Felipe voltou para o salão do evento, a música suave preenchendo o espaço enquanto os convidados se moviam de maneira elegante entre conversas e brindes. Sua mente, no entanto, estava distante. Valéria e Ricardo continuavam a ocupar seus pensamentos, e por mais que ele tentasse focar nas interações sociais e nos compromissos da noite, uma parte de sua atenção permanecia dividida. Ele avistou Maurício Alcântara, o anfitrião do evento, em uma conversa animada com um grupo de empresários influentes. Maurício era uma figura central naquela noite, e Felipe sabia que estar presente naquele círculo era essencial. Contudo, a sensação incômoda de não estar presente para Valéria permanecia em segundo plano. — Sr. Cavalcante! — chamou Maurício, erguendo uma taça de vinho quando o avistou se aproximando. — Finalmente, o senhor está entre nós. Quero apresentá-lo a alguém. Felipe esboçou um sorriso educado, sabendo que não poderia evitar o que viria a seguir. — Esta é minha filha, Catarina — d
Felipe entrou no quarto silenciosamente, fechando a porta atrás de si. As luzes suaves iluminavam o espaço com uma tranquilidade que contrastava com o evento tumultuado e a conversa provocativa que havia acabado de ter. O olhar dele se dirigiu diretamente para a cama, onde Valéria dormia profundamente, o corpo enroscado nas cobertas, os cabelos loiros esparramados pelo travesseiro.Por um momento, ele parou, apenas observando-a. A respiração suave dela era quase um bálsamo para a mente inquieta de Felipe. Ele se aproximou devagar, os pensamentos sobre a noite ainda pesando em sua mente, mas ao ver Valéria ali, a tensão começou a diminuir.Felipe soltou um suspiro baixo, mais para si mesmo, como se tentasse liberar o peso que carregava. Sentou-se à beira da cama por um instante, permitindo que sua mão deslizasse levemente sobre os cabelos de Valéria, com um toque quase hesitante. Ela não se mexeu, mas o simples contato foi o suficiente para lembrá-lo de que, apesar de tudo o que acon
Depois que Catarina finalmente saiu, o quarto ficou em um silêncio tenso. Felipe se virou lentamente, seus olhos escurecidos de frustração, tentando manter o controle. Ele sabia que Valéria havia escutado a conversa do quarto, e a tensão no ar era palpável. Ele não era o tipo de homem que dava explicações, especialmente em situações que fugiam ao seu controle, mas algo naquela noite exigia uma reação diferente. Valéria, sentada na cama, observava enquanto Felipe entrava no quarto. Ela tentava esconder a mistura de emoções que fervilhava dentro dela – ciúme, insegurança e raiva, todas acumuladas em silêncio. Seus olhares se encontraram, e, embora Felipe mantivesse sua expressão neutra, ela podia ver que ele estava tão incomodado quanto ela. O ar parecia carregado de algo não resolvido, uma tensão quase física, e Felipe não queria piorar as coisas com palavras mal escolhidas. — Não foi nada — disse ele finalmente, sua voz firme, mas com uma leve hesitação que era rara nele. —
No dia seguinte, o clima no quarto estava tranquilo. O sol da manhã invadia suavemente o ambiente, e Felipe já estava vestido, ajustando a gravata enquanto Valéria ainda se espreguiçava na cama. A noite anterior, embora tensa, havia sido um momento de reflexão para ambos. As conversas não resolvidas ainda pairavam no ar, mas eles sabiam que o dia seria longo, e Felipe tinha compromissos importantes antes de poderem lidar com tudo.Felipe terminou de se arrumar e olhou para ela, que agora estava sentada na cama, observando-o com um olhar curioso, mas também distante. Ele sabia que a situação com Catarina ainda não estava completamente resolvida.— Tenho uma reunião com o Sr. Alcântara na sede da empresa dele — disse ele, num tom mais formal. — Não deve demorar muito, volto para o almoço.Valéria apenas assentiu com um sorriso leve. Embora ela compreendesse a natureza dos compromissos de Felipe, o sentimento de frustração pela situação anterior ainda estava presente.— Tudo bem. Vou ap
Depois que Felipe saiu, Valéria estava no quarto do hotel, ajeitando algumas roupas que tinha deixado sobre a cama, quando ouviu uma batida leve na porta. Achou estranho, já que não esperava ninguém. Ao abrir, deparou-se com uma mulher alta, elegante, de cabelos loiros, exibindo um sorriso educado, mas com algo inquietante por trás. Imediatamente, algo no semblante daquela mulher fez Valéria sentir um frio na espinha. Ela não sabia ao certo quem era, mas um lampejo de intuição a fez lembrar da noite anterior. Aquela mulher poderia ser a mesma que tentara se aproximar de Felipe. — Com licença, acho que estou no quarto errado. Eu estava procurando o Sr. Cavalcante — disse a mulher, fingindo uma expressão confusa. — Este quarto é dele? Valéria se manteve firme, mas por dentro sentiu o desconforto crescer. Seria essa a mulher da noite anterior? Tudo nela, desde o jeito elegante até o olhar afiado, parecia se encaixar com o que Felipe havia descrito. Seu coração bateu mais forte, mas e
Felipe olhou para Maurício por um instante, percebendo que seria impossível recusar sem causar um desconforto desnecessário. Com um suspiro silencioso, pegou o celular e enviou uma mensagem rápida para Valéria, avisando que o almoço iria demorar mais do que o planejado e sugerindo que ela almoçasse sem ele. “Almoço vai atrasar um pouco. Vou precisar ficar mais tempo com o Sr. Alcântara. Almoce sem mim. Te vejo mais tarde.” Ele enviou a mensagem e voltou sua atenção para o anfitrião. Embora seu pensamento estivesse dividido entre os compromissos e Valéria, ele sabia que a situação exigia sua presença ali. No quarto do hotel, Valéria recebeu a mensagem logo após ter tomado banho. Ela olhou para o celular, lendo as palavras com uma sensação de frustração. Embora entendesse as responsabilidades de Felipe, não pôde deixar de sentir que ele estava sendo, mais uma vez, absorvido pelos negócios, deixando-a de lado. Ela tentou afastar a sensação incômoda, mas seus pensamentos ainda
Valéria estava no quarto de hotel, terminando de se arrumar para sair e almoçar sozinha. Ela ainda tentava processar as emoções depois da visita inesperada de Catarina naquela manhã. O desconforto da situação continuava a assombrá-la, e a sensação de estar à margem da vida de Felipe, reforçada pela presença intrusiva de Catarina, não saía de sua mente. Enquanto ajeitava os cabelos em frente ao espelho, o som de uma notificação chamou sua atenção. Ela pegou o celular e viu uma mensagem de Ricardo: "Oi, Valéria. Ainda estou na cidade e tenho um pouco de tempo livre agora. Se você estiver disponível, que tal almoçarmos juntos?" Ela hesitou por um momento, lembrando-se da noite anterior e de como a situação com Catarina a havia deixado inquieta. Ricardo sempre fora um bom amigo e uma distração bem-vinda em momentos difíceis. Um almoço com ele poderia ajudá-la a relaxar e afastar as dúvidas que rondavam sua mente. Valéria respirou fundo, ponderando por alguns segundos antes de r
Valéria abriu a porta do quarto e encontrou Felipe sentado no sofá, olhando fixamente pela janela. A luz suave do entardecer banhava o ambiente, criando sombras delicadas que dançavam nas paredes. A tensão no ar era palpável. Ela fechou a porta atrás de si e caminhou lentamente até o centro do quarto, incerta sobre como iniciar a conversa que ambos sabiam ser inevitável. Felipe virou-se para ela, seus olhos expressando um misto de tranquilidade e expectativa. — Oi — disse ela, tentando manter a voz leve. — Como foi seu almoço? Felipe a observou com intensidade, quase fazendo-a esquecer o que tinha em mente. — Foi produtivo, mas acho que precisamos conversar sobre algumas coisas — disse ele, a voz firme, mas suave o suficiente para tranquilizá-la. Valéria respirou fundo, sentindo que a conversa não seria fácil, mas estava pronta para enfrentá-la. — Eu também quero conversar. — Ela hesitou brevemente, lembrando-se da tensão da manhã e das palavras de Ricardo. — Mas, antes, precis