— Você enlouquece de vez, Derek! E você — ela apontou o dedo indicador para Damen que respirou profundamente. — Está influenciando nosso irmão nessa maluquice!
— Sabrina, já que não posso fazê-lo mudar de idéia, como seu irmão, é meu dever ajudá-lo e apoiá-lo. Deveria fazer o mesmo, sabia?
Sabrina soltou uma risada anasalada, carregada de escárnio.
Arg! Eu odiava aquela risada debochada.
— Ajudar? Você está realmente maluco, Damen! Se quer ajudar o Derek, tente colocar na cabeça dele que sua idéia estúpida de usar uma mulher qualquer para gerar um filho seu é loucura. Se ele quer um filho, faça o que um ser humano normal faria: se apaixone, se case e engravide alguém por amor ou... Ou simplesmente adote uma criança, mas... — Sabrina respira fundo, se recompondo. — Mas não deixe que ele use a morta como pretexto para fazer de uma qualquer a mãe de seus filhos.
— Sabrina! — eu advirto ferozmente.
— Não, Derek! É inadimissível!
— Sabrina...
Minha cabeça está doendo. Sinto meu coração acelerar dentro do peito. A vontade que me invade é de quebrar a primeira coisa que me vier à frente. Mas eu me censuro, porque a única coisa que tenho à minha frente é a minha irmã.
Controle-se, Derek. Apenas controle-se.
— Você não pode levar isso adiante, Dek, por favor, pense...
— BASTA! — grito, fazendo com que Sabrina se cale e se encolha instantaneamente. — Basta, está me ouvindo?! Não sou obrigado a ter de ouvi-la, está bem? Guarde sua voz enjoativa para seu noivo, que, assim como eu, deve estar cansado de ouvi-la.
Um silêncio arrebatador se instala por toda a sala e, ao notar o olhar de desaprovação de Damen, reconheço que talvez tenha passado dos limites.
Acontece que nos últimos meses minha paciência tem sido curta, bastando pouquíssimo para que eu exploda sem rodeios.
E, mesmo sabendo disso, Sabrina provoca. Então não é como se ela fosse a vítima e eu fosse o vilão. Não é justo me taxar como violão.
— Já chega... — eu sussurro, caminhando impaciente. — Eu não queria gritar com você, Sabrina. Você pediu por isso. Eu lamento...
Sabrina abre um sorriso de lado, visivelmente abatido. Em seguida, caminha até o sofá maior onde estava sua carteira.
— Não se lamente. Você está cheio de mim, e com razão. Mas não não sabe nada sobre o que Aspen sente. Se não quer ouvir o que eu digo, então está bem, Derek, eu desisto. Faça o que bem entender com a porra da sua vida.
Há mágoa em seu tom de voz. Por um segundo, sinto o desejo de pedir perdão novamente, mas sabia que seria em vão. Eu estava de cabeça quente e com certeza Sabrina também.
Aquele não era o momento ideal para uma reconciliação.
Eu precisava de um tempo e ela também. Justo.
Sabrina lançou um último olhar furioso para mim e para Damen e, depois disso, saiu esfumando ódio pela porta da sala, fechando-a num estrondo.
Um silêncio arrebatador se instalou por pouco mais de dois segundos. Senti o olhar de Damen em mim.
— O quê? — Ergo o cenho.
Ele rola os olhos sem dizer uma palavra sequer.
— Eu sei que estrapolei, Damen. Mas ela pediu por isso. — digo e decido que é o momento de por uma pedra no assunto.
Damen me encara, e eu retribuo da mesma forma. E ficamos naquele impasse por longos segundos.
— Vai ficar me olhando ou vai me levar ao bordel?
Damen, de uma maneira atrapalhada, assente.
Respiro fundo, coloco meu casaco de couro preto e tomo as rédeas do caminho até a porta.
-*-
Damen guiou o carro até o local sugerido.
Era uma velha casa, num canto não tão movimentado da cidade, o que chega a ser contraditório, afinal de contas.
— É aqui. — ele murmura, soltando a direção. — Você... — ele hesita. — tem certeza de que quer isso?
Arqueio o cenho.
— Pareço estar brincando?
Meu irmão nega, e eu assinto.
— Ótimo. Vamos logo. Não quero mais perder tempo.
— Derek, só... só vai devagar. Não pode escolher qualquer uma. Você me entende, não é?
— Ouça, Damen, eu preciso do meu filho, e alguma mulher que está ali dentro, será minha ponte para isso. Então... Apenas me ajude, tudo bem? É tudo que eu mais quero na vida.
Damen assente, e eu abro um sorriso estreito.
-*-
Diferente do que eu esperava, o local estava extremamente silencioso. Mas era exatamente do jeito que eu imaginava. Havia um palco, e, em cada lado dele, polidances. Havia também várias mesas e uma espécie de barzinho, um pouco distante do palco.
Um globo colorido, num estilo retrô, que estava pendurado no centro do local, mas sem cor alguma. No lado direito, havia um vasto corredor, o qual levava, provavelmente, aos quartos... de perdição.
Estava imerso em meus próprios pensamentos, quando notei Damen me cutucar o ombro.
— Esse é meu irmão, Derek Sant. — ele diz e eu franzo o cenho e, só depois, noto a presença de um homem barbudo, alto e mal encarado bem diante de mim.
Semicerro meus olhos no homem a minha frente e estendo a mão para cumprimentá-lo de modo formal.
— A dona daqui é a Beth. Ela está lá em cima, cuidando de algumas coisas. — o homem diz.
— Bom, meu irmão aqui, é um cara muito ocupado. Será que você pode passar para esta senhora que é muito importante o que viemos fazer aqui? — Damen controla toda a situação. — Apenas diga o nome do meu irmão, acho que ela não pensará duas vezes para nos atender. A cidade toda conhece o advogado Derek Sant, acredito que sua chefe se inclui nisso.
O homem estreita os olhos para mim e pondera, por alguns segundos.
— Esperem aqui, por favor.
Ele diz e, depois, apenas caminha na direção oposta à mim e a Damen.
É quando eu rolo meus olhos, entediado, e ouço alguns murmúrios vindo de um corredor um pouco mais escondido.
Noto que há três mulheres, timidamente escondidas, o que me permite ver apenas seus olhos.
Dois pares de olhos castanhos e um par de olhos verdes vibrantes.
Continuo com meus olhos fixos em cada uma delas.
— Tudo certo, Beth disse que vocês podem subir. — o homem carrancudo surge, anunciando o esperado.
— Obrigado, amigo. — Damen dá dois leves tapas no ombro do homem, que parece não gostar muito do gesto de meu irmão.
— É por aqui. — ele diz, e tudo que Damen e eu fazemos, é segui-lo.
Antes do corredor sumir de meu campo de visão, noto que, diferentemente de segundos atrás, a dona do par de olhos verdes agora está completamente visível.
Ela morde os lábios, de maneira sensual. Sei que, apesar de agir como se fosse desinibida, há uma certa timidez em seu olhar. Não é difícil enxergar isso. Tentar provocar é seu trabalho, mas consigo ver que é algo que ela se esforça para fazer. Não é algo natural dela, no entanto.
Eu forço um sorriso no segundo em que Damen vem até mim e me puxa para que eu possa segui-lo.
Depois, eu subo as escadas e permito que a garota suma do meu campo de visão.
— Beth, aqui estão eles. — o grandão nos anuncia.Beth, é, de fato, uma mulher madura. As camadas de maquiagem em seu rosto conseguem esconder bem a idade que ela carrega nos ombros, mas dá pra ver que é uma mulher vivida. Em todos os sentidos, diga-se de passagem.— Ora, ora. À que devo a honra, rapazes? — ela gira a cadeira em que está sentada. — Sentem-se, por favor!Eu estava pronto para abrir minha boca e sem rodeios revelar o motivo de minha vinda até esse ambiente inadequado, no entanto Damen decidiu ser mais rápido que eu:— Senhora Beth...— Senhora, não. Jamais. — ela solta uma escandalosa risada. — Me chame só de Beth.— Beth. — Damen se corrige com um sorriso de canto de boca. &m
Amanda permaneceu quieta durante todo o percurso até a mansão.Enquanto Damen dirigia, vez ou outra eu a espiava pelo retrovisor.Ela estava encolhida no banco de trás, olhava para os lados, como se cada canto da cidade lhe fosse novidade.Era uma cena bonita de se admirar, para ser extremamente sincero.Amanda era como um pássaro, antes preso numa gaiola. Agora ela estava livre.— Amanda, não é? — a voz de meu irmão soa.Ela assente, quieta, sem nos agraciar com sua voz suave.— Vamos conversar sobre o contrato e sobre todos os benefícios que você receberá, certo? Fazemos questão de que você esteja ciente de tudo.— Certo. — ela murmura baixinho. — Muito obrigada! De verdade, eu nem
AmandaA irmã de Derek, Sabrina, me arrasta até seu quarto. Fico sentada em sua cama enquanto ela joga peças e mais peças de roupa ao meu lado. Me parece que, quanto mais roupas ela tira do closet, mais ela parece ter.— A maioria delas são novas. Quase não as usei. Você tem o corpo bem semelhante ao meu, vão ficar ótimas em você.— Não precisa se incomodar. — sussurro, constrangida. Ela ri. Aparentemente de mim.— Não é incômodo algum. Estão aí, jogadas, em desuso. Esta é a oportunidade perfeita.Sabrina finalmente para de procurar por roupas e me encara.— Sapatos. — ela diz olhando para os meus pés. — São pequenos. Quanto calça?— trinta e cinco.Ela parece maravilhada. Abre um sorriso de orelha à orelha. DerekEstava na sala, sentado no sofá maior, esperando Amanda para podermos, finalmente, ir até a clínica realizar os exames necessários.Estava batucando meu dedo contra o braço do sofá, quando avistei Sabrina descendo as escadas.Minha irmã estava saltitante, parecia feliz. E feliz até demais.— A roupa ficou ótima em você, Mandy! — ela berrava, cheia de orgulho. — Eu te disse que ia ficar ótima!Quando rolei os olhos, dei conta de que Sabrina estava falando com Amanda. A menina estava com um vestido mediano, bege, muito bonito. É claro que Amanda estava toda encolhida, visto que Sabrina estava deixando-a totalmente sem graça.— Bom dia, Dekinho. — Sabrina disse, provocando-me.Eu forcei um sorriso.— O que há com você? Nunca parece feliz pela manhã. — rolo os olhos.— Mandy está pronta... — ela diz, ignorCapítulo 7
AmandaDepois que o resultado dos exames saíram, tivemos a certeza de que eu estava adepta a inseminação artificial. Derek não esperou por mais nenhum segundo. Fizemos o procedimento e ficamos na expectativa.A doutora Campbell nos orientou de que deveríamos esperar por um prazo de, no máximo, quinze dias. Ela nos assegurou que este era o prazo ideal para que pudéssemos saber se havia dado certo, ou seja, se eu realmente havia ficado grávida.— Eu nem acredito que o Derek resolveu ir até a empresa. Ele não colocava os pés lá há mais de um ano.Sabrina encheu a mão de pipoca e fez questão de levar todas para a boca. Ela era engraçada.— Por que ele saiu da empresa?
DerekSuspirei fundo, tentando me acalmar e assimilar o que estava acontecendo. E o que tinha acabado de ouvir de meu irmão.Olhei para o lado e Amanda estava encolhida, parecia tão surpresa quanto eu.— Está tudo bem por aqui? — Damen insiste.Coço minha nuca e assinto.— Está, é que...Amanda não me deixa finalizar e passa por mim velozmente.Damen franze o cenho e rola seus olhos para mim.— O que você fez?— Eu? — ergo o cenho. — O que te faz pensar que eu fiz algo?<
Amanda— Bom dia!Derek surgiu com um sorriso radiante nos lábios. Passou por Sabrina e depositou um beijo rápido em seus cabelos escorridos. Depois, acomodou-se numa cadeira em frente a minha.— Como se sente, Amanda? — ele perguntou costumeiramente como sempre estava fazendo nas últimas semanas.Sabrina bufou, fazendo Derek olhá-la de lado.— Por que faz a mesma pergunta, todos os dias? Arg, Derek!Gargalho fraco.— Me sinto ótima, obrigada. — sorrio sem mostrar os dentes. — Com um grande apetite, mas está tudo bem.— Isso é bom, não é? Se você tem fome é porque o bebê também tem, certo?Ele me olha, depois olha para Sabrina.— Está perguntando para mim? Olha só, eu nunca
AmandaHá poucos minutos o sol havia se posto e, pela primeira vez desde que havia chegado aqui, estava sozinha naquela mansão enorme e exuberante.O que era relativamente engraçado e contraditório, visto que minha infância e adolescência se resumiam à grandes dificuldades. Desde não ter um teto para morar a ter de sobreviver, mesmo contra a vontade de minha família, num bordel imundo, submetida a seguir ordens de uma infeliz ordinária.Respirei fundo, insatisfeita com o rumo que meus pensamentos haviam tomado. O que ficou no passado, deveria permanecer lá. Não deveria voltar à tona, certo?— Como está sendo? — A voz de Meg, a governanta da mansão soou, despertando-me, felizmente, de me