Acordando com uma brutal dor de cabeça, Lia ouviu os bipes dos aparelhos, instantaneamente também sentiu aquele cheiro único de hospital. Nada havia atingido o seu cérebro pois lembrava muito bem que tinha sido atropelada por alguém, apenas não teve chance de ver quem fora.
— Oh, ela acordou. — disse o médico se aproximando da cama. — Bom dia, senhora Bartolomeu.
— O que?! — foi a primeira pergunta espontaneamente confusa.
— Está tudo bem, ele só vai fazer os últimos exames e saber se está realmente tudo certo com você. — Lia ouviu a voz de Lázzaro preencher seus ouvidos e quase sentiu-se derreter quando ele também se aproximou dela.
É apenas uma voz Lia...
Mal podia acreditar que ele estava lá, novamente em seu caminho. Tão bonito e elegante, até mesmo os fios do seu cabelo
Lázzaro estava tão aliviado que quase deu um abraço forte em Lia, mas conteve a emoção. Parou um segundo para analisar que nunca havia pensando antes em se casar, nunca teve a visão de casamento como algo sagrado ou importante em sua vida. Desta forma isso não seria tão difícil para ele, eram apenas papéis e uma situação na qual não haveria envolvimento físico ou emocional.Iria morrer em breve e por mais que esse pensamento o consumisse a alma, pois era um amante das coisas boas da vida, teria de se conformar e aproveitar ao máximo seus últimos dias.Nada mudaria, ele só teria Lia sob seu radar a todo instante por causa do dinheiro e mais nada. Continuaria sendo solteiro na prática e vivendo a vida como sempre viveu. Cuidando acima de tudo para que seu patrimônio e do pai rendesse muito mais e então deixaria quem sabe para um futur
Quando entraram no hall da grande casa rapidamente foram recebidos pelos empregos do homem, todos com olhares curiosos sobre a companhia do patrão que nunca levou nenhuma mulher para sua casa.— Levem essas bolsas para o melhor quarto de hóspedes, com banheira de preferência e a preparem. Façam isso rapidamente! — ditou suas ordens que foram obedecidas de imediato — Essa é Lia Hamilton e será amanhã a senhora Bartholomeu, dêem a ela tudo que pedir e obedeçam suas ordens como se fossem as minhas, entendido? — todos assentiram e se foram.Nádia a empregada que tinha interesses em seu patrão logo se viu com muita raiva e inveja da pobre garota. Os olhares de desdém que ela recebeu de todos foram tão dolorosos... No entanto já estava acostumada com isso todos os dias.— Onde está Magdalena? — o dono da casa perguntou.Magd
Lia estava indo para o quarto quando encontrou Magdalena no corredor acompanhada de Nádia.— Boa noite. — a moça cumprimentou as empregadas que olharam para ela com estranheza.Elas não responderam por alguns instantes fazendo Lia sentir-se acanhada.— Boa noite, senhora Bartholomeu. Deseja alguma coisa? — perguntou Magdalena.— Não, só estava passando para ir para o quarto. E podem me chamar de Lia apenas. — ela sorriu.— E decidiu cumprimentar nós duas? — Nádia indagou com um tom de ironia ignorando a última frase.— Sim. — respondeu com firmeza.— Uau...— Por que? As pessoas não dão boa noite para as outras aqui nessa casa? — a jovem perguntou.— Não. Quando não pretendem pedir nada nem nos olham.— Mas eu não sou assim. &mdas
Lázzaro pensou ter ouvido ela conversando com alguém, ouviu corretamente a voz de um homem e não gostou nenhum pouco. Não se importou também em demonstrar isso.— Com quem estava? — indagou olhando ao redor vendo apenas pessoas desconhecidas por ele.— Ah, eu vim beber água e tinha um homem aqui batendo no bebedouro mas ele já foi. — explicou calmamente.— Quem era?— Não sei. Nunca o vi antes e também não nos apresentamos. — ela era tão sincera que o fez se acalmar.Lia não entendeu muito bem as perguntas mas fez questão de responder sem hesitação.— Vamos para o tribunal. — informou puxando sua mão pequena.— Não deu certo um acordo? — perguntou ela tentando acompanhar o passos dele.— Não. Ela ainda quer meu dinheiro e o resultado
Lia ficou estagnada sem reação por vários minutos, Nádia já havia sumido de sua vista. A garota engoliu a saliva dolorosa e voltou para o quarto, nem fome mais ela tinha. Não se conteve quando lágrimas quiseram fugir dos seus olhos, ela começou a chorar e se deitou na cama até que dormiu.No dia seguinte, tomou um banho rápido, vestiu uma roupa casual que nunca tinha usado antes. Lembrou-se de quando sua mãe chegava em casa após um dia de trabalho com vários presentes para ela, Luzia sempre dava tudo para a filha.Lia ainda estava com fome pois não havia jantado, mas também se recusaria a tomar café da manhã correndo o risco de encontrar Lázzaro lá. Sabia que era apenas um casamento de fachada e isso não diminuiu a dor no peito. Ele não devia nada a ela, claro que não iria demonstrar mas também não podia
— O que?! — Lia quis sorrir — De verdade, euprecisoque você saia. — o olhar suplicante deu força para que ela continuasse lá.Sabia bem que quando alguém está triste e finge não querer falar sobre ou finge não querer atenção, é quando mais querem e precisam de companhia.— Você não tem uma TV no quarto? — mudou de assunto vasculhando as paredes com o olhar.— Lia... — tentou protestar mas ela achou um controle ao lado da cama.— Esse controle é de onde? — questionou analisando o pequeno aparelho.Ele bufou se dando por vencido.Por enquanto...— Da minha TV. — disse e pegou da mão dela apertando um botão.Logo a parede se abriu dando espaço para um grande painel com uma televisão gigante e uma lareira decorada com
Quando Lia saiu atordoada do quarto de Lázzaro, ela sem querer esbarrou em Magdalena que levava o chá infalível dela para o homem adoentado, que já parecia bem melhor para o gosto da garota já que estava provocando-a segundos atrás.— Oh, desculpe! — Lia exclamou nervosa.— Sem problemas. Trouxe o chá dele. — ela informou.— Ele está esperando lá dentro. Fique a vontade. — a moça deu um sorriso gentil e correu para o quarto ao lado com as bochechas coradas.Ao entrar no quarto se concentrou apenas em comer. Comeu toda a comida e estava realmente muito gostosa, no entanto ela não gemeu como Lázzaro ao se deliciar com a refeição.O dia passou lentamente, nenhum dos dois conseguiam tirar da cabeça as imagens de mais cedo. Parecia algo diferente começando a surgir.Era noite quando a governanta veio
O fim de semana chegou. No decorrer dos dias, Lázzaro foi à empresa três vezes por apenas quatro horas, dava suas ordens, via como estavam as coisas e voltava para casa, para sua solidão diária. Após o acontecido com Lia, ele não quis mais vê-la porque chegou à infeliz conclusão de que também estava gostando dela. No entanto, a partir daquele dia, começou uma paixão repentina por filmes, assistia sem parar em suas horas vagas.As vezes, quando passava pela porta do quarto dela, ouvia a voz suave e doce cantarolando canções desconhecidas baixinho, ele também sentia o cheiro dela que incendiava todo o corpo másculo e o deixava duro.A rotina da jovem não estava tão diferente. Ela começou uma inesperada amizade com Magdalena e já estava bem apegada, todos os dias ia até a cozinha e fazia companhia à ela e até