Os cabelos acobreados, os olhos verdes, alto, elegante… até hoje eu nunca entendi o que ele havia visto em mim, mas ficamos juntos por mais de um ano, até o fatídico dia que o encontrei transando com a representante de classe e dei fim ao nosso relacionamento. Stefan não aceitou e ficou me perseguindo, até que me esperou na esquina do campus, no final de uma das minhas aulas de anatomia e me agarrou. Por muito pouco ele não me estuprou, minha sorte foram dois alunos do curso de veterinária que chegaram a tempo. Claro que não deixei barato, fiz um BO na delegacia e ele ficou proibido de se aproximar de mim novamente, não foi preso porque não houve violência, um absurdo isso, não é mesmo? Uma semana depois do ocorrido, Stefan caminhava pelo Campus como se nada tivesse acontecido, tudo isso por causa do dinheiro de seus pais, claro! Minha vida começou a desmoronar de vez quando cheguei em casa para passar o feriado do Dia de Ação de Graças e encontrei os meus pais discutindo. Naquela tarde, minha vida perfeita foi pintada de negro. 

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— Não acredito Henry que você gastou toda a poupança da nossa filha, tudo aquilo que levamos anos para juntar, apenas por causa desse vício barato?

— Abigail, não diga besteiras. Você sabe muito bem como gastei o dinheiro, não venha colocar a culpa na única distração que tenho nessa vida miserável! 

— Vida miserável? Você nos levou a essa condição medíocre por causa do seu vício em jogos. Quantas vezes tive que correr até o agiota para quitar suas dívidas, caso contrário já estaria morto! 

EU FIZ O QUE FIZ PENSANDO NA CLOE, APENAS NELA!

— Não coloque nossa filha no meio de suas mentiras. Você teve outras opções, mas não, resolveu vender a nossa padaria e colocar todas as nossas economias nas mãos daquele bandido, inclusive o dinheiro da universidade dela.  

— Eu precisava manter nosso nível, jamais assumiria a seu pai que não consegui dar uma vida padrão para você e a Cloe.

— Vida padrão? Um casamento fracassado, um homem adúltero e viciado, esse é o exemplo de vida padrão que você prometeu ao meu pai? 

O homem arregalou os olhos, encarou a mulher furioso e se aproximou furioso dizendo:  

— Ora sua…. 

— PAPAI! 

Henry se afastou da mulher e desviou os olhos para a filha. Chloe encarava a cena horrorizada, nunca tinha visto algo do tipo, ouvir todos os relatos da mãe a deixou confusa e assustada. Abigail abraçou a filha e com ódio reverberou:

— Ótimo, só assim para nossa filha conhecer verdadeiramente o pai que tem. 

Chloe desviou os olhos azuis até o pai  que a encarou de volta envergonhado. O homem se afastou das duas e quando pensou em dizer alguma coisa, Chloe falou:

— O que ia fazer papai? Bater na mamãe? 

Henry ficou calado diante da filha, não tinha coragem de olhar naqueles olhos, tão semelhantes aos seus. 

— O que a mamãe disse é verdade? 

O homem de cabelos longos e olhos azuis encarou a filha com pesar, não tinha coragem de mentir e nem mesmo encará-la, diante do seu silêncio, Chloe se aproximou do pai e perguntou novamente:

— O senhor vendeu tudo o que tínhamos para sustentar um vício? — o homem mais velho abaixou a cabeça. — E a minha faculdade? Meus sonhos? Ouvi que sua vida, nossa família é algo medíocre para você? 

— Você não entende Cloe…

— REALMENTE EU NÃO ENTENDO. ENTÃO, TUDO O QUE VIVÍAMOS ERA UMA MENTIRA? — esbravejou. 

Henry sentiu o coração sangrar. Nunca amou a esposa, sempre detestou o casamento por contrato que tinha sido feito por seus pais, mas se existia alguém no mundo que ele amava de verdade, era a sua filha. Tentou se explicar, mas Chloe não queria ouvir mais nada. 

— Não se preocupe papai, não precisa mais viver uma vida medíocre ao nosso lado, pode fazer o que sempre sonhou. 

— Filha…

— Por favor… não! 

Chloe deu as costas para o pai e se abraçou apertado. O homem de olhos azuis e o rosto marcado pelos traços da idade, suspirou fundo e saiu, deixando metade do seu coração para trás. 

Abigail sentada na cama apenas chorava, estava envergonhada e aflita, o que seria das duas agora? Cloe se aproximou da mãe, ajoelhou e olhando nos olhos castanhos da matriarca disse:

Não se preocupe mamãe, tudo vai dar certo! 

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