Não queria te amar
Não queria te amar
Por: Minethur
capítulo 1

Enquanto colocava o avental de garçonete para começar a servir mesas na cafeteria em que trabalhava, Melissa se lembrou de quando era pequena e tinha apenas 7 anos, quando sua mãe lhe deixou na casa de sua madrinha que estava muito doente na época e disse a ela:

—" Oh minha querida, mamãe vai ter que viajar por alguns dias e logo voltará, se comporte bem e obedeça sua madrinha." Melissa a questionou triste:

—" Mas porquê a senhora não me leva junto mamãe, quero ir com a senhora, por favor, me leva com a senhora."

Com um olhar triste e os olhos marejados, ela acariciou as bochechas da pequena filha e olhando com nos olhos tristes da menina, sua mãe respondeu:

—" Meu amor, mamãe não pode te levar, mas prometo que voltarei logo e tudo voltará ao normal, podemos até tomar sorvete juntas se você quiser."

Melissa lembra que ficou feliz na época e concordou obediente, afinal era só alguns dias, mas isso não foi verdade, sua mãe não voltou. Ela era muito nova na época para se perguntar o porquê sua mãe estava tão triste e seus olhos marejados, naquela época ela pensava que era por ter que ficar longe dela.

Mas agora ela pensa que era porque sabia que não iria voltar, e se ela realmente estivesse lhe abandonado como seu tio falou todos esses anos? Era melhor não pensar nisso, ela se recusava a acreditar que sua mãe tinha lhe abandonado, mesmo parecendo óbvio.

Sua madrinha que agora era falecida, na época estava muito doente, ela ligou e ligou tentando entrar em contato com a comadre, mas foi sem sucesso, ela sabia que tinha pouco tempo de vida e não poderia cuidar da menina para sempre, e temia qual seria o futuro da afilhada, sem pai e nem mãe.

No entanto, naquela mesma época, apareceu um homem, dizendo ser tio de Melissa e até mostrou retratos com a mãe dela, sem questionar, sua madrinha achou que aquilo era ótimo, a menina iria ter um bom futuro e seria muito bem criada pelo homem que aparentava ser bem de vida e por isso o deixou levar a menina.

Pensando em tudo aquilo, Melissa pensou se não teria sido melhor se tivesse sido enviada para um orfanato. Sua vida na casa de seu tio não era nada boa, além de escutar xingamentos e receber castigos pesados, ainda tinha que suportar seu primo, Ítalo, que era um sádico e sentia prazer em torturar ela, mas antes a humilhava de diversas formas.

Mesmo sendo nova, Melissa sentia que já tinha vivido o suficiente e aprendido o quanto a vida podia ser dura com ela. Toda vez que pensava em tudo que passou durante todos esses anos, ela sempre se perguntava o porquê ela passava por tudo aquilo, o que ela tinha feito para merecer aquilo e acabava ficando sempre deprimida, por isso era melhor não pensar e nem resistir, pois só seria pior.

Seu tio, como se intitulou o homem que havia ido lhe buscar naquele tempo, junto com a esposa sempre cobravam gratidão por ter lhe dado teto e comida, no entanto isso era tudo que eles lhe davam, mesmo tendo uma condição financeira boa para viverem confortável pelo resto da vida, eles não davam um centavo ou até mesmo um berilo para ela, diziam que estavam ensinando ela a ser forte e batalhadora, mas davam de tudo para seu primo Ítalo, que só andava com mauricinhos metidos a rico.

Então desde cedo Melissa tinha que se virar desde sempre para conseguir suas coisas e para sua sorte, conseguiu um emprego em uma cafeteria, não pagava muito, mas era o suficiente para seus gastos pessoais, até sobrava um dinheiro para juntar, para quando ela fosse embora para bem longe daquelas pessoas que a faziam tanto mal.

Por tudo que já passou naquela família, ela mal via a hora de completar seus 18 anos e ir para longe deles, fazer uma faculdade e ter uma vida pacífica e boa, sem ter que voltar a passar o que se passava naquela casa. Só faltava 1 mês para ela completar seus 18 anos, os tão esperados 18, pensava ela que seria quando sua vida melhoraria.

Saindo de seus pensamentos, Melissa foi até o congelador da geladeira que ficava na sala dos funcionários, pegou um gelo e colocou nas costas que ardiam, para ver se melhorava os hematomas nas costas causados por seu primo.

Sua amiga, Luana, viu o que ela estava fazendo e perguntou preocupada:

—" Mel, vai me dizer que se machucou novamente na batente da porta?"

A garota sorriu sem jeito e acenou com a cabeça confirmando antes de dizer:

—" Sou um pouco desastrada, então essas coisas sempre acontecem." Ela não podia contar para ninguém, seu primo sempre a ameaçava e ela não queria meter a amiga em confusão. Luana lançou um olhar repreensivo e disse:

—" Mel, te conheço a tempo suficiente para saber que você está me escondendo algo, se alguém daquela casa está te maltratando, pode me falar, podemos dar um jeito, podemos ir até a polícia." Melissa arregalou os olhos nervosa e respondeu:

—" Não, nada de polícia, meu tio é secretário do ministro da segurança e falar isso mesmo que seja de brincadeira e ele descobrir, ele poderia acabar com nós duas. Amiga, eu realmente me machuquei no batente da porta, não pensei demais sério."

Melissa já estava conformada que não podia fazer nada contra a sua "família" mas em breve poderia ir para bem longe e fingir que essa parte de sua vida nunca aconteceu. Passando a mão na testa e balançando a cabeça em negação, Luana falou:

—" Tudo bem mel, você quem sabe, mas me diga, mês que vem você vai seus 18 anos, o que pretende fazer? Podemos sair para comemorar, você que sabe."

Mel concordou e disse:

—" Podemos sim, não tinha planejado nada, nunca comemoro." Luana fez bico e respondeu:

—" Mas esse ano vamos comemorar, você vai ficar de maior e poderá ser livre, vai ser responsável por você mesma, temos que comemorar."

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