Capítulo 3

Melissa acenou concordando e disse:

—" Tudo acontece na hora certa dona Lena, talvez seu filho só não tenha encontrado alguém que lhe fizesse querer casar e ter filhos."

Lena concordou e antes que continuasse a falar, seu celular tocou e ela comentou ao olhar para o indicador de chamada:

—" Em falar naquele garoto, ele está me ligando, só um minuto tá bom querida?"

Mel assentiu e esperou a senhorinha terminar a chamada com o filho. Quando finalmente encerrou a chamada, a senhorinha comentou:

—" Minha querida, foi muito bom conversar com você, sua companhia sempre faz muto bem para uma senhora solitária como eu, infelizmente tenho que ir agora, meu filho é muito teimoso e quer que volte para casa."

Balançando a cabeça mostrando que havia entendido, Melissa respondeu:

—" Tudo bem, se cuide dona Lena, e obrigada por hoje."

Dando uma piscadela para a jovem, a senhora estendeu algumas notas e colocou sobre a mão da jovem escondido, dizendo:

—" Isso aqui é apenas uma gorjeta pelo seu ótimo atendimento, espero que você consiga alcançar suas metas, se formar e ser uma mulher realizada no futuro, quando isso acontecer, lembre-se que estou aqui torcendo por você, você merece."

Atordoada, Mel colocou a gorjeta no bolso, como sempre fazia quando recebia uma gorjeta e respondeu feliz:

—" Obrigada mesmo dona Lena, a senhora é uma ótima pessoa."

Após se despedirem, Mel voltou para o trabalho, Luana se aproximou e comentou:

—" Dona Lena gosta mesmo de você, antes ela mal vinha por aqui, depois que você começou a trabalhar aqui, ela sempre vem, pelo que parece ,mais por você do que pelo lugar, qual o segredo para você conseguir conquistar todos os velhinhos do café? Eles te adoram."

Ela deu de ombros e respondeu:

—" Não sei, só sou gentil e os trato como trataria minha mãe ou minha avó se tivesse."

Luana a olhou triste por ela ser assim, tão solitária em relação a sua família e disse:

—" Amiga, sinto muito."

Fernando avistou as duas conversando e as chamou a atenção:

—" Ao trabalho, deixem para conversar depois."

E foi o que as duas fizeram, voltaram ao trabalho.

...

Quando chegou em casa, após o trabalho, Melissa estava exausta e não via a hora de tomar um banho relaxante e dormir. Para não escutar xingamentos e humilhações, ela sempre comia no trabalho, para não ter o desprazer de passar muito tempo frente a frente com sua família nas refeições do dia.

Indo direto para o quarto, ela colocou a bolsa sobre a cama e pegou seus produtos de higiene para tomar seu banho. Tirando o sapato, ela não percebeu que havia alguém na porta de seu quarto.

Encostado no batente da porta, ele olhou para ela friamente e disse:

—" Falta menos de 1 mês para seu aniversário de 18 anos, o que você gostaria de ganhar de presente ratinha?"

Ela olhou para ele séria e comprimiu os lábios em desgosto e raiva. Em um tom firme, ela respondeu:

—" Quero que você me deixe em paz."

Ele revirou os olhos e entrou no quarto com o rosto sombrio, fazendo ela sentir uma pontada de medo no coração. Dando passos lentos até a cama onde ela estava sentada enquanto tirava os pastos. E se sentando ao lado dela, ele disse:

—" Sei que você não vê a hora completar seus 18 anos e ir embora daqui, mas e se nós não te deixar ir, te demos comida, teto e uma chance de não ser uma mulher do mundo que fica pedindo comida e trocando o corpo por um pão, talvez nem tivesse mais viva. Você tinha que ser grata, tem a chance que muitas queriam."

Ela sentiu um amargo em seu coração, ela pensou mil coisas que poderia falar, os xingamentos, humilhações, as agressões, as benditas agressões. Graças a eles, ela não acreditava em finais felizes, para ela, final feliz seria somente se ela conseguisse ir para longe deles, cortar o contato e fingir que nunca os conheceu. Tão fria quanto ele, Melissa perguntou:

—" O que você quer de verdade, porque está no meu quarto com esse assunto?" Ele olhou ao redor e se levantou, limpando-se dizendo:

—" Vim até esse muquifo para dizer que meus pais fizeram um jantar especial, querem todos reunidos, sua presença é fundamental, apresse-se, estamos te esperando."

Antes que ela abrisse a boca para recusar ou dizer algo, ele completou:

—" Se você recusar será pior, farei você se arrepender amargamente, sabe que posso sair um pouco do controle às vezes quando estou estressado e você não obedece."

Ela o olhou apática e assentiu, e viu ele sorrindo satisfeito antes de sair do quarto dela. Sozinha ela suspirou aliviada e pensou o que eles queriam dela, não era normal eles a convidarem para jantar de boa e espontânea vontade, algo estava errado. Indo para o banheiro, se banhar, ela tentou se preparar mental para o que estava prestes a vir. Enquanto a água caia sobre sei corpo, ela repetia para si mesma como um mantra:

—" É só até mais algumas semanas, depois você vai sumir, vai para bem longe deles e esquecerá esse período da sua vida."

...

Quando desceu para se juntar aos demais, Melissa percebeu a mesa farta e bem arrumada, como se realmente fosse uma ocasião especial. Em pé próxima a mesa, ela perguntou receosa:

—" Fiz algo de errado para me chamarem aqui."

A mulher do seu tio, Renata respondeu sorrindo de forma forçada:

—" Que isto, menina, está assustada, você não fez nada de errado, só queremos um jantar em família, faz tanto tempo que não fazemos isso, você está sempre ocupada com seu trabalho, seu tio e primo também, achei que seria bom termos um tempo juntos, como família." Cutucando o marido com o ombro, ela perguntou para o marido entre os dentes:

—" Não é mesmo, Carlos?" O tio dela acenou confirmando e disse preguiçoso:

—" Sim , exatamente, andamos todos muito ocupados, temos que ter mais momentos assim, afinal somos uma família, apesar das divergências."

Melissa a olhava séria, com o rosto desprovido de qualquer reação, mas ela está surpresa com a mudança de comportamento da tia, não somente com o dela como de todos os outros dois.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo