Valéria abriu a porta do quarto e encontrou Felipe sentado no sofá, olhando fixamente pela janela. A luz suave do entardecer banhava o ambiente, criando sombras delicadas que dançavam nas paredes. A tensão no ar era palpável. Ela fechou a porta atrás de si e caminhou lentamente até o centro do quarto, incerta sobre como iniciar a conversa que ambos sabiam ser inevitável. Felipe virou-se para ela, seus olhos expressando um misto de tranquilidade e expectativa. — Oi — disse ela, tentando manter a voz leve. — Como foi seu almoço? Felipe a observou com intensidade, quase fazendo-a esquecer o que tinha em mente. — Foi produtivo, mas acho que precisamos conversar sobre algumas coisas — disse ele, a voz firme, mas suave o suficiente para tranquilizá-la. Valéria respirou fundo, sentindo que a conversa não seria fácil, mas estava pronta para enfrentá-la. — Eu também quero conversar. — Ela hesitou brevemente, lembrando-se da tensão da manhã e das palavras de Ricardo. — Mas, antes, precis
Valéria estava de pé em frente ao espelho, ajeitando os últimos detalhes do vestido que Felipe havia providenciado para ela. A peça era sofisticada e destacava sua elegância de uma forma quase surpreendente, fazendo-a sorrir para seu próprio reflexo.— Felipe, você pode me ajudar? — pediu ela, olhando por cima do ombro, enquanto tentava alcançar o zíper nas costas.Felipe, que estava terminando de ajeitar os punhos da camisa, caminhou até ela, sorrindo levemente. Seus dedos habilidosos subiram o zíper devagar, e ele parou por um breve momento, observando-a de perto.— Pronto — murmurou ele, com a voz baixa e controlada. Mas, antes de se afastar, aproximou-se mais, seus lábios a centímetros do ouvido dela, e sussurrou: — E vai ser ainda melhor quando eu tirar ele... mais tarde.Valéria sentiu um arrepio percorrer sua espinha e olhou para ele pelo espelho, sorrindo com um toque de nervosismo misturado com desejo.— Mal posso esperar — respondeu ela, com um sorriso travesso, tentando que
Valéria sentia que a música e o burburinho da festa começavam a se misturar em sua mente. Após dançar e desfrutar do momento com Felipe, decidiu que precisava de um tempo sozinha para respirar. — Vou ao banheiro — disse ela a Felipe, que assentiu, ainda mantendo um olhar atento sobre ela. Enquanto caminhava em direção ao banheiro, Valéria se perdeu em pensamentos sobre como tudo estava mudando. A ideia de ser vista como a namorada de Felipe a deixava animada, mas as reações de Catarina e a presença constante de Ricardo na festa a deixavam insegura. Ao abrir a porta do banheiro, encontrou-se com o reflexo de seu próprio rosto. Era ali, em um espaço privado, que ela finalmente poderia se permitir sentir a pressão que se acumulava em seu peito. Depois de se refrescar, ao sair do banheiro, Valéria quase esbarrou em Ricardo. Ele estava esperando por ela, um sorriso gentil nos lábios. — Valéria! — disse ele, com um ar de surpresa. — Que bom que te encontrei. — Oi, Ricardo. O que
Valéria sentiu um calafrio percorrer sua espinha ao perceber a forma como Felipe olhava para aquela mulher. Quem seria ela? Tentou afastar o pensamento, mas a inquietação não a abandonava. Enquanto caminhavam para um canto mais tranquilo, longe da multidão.Felipe sentindo que precisava de um momento para se recompor decide ir ao banheiro. — Vou ao banheiro rapidinho — disse ele, com a voz calma, tentando esconder a tensão que o encontro inesperado com Isabela havia causado.Valéria assentiu, mas a dúvida sobre o que ele realmente estava sentindo ainda pairava em sua mente. Enquanto ele se distanciava, ela ficou sozinha por um momento, sentindo o peso do ambiente ao redor. O burburinho da festa parecia mais distante, como se tudo estivesse se afastando, e ela tentava encontrar um equilíbrio.Enquanto Felipe seguia em direção ao banheiro, a festa continuava, mas para ele, o som e as luzes haviam perdido o brilho. Quando entrou no banheiro, apoiou-se na pia, observando seu reflexo no e
A noite já havia se alongado mais do que Valéria esperava, e tanto ela quanto Felipe decidiram que era hora de ir embora. Enquanto caminhavam em direção à saída, Felipe a acompanhava de perto, o braço ao redor da cintura dela.— Acho que foi uma boa noite, não? — Valéria comentou, tentando focar no positivo, embora ainda houvesse uma sombra de desconforto por causa de Isabela.— Foi sim. Mas agora podemos descansar — Felipe respondeu, com a habitual calma em sua voz.Quando estavam quase na porta, uma figura familiar se aproximou rapidamente. Era Isabela. Valéria sentiu o ar ao seu redor ficar mais denso no mesmo instante.— Felipe — a voz de Isabela era suave, mas cheia de propósito. Ela estava claramente procurando uma oportunidade de falar com ele antes que fosse tarde demais.Felipe parou, mantendo Valéria ao seu lado, mas o olhar de Isabela estava fixo nele. Valéria observava a cena, sem saber ao certo o que pensar.— Pensei que você já tivesse ido — disse Felipe, a voz firme, ma
Na manhã seguinte, Felipe e Valéria se prepararam para voltar a Belville. A viagem de negócios havia chegado ao fim, e embora tivessem aproveitado o tempo juntos, ambos sabiam que o ritmo do cotidiano estava prestes a ser retomado. No caminho para o apartamento de Valéria, o clima era mais leve. Eles conversaram sobre a viagem, sobre os detalhes que Felipe havia resolvido, e Valéria se sentia grata por estar ao lado dele. Quando finalmente chegaram ao prédio dela, Felipe parou o carro e a olhou com um sorriso. — Nos vemos mais tarde? — ele perguntou, seus olhos transmitindo um calor que a fez sorrir. — Claro. Me avise quando terminar no escritório — Valéria respondeu, inclinando-se para beijá-lo rapidamente antes de sair do carro. Felipe a observou entrar no prédio antes de seguir para o escritório. Ele tinha uma agenda cheia, mas o foco principal do dia seria uma reunião importante que estava marcada para a tarde. Uma nova parceria estava sendo firmada, e a empresa X, um forne
Após a saída de Isabela, Felipe permaneceu sentado na sala de reuniões por alguns minutos. Ele estava acostumado a lidar com situações complexas nos negócios, mas essa revelação o atingiu em um nível pessoal que ele não conseguia ignorar. Sua própria mãe... Como ela poderia ter feito isso sem que ele percebesse? Felipe sabia que explodir emocionalmente não resolveria nada. Ele precisava processar isso com calma e encontrar uma forma de confrontar a verdade sem perder o controle. Com um suspiro pesado, levantou-se, ajeitou a gravata e voltou para o escritório. Tinha outros compromissos profissionais, e o trabalho seria seu refúgio por enquanto. Durante o resto da tarde, ele mergulhou em números, contratos e reuniões, tentando manter a mente ocupada. Mas as palavras de Isabela ecoavam em sua cabeça. Toda vez que ele se afastava por um momento, as memórias do passado voltavam com força. Depois de passar horas no escritório, mergulhado no trabalho e nos pensamentos sobre a revelaçã
O relógio marcava o final do expediente quando Felipe desligou o computador e pegou suas coisas. O peso do dia estava sobre seus ombros, mas ele sabia que a conversa com sua mãe era inevitável. Enquanto dirigia em direção à casa dela, a mente girava com lembranças amargas e a determinação de pôr fim às manipulações do passado.Quando estacionou na frente da casa, respirou fundo antes de sair do carro. A fachada imponente e impecável era uma máscara perfeita para a frieza que dominava o relacionamento entre mãe e filho. Ele tocou a campainha, e logo a empregada abriu a porta, permitindo que ele entrasse sem questionamentos.Sua mãe o aguardava na sala, sentada com sua habitual postura ereta e serena, como se nada pudesse abalar sua compostura.— Felipe — ela o cumprimentou com um sorriso calculado. — Você me parece cansado. Como foi o dia?Ele não respondeu à pergunta. Seu olhar sério e direto deixou claro que aquela não seria uma conversa casual.— Nós precisamos conversar, mãe — ele