Lia estava indo para o quarto quando encontrou Magdalena no corredor acompanhada de Nádia.
— Boa noite. — a moça cumprimentou as empregadas que olharam para ela com estranheza.
Elas não responderam por alguns instantes fazendo Lia sentir-se acanhada.
— Boa noite, senhora Bartholomeu. Deseja alguma coisa? — perguntou Magdalena.
— Não, só estava passando para ir para o quarto. E podem me chamar de Lia apenas. — ela sorriu.
— E decidiu cumprimentar nós duas? — Nádia indagou com um tom de ironia ignorando a última frase.
— Sim. — respondeu com firmeza.
— Uau...
— Por que? As pessoas não dão boa noite para as outras aqui nessa casa? — a jovem perguntou.
— Não. Quando não pretendem pedir nada nem nos olham.
— Mas eu não sou assim. &mdas
Lázzaro pensou ter ouvido ela conversando com alguém, ouviu corretamente a voz de um homem e não gostou nenhum pouco. Não se importou também em demonstrar isso.— Com quem estava? — indagou olhando ao redor vendo apenas pessoas desconhecidas por ele.— Ah, eu vim beber água e tinha um homem aqui batendo no bebedouro mas ele já foi. — explicou calmamente.— Quem era?— Não sei. Nunca o vi antes e também não nos apresentamos. — ela era tão sincera que o fez se acalmar.Lia não entendeu muito bem as perguntas mas fez questão de responder sem hesitação.— Vamos para o tribunal. — informou puxando sua mão pequena.— Não deu certo um acordo? — perguntou ela tentando acompanhar o passos dele.— Não. Ela ainda quer meu dinheiro e o resultado
Lia ficou estagnada sem reação por vários minutos, Nádia já havia sumido de sua vista. A garota engoliu a saliva dolorosa e voltou para o quarto, nem fome mais ela tinha. Não se conteve quando lágrimas quiseram fugir dos seus olhos, ela começou a chorar e se deitou na cama até que dormiu.No dia seguinte, tomou um banho rápido, vestiu uma roupa casual que nunca tinha usado antes. Lembrou-se de quando sua mãe chegava em casa após um dia de trabalho com vários presentes para ela, Luzia sempre dava tudo para a filha.Lia ainda estava com fome pois não havia jantado, mas também se recusaria a tomar café da manhã correndo o risco de encontrar Lázzaro lá. Sabia que era apenas um casamento de fachada e isso não diminuiu a dor no peito. Ele não devia nada a ela, claro que não iria demonstrar mas também não podia
— O que?! — Lia quis sorrir — De verdade, euprecisoque você saia. — o olhar suplicante deu força para que ela continuasse lá.Sabia bem que quando alguém está triste e finge não querer falar sobre ou finge não querer atenção, é quando mais querem e precisam de companhia.— Você não tem uma TV no quarto? — mudou de assunto vasculhando as paredes com o olhar.— Lia... — tentou protestar mas ela achou um controle ao lado da cama.— Esse controle é de onde? — questionou analisando o pequeno aparelho.Ele bufou se dando por vencido.Por enquanto...— Da minha TV. — disse e pegou da mão dela apertando um botão.Logo a parede se abriu dando espaço para um grande painel com uma televisão gigante e uma lareira decorada com
Quando Lia saiu atordoada do quarto de Lázzaro, ela sem querer esbarrou em Magdalena que levava o chá infalível dela para o homem adoentado, que já parecia bem melhor para o gosto da garota já que estava provocando-a segundos atrás.— Oh, desculpe! — Lia exclamou nervosa.— Sem problemas. Trouxe o chá dele. — ela informou.— Ele está esperando lá dentro. Fique a vontade. — a moça deu um sorriso gentil e correu para o quarto ao lado com as bochechas coradas.Ao entrar no quarto se concentrou apenas em comer. Comeu toda a comida e estava realmente muito gostosa, no entanto ela não gemeu como Lázzaro ao se deliciar com a refeição.O dia passou lentamente, nenhum dos dois conseguiam tirar da cabeça as imagens de mais cedo. Parecia algo diferente começando a surgir.Era noite quando a governanta veio
O fim de semana chegou. No decorrer dos dias, Lázzaro foi à empresa três vezes por apenas quatro horas, dava suas ordens, via como estavam as coisas e voltava para casa, para sua solidão diária. Após o acontecido com Lia, ele não quis mais vê-la porque chegou à infeliz conclusão de que também estava gostando dela. No entanto, a partir daquele dia, começou uma paixão repentina por filmes, assistia sem parar em suas horas vagas.As vezes, quando passava pela porta do quarto dela, ouvia a voz suave e doce cantarolando canções desconhecidas baixinho, ele também sentia o cheiro dela que incendiava todo o corpo másculo e o deixava duro.A rotina da jovem não estava tão diferente. Ela começou uma inesperada amizade com Magdalena e já estava bem apegada, todos os dias ia até a cozinha e fazia companhia à ela e até
Lázzaro já havia chegado em casa, estava andando de um lado para o outro sentindo como se sua mente e seu coração estivessem contra ele. De repente não tinha mais controle sobre ele mesmo? Era inaceitável, porém um fato.Foi até a mesinha de canto e serviu-se de mais um copo com uísque, já havia bebido mais de seis. Encostou-se na mesa e levou o copo até a testa sem saber o que fazer. Sabia que gostava dela, teve certeza quando sentiu muito ciúmes ao vê-la junto a Hayden mais uma vez, também sabia que estava sendo egoísta. Já que ele não podia, ninguém mais podia? Era isso que ele se perguntava a todo instante.Voltou a si ouvindo o barulho de alguém batendo na porta. Foi até lá e abriu-a, vendo o belo rosto de Lia desfeito em tristeza. Doeu muito nele vê-la daquele jeito, foi o mesmo olhar que viu nela quando a encontr
Fazia cinco dias desde que Lia fora embora. As rotinas não muito diferentes desde então, Lázzaro vivia trancafiado dentro do escritório resolvendo pendências de suas empresas e quando não era isso, estava dentro do quarto vendo filmes e bebendo até dormir.Mesmo inconformado com a partida dela, o homem orgulhoso não foi atrás. Era melhor assim, afinal não era isso que ele queria? Afastá-la? Por fim conseguiu e não iria deixar seus sentimentos insignificantes atrapalhar a vida de uma moça cheia de sonhos e com um futuro brilhante pela frente.Não queria ser egoísta.A jovem estava gostando muito de morar com Magdalena, a senhora também estava muito feliz, talvez até mais que a menina. Sempre acostumada a viver sozinha pois nunca tivera filhos, tinha agora alguém para conversar e quase chegava perto de uma família, Mag já amava
O dia estava começando a esfriar, aquele calor da manhã e início de tarde começava a se esvair, o sol ainda estava lá, mas não mais sua quentura. O céu estava extremamente azul ainda, faltava pouco para o anoitecer, era por volta das três horas.— Como tem passado todos esses dias? — Lia perguntou a Lázzaro sentando-se em um banco estofado na lancha.— Bem. — mentiu secamente — E você?— Bem também. — também mentiu.— Quer conhecer lá dentro? — o homem apontou para a pequena cabine branca.— Sim, nunca estive em uma lancha. É o máximo toda essa vista. — revelou animada.Havia um pequeno buraco perto da entrada para o cubículo, Lázzaro o fez para que quando chovesse não ficasse água parada correndo risco de criar mofo ou mosquitos transmissores de d