Por horas eles ficaram abraçados naquela cama de hospital. Lazzáro ainda não conseguia falar muita coisa por causa dos remédios e anestesia que precisou tomar, no entanto não era preciso porque as batidas do coração falavam por ele. Lia não o soltou, não queria e não conseguia fazer isso quando sentiu demais o peso da sensação de ficar sem ele, ela tinha a necessidade desde então de prolongar qualquer toque ao seu amor.
— Eu te amo tanto. — disse ela acariciando o rosto dele depois de muito tempo em silêncio.
Estava ansiosa em contar para ele sobre a gravidez, mas não era o momento, tinha em mente que ele mal conseguia se mover, talvez ainda nem entendesse o que ela falaria, por isso decidiu esperar até que ele se recuperasse.
Engano dela, ele estava entendo tudo, sentindo tudo e seu silêncio era causa somente da anestesia, mas logo el
Três semanas haviam se passado desde a cirurgia e também após Lia ter contado que Hayden conseguira fugir. Ela tentou ser o mais sutil possível pois não queria omitir nada do homem que amava mas também temia o deixar nervoso, o que talvez complicaria o corte dele. No entanto tudo ocorreu bem.Marjorie junto com toda a equipe da polícia estavam a todo vapor trabalhando para encontrá-lo. Enquanto isso, Joyce, Nádia e os médicos fraudulentos aguardavam julgamento.A notícia de que seria pai deixou o coração de Lazzáro totalmente deslumbrado e livre de qualquer fúria que pudesse atrapalhar o momento mais lindo que já viveu na vida. Lia o amava tanto que dedicava cada hora do seu dia para cuidar dele com prazer. Fazia questão até mesmo de ajudá-lo a se barbear. Acabou ficando tão ocupada que os gatinhos que adotou passaram a querer mais
Lia HamiltonEu não conseguia mais me levantar da cama sozinha, ou passar mais de dez minutos sem ir ao banheiro, todos os dias era uma vontade incontrolável de comer coisas estranhas como por exemplo a grama do nosso jardim ou a ração dos meus gatinhos. Loucura, eu sei. Mas eu não comi. Lazzáro e Magdalena passaram a alimentar os gatos e a me vigiarem quando eu ia tomar sol no jardim ou na praça.Eu estava com oito meses de gestação, era uma menina, Marie Alice. A felicidade que senti não cabia em meu peito, o pai dela sempre me mostrou ser o melhor homem do mundo e em todo o momento ele só fazia aumentar o amor e a admiração que eu tinha por ele. O amor da minha vida, o homem que eu nunca pensei ter e tinha e amava mais que tudo, ele e a nossa bebezinha.— Bom dia, meu amor. — meu marido entrou no quarto e se jogou na cama ao meu lado — Você &eacu
Lazzáro BartholomeuBeijei os lábios doces de Lia e sorri quando me afastei encostando nossas testas, ela me devolveu um sorriso puro de imensa alegria. Ali abraçando as duas pessoas que eu mais amo no mundo, eu percebi que todo o sofrimento e aflição que passei, perdeu a força diante da felicidade do momento em que segurei minha filha nos braços. Se existe amor maior, me contem. Eu desconheço. O sentimento era tão forte que eu cheguei a pensar que fosse explodir, estava extasiado.Eu não conseguia mais lembrar do sofrimento de quando recebi a notícia que iria morrer, das noites de angustia que passei sem poder ter Lia ao meu lado, das vezes que fiz amor com ela e depois a fiz sofrer dizendo para não me amar. Tudo isso sumiu de dentro de mim, eu só queria ser carregado de cosias boas e eu estava cheio delas. Meu mundo todo estava em meus braços, Lia e Marie Alice.A
Era apenas mais um dia no qual Lia acordava sentindo-se um nada. Não era culpa dela, ela até tentava se amar, no entanto era impossível quando sua tia – com quem morava – fazia questão de dizer o contrário todos os dias.Seus olhos estavam um pouco inchados por ter chorado a noite toda, – algo também corriqueiro em suas noites – aquela cor escura que sua mãe tanto amava e dizia ser os mais lindos olhos, não brilhavam mais. Entretanto, Lia sorria para todos e quem a via ajudando o próximo e sempre feliz, não imaginava a dor na alma que ela sentia sempre que estava sozinha.Suspirando levantou-se para enfrentar um novo dia, apesar de tudo, agradecendo aos céus por ter acordado. Era uma boa menina.— Já acordou, garota? — ela ouviu a voz de sua tia berrar na porta do porão onde dormia.— Já sim, tia Martha. — respo
O estranho arrepio percorreu sua espinha até a nuca quando foi puxada para cima com apenas um impulso. Erguendo os olhos avistou um grande homem com o dobro do seu tamanho. Lia o encarou instantaneamente encantada com o rosto bonito à sua frente, sentiu um calor incomum e tentou se lembrar se já havia visto tal beleza antes e não conseguiu.Ele simplesmente parecia uma obra de arte de tão bonito. Vestido num terno preto de camurça fina muito elegante, parecia até mesmo um modelo. No entanto as roupas estavam desgrenhadas, a camisa aberta e gravata borboleta sem nó, não que isso o tornasse menos bonito, pelo contrário só realçou sua beleza humana. Seus olhos castanhos escuros – muito escuros – não tão grandes, as sombrancelhas intocáveis, os lábios desenhados, a expressão dura e máscula a deixou um tanto sem fôlego.Ele por sua
Lázzaro não podia negar que sentiu uma forte e estranha conexão com aquela menina, a qual ele nunca tinha visto antes, era apenas uma menina em sua visão, todavia o seu corpo traiçoeiro e mulherengo não pensou da mesma forma ao ficar excitado tocando somente centímetros da pele macia e quente de Lia.Por outro lado logo tratou de repreender-se. Era uma mendiga, andarilha ou até mesmo garota de programa. O que uma moça "decente" estaria fazendo na rua uma hora daquelas e sozinha se não fosse algo desse tipo? Fora que suas roupas rasgadas também entregavam o estado crítico de pobreza em que a menina vivia.Indignou-se quando percebeu que estava pensando tempo demais em Lia Hamilton enquanto dirigia de volta para casa, ainda engolindo a dúvida de não saber o porquê dela estar lá, sozinha, na rua, de madrugada... Sentia-se quase preocupado, e outra vez indignou-se
Lázzaro Bartholomeu tentou passar adiante, não era problema dele, mas uma força maior e incompreensível, o fez dar ré. Parando o carro perto da garota, abriu o vidro e sentiu um nó na garganta ao ver o estado em que ela se encontrava.— Senhorita Hamilton? — chamou-a que olhou imediatamente limpando as lágrimas com o coração batendo rapidamente.— Ah, olá senhor Bartholomeu. — o cumprimentou soluçando em uma tentativa vã de disfarçar a crise de choro.— O que ainda faz aqui? — indagou Lázzaro com o olhar confuso.— Eu já estava indo para casa. Terminei agora o... O trabalho, mas... — tentou dizer mas uma onda de lágrimas novamente se esvaiu dela.— O que houve? Alguém te machucou? — a impaciência e preocupação disputavam em sua voz.— Sim.
Lázzaro ficou lá, parado e intrigado por alguns segundos antes de entrar novamente no carro e continuar dirigindo sem rumo. Nunca fora um homem afetuoso, bondoso, caridoso e recíproco ou cheio de empatia. Nunca sentiu misericórdia por alguém, vontade de ajudar alguém como ele tinha vontade de ajudar Lia naquela hora.Talvez seja por isso que tenha tratado-a daquela forma, para que ela não confundisse as coisas e o visse como um bom samaritano, coisa que não era e estava longe de ser. Ou talvez ele simplesmente tenha agido como ele mesmo.Entretanto, mais uma vez ele balançou a cabeça e pensou: já tenho problemas demais.Ao chegar na porta de casa, Lia respirou fundo com o coração quase saindo pela garganta, as mãos suadas e corpo tremendo, já queria chorar de imediato pela reação que sua tia teria. Não custava nada tentar, ela precisava f